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Em seu notável fragmento A Propósito da Dialética, V. I. Lênin escreveu, comparando duas concepções reciprocamente opostas:
"Há dois modos (digamos duas concepções possíveis, ou então dois aspectos que se observam na História) de conceber o desenvolvimento (a evolução): o desenvolvimento (a evolução) como redução e aumento, como repetição; ou então esse mesmo desenvolvimento como unidade de contrários (bipartição do que é uno em princípios que se excluem e relações entre estes princípios opostos). Com a primeira concepção do movimento, o automovimento fica na sombra, não se percebe sua força motriz, sua fonte, seu motivo (a menos que seja transferido para o exterior, invocando um 'deus', um ser-sujeito, etc.). A outra concepção nos leva principalmente a procurar a fonte do automovimento. A primeira concepção é morta, estéril, árida. A segunda é viva e criadora. Somente ela nos explica o ‘automovimento' de tudo o que é; somente ela nos dá a chave para os 'saltos', para as 'rupturas de continuidade', para a 'transformação no contrário'; somente ela nos faz compreender a destruição do velho e o nascimento do novo."(1)
Os metafísicos reduzem o movimento ao deslocamento mecânico dos corpos no espaço, consideram o desenvolvimento apenas como mudança quantitativa dos fenômenos, como aumento ou diminuição de um mesmo objeto ou fenômeno dado uma vez por todas. Para a concepção metafísica, o desenvolvimento é uma evolução trivial, sem solução de continuidade, sem saltos, sem transições do velho estado qualitativo a um novo estado qualitativo, sem luta entre os contrários como fonte do desenvolvimento.
A concepção metafísica nos dá uma ideia deturpada e unilateral do desenvolvimento objetivo do mundo, segundo a qual tudo se reduz a simples aumento ou diminuição, a modificações puramente quantitativas.
A interpretação metafísica do desenvolvimento se formou nos séculos XVII-XVIII, embora já houvesse elementos da mesma na Grécia antiga. No século XVIII os filósofos materialistas e também os naturalistas consideravam que os átomos, que constituem a matéria são, para todas as formas da matéria, minúsculas partículas do corpo, partículas homogêneas e ao mesmo tempo as mais simples. Os naturalistas, por isso, limitavam sua tarefa apenas à
"procura da matéria, como tal una, à redução das diferenças qualitativas a diferenças puramente quantitativas, pela combinação de partículas ínfimas idênticas (...).(2)
Na biologia, o ponto de vista metafísico manifestou-se de maneira mais evidente na teoria da pré-formação, segundo a qual a semente germinativa contém um organismo microscópico acabado — protótipo do futuro ser adulto. É compreensível que o desenvolvimento do organismo, do ponto de vista dessa teoria, seja apenas um aumento quantitativo, um simples crescimento das partes do organismo previamente existentes sob a forma de embrião.
Um dos representantes da interpretação metafísica do desenvolvimento foi o filósofo francês Robinet (1735-1820), que considerava que todos os objetos e fenômenos do mundo material possuem uma única propriedade, — o caráter orgânico (o caráter animal) — cujo aumento ou diminuição condiciona a diferença entre os objetos e os fenômenos. A formação da pedra, do carvalho, do cavalo, segundo Robinet, é um processo puramente quantitativo, onde tudo depende do número, da proporção, da ordem e da combinação de um princípio vital — o caráter orgânico — que é idêntico na pedra, no carvalho, no cavalo, etc.
A interpretação metafísica do desenvolvimento, como aumento puramente quantitativo, foi condicionada pelo nível alcançado pela ciência daquela época. A mecânica dos corpos terrestres e celestes e a matemática eram as ciências mais desenvolvidas. A física, a química, a biologia e outras ciências encontravam-se em estado rudimentar. A particularidade de ciências como a mecânica e a matemática reside em que, ao estudarem os fenômenos da natureza, deles abstraem o aspecto qualitativo e os consideram apenas como propriedades e relações quantitativas. Por desconhecimento da dialética, essa característica foi uma das causas que levaram os filósofos e naturalistas dos séculos XVII-XVIII a tentar explicar toda transformação por meio do deslocamento dos corpos no espaço, reduzindo todas as diferenças qualitativas existentes na natureza a diferenças quantitativas.
As descobertas das ciências naturais no século XIX (particularmente a descoberta da célula orgânica, da lei da transformação da energia e a doutrina de Darwin sobre a evolução da natureza orgânica) introduziram modificações essenciais nas opiniões dominantes a respeito do mundo exterior. As ciências naturais demonstraram que as diferentes formas da matéria não são idênticas, que entre elas há diferenças qualitativas; que não se pode reduzir o desenvolvimento a mudanças quantitativas; que o desenvolvimento apresenta, ao mesmo tempo, transformações radicais de qualidade nos objetos e fenômenos.
À concepção metafísica do desenvolvimento era estranho o ponto de vista de que entre a quantidade e a qualidade há uma ação mútua; de que o desenvolvimento se realiza por solução de continuidade da matéria, de que as partes modalmente diferenciadas (átomos, massas, corpos celestes)
"são diferentes pontos nodais que condicionam as diferentes formas qualitativas de existência da matéria universal (...)(3)
A concepção metafísica do desenvolvimento como simples aumento quantitativo tem também suas raízes de classe. A burguesia e seus ideólogos defendem tenazmente a metafísica. A burguesia e seus defensores valem-se da concepção metafísica para negar as leis da revolução proletária, com o fito de limitar o movimento das massas à luta por insignificantes reformas dentro dos limites do regime capitalista. Na moderna ciência burguesa, a concepção metafísica do desenvolvimento serve de base a diferentes teorias idealistas e reacionárias, que confinam diretamente com o clericalismo e com os delírios, cheios de ódio à humanidade, dos imperialistas americanos.
Na biologia, por exemplo, há os weismannistas-morganistas, que defendem a concepção metafísica do desenvolvimento. Os weismannistas-morganistas negam o papel do meio exterior no desenvolvimento da natureza orgânica e não admitem que os caracteres adquiridos se transmitam às gerações subsequentes. Eles não partilham da concepção do desenvolvimento como nascimento do novo e desaparecimento do velho. Segundo suas afirmações, a base da vida de todo organismo é uma certa substância fictícia e imutável — o genes. Segundo afirmam, o genes determinaria a natureza do organismo, seria o portador da sucessão hereditária, a condição única do desenvolvimento das plantas e dos animais.
O acadêmico Lissenko afirma:
"Todas essas teorias da hereditariedade partem da mesma tese falsa, embora a exponham de maneira diferente. Essa tese é a de que o desenvolvimento dos organismos se reduz a aumento ou diminuição; de que as novas propriedades podem apenas manifestar-se, no organismo, mas não aparecer, nem surgir do já existente. Até hoje, muitos biólogos continuam a afirmar que as células do organismo só podem originar-se de outras células, os cromossomas somente de cromossomas idênticos, etc. Entretanto, todos sabem que, no organismo, qualquer órgão se desenvolve a partir de um elemento inteiramente diferente desse órgão, assim, o olho não provêm de outro olho, nem uma folha de outra folha. Por que, então, haveriam de existir leis particulares para os cromossomas, diferentes das leis gerais do desenvolvimento dos organismos?”(4)
Referindo-se à invariabilidade de uma pretensa substância hereditária — o genes — os weismannistas-morganistas pregam abertamente vis teorias racistas, que justificam a violência imperialista, a opressão nacional e o extermínio em massa de povos pretensamente "degenerados”.
A biologia mitchuriniana, que é uma das partes mais importantes da base científico-natural da concepção marxista-leninista do mundo, considera o desenvolvimento da natureza viva como a passagem das modificações quantitativas às transformações radicais de qualidade, como a formação de novos atributos e formas, e o desaparecimento de velhos atributos e formas.
O método dialético marxista é radicalmente oposto não só às diferentes formas da metafísica, mas também à dialética idealista de Hegel.
Enquanto, do ponto de vista de Marx e de Engels, a passagem das modificações quantitativas às transformações radicais de qualidade é uma das leis básicas do desenvolvimento do mundo material, segundo Hegel a passagem das mudanças quantitativas às transformações qualitativas não representa uma lei do desenvolvimento da natureza, mas uma fase do desenvolvimento de uma certa ideia absoluta.
Quer Hegel fale da quantidade, quer da qualidade, quer da medida, da passagem de um estado qualitativo a outro, sempre tem em vista não os objetos e fenômenos da realidade material, mas conceitos lógicos abstratos, por ele considerados em sentido absoluto — a "qualidade”, a "quantidade” e a "medida” como tais.
A exposição clássica da interpretação marxista-leninista da passagem das transformações quantitativas às qualitativas é dada pelo camarada Stálin em seu trabalho Sobre o Materialismo Dialético e o Materialismo Histórico.
O camarada Stálin escreve:
"Em oposição à metafísica, a dialética não considera o processo de desenvolvimento como um simples processo de aumento, no qual as modificações quantitativas não levam a modificações qualitativas, mas como um processo em que se passa de mudanças quantitativas insignificantes e ocultas a transformações abertas e radicais, a transformações qualitativas; em que as transformações qualitativas não se produzem de modo gradual, mas repentina e subitamente, sob a forma de saltos de um estado a outro e sobrevêm não de modo casual, mas de acordo com leis como resultado da acumulação de mudanças quantitativas imperceptíveis e graduais."(5)
Os objetos e fenômenos da natureza representam a unidade da precisão quantitativa e da precisão qualitativa, e a passagem das modificações quantitativas às transformações radicais, qualitativas, é uma lei do desenvolvimento.
Que é o que participa do conceito qualidade?
A qualidade é uma categoria filosófica que designa a precisão interna, o caráter específico das coisas e dos fenômenos do mundo que nos cerca. A qualidade expressa uma propriedade fundamental, a essência de um objeto ou fenômeno.
A qualidade de uns objetos e fenômenos revela-se ao ser comparada com a de outros objetos e fenômenos. A qualidade indica os limites que separam uns dos outros os fenômenos da realidade material. A modificação da qualidade acarreta a modificação radical do próprio objeto ou fenômeno.
Expressando a essência dos objetos e dos fenômenos, a qualidade se acha indissoluvelmente ligada a determinada forma estável do movimento ou de vários movimentos. Engels afirma que o objeto é a matéria em movimento, e que as diferentes formas e aspectos da própria matéria só podem ser conhecidos através do movimento.
"O movimento não é só a mudança de lugar: é também, nos domínios supra mecânicos, a mudança de qualidade."(6)
A divisão, vigente na ciência, dos fenômenos da natureza, em mecânicos, físicos, químicos e em vida orgânica, reflete as grandes diferenças qualitativas do mundo material, as variadas formas, qualitativamente diferentes, do movimento da matéria. A unidade indissolúvel entre a qualidade e o movimento, o condicionamento da qualidade por outros fenômenos e processos manifestam-se claramente nas novas formações tanto da natureza inorgânica, como da natureza orgânica. Assim, o xisto atual, afirma Engels, distingue-se radicalmente do lodo, do qual é formado; o giz distingue-se das conchas microscópicas, desligadas entre si e das quais é formado; a pedra de cantaria diferencia-se da areia do mar, a qual, por sua vez, surgiu de minúsculas partículas de granito.
A diversidade das formas de movimento da matéria condiciona a diversidade das formas da precisão qualitativa. A vida orgânica, como forma de movimento da matéria, é mais rica do que as formas física e química, porque ela inclui outras formas de movimento (a mecânica, a física e a química). Um animal superior tem órgãos e partes do corpo que os organismos unicelulares não possuem (tecido nervoso, cérebro, ossos, etc.).
A qualidade é um caráter objetivo dos objetos e dos fenômenos. Ao contrário dos sistemas filosóficos metafísicos e idealistas, que consideram a qualidade como uma categoria subjetiva, dependente apenas do homem e de suas sensações, o materialismo dialético considera que a qualidade é uma realidade tão objetiva como é objetiva e real a própria matéria em movimento.
Referindo-nos à cor, à temperatura, à resistência e a várias outras propriedades dos objetos e dos fenômenos, apenas expressamos precisões qualitativas objetivamente inerentes aos objetos e fenômenos. A sensação, como
"ligação direta entre a consciência e o mundo exterior”, como "transformação da energia da excitação exterior em fato da consciência” (Lênin)
liga o homem com o mundo exterior. A sensação é a imagem subjetiva de coisas objetivas; nas sensações revelam-se as qualidades objetivas das coisas. Do fato de que a qualidade dos objetos revela-se nas sensações, os filósofos idealistas concluíram e continuam concluindo que todas as qualidades ou algumas delas são nada mais do que nossas sensações subjetivas. Assim, já o filósofo inglês do século XVII, John Locke, dividiu todas as qualidades em primárias e secundárias. Locke considerava a cor, o som e o paladar como qualidades secundárias, subjetivas, que existem enquanto o homem existir. Somente qualidades como a extensão, a forma, a impenetrabilidade, o movimento, o repouso eram consideradas por Locke como qualidades primárias, que possuem significação objetiva e são inseparáveis dos próprios objetos. A tese de Locke sobre o caráter subjetivo das qualidades secundárias é uma tese idealista, que visa demonstrar a dependência das qualidades do mundo material em relação à consciência humana.
Berkeley, Hume e seus seguidores, Mach, Avenarius e outros machistas, representantes da corrente subjetiva e idealista na filosofia, foram os que afirmaram com maior rigor a interpretação subjetiva da qualidade. Reduzindo os objetos e fenômenos do mundo material a uma combinação ou complexo de sensações, os idealistas subjetivos consideravam também, e por isso mesmo, que as qualidades dos objetos são atributo da consciência humana. Os ideólogos do atual imperialismo americano-inglês, os representantes mais categorizados das diferentes correntes subjetivistas e idealistas na América e na Europa, também negam o caráter "objetivo das qualidades. O semanticista Chase, por exemplo, afirma que todos os conceitos do homem, inclusive o conceito de qualidade, não passam de "abstrações semânticas”, de ficções, de formações puramente linguísticas.
Ao contrário do idealismo, o materialismo dialético parte da consideração de que as qualidades das coisas têm caráter objetivo, são inseparáveis dos próprios fenômenos do mundo real, que nossa consciência reflete.
A qualidade não é algo que exista isoladamente, independentemente dos próprios objetos. Engels escreve:
"(. ..) não existem qualidades, mas apenas coisas que possuem qualidades, e, na verdade, um número infinito de qualidades. Em duas coisas diferentes sempre há certas qualidades comuns (no mínimo, os atributos da corporeidade), outras qualidades distinguem-se entre si pelo grau, outras ainda podem faltar totalmente numa das coisas.”(7)
A diversidade das relações existentes no mundo condiciona a diversidade das formas concretas de manifestação da precisão qualitativa. A qualidade das coisas manifesta-se através de seus atributos, que nada mais são do que a expressão da qualidade em relação a outros objetos.
A qualidade manifesta-se através dos atributos e o conjunto destes constitui a precisão qualitativa do objeto ou do fenômeno. Nesse sentido, entre a qualidade e o atributo existe uma unidade orgânica. Entretanto, a qualidade e o atributo não significam a mesma coisa. A qualidade é a essência, o caráter específico completo da coisa, enquanto o atributo revela a essência da coisa somente sob um de seus aspectos.
Nem todos os atributos expressam, na mesma medida. a precisão qualitativa dos objetos e fenômenos. Alguns deles revelam os aspectos mais essenciais e outros os menos essenciais. Assim, a anarquia da produção, as crises periódicas de superprodução, a pauperização das massas populares e vários outros atributos semelhantes são traços essenciais do capitalismo. O desaparecimento, por exemplo, das crises periódicas, que constituem um dos traços essenciais e característicos do modo de produção capitalista, só pode dar-se juntamente com o desaparecimento do próprio capitalismo, enquanto a mudança na periodicidade das crises ou na duração delas não modifica a essência do capitalismo.
A perda ou a aquisição, pelo objeto, deste ou daquele atributo não essencial e até mesmo de vários atributos não essenciais não acarreta sua transformação qualitativa. Ao perder, no inverno, atributos, como a floração e a fecundidade, a planta não deixa de ser planta.
É assim que se manifesta a precisão qualitativa dos objetos e dos fenômenos.
Que é a quantidade ?
A quantidade é uma categoria filosófica que designa a precisão dos objetos e dos fenômenos do ponto de vista do número, da grandeza, do ritmo, do grau, do volume, etc. Os objetos e os fenômenos não possuem apenas a precisão qualitativa, mas também a precisão quantitativa; eles são a unidade da qualidade e da quantidade. Assim, a molécula de uma substância distingue-se da molécula de outra pelo fato de ser constituída por uma quantidade diferente de átomos. Os átomos se distinguem entre si pela quantidade de elétrons, prótons, nêutrons e outras partículas que fazem parte do átomo. Na vida social, do mesmo modo, além do aspecto qualitativo, existe o aspecto quantitativo. Assim, um tipo de sociedade se distingue de outro não só pelo caráter das relações de produção, mas também pelo nível de desenvolvimento das forças produtivas, pelo ritmo de desenvolvimento da indústria, pela grandeza da renda individual e da nacional, etc.
A consolidação, na URSS, do modo de produção socialista significa não só a transformação radical do caráter das relações de produção (a substituição das relações de produção capitalistas, de domínio e subordinação, pelas relações de produção socialistas, de cooperação e ajuda mútua entre trabalhadores livres da exploração), mas também o desenvolvimento, sem precedentes na História, por seu volume e seu ritmo, da indústria e da agricultura, do bem-estar e da cultura dos trabalhadores do país soviético.
A precisão quantitativa é tão multiforme quanto a qualitativa, e cada uma delas expressa, sob aspectos diferentes, a diversidade das formas da matéria em movimento. Em certos casos, a quantidade manifesta-se como número, e dizemos: dez ou vinte graus de calor, cem ou mil máquinas. Em outros casos, a quantidade significa um termo de comparação, e falamos de uma produtividade do trabalho mais elevada, de um voo mais rápido do aeroplano ou do pássaro. Em outros casos, ainda, a quantidade expressa as relações de espaço, e falamos em altura, comprimento e largura. A quantidade indica outrossim muitas outras relações.
Cada objeto ou fenômeno tem uma precisão quantitativa que lhe é própria e que o caracteriza. Assim, cada elemento químico possui a sua característica quantitativa, seu peso atômico, sua carga, seu volume atômico, etc. Cada regime social se caracteriza por determinado nível de desenvolvimento das forças produtivas, etc.
A quantidade, da mesma forma que a qualidade, tem caráter objetivo; é inseparável dos próprios objetos e fenômenos. Não há quantidade em geral, e sim objetos que possuem determinadas características quantitativas. Os conceitos número e forma, afirma Engels, não são oriundos de algo desconhecido, mas do mundo real. Para que o homem formasse os conceitos de número e de forma era preciso que existissem coisas com determinada forma e determinada expressão numérica.
Não se pode considerar a quantidade como algo exterior em relação aos objetos e aos fenômenos; a quantidade, da mesma forma que a qualidade, expressa o aspecto essencial dos objetos e fenômenos. Para a água, o grau de temperatura é um atributo inseparável de seu estado físico, da mesma forma que determinada correlação entre o hidrogênio e o oxigênio caracteriza sua composição química. As simples mudanças quantitativas, desde que se mantenham dentro de limites bem definidos, não atingem as qualidades do objeto. Assim, a elevação da temperatura da água (em certas condições de pressão) de 1 para 99 graus centígrados não modifica as características essenciais da água. Igualmente, o caráter capitalista da empresa não se modifica por causa da substituição de um capitalista por uma sociedade anônima.
Esses são os traços gerais da precisão quantitativa dos objetos e dos fenômenos.
Ao explicar-se a natureza da qualidade e da quantidade, é necessário ter em vista, ainda, outra importante circunstância a que Engels se referiu. Toda qualidade possui muitas gradações quantitativas; por exemplo, os matizes das cores. Por outro lado, a quantidade contém inúmeras diferenças qualitativas. Assim, a unidade representa o número mais simples e ao mesmo tempo contém a diversidade: é o número básico de todo o sistema dos números positivos e negativos, a expressão de qualquer número elevado à potência zero, a significação de todas as frações em que o numerador e o denominador são iguais entre si, etc. O zero é a negação de toda quantidade definida e tem, ao mesmo tempo, um conteúdo bastante definido: acrescentado à direita de qualquer número, aumenta-o em dez vezes e anula qualquer número que é multiplicado por ele, etc.
Esses exemplos demonstram que a quantidade e a qualidade são categorias dialeticamente ligadas entre si; na realidade objetiva, a qualidade e a quantidade são inseparáveis. Essa unidade orgânica da precisão qualitativa e da precisão quantitativa constitui a medida de determinado objeto ou fenômeno.
Chama-se medida à qualidade do objeto unida à precisão quantitativa que lhe é inerente. A medida expressa os limites dentro dos quais as mudanças quantitativas não provocam modificações qualitativas, dentro dos quais os objetos e os fenômenos permanecem como são. Se um corpo inorgânico é dividido em partículas cada vez menores, não apresentará imediatamente modificações qualitativas. Logo, porém, que o processo de divisão atinge as moléculas de determinada substância, seu prosseguimento acarreta a abolição da qualidade em causa e a passagem a uma nova qualidade. Das moléculas de uma matéria complexa se chega aos átomos dos elementos que entram na sua composição.
Assim, no processo de desenvolvimento primeiro se verificam modificações quantitativas e depois realiza-se a passagem a novo estado qualitativo. Os momentos de transição de uma medida a outra são chamados nós ou pontos de transição de um estado a outro, e toda cadeia de transições de uma unidade quantitativa-qualitativa a outra chama-se linha nodal de medida. Engels se refere a nós, a pontos de reviravolta no desenvolvimento da natureza, tais como a passagem da mecânica dos corpos celestes à mecânica das pequenas massas em determinados corpos celestes, da mecânica das massas à mecânica das moléculas, da física das moléculas à física dos átomos (à química), da ação química comum ao quimismo das albuminas (à vida).
O desenvolvimento da sociedade humana também se verifica por meio da transformação da quantidade em qualidade, da passagem de uma medida a outra. Na base do crescimento das forças produtivas e do aumento da produtividade do trabalho, o regime da comunidade primitiva, por exemplo, cedeu lugar ao escravista, o escravista ao feudal, o feudal ao capitalista. O capitalismo, última formação social antagônica, é substituído por outra formação qualitativamente diferente — o regime socialista.
A linha nodal de medida reflete a história do desenvolvimento progressivo, regido por leis, de determinados objetos e fenômenos. Revela que as modificações quantitativas levam ao aparecimento de formas qualitativamente novas.
Essas, as características básicas da qualidade, da quantidade e da mediria. Passemos agora à análise do processo de passagem das modificações quantitativas às transformações radicais de qualidade.
Engels escreve que se pode expressar a lei da passagem da quantidade à qualidade da seguinte maneira:
"(...) na natureza, de um modo perfeitamente determinado para cada caso singular, as mudanças qualitativas só se podem verificar por acréscimo ou diminuição quantitativas de matéria ou de movimento (da chamada energia).
Todas as diferenças qualitativas na natureza baseiam-se ou em diferente composição química, ou em diferentes quantidades ou formas de movimento (de energia), ou, o que quase sempre acontece, em ambas ao mesmo tempo. E portanto impossível modificar a qualidade de qualquer corpo sem acréscimo ou diminuição de matéria ou do movimento, isto é, sem modificação quantitativa do corpo em questão."(8)
As transformações qualitativas e quantitativas na natureza sempre se verificam como resultado da ação mútua entre os objetos e fenômenos.
"A modificação de forma do movimento é sempre um processo que se realiza no mínimo entre dois corpos, dos quais um perde determinada quantidade de movimento da primeira qualidade (por exemplo, de calor), enquanto o outro recebe a correspondente quantidade de movimento da outra qualidade (movimento mecânico, eletricidade, decomposição química). Por conseguinte, a quantidade e a qualidade se equivalem aqui uma a outra e reciprocamente.”(9)
Assim, as modificações das propriedades físicas são modificações qualitativas provocadas pelas mudanças quantitativas. Por exemplo, o aquecimento gradual de um metal a princípio não exerce influência sobre seu estado físico, mas logo que a temperatura atinge determinado limite (no cobre, 1.083 graus centígrados, no chumbo, 327 graus centígrados), realiza-se uma brusca passagem a novo estado físico: o metal se transforma de sólido em líquido. Engels escreve:
"Em uma palavra, as chamadas constantes da física são, em sua maior parte, nada mais do que a denominação dos pontos no d ais em que um acréscimo ou diminuição quantitativas de movimento provocam uma modificação qualitativa no estado do corpo em questão, em que, por conseguinte, a quantidade se transforma em qualidade."(10)
O mesmo se pode dizer das propriedades químicas. A química, afirma Engels, pode ser chamada ciência das modificações qualitativas dos corpos, modificações que se verificam sob a influência da mudança da composição quantitativa. Por exemplo, dois átomos de azoto e um átomo de oxigênio dão uma combinação chamada gás lacrimogêneo (N20). Os mesmos dois átomos de azoto, com cinco átomos de oxigênio, formam o anidrido azótico (N2Os) que é um corpo sólido.
O sistema periódico dos elementos revela que as propriedades dos mesmos dependem da grandeza da carga positiva do núcleo, que é numericamente igual ao número de ordem do elemento.
A descoberta feita por Darwin confirmou na ciência biológica a ideia do desenvolvimento da natureza viva. O erro de Darwin residiu, porém, em que considerou a formação de umas espécies a partir de outras como linha compacta e ininterrupta de transformações gradativas e não admitiu as transformações qualitativas por meio de saltos.
A biologia mitchuriniana revela que o desenvolvimento da natureza orgânica não pode ser reduzido apenas a acumulações graduais de insignificantes modificações. A formação de novas espécies é a interrupção da continuidade, a passagem, por salto, de um estado qualitativo a outro. Os fatos estabelecidos pelo acadêmico T. D. Lissenko sobre a transformação do trigo duro em comum, do trigo em centeio e da aveia em ovsiúg(11) são exemplos de aparecimento por salto de uma nova espécie procedente de velha espécie.
O desenvolvimento individual dos organismos também se acha subordinado à lei da transformação da quantidade em qualidade, o que é confirmado brilhantemente pela teoria do desenvolvimento por fases das plantas, elaborada por T. D. Lissenko. Os cereais, durante o ciclo de desenvolvimento de uma velha semente a uma nova, passam por duas fases: a fase de vernalização e a fase de luz. Isto significa que, além de todas as demais condições, indispensáveis à sua vida (mínimo de umidade, arejamento, etc.), as plantas necessitam, na fase de vernalização, de determinado nível de temperatura e, na fase da luz, de determinada duração da influência da luz. As fases representam, assim, estágios qualitativamente diferentes da vida das plantas.
As descobertas da professora O. B. Lepechínskaia, laureada com o Prêmio Stálin, são uma brilhante confirmação da lei da passagem das modificações quantitativas às qualitativas.
Generalizando as descobertas de sua época no domínio das ciências naturais, Engels chegou à conclusão de que a vida na Terra surgiu da matéria inanimada, como resultado de processos prolongados e complexos.
"Provavelmente, foram precisos milênios para que se criassem condições que permitissem o subsequente passo à frente, e nas quais essa albumina informe pôde produzir a primeira célula, constituindo um núcleo e uma membrana. Mas, com essa primeira célula, foi data a própria base da constituição morfológica do mundo orgânico. Primeiro, como devemos admiti-lo a julgar por todos os dados que nos fornecem os anais da paleontologia, desenvolveram-se inúmeras espécies de protistas acelulares e celulares, dos avais checou até nós somente o Eozoon canadense(12) e dos quais alguns se diferenciaram gradualmente para formar as primeiras plantas e outros para formar os primeiros animais. A partir dor primeiros animais, desenvolveram-se, essencialmente por diferenciação continua, as inúmeras classes, ordens, famílias, gêneros e espécies de animais, até repontar aquela forma em que o sistema nervoso atinge seu mais completo desenvolvimento, a dos vertebrados, e, por sua vez, finalmente, a do vertebrado em que a natureza chega à consciência de si mesma: o homem.”(13)
A professora O. B. Lepechínskaia demonstrou experimentalmente como se verifica a passagem da substância viva desprovida de estrutura celular para a célula, confirmando assim a justeza das teses de Engels sobre a origem da vida na Terra. Durante muito tempo dominou na ciência o ponto de vista de Virchow, que afirma que toda célula só pode ter origem em outra célula. O. B. Lepechínskaia demonstrou que na natureza se verificam processos como o aparecimento da matéria acelular proveniente de formações celulares e vice-versa, o aparecimento da célula proveniente de matéria não celular. O processo de formação da célula a partir da substância viva é um processo que passa por uma série de acumulações, por uma série de formações intermediárias. A gradual modificação da matéria viva sob a influência de fatores físico-químicos externos e internos leva a que se criem novas formações qualitativas, surge a célula, verifica-se a passagem da quantidade à qualidade.
A lei da passagem de modificações quantitativas às transformações radicais de qualidade é não só uma lei da natureza, mas também da vida social. Explicando a essência da produção capitalista, Marx observa que nem toda soma de dinheiro pode ser transformada em capital. Para que essa transformação se dê, é necessário determinado mínimo de dinheiro nas mãos de seu possuidor.
Marx observa:
"Aqui, como nas ciências naturais, confirma-se a justeza da lei (...) de que modificações puramente quantitativas em determinado grau passam a diferenças qualitativas.”(14)
A passagem das modificações quantitativas às qualitativas verifica-se também no processo de desenvolvimento do conhecimento, no setor da ideologia. Assim, no desenvolvimento da filosofia, um exemplo evidente da passagem das modificações quantitativas às mudanças radicais de qualidade é o surgimento da filosofia marxista, que, sendo uma autêntica descoberta, uma revolução na filosofia,
"não podia verificar-se sem a prévia acumulação de modificações quantitativas, nesse caso sem a acumulação dos resultados do desenvolvimento filosófico anterior à descoberta de Marx e de Engels.”(15)
Explicando a natureza da transformação das modificações quantitativas em qualitativas, é necessário ter em vista que a nova precisão qualitativa do objeto ou do fenômeno, precisão que se formou como resultado de modificações quantitativas graduais, é, ao mesmo tempo, uma nova precisão quantitativa. Na vida social isso é comprovado pelo fato de que cada novo modo de produção, sendo um novo estado qualitativo da sociedade, é inseparável das novas manifestações quantitativas. Assim, por exemplo, o impetuoso desenvolvimento da indústria e da agricultura, o rápido desenvolvimento do bem-estar e da cultura dos trabalhadores da URSS, são condicionados precisamente pela natureza do regime social, por sua superioridade em relação ao regime capitalista.
As modificações quantitativas e qualitativas são duas formas do movimento da matéria. O camarada Stálin afirma:
"(...) do ponto de vista do método dialético, a evolução e a revolução, as modificações quantitativas e as qualitativas, são duas formas necessárias de um só e mesmo movimento.’’(16)
Em seu artigo As Divergências no Movimento Operário da Europa, V. I. Lênin afirma que a história real inclui diferentes tendências,
"da mesma forma que a vida e o desenvolvimento da natureza incluem tanto a evolução lenta como os saltos bruscos, as interrupções da gradação.”(17)
Nos objetos e fenômenos sempre há o novo e o velho; isso significa que em cada um deles, a par do velho e obsoleto estado qualitativo, surge um novo estado qualitativo, e após determinada acumulação quantitativa verifica-se uma modificação radical de qualidade — o novo vence o velho.
A forma evolutiva do desenvolvimento significa que na velha qualidade gradualmente amadurece a nova. A forma revolucionária do desenvolvimento é a passagem a novo estado qualitativo. A evolução prepara as condições para a revolução; esta coroa a evolução e contribui para sua obra subsequente.
J. V. Stálin afirma:
"O movimento é evolutivo, quando os elementos progressistas continuam espontaneamente seu trabalho diário e introduzem, na velha ordem de coisas, modificações pequenas, quantitativas.
O movimento é revolucionário, quando os elementos progressistas se unem, se compenetram de uma só ideia e se lançam contra o campo inimigo, para -extirparem radicalmente a velha ordem de coisas e introduzirem na vida modificações qualitativas, instaurarem uma nova ordem de coisas.”(18)
O camarada Stálin afirma que a transformação de modificações quantitativas em modificações radicais, qualitativas, verifica-se "sob a forma de saltos de um estado a outro (...)”. O salto, forma revolucionária do movimento, é a interrupção da gradação, a passagem de um estado qualitativo a outro. O salto é o elo necessário do processo de desenvolvimento. Não é por acaso que Engels afirma que toda a natureza se compõe de saltos.
Alguns naturalistas e filósofos da burguesia consideram as passagens por salto de um a outro estado como manifestação de casualidade no desenvolvimento. Assim, em sua época, Cuvier considerava que o aparecimento de novas espécies animais e vegetais acha-se ligado a catástrofes (cataclismos) que se repetem de tempos em tempos, como resultado das quais desaparecem as velhas formas da vida e tudo é criado de novo. As catástrofes, segundo Cuvier, verificam-se repentinamente, sem qualquer ligação com o desenvolvimento precedente, e são provocadas por causas desconhecidas.
Em sua obra Anarquismo ou Socialismo?, o camarada Stálin demonstra toda a inconsistência da teoria metafísica dos cataclismos e fundamenta a diferença de princípios entre a interpretação marxista do desenvolvimento revolucionário e a teoria das catástrofes de Cuvier.
Reduzir o desenvolvimento da natureza viva a saltos repentinos e sem causas não passa de manifestação da metafísica e do clericalismo na ciência. O weismannismo-morganismo, que atribui à casualidade as novas formações qualitativas no mundo orgânico, é uma dessas correntes metafísicas reacionárias. Ao contrário, o vigor da biologia mitchuriniana reside em que liga o desenvolvimento, a transformação dos seres vivos, não a elementos casuais e sim ao processo, regido por leis, do desaparecimento das velhas características dos organismos e do aparecimento das novas, sob a influência das condições do meio exterior. As formações qualitativas na natureza orgânica, o desaparecimento dos velhos organismos e espécies, e o surgimento por salto de novos organismos e espécies, verificam-se como resultado das precedentes modificações graduais e quantitativas dos organismos, em consequência da modificação das condições de sua existência, da modificação do meio que os cerca, isto é, verificam-se inteiramente de acordo com leis determinadas.
As imperceptíveis mudanças quantitativas dos organismos, que se verificam em consequência das modificações do meio que os cerca, levam a transformações radicais de qualidade porque a existência e desenvolvimento subsequentes do organismo, ou da espécie em seu todo, já não podem realizar-se dentro dos limites do velho estado qualitativo, dentro dos limites do velho tipo de metabolismo. A passagem da velha qualidade à nova torna-se inevitável. Essa passagem verifica-se por me;o do salto, que sobrevêm com força irreprimível, de acordo com leis determinadas.
A significação do salto reside em que dá início a novo fenômeno, cria condições novas e decisivas para a continuação do desenvolvimento.
No desenvolvimento social, os saltos verificam-se como passagens revolucionárias de um regime social a outro. O domínio das velhas classes reacionárias só pode ser abolido pela violência. Marx fala claramente do choque físico entre os homens como meio de solução do antagonismo de classe. Somente quando não houver classes antagônicas,
"as evoluções sociais deixarão de ser revoluções políticas”.(19)
V. I. Lênin também refere-se à extraordinária significação das revoluções sociais na vida social. V. I. Lênin escreve:
”(...) justamente nesses períodos resolvem-se as numerosas contradições que lentamente se acumulam nos períodos do chamado desenvolvimento pacífico. Justamente nesses períodos manifesta-se com a maior força e abertamente o papel das diferentes classes na determinação das formas da vida social, criam-se as bases da ‘superes:rutura’ política que depois se vai manter durante muito tempo sobre a infraestrutura de renovadas relações de produção.”(20)
Concretizando e desenvolvendo uma das mais importantes teses do materialismo histórico, — a contradição entre as novas forças produtivas e as velhas relações de produção — o camarada Stálin fala da atividade consciente das massas e da revolução violenta como condições decisivas para a substituição das velhas relações de produção por novas relações de produção. Nas entranhas da velha sociedade o desenvolvimento verifica-se espontaneamente até que as forças produtivas recém-surgidas atinjam sua maturidade. Quando sobrevêm esse momento,
"as relações de produção existentes e seus representantes, as classes dominantes, transformam-se na barreira ‘insuperável’, que só pode ser eliminada por meio da atuação consciente das novas classes, por meio da ação violenta dessas classes, por meio da revolução.”(21)
Grandioso salto na História é a Grande Revolução Socialista de Outubro, que
"assinala uma reviravolta radical na história da humanidade, uma reviravolta do velho, mundo, o mundo capitalista, ao novo mundo, o mundo socialista.”(22)
A Revolução de Outubro introduziu modificações radicais na vida social. Derribou o poder dos latifundiários e dos capitalistas e estabeleceu a ditadura do proletariado, inaugurando uma nova era no desenvolvimento de toda a humanidade.
A passagem da velha qualidade para a nova qualidade pode ser bastante prolongada no tempo. Marx e Engels advertiram muitas vezes que não se deve entender a passagem da sociedade burguesa para a socialista como um golpe inesperado e de curta duração. Não se pode pensar, escreve Engels,
"que a revolução possa ser feita num só dia. Ela representa, na realidade, um prolongado processo de desenvolvimento das massas, em condições que contribuem para seu aceleramento.”(23)
Desenvolvendo as teses de Marx e Engels, Lênin escreve, no trabalho As Tarefas Imediatas do Poder Soviético, que, segundo Marx e Engels, os saltos na vida social são transformações bruscas, pontos de reviravolta na história universal, que às vezes abrangem períodos de dez e mais anos. Aqui, Lênin se refere à época dos grandes saltos, da passagem do velho estado qualitativo a outro novo, época que abrange toda uma fase do desenvolvimento histórico. Na época do grande salto resolve-se toda uma soma de importantes tarefas, cuja realização leva, em última análise, à completa afirmação da nova qualidade.
Lênin escreve:
"O real interesse da época dos grandes saltos reside em que a abundância de escombros do velho, acumulados, às vezes, mais rapidamente do que os embriões (nem sempre visíveis no início) da ordem nova, exige que se saiba discernir o essencial na linha ou cadeia do desenvolvimento . Há momentos históricos em que o essencial para o êxito da revolução é acumular a maior quantidade possível de escombros, isto e, destruir o maior número de velhas instituições; há momentos em que já se destruiu bastante e em que se apresenta na ordem do dia um trabalho ‘prosaico' (‘enfadonho’ para o revolucionário pequeno-burguês) de limpar do terreno os escombros; há outros momentos em que o mais importante é cultivar cuidadosamente os embriões do mundo novo, que brotam de entre os escombros, no solo ainda mal limpo de detritos."(24)
A abolição do domínio político dos latifundiários e da burguesia e a instauração da ditadura do proletariado como resultado da Grande Revolução Socialista de Outubro criaram em nosso país reais condições para a radical transformação revolucionária da sociedade. A industrialização do país, a coletivização da agricultura e a revolução cultural foram os elos que determinaram o triunfo do socialismo na URSS; nisso consiste a passagem de um velho estado qualitativo da sociedade a um novo estado qualitativo.
Em discurso aos eleitores da circunscrição eleitoral Stálin, da cidade de Moscou, a 9 de fevereiro de 1946, o camarada Stálin definiu com precisão a essência das radicais transformações verificadas na URSS. O camarada Stálin afirmou:
"Não se pode considerar o desenvolvimento sem precedentes da produção, como um desenvolvimento simples e comum do país, do atraso ao progresso. Trata-se de um salto, por meio do qual nossa Pátria transformou-se de país atrasado em país avançado, de país agrário em país industrial."(25)
O próprio aparecimento da sociedade humana pode ser chamado de grande salto. A separação do homem do mundo animal — foi um processo prolongado e complexo; exigiu não só um tempo bastante longo, mas também vários dos chamados pequenos saltos. A sociedade humana formou-se como resultado de várias transformações qualitativas, as quais, seguindo-se uma à outra, emprestaram à sociedade a precisão qualitativa que lhe é própria, precisão condicionada por leis de desenvolvimento diferentes quanto aos princípios. A posição ereta, a libertação das mãos e sua transformação em órgão de trabalho, o aparecimento da produção, o desenvolvimento cada vez maior do cérebro, dos órgãos dos sentidos, o aparecimento do pensamento humano e da palavra articulada, que são específicos do homem — tais foram os elos do estabelecimento da sociedade humana.
O reconhecimento da própria existência dos saltos no mundo exterior ainda não dá, porém, a compreensão completa das particularidades do desenvolvimento. O materialismo dialético nos ensina a analisar os saltos de maneira concreta e histórica, a ver a diferença qualitativa e a diversidade de caráter dos próprios saltos.
O caráter do salto é definido pela natureza do objeto ou fenômeno em desenvolvimento, por sua conexão com outros objetos ou fenômenos. Engels afirma que as constantes, os pontos nodais da passagem de um estado qualitativo a outro, são diferentes na natureza. Uma coisa são os processos físico-químicos e outra é a vida dos animais e das plantas. É evidente que o processo de formação de novas formas da natureza viva distingue-se radicalmente das transições na natureza inanimada. A diversidade das formas concretas de existência da matéria determina a diversidade das formas de transição por salto de uns estados a outros.
É muito importante discernir as diferentes formas de que os saltos se podem revestir na vida social. A coletivização da agricultura na URSS foi a revolução que, como se afirma no Compêndio de História do P.C. (b) da URSS, solucionou vários problemas fundamentais da construção do socialismo. Acabou com a classe exploradora mais numerosa de nosso país, os culaques, fazendo com que a classe trabalhadora mais numerosa de nosso país, a classe dos camponeses, passasse do caminho da economia individual para o caminho da economia coletiva, colcosiana; deu ao poder soviético uma base socialista no setor mais vasto, a agricultura.
"Foi assim que foram suprimidas no interior do país as últimas fontes de restauração do capitalismo e ao mesmo tempo foram criadas condições novas, ar condições decisivas que eram indispensáveis à construção da economia socialista.”(26)
Foi, porém, uma revolução de tipo inteiramente novo, revolução realizada de cima, por iniciativa do poder estatal, e com o apoio direto das massas de milhões de camponeses.
O trabalho do camarada Stálin O Marxismo e os Problemas de Linguística tem extraordinária importância para que se compreenda profundamente o caráter dos saltos e da passagem de um estado qualitativo a outro. Nesse notável trabalho, J. V. Stálin afirma que a passagem de uma velha qualidade a uma qualidade nova pode, em determinadas condições, verificar-se repentinamente, por meio da explosão, e, em outras condições, gradualmente, sem explosão. Assim, a passagem da língua da velha à nova qualidade não se dá por meio da explosão, mas por meio da acumulação gradual dos elementos da nova qualidade e do gradual desaparecimento dos elementos da velha qualidade.
O camarada Stálin fornece uma completa fundamentação teórica da passagem da velha à nova qualidade, tanto por meio da explosão como sem explosão.
O camarada Stálin afirma:
"Em geral, é preciso dizer, para conhecimento dos camaradas que se deixam empolar por explosões, que a lei da passagem da velha qualidade à qualidade nova por meio da explosão não só é inaplicável à história do desenvolvimento da língua, mas nem sempre é aplicável aos outros fenômenos sociais, quer se trate da infraestrutura, quer da superestrutura. Ersa lei é obrigatória para a sociedade dividida em classes hostis. Mas não é absolutamente obrigatória para uma sociedade sem classes hostis. Num período de 8 a 10 anos realizamos na agricultura de nosso país a passagem do redime burguês de exploração da terra pelo camponês individual ao regime socialista colcosiano. Foi uma revolução que liquidou o velho regime econômico burguês no campo e que criou um regime novo, o socialista. Essa reviravolta não se realizou, porém, por meio da explosão, isto é, pera derribada do poder existente e a criação de um novo poder, mas por meio da passagem gradual do velho regime burguês no campo ao novo regime. E conseguimos fazê-lo, porque for uma revolução feita de cima, porque essa reviravolta foi realizada por iniciativa do poder existente, com o apoio das massas fundamentais do campesinato.”(27)
Não se pode confundir com a forma evolutiva do movimento a passagem sem explosão do velho estado qualitativo para o novo, passagem que se verifica por meio da gradual acumulação dos elementos da nova qualidade e o desaparecimento da velha qualidade.
O regime burguês de exploração da terra pelo camponês individual foi substituído pelo regime socialista colcosiano, por meio da passagem gradual, sem explosão, mas o camarada Stálin chama claramente esse período de revolução.
Assim, a forma revolucionária do movimento compreende tanto os saltos que se verificam por meio da explosão, como também os saltos que se verificam por meio da passagem gradual da velha qualidade à nova qualidade. A negação do caráter revolucionário desse gênero de saltos significaria a redução do movimento à forma evolutiva, às simples modificações quantitativas. Engels afirma:
"Por mais gradativamente que se processe, a passagem de uma forma de movimento a outra é sempre um salto, uma reviravolta decisiva.”(28)
A solução dada por Stálin ao problema dos diferentes meios e formas de passagem da velha qualidade à nova tem imensa significação para a compreensão das leis do desenvolvimento da sociedade socialista. A Revolução Socialista de Outubro foi um salto em que a explosão, a abolição pela violência do poder dos latifundiários e dos capitalistas e a instauração do poder soviético, constituiu um acontecimento regido por leis e inteiramente inevitável. Mas na passagem da sociedade soviética do socialismo ao comunismo a questão se apresenta de outra forma.
Na URSS não há classes hostis. Por conseguinte, não há lugar para as explosões sociais, para a revolução política. Ao contrário, com base na vitória do modo de produção socialista, criaram-se forças motrizes como a unidade moral e política da sociedade soviética, a amizade entre os povos e o patriotismo soviético. O Estado soviético, o Partido Comunista da União Soviética e o povo constituem um todo único.
Os homens soviéticos veem no Partido de Lênin e Stálin e no Estado soviético os defensores de seus interesses vitais.
Consideram como questão vital todas as medidas tomadas pelo Partido e pelo governo. As iniciativas do Partido bolchevique e do Estado soviético na luta pelo comunismo são calorosamente apoiadas pelo povo. Nessas condições, a passagem do velho estado qualitativo para o novo estado qualitativo se verifica de acordo com princípios diferentes dos que prevalecem numa sociedade constituída de classes hostis. No socialismo, os saltos, as transformações qualitativas na sociedade, não se realizam por meio da explosão, mas por meio da gradual superação do velho e da acumulação do novo. Em nosso país o Estado soviético e o Partido Comunista estão à frente da luta popular pela vitória do novo. Com base na realização vitoriosa do segundo plano quinquenal e dos êxitos alcançados pelo socialismo — afirma-se nas resoluções do XVIII Congresso do P.C. (b) da URSS — a União Soviética ingressou numa nova fase de desenvolvimento,
"na fase de coroamento da construção da sociedade sem classes e da passagem gradual do socialismo ao comunismo (...)”.(29)
A passagem das mudanças quantitativas às transformações radicais de qualidade significa que o processo de desenvolvimento não é a simples repetição do caminho já percorrido, mas um movimento progressivo, uma passagem do simples ao complexo, do inferior ao superior, do velho estado qualitativo ao novo estado qualitativo.
Na filosofia do passado, bem como na moderna filosofia burguesa, foi amplamente difundida a concepção metafísica segundo a qual o movimento e o desenvolvimento se realizam em círculo fechado, como repetição de um mesmo processo, dado uma vez por todas.
Engels escreve, criticando a concepção metafísica do desenvolvimento, dominante no século XVIII:
"Sabia-se que a natureza se encontra em perpétuo movimento. Alas, segundo as ideias da época, esse movimento descrevia um círculo igualmente perpétuo e, por conseguinte, não progredia nunca; conduzia sempre aos mesmos resultados."(30)
Segundo essa concepção metafísica, o mundo estelar e o sistema solar permanecem sempre idênticos, neles nada desaparece e nada surge de novo. Na Terra, desde os tempos mais remotos, nenhum animal e nenhuma planta se tornou qualitativamente diferente. A história da sociedade é também a repetição de estágios idênticos. Nesse sentido é muito elucidativa a teoria sobre a sociedade formulada pelo filósofo italiano Vico (1668-1744), o qual considerava que a sociedade realiza movimentos circulares que se repetem ininterruptamente. Segundo Vico, ela passa primeiro pelo período da infância, quando dominam a concepção religiosa do mundo e o despotismo; em seguida, vem o período da juventude, com o domínio da aristocracia e da cavalaria; finalmente, o período da maturidade, quando florescem a ciência e a democracia e quando, ao mesmo tempo, a sociedade marcha para trás, para a decadência. O período de decadência é substituído novamente pelo período da infância. E assim por diante.
Na sociologia burguesa da época do imperialismo a "teoria do movimento circular” assumiu um caráter abertamente reacionário. São prova disso as concepções de Spengler — ideólogo dos imperialistas alemães e um dos antecessores ideológicos do fascismo. Segundo Spengler, a sociedade passa por três fases de desenvolvimento: origem, florescimento e decadência. O estágio atual da história humana — declara Spengler — é o "estágio do ocaso", quando "todas as conquistas da cultura moderna devem ser destruídas." As guerras de rapina e a escravização de uns homens por outros são pretensamente ditadas pela própria marcha da história humana. A particularidade da civilização do século XX é de tal ordem — anunciava esse obscurantista — que o homem visa conquistar territórios. Tal era a "filosofia” de um dos primeiros ideólogos dos imperialistas alemães.
É com esse mesmo espírito de "ruína da civilização” e de "movimento da sociedade para trás” que vociferam hoje os lacaios dos fomentadores americanos e ingleses de uma nova guerra mundial.
Essas "teorias” são sintomas da profunda decomposição do regime capitalista. Servem de "fundamentação teórica” do banditismo imperialista, um meio de luta contra a tendência das massas ao comunismo. O inevitável colapso do obsoleto regime capitalista é considerado por eles como a queda de toda a civilização. Tais são as mistificações dos autores da "teoria dos movimentos circulares.”
Na filosofia anterior a Marx, a tese do desenvolvimento progressivo foi formulada por Hegel como a lei da "negação da negação”. Essa lei é, em Hegel, a base de todo o seu sistema. Entretanto, a ideia racional do desenvolvimento em linha ascendente é apresentada por Hegel em forma mística e idealista.
Marx e Engels submeteram a aguda crítica a dialética idealista de Hegel. Criaram um novo método, radicalmente oposto à dialética idealista de Hegel — o método dialético marxista. Nos trabalhos de Marx e Engels, em muitos casos, manteve-se, porém, a expressão "negarão da negação”, introduzida por Hegel na filosofia. Mas é evidente que a expressão "negação da negação”, da mesma forma que todas as outras teses da dialética, tem para Marx e Engels uma significação, quanto ao seu conteúdo, diferente da que lhe dava Hegel.
Quando Dühring fez a falsa afirmarão de que Marx se vale da fórmula de Hegel "negação da negação” para fundamentar suas conclusões socais e econômicas. Engels rechaçou de maneira esmagadora essa afirmação absurda. Engels escreve que Marx nunca demonstrou a necessidade histórica da substituição do capitalismo pelo socialismo na base da "negação da negação”. As conclusões de Marx sempre se apoiaram na pesquisa de imensa documentação a respeito do processo histórico real. Marx incorporou a essa formulação o pensamento de que, no mundo real, o desenvolvimento se processa em linha ascendente e de que se verifica a negação do velho pelo novo.
V. I. Lênin também se manifestou contra a deturpação, pelos inimigos do marxismo, do conceito "negação da negação” na doutrina de Marx.
Quando, na década de 90 do século passado, Mikhailóvski, representante do populismo liberal, calunia Marx ao afirmar que este demonstra suas teses nada mais do que com a "tríade” de Hegel (tese — negação — negarão da negação), Lênin responde energicamente a Mikhailóvski.
Lênin escreve:
"(. . .) Engels diz que Marx numa pensou em ‘demonstrar’ o que quer que seja pelas tríades hegelianas; que ele apenas estudou e pesquisou o processo real; e que, para Marx, o único critério da veracidade de uma teoria era sua concordância com a realidade.”(31)
Formulando as características básicas do método dialético marxista, o camarada Stálin caracteriza o processo do desenvolvimento como movimento progressivo e ascendente do simples ao complexo, do inferior ao superior.
O camarada Stálin escreve:
"(...) o método dialético considera que o processo do desenvolvimento não deve ser concebido como movimento circular, como simples repetição do caminho já percorrido, mas como movimento progressivo, como movimento em linha ascendente, como passagem do velho estado qualitativo a novo estado qualitativo, como desenvolvimento do simples ao complexo, do inferior ao superior.”(32)
O movimento em linha ascendente, do inferior ao superior, do simples ao complexo, é uma irrevogável lei do desenvolvimento. Isso se verifica porque o novo estado qualitativo entra em contradição com o velho estado qualitativo, e como resultado o novo supera e nega o velho.
Os clássicos da dialética materialista indicam que é necessário compreender a luta do novo contra o velho e a negação do velho pelo novo de acordo com a natureza objetiva da substituição do velho pelo novo. Comparado com o velho estado qualitativo, o novo estado qualitativo do objeto ou do fenômeno revela-se mais rico e completo pelo seu conteúdo.
Na dialética, afirma Engels, negar não significa simplesmente dizer "não”, ou declarar a coisa inexistente, ou aboli-la por qualquer modo. Devemos lembrar-nos de que o novo cresce tendo por base o velho e inclui tudo o que de positivo havia no velho. Lênin escreve:
''Não é a simples negação, a negação vã, não é a negação cética, a vacilarão, a dúvida, o que caracteriza a dialética e é essencial nela, na qual, sem dúvida alguma, há o elemento da negação e, mais que isso, como seu elemento mais importante. é que a negação é uma negarão como momento de ligação, como momento de desenvolvimento, com a manutenção do positivo (...)“.(33)
Cada nova formarão econômico-social conserva e desenvolve o elemento positivo que foi criado pelas gerações precedentes dos homens, desenvolve as forças produtivas, a técnica, a ciência e a cultura. O camarada Stálin ridiculariza os "marxistas” que afirmavam — e por isso receberam a alcunha de "trogloditas” — que o proletariado não deve valer-se das velhas conquistas técnicas e deve destruir as velhas estradas de ferro "burguesas”, os edifícios, os tornos, o equipamento e tudo criar de novo.
O caráter dialético do movimento não exclui, porém, desvios temporários da tendência básica do movimento para a frente.
O método dialético marxista nos ensina a ver não só a linha ascendente e progressiva do desenvolvimento da natureza e da sociedade, mas também os possíveis recuos temporários, os movimentos para trás, como por exemplo os movimentos reacionários na vida social. Em toda época histórica, afirma Lênin, sempre há certos movimentos, ora para a frente, ora para trás, desvios do tipo médio e do ritmo médio de desenvolvimento. O desenvolvimento em linha ascendente é um processo complexo e contraditório, que contém também elementos do movimento para trás, zigue-zagues, etc.
Lênin afirma:
"(...) ter uma ideia da história universal como marcha harmoniosa e sempre para a frente, sem, às vezes, gigantescos saltos para trás, é antidialético, anticientífico e teoricamente errado."(34)
O camarada Stálin ilustra, de maneira evidente, essa tese com o exemplo do desenvolvimento da revolução. J. V. Stálin afirma:
"(...) a revolução não se desenvolve habitualmente em linha sempre ascendente, sob a forma de uma aceleração contínua da ascensão, mas por meio de zigue-zagues, por meio de ofensivas e retiradas, por meio de fluxos e refluxos que, no processo de seu desenvolvimento, temperam as forças da revolução e preparam sua vitória definitiva.(35)
A História conhece movimentos para trás, como a restauração da dinastia dos Bourbons na França, após a derrota de Napoleão I; a época de reação na Rússia, após a derrota da revolução de 1905-1907; o regime hitlerista na Alemanha, em 1933-1945; a atual fascistização dos Estados Unidos, etc.
Engels escreve:
"(...) apesar de todos os acasos e de todos os refluxos temporários, um desenvolvimento progressivo te,'mina abrindo caminho (...).”(36)
Na realidade, por mais feroz que tivesse sido a autocracia tzarista no período da reação, por mais ferozes que fossem as medidas tomadas por ela contra o proletariado, a vitória final coube ao proletariado. O mesmo se pode dizer do fascismo. A instauração, em vários países burgueses, de uma ditadura abertamente fascista é, certamente, um passo atrás, uma manifestação de reação. No entanto, como a prática da luta revolucionária revela, o domínio do fascismo é temporário, transitório. Os acontecimentos na Alemanha são uma clara manifestação disso. Hoje a República Democrática Alemã acha-se no caminho da construção do socialismo.
O velho mundo, o mundo do capitalismo, esgotou suas possibilidades de progresso. As relações de produção capitalistas transformaram-se em grilhões do desenvolvimento social. O novo mundo, o mundo do socialismo, cresce, se fortalece e marcha inexoravelmente para a substituição da sociedade capitalista, historicamente obsoleta.
Dia a dia amadurece, no espírito das massas populares d países capitalistas, a consciência da necessidade da luta pela nova vida, a socialista. Barrando o caminho das massas para o socialismo, estão as forças do imperialismo e da reação. Chefiados pelos círculos governantes dos Estados Unidos, os imperialistas de todos os países visam retardar o colapso do capitalismo. No entanto, por mais possessos que se tornem e por maiores atrocidades que cometam, os bandidos imperialistas e seus lacaios — os socialistas de direita — não poderão deter o movimento da sociedade para a frente, não poderão quebrantar a vontade e a aspiração das massas de paz, de democracia e de socialismo.
"Vivemos numa época em que todos os caminhos levam ao comunismo.''(37)
A terceira característica da dialética marxista nos ensina a considerar o desenvolvimento como passagem das transformações quantitativas às transformações radicais de qualidade. A aplicação desta tese à história da sociedade, à atividade prática do Partido do proletariado, leva-a importantes conclusões revolucionárias. O camarada Stálin assinala:
"Se a passagem das modificações quantitativas entas às modificações qualitativas bruscas e rápidas é uma lei do desenvolvimento, é evidente que as transformações revolucionárias realizadas pelas classes oprimidas representam um fenômeno absolutamente natural e inevitável.
Isto quer dizer que a passagem do capitalismo ao socialismo e a libertação da classe operária do jugo capitalista não pode ser realizada por meio de lentas modificações, por meio de reformas, mas somente pela transformação qualitativa do regime capitalista, pela revolução.
Isto quer dizer que em política, para não nos enganarmos, devemos ser revolucionários e não reformistas."(38)
Os partidários da metafísica, os inimigos da dialética e do socialismo temem o método revolucionário de conhecimento e de transformação da vida social. Todos os reformistas, inclusive os socialistas de direita, em suas tentativas de fundamentarem a transformação pacífica do capitalismo em socialismo, de justificarem sua abjuração da revolução proletária e da ditadura do proletariado, baseavam-se e se baseiam na negação metafísica das transformações socais radicais, qualitativas, por salto, das revoluções. Afirmam o desenvolvimento planificado e harmônico da sociedade capitalista, sem explosões e choques sociais. Os "economistas”, os mencheviques, os revisionistas da II Internacional manifestaram-se em desacordo com a luta decisiva contra o capital, tentaram reduzir o movimento operário a formas aceitáveis para a burguesia. No domínio da filosofia, afirma Lênin, os revisionistas marcham a reboque da "ciência” professoral da burguesia, rebaixam a filosofia marxista,
"substituindo a ‘sagaz’ (e revolucionária) dialética pela ‘simples’ (e tranquila) evolução' (.. .)".(39)
Os oportunistas propagam, com zelo particular, a famigerada "teoria das forças produtivas”, segundo a qual o próprio desenvolvimento da economia capitalista leva automaticamente ao socialismo.
A linha oportunista de servir à burguesia é, em nossa época, seguida pelos socialistas de direita, que procedem de maneira mais sórdida e cínica do que seus antecessores. Tornando-se lacaios do imperialismo americano-inglês, afirmam que a passagem ao socialismo é possível por meio da transformação gradual das empresas capitalistas em "socialistas”, da transformação do Estado burguês em Estado "socialista”. Seu trabalho de traição e de sapa é particularmente nocivo pelo fato de que encobrem sua essência imperialista de banditismo com a fraseologia socialista e com a máscara da democracia. Nesse sentido é elucidativo o palavrório de um socialista de direita como Renner, recém-falecido, ex-líder dos socialistas de direita da Áustria. Em seu trabalho O Novo Mundo e o Socialismo, publicado em 1946, falsamente afirma que hoje a contradição entre o trabalho e o capital "não é típica e não determina a marcha do desenvolvimento”. Manifestando-se como franco apologista da "democracia” burguesa, Renner declara demagogicamente que o instituto mais conveniente para a realização pacífica do socialismo é o Estado burguês com seus atributos de "democracia” e de "governo pelo povo”, Estado pretensamente capaz de defender os interesses "de todas as classes”, de "todas as camadas da sociedade”. Uma vez que no aparelho estatal há atualmente uma maioria de socialistas e de militantes sindicais, afirma Renner, é necessário apenas que eles ganhem as eleições ao parlamento, como o conseguiram os trabalhistas ingleses, em 1945.
No mesmo sentido se desenvolve a demagogia dos Attlees, Saragats e seus iguais.
Essa fraseologia dos socialistas de direita, lacaios do imperialismo americano, é refutada por toda a experiência da História. A História nos ensina que nenhum regime social cede lugar a outro sem a transformação radical de suas bases econômicas e políticas e nenhuma classe dominante cede lugar a outra sem luta, sem batalhas decisivas.
A burguesia nunca renunciará às suas vantagens, nunca entregará os meios de produção e o poder político a toda a sociedade. A passagem do capitalismo ao socialismo só pode ser realizada por meio de radicais transformações qualitativas do velho regime capitalista, por meio da revolução.
Engels escreve que procederíamos muito estupidamente se cruzássemos os braços e nos puséssemos a aguardar tranquilamente a conquista de nossos direitos.
"Na verdade, ninguém nos libertará, a nós, os proletários, se não nos libertarmos a nós mesmo s.”(40)
É por isso que os fundadores do comunismo científico dedicaram particular atenção à necessidade de demonstrar ao proletariado e às amplas massas trabalhadoras que eles só poderão conquistar sua libertação por meio da revolução proletária e da conquista da ditadura do proletariado. A doutrina de Marx e de Engels sobre a transformação revolucionária da sociedade capitalista em sociedade socialista, foi continuada e genialmente desenvolvida nas novas condições históricas por Lênin e Stálin. Lênin e Stálin ensinam que a vitória sobre a burguesia é impossível sem a transformação radical do velho regime econômico e político, sem luta prolongada, tenaz e audaz.
O camarada Stálin ensina:
"A História ainda não conhece casos em que a burguesia moribunda não empregasse todos os restos de sua força para defender sua existência."(41)
No trabalho Anarquismo ou Socialismo?, o camarada Stálin afirma que o meio decisivo por meio do qual o proletariado derrubará o regime capitalista é a revolução socialista.(42)
Propagando continuamente a ideia da transformação revolucionária da sociedade capitalista em socialista, os clássicos do marxismo-leninismo advertem que não se pode saltar estágios não superados do movimento operário, que não se pode solucionar as tarefas da transformação revolucionária da sociedade sem uma preparação preliminar. A interpretarão marxista das formas e dos métodos da luta revolucionara de classes exclui tanto o reformismo, que só reconhece as reivindicações parciais que não tocam nas bases do capitalismo, como os diferentes gêneros de desvios de esquerda, a exigência de saltos repentinos, não preparados.
Lênin e Stálin afirmam que, a par dos revisionistas da II Internacional, que somente admitem reformas parciais como meio de passagem do capitalismo ao socialismo, também são inimigos do marxismo os anarquistas, que só reconhecem as explosões e catástrofes inesperadas e não preparadas. Negando a forma evolutiva do desenvolvimento, os anarquistas rejeitam o trabalho de preparação para a revolução vitoriosa e, por conseguinte, a própria revolução. Os "grandes dias” da revolução, afirmam eles, sobrevêm por si mesmos, espontâneamente.
Apesar da diferença formal, os reformistas e os anarquistas estão unidos por um elemento comum, o fato de que uns e outros são contra a luta revolucionária da classe operária, contra a necessidade da conquista da ditadura do proletariado. Uns e outros são veículos da influência da burguesia, agentes da burguesia no movimento operário. Lênin escreve:
"Uns e outros freiam o trabalho mais importante e essencial: a união dos operários em organizações grandes, fortes, que funcionem bem e que saibam funcionar bem em todas as condições, organizações imbuídas do espírito da luta de classes, que reconheçam claramente seus objetivos, educadas numa concepção do mundo realmente marxista."(43)
Sob a direção de Lênin e Stálin, o Partido bolchevique sempre lutou implacavelmente em duas frentes: tanto contra 03 oportunistas de direita como contra os oportunistas de "esquerda”. Assim, no período de industrialização do país e de coletivização da agricultura, o Partido derrotou os mais ferozes inimigos da classe operária — os trotskistas e os bucarinistas — os quais, começando por atacar as bases teóricas e táticas do marxismo-leninismo, terminaram por transformar-se num bando de provocadores, assassinos e espiões, agentes declarados do fascismo.
O camarada Stálin ensina:
"Sem derrotar os trotskistas e os bucarinistas não poderíamos ter preparado as condições indispensáveis à construção do socialismo."(44)
J. V. Stálin por mais de uma vez indicou a necessidade da justa avaliação das condições objetivas, da sua preparação e maturidade, na realização destas ou daquelas medidas de caráter estratégico. Por exemplo, no período da coletivização total, o Partido bolchevique lutou implacavelmente não só contra as manifestações do oportunismo de direita, presentes na tendência em abandonar a coletivização ao espontaneísmo e assim deitá-la a perder, mas também contra os portadores do desvio de "esquerda”, que tentavam levar os camponeses ao caminho colcosiano através de medidas de pressão administrativa.
Em fevereiro de 1930 estavam coletivizados 50 por cento das explorações camponesas. Foi uma grandiosa vitória do Partido e do Estado soviético. Todavia, ao invés de consolidar os êxitos alcançados, de enveredar pelo caminho do fortalecimento econômico e orgânico dos colcoses, alguns dirigentes deixaram-se empolgar pelas elevadas porcentagens de aumento do número de colcoses, tentando passar imediatamente à forma superior de cooperação — a comuna. Esses desvios esquerdistas no trabalho de coletivização das explorações camponesas levavam água ao moinho dos inimigos, criando campo favorável à agitação dos culaques contra os colcoses.
O Partido rechaçou os portadores de desvios de "esquerda” da maneira mais decisiva. Nos artigos Os Êxitos nos Sobem à Cabeça e Resposta aos Camaradas Colcozianos, J. V. Stálin demonstrou, com plena clareza, onde reside a força da economia colcosiana e de que maneira devem organizar-se os colcoses. O camarada Stálin afirmou que do fato de haver todas as premissas para a vitória completa do socialismo no campo, de o próprio campesinato marchar voluntariamente para os colcoses, de forma alguma se devia concluir que a transformação do campo no espírito do socialismo devia ser começada diretamente com a forma superior — a comuna. Não se tratava de englobar, sem qualquer exame das possibilidades reais, todas as explorações camponesas, mas de fortalecer os colcoses existentes no sentido econômico e de organização.
O camarada Stálin afirma no artigo Os Êxitos nos sobem à cabeça:
"A arte de dirigir é uma empresa séria. Não podemos atrasar-nos em relação ao movimento porque o atraso significa desligarmo-nos das massas. Tampouco nos podemos adiantar, porque isso significaria perder a união com as massas. Quem quiser dirigir um movimento e, ao mesmo tempo, manter o contacto com as massas de milhões, deve lutar em duas frentes: contra os que se atrasam e contra os que se adiantam.''(45)
A doutrina marxista-leninista sobre as duas formas do movimento serve de arma teórica na luta das massas trabalhadoras dos países capitalistas contra a escravidão capitalista. Ela nos ensina que a radical transformação da sociedade capitalista é inconcebível sem a decisiva transformação das velhas relações econômicas e políticas. Enquanto as classes trabalhadoras, sob a direção do proletariado, não derrubarem o domínio político da burguesia e não tomarem o poder, nenhuma transformação parcial levará à substituição do capitalismo pelo socialismo. A prática da construção do socialismo na URSS e nos países de democracia popular é a mais brilhante confirmação disso.
Ao mesmo tempo, a doutrina da dialética materialista sobre as duas formas do movimento nos preserva dos erros considerados por Lênin como "a doença infantil do ‘esquerdismo'." Aos Partidos Comunistas e Operários, a todos os trabalhadores do mundo capitalista, apresenta-se a complexa e difícil tarefa de reunir forças, de utilizar todas as formas e métodos de luta, o trabalho minucioso e "prosaico” em todas as camadas da população trabalhadora, porque somente esse trabalho de preparação pode levar a transformações radicais de qualidade, à vitória do socialismo.
Notas de rodapé:
(1) V. I. Lênin Cadernos Filosóficos, ed. russa, 1947, págs. 327-328. (retornar ao texto)
(2) F. Engels — Dialética da Natureza, ed. russa, 1952, pág. 203. (retornar ao texto)
(3) F. Engels — Dialética da Natureza, ed. russa, 1952, pág. 236. (retornar ao texto)
(4) T. D. Lissenko — Agrobiologia. 4.ª ed. russa, 1948, pág. 329. (retornar ao texto)
(5) J. V. Stálin — Questões do Leninismo, 11ª ed. russa, pág. 537; ver História do P. C. (b) da URSS, 2.ª ed. bras. Ed. Horizonte, Rio, 1947, pág. 45. (retornar ao texto)
(6) F. Engels — Dialética da Natureza, ed. russa, 1952, pág. 201. (retornar ao texto)
(7) F. Engels — Dialética da Natureza, ed. russa, 1952, pág. 184. (retornar ao texto)
(8) F. Engels — Dialética da Natureza, ed. russa, 1952, pág. 39. (retornar ao texto)
(9) Ibid. (retornar ao texto)
(10) Ibid., pág. 41. (retornar ao texto)
(11) Ovsiúg - Planta daninha cujas sementes se parecem com a aveia, mas que não serve para alimento. (N. do T.) (retornar ao texto)
(12) Eozon Canadense — fóssil encontrado no Canadá e considerado como vestígio de organismos primitivos muito antigos. (N. do T.) (retornar ao texto)
(13) F. Engels — Dialética da Natureza, ed. russa, 1952, pág. 13. (retornar ao texto)
(14) K. Marx — O Capital ed. russa. 1951. t. I. pág. 314. (retornar ao texto)
(15) A. A. Jdânov — Intervenção no Debate Sobre o Livro de G. F. Alexândrov — «História da Filosofia da Europa Ocidental», ed. russa, E.P.E., 1952, pág. 8; ver revista Problemas, n.º 7, pág. 64. (retornar ao texto)
(16) J. V. Stálin — OBRAS, ed. russa, t. I, pág. 309; ver ed. bras., Ed. Vitória, Rio, 1952, pág. 280. (retornar ao texto)
(17) V. I. Lênin — OBRAS. 4.ª ed. russa, t. XVI, pág. 319. (retornar ao texto)
(18) J. V. Stálin — OBRAS, ed. russa, t. I, pág. 301; ver ed. bras., Ed. Vitória, Rio, 1952, págs. 272-273. (retornar ao texto)
(19) K. Marx - Miséria da Filosofia, ed. russa, E.P.E., 1941, pág. 149. (retornar ao texto)
(20) V. I. Lênin — OBRAS. 4.ª ed. russa, t. XIII, pág. 22. (retornar ao texto)
(21) J. V. Stálin — Questões do Leninismo, 11ªed. russa, pág. 561; ver História do P. C. (b) da URSS, 2.ª ed. bras. Ed. Horizonte, Rio, 1947, pág. 54. (retornar ao texto)
(22) J. V. Stálin — OBRAS, ed. russa, t. X, pág. 239. (retornar ao texto)
(23) C. Marx e F. Engels — Cartas Escolhidas, ed. russa, E.P.E., 1948, pág. 370 (retornar ao texto)
(24) V. I. Lênin — OBRAS. 4.ª ed. russa, t. XXVII, págs. 243-244. (retornar ao texto)
(25) J. V. Stálin — Discursos nas Assembleias Eleitorais dos Eleitores da Circunscrição Eleitoral Stálin, Moscou, a 11 de dezembro de 1937 e 9 de fevereiro de 1946, ed. russa. 1952, pág. 18; ver Discurso aos Eleitores, Ed. Horizonte, Rio, 1946, pág. 12. (retornar ao texto)
(26) J. V. Stálin — História do PC(b) da URSS, ed. russa, pág. 98; ver História do PC(b) da URSS, 2.ª ed. bras. Ed. Horizonte, Rio, 1947, pág. 43. (retornar ao texto)
(27) J. V. Stálin — O Marxismo e os Problemas de Linguística, ed. russa, 1952, págs. 28-29; ver revista Problemas, nº 28, pág. 50. (retornar ao texto)
(28) F. Engels — Anti-Dühring, ed. russa, 1951, pág. 63. (retornar ao texto)
(29) O P.C. (b) da URSS. nas Resoluções e Decisões dos Congressos, Conferências e Plenos do C.C.. ed. russa. E.P.E 1941 Parte II, pág. 727. (retornar ao texto)
(30) F. Engels — Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Clássica Alemã, ed. russa, E.P.E., 1952. pág. 21. (retornar ao texto)
(31) V. I. Lênin — OBRAS. 4.ª ed. russa, t. I, pág. 146; ver Obras Escolhidas, ed. bras., Ed. Vitória, Rio, 1955, t. I, pág. 141. (retornar ao texto)
(32) J. V. Stálin — Questões do Leninismo, 11.ª ed. russa, pág. 537; ver História do P.C. (b) da URSS, 2.ª ed. bras., Ed. Horizonte, Rio, 1947. pág. 45. (retornar ao texto)
(33) V. I. Lênin Cadernos Filosóficos, ed. russa, 1947, pág. 197. (retornar ao texto)
(34) V. I. Lênin — OBRAS. 4.ª ed. russa, t. XXII, pág. 296. (retornar ao texto)
(35) J. V. Stálin — OBRAS, ed. russa, t. VII, pág. 94; ver revista Problemas, nº 34, pág. 53. (retornar ao texto)
(36) F. Engels — Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Clássica Alemã, ed. russa, E.P.E., 1952. pág. 36. (retornar ao texto)
(37) V. M. Molótov — O 30º aniversário da Grande Revolução Socialista de Outubro, ed. russa, E.P.E., 1947, pág. 31; ver revista Problemas, no 7, pág. 61. (retornar ao texto)
(38) J. V. Stálin — Questões do Leninismo, 11ª ed. russa, pág. 541; ver História do P. C. (b) da URSS, 2.ª ed. bras. Ed. Horizonte, Rio, 1947, pág. 46. (retornar ao texto)
(39) V. I. Lênin — OBRAS, 4.ª ed. russa, t. XV, pág. 19. (retornar ao texto)
(40) K. Marx e F. Engels — OBRAS, ed. russa, 1929, t. V, pág. 569. (retornar ao texto)
(41) J. V. Stálin — OBRAS, ed. russa, t. XII, pág. 37. (retornar ao texto)
(42) Id., t. I, pág. 345; ver ed. bras., Ed. Vitória, Rio 1952 pág. 310. (retornar ao texto)
(43) V. I. Lênin — OBRAS, 4.ª ed. russa, t. XVI, pág. 319. (retornar ao texto)
(44) J. V. Stálin — História do PC(b) da URSS, ed. russa, pág. 344. (retornar ao texto)
(45) J. V. Stálin — OBRAS, ed. russa, t. XII, pág. 199. (retornar ao texto)
Inclusão | 24/02/2015 |