(1818-1883): Um dos maiores gênios da humanidade e o maior do século XIX, cuja glória imortal é a criação do comunismo cientifico e da teoria e prática da moderna luta revolucionária de classes do proletariado mundial. O ideal comunista deve-lhe sua teoria e seu programa científicos. O sistema de Marx assenta-se na base granítica do materialismo dialético. Marx demonstrou, em suas magistrais análises de problemas concretos, que se tratava de descobrir as leis internas do capitalismo ou de explicar períodos ou acontecimentos determinados da história da humanidade, a superioridade da dialética materialista como método teórico para a investigação das relações históricas do passado, para o conhecimento das verdadeiras forças motrizes da evolução social no presente e para a determinação das tendências do desenvolvimento social no futuro.
Sua crítica genial da sociedade burguesa foi, ao mesmo tempo, destrutiva e construtiva: destrutiva, porque proclamou a morte da burguesia, e construtiva, porque anunciou a vitória do proletariado. Sua dialética é, simultaneamente, um método de pesquisa e um guia condutor para a atividade humana. Sua dialética materialista não se estende apenas ao conhecimento das leis do movimento da história humana, mas, igualmente, ao conhecimento da história da natureza. Daí, seu decidido apoio à revolução produzida pela doutrina da evolução de Charles Darwin nas ciências naturais.
Para a cabal compreensão do método de Marx, exige-se profundo estudo de todas as obras do mestre, porque só a aplicação das leis do pensamento dialético a questões e campos concretos pode demonstrar o valor científico desse método. Nessas circunstâncias, é sobretudo sua filosofia que é preciso buscar nos seus trabalhos históricos e de economia política.
Citemos, entre as mais importantes obras de Marx, em ordem cronológica:
- A diferença entre a filosofia da natureza em Demócrito e em Epicuro, trazendo em apêndice a Crítica da polêmica de Plutarco contra a teologia de Epicuro, tese do doutorado de Marx, 1841;
- Contribuição à crítica da filosofia do direito de Hegel), 1843;
- Contribuição à questão judaica, 1843;
- A Sagrada Família, ou crítica da crítica crítica contra Bruno Bauer e comparsas, 1844, em colaboração com Friedrich Engels;
- O materialismo francês do século XVIII;
- Sobre Feuerbach, 1845, trabalho reproduzido na obra de Engels Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã;
- A Miséria da Filosofia, Paris, 1847, em resposta à La Philosophie de la misère, de Proudhon
- Manifesto do Partido Comunista, 1848;
- Trabalho Assalariado e Capital;
- O 18 Brumário de Luis Bonaparte, 1852;
- As lutas de classes na França, 1850, em Berlim, 1895;
- Revolução e contrarrevolução na Alemanha;
- Enthullugen über der Kollner Kommunistenprozess, Basel, 1852, nova edição, Zurich, Berlim, 1885;
- European Revolutions and Counter-Revolutions, reeditada do New York Tribune, 1850-5 2; London, 1896;
- The Eastern Question, reeditada de New York Tribune, 1853-56; London, 1898;
- Contribuição à critica da economia política, Berlim, 1859, nova edição em Stuttgart, em 1897;
- Herr Vogt (Senhor Vogt), Londres, 1860;
- Mensagem Inaugural da Associação Internacional dos Trabalhadores, London, 1864;
- Salário, Preço e Lucro, escrito em 1865 e publicado em Londres em 1898;
- O Capital, livro I, l.ª edição, Hamburgo, 1867 (os Livros II e III foram publicados por Engels, após a morte de Marx, em 1885 e 1895, respectivamente, e o Livro IV, em 1904, por Kautski, em alemão, sob o título Teorias sobre a mais-valia e em francês sob o titulo de História das Doutrinas Econômicas;
- A guerra civil na França, 1871;
- La Alliance de la Democratie Socialiste, London, 1873;
- artigos reeditados de Rheinische Zeitung, 1842-43; Deutsch-Französische Jahrbücher, Paris, 1844; Das Westphalische Dampfbloot, Bielefeld uan Paderborn, 1845-48; Der Gesellschaftsspiegel, Elberfeld, 1846; Deutsche Brusseler Zeitung, Bruxelas, 1847; Neue Rheinische Zeitung (diário), Colônia, 1848-49 (mensal), Hamburgo, 1850; The People, Londres, 1852-58; The New York Tribune, New York, 1853-60; The Free Press, Sheffield e Londres, 1856-57; Das Volk, Londres, 1859; Der Verbote, Genebra, 1869-76; Die Neue Zeit, Stuttgart, 1883, s.q.; Sozialistische Monastschefte, Berlim, 1895;
- Glosas Marginais ao Programa do Partido Operário Alemão, 1875;
- Teorias sobre a mais-valia, que constitui o 4.° vol. do O Capital, editado por Karl Kautski;
- Extratos das obras póstumas de Karl Marx e Friedrich Engels, 4 vols., organizados por Franz Mehring;
- Gesammelte Schrift (Obras Completas), publicadas por D. Riazanov;
- Correspondência entre Friedrich Engels e Karl Marx, publicada por August Bebel e Eduard Bernstein, 4 vols., Stuttgart, 1913;
- Cartas ao dr. Kugelmann, Berlim, ed. Viva-Verlag, 1924.
Sobre Karl Marx, indicamos;
- Karl Marx, história de sua vida, de Franz Mehring, 1918;
- e a coletânea de estudos Marx: pensador, homem e revolucionário, 1928.
Eis o que sobre Marx escreveu o próprio Engels:
Não posso negar que, até certo ponto, participei independentemente, antes e durante minha colaboração de quarenta anos com Marx, tanto da elaboração como do desenvolvimento da teoria marxista. Mas a maior parte das ideias diretrizes, fundamentais, principalmente no domínio econômico e histórico e, com especialidade, sua nítida formulação definitiva, devem-se a Marx. O que eu fiz aqui — à exceção, certamente, de alguns ramos especiais — Marx teria podido fazer sem mim. Mas, o que Marx fez, eu não teria podido fazer. Marx passava-nos a todos, via mais longe, maior e mais rapidamente do que todos nós. Marx era um gênio; nós, quando muito, talentos. Sem ele, a teoria estaria muito longe do que é hoje. Eis porque ela traz, mui justamente, seu nome. (Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã, pág. 66).