(1632-1704): Filosofo inglês. Pai da teoria do sensualismo. Representante do empirismo, proclama a experiencia como a única base de todo conhecimento. Em seu Ensaio sobre o entendimento, 1690, Locke se serve, para a solução do problema do conhecimento, do princípio da experiencia; nega a existência das ideias inatas e faz decorrer todas as representações de duas fontes: sentidos externos e sentidos internos. À medida que Locke explica as sensações externas pela influência das coisas sobre nós e chega mesmo a formular a hipótese, ousada para o seu tempo, de que a matéria (sobre a decisão de Deus!) poderia pensar, ele se coloca do ponto de vista materialista. Mas, à medida que não se liberta das ideias da alma-substância e de Deus, prendendo-se ao céu da fé, é dualista e inaugura o desenvolvimento do teísmo inglês. O que caracteriza a sua teoria do conhecimento é a atomização da razão humana, imaginando, desse modo, como “uma soma" de ideias simples as nossas representações e os nossos sentimentos complexos. Esse mosaico da consciência não constitui outra coisa senão o espelho fiel do mundo burguês atomizado. (Marx explica, em certa parte, que Locke provaria mesmo que a razão burguesa é a razão normal humana): Falando sobre Locke, Engels disse: “Mas, além da refutação negativa da teologia e da metafisica do século XVII, necessitava-se de um sistema positivo, antimetafísico. Havia necessidade de um livro que sistematizasse a pratica social de então e que lhe desse uma base teórica. A obra de Locke, Ensaio sobre o entendimento humano, veio do outro lado da Mancha como um achado. Foi acolhida com entusiasmo como um hospede ansiosamente esperado. Cabe, então, perguntar: Locke é um discípulo de Spinoza? A história “profana" responde: o materialismo é um verdadeiro filho da Grã-Bretanha Já o escolástico Duns Scot se perguntava “se a matéria não podia pensar". Para realizar esse milagre, ele teve de recorrer à onipotência divina, isto é, fez com que a própria teologia predicasse o materialismo. Ademais, era nominalista. E o nominalismo, a primeira forma do materialismo, aparece, sobretudo, entre os escolásticos britânicos". A filosofia de Locke exerceu influência considerável sobre o desenvolvimento ulterior da filosofia. É de Locke que procede toda a escola materialista inglesa. Em suas concepções sobre política social, Locke foi resoluto defensor dos interesses da burguesia; como teórico do liberalismo, pronunciou-se pela monarquia constitucional, pela tolerância em questões de consciência (naturalmente, exceção feita para os ateus), etc. Obras principais: Ensaio sobre o entendimento, 1690, e Cartas sobre a tolerância, 1685-1704.