Materialismo e Empiro-Criticismo
Notas e Críticas Sobre uma Filosofia Reacionária

V. I. Lênin

Capítulo VI - O Empirocriticismo e o Materialismo Histórico


36. Como Bogdanov retifica e "desenvolve" Marx


Em seu artigo A evolução da vida na natureza e na sociedade (1902; ver A psicologia social, p. 35 e seguintes), Bogdanov cita o célebre trecho do Prefácio a Zur Kritik, de Marx, em que "o maior dos sociólogos" expõe os fundamentos do materialismo histórico. Depois de ter citado Marx, Bogdanov afirma que

"a antiga definição do monismo histórico, sem deixar de ser verdadeira, quanto ao fundo, não mais nos satisfaz inteiramente" (p. 37).

Nosso autor entende, então, de retificar ou desenvolver a teoria, partindo dos seus próprios fundamentos. Seu argumento principal é o seguinte:

"Já demonstramos que as formas sociais pertencem a um grande conjunto de adaptações biológicas. Mas ainda não definimos o domínio das formas sociais: para fazê-lo, é necessário estabelecer, não somente o GÊNERO, mas também a espécie. Em sua luta pela existência, os homens não se podem associar à consciência: sem consciência, não há vida social. Por isso, a VIDA SOCIAL, EM TODAS AS SUAS MANIFESTAÇÕES, É UMA VIDA PSÍQUICA CONSCIENTE... A SOCIABILIDADE É INSEPARÁVEL DA CONSCIÊNCIA. A EXISTÊNCIA SOCIAL E A CONSCIÊNCIA SOCIAL SÃO IDÊNTICAS, NO SENTIDO EXATO DO TERMO" (p. 51).

Orthodoxe já acentuou (Ensaios de filosofia, São Petersburgo, 1906, p. 183 e precedentes) que essa conclusão nada tem de comum com o marxismo. A isso Bogdanov respondeu apenas com baixo palavreado e limitou-se a explorar a inexatidão de uma citação: Orthodoxe havia escrito "no sentido completo do termo" em vez de "no sentido exato...". A inexatidão existe realmente e nosso autor tinha bastante direito de corrigi-la, mas não de gritar, por esse motivo, contra a "mutilação" do texto, a "desonestidade", etc. (Empiromonismo) t. III, p. XLIV), o que não passa de dissimular com golpes baixos o próprio fundo da controvérsia. Qualquer que seja o sentido "exato" emprestado por Bogdanov aos termos "existência social" e "consciência social", não se pode duvidar de que sua proposição seja errônea. A existência social e a consciência social não são mais idênticas do que os homens, tomando contacto com os outros, se tornam seres conscientes, não se conclui, de modo algum, que a consciência social seja idêntica à existência. Em todas as formações sociais mais ou menos complexas, e, sobretudo, na formação social capitalista, os homens, quando entram em relações uns com outros, não têm consciência das relações sociais que estabelecem entre si, das leis que presidem o desenvolvimento dessas últimas, etc... Por exemplo: o camponês que vende seu trigo entra em "relação" com os produtores mundiais do trigo no mercado mundial, mas sem disso ter consciência das relações que estabelecem em consequência do seu comercio. A consciência social reflete a existência social — tal é o pensamento de Marx. A imagem pode refletir o objeto mais ou menos exatamente, mas é absurdo falar aqui de identidade. Que a consciência reflita, em geral, a existência, isso é uma proposição geral do materialismo. E não é impossível não ver que relação imediata e indissolúvel a une à do materialismo histórico, de acordo com a qual a consciência reflete a existência social.

A tentativa que Bogdanov faz de retificar e desenvolver Marx, "no espírito dos próprios fundamentos do pensamento de Marx", constitui, na realidade, e ele não o percebe, uma mutilação evidente dos seus fundamentos materialistas num espírito idealista. Seria ridículo negá-lo. Lembremos a exposição do empiro-criticismo (não do empiro-monismo, graças a Deus! A diferença entre esses dois "sistemas" é tão grande, tão grande!) feita por Bazarov:

"A representação dos sentidos constitui, precisamente, a realidade exterior".

Idealismo evidente, declarada teoria da identidade da consciência e da existência. Lembrai-vos ainda da fórmula de W. Schuppe, que, do mesmo modo que Bazarov, jurava por seus grandes deuses que não era idealista e, também como Bazarov, insistia particularmente sobre o sentido "exato" destas palavras: "A existência é a consciência". Confrontai agora com esses textos a refutação do materialismo histórico de Marx pelo imanente Schubert-Soldern:

"Todo processo material da produção sempre é em relação a quem o observe, um fenômeno de consciência... Do ponto de vista gnoseológico, não é o processo exterior da produção que constitui o primeiro (prius), mas sim o sujeito ou os sujeitos; ou, noutros termos: o processo puramente material da produção não nos liberta das relações gerais da consciência (Beanusstseinzusammenhangs)" [obra citada: Das menschliche Glück undie soziale Frage. (A felicidade e a questão social pp. 293 e 296)].

Por mais que Bogdanov maldiga os materialistas que "deformam suas ideias", nenhuma maldição poderá mudar, de modo algum, este fato simples e claro: a retificação e o desenvolvimento de Marx, no espírito de Marx, pelo "empiro-monista" Bogdanov, em quase nada se distinguem da refutação de Marx por Schubert-Soldern, idealista e solipsista em gnoseologia Bogdanov afirma não ser idealista; Schubert-Soldern afirma ser realista (Bazarov acreditou nisso). Em nossa época, um filósofo não pode se declarar "realista, inimigo do idealismo". Já é tempo de compreendê-lo, senhores discípulos de Mach!

Os imanentes, os empiro-criticistas e os empiro-monistas discutem fatos secundários, pormenores, da definição do idealismo; nós repudiamos, sem hesitação, todas as premissas filosóficas comuns a essa trindade. Que Bogdanov professe, no melhor sentido, com as melhores intenções, subscrevendo todas as deduções de Marx, a "identidade" entre a existência social, e a consciência social, porque nós diremos: Bogdanov não é marxista, a não ser fazendo-se abstração do seu "empiro-monismo" (mais exatamente: da sua doutrina de Mach). Mesmo porque essa teoria da identidade da existência social e da consciência social não é mais do que uma confusão manifestamente reacionária. Se certas pessoas a conciliam com o marxismo e com uma conduta marxista força é reconhecer que elas valem mais do que sua teoria; mas não poderemos desculpar as flagrantes deformações da teoria marxista.

Bogdanov apenas, concilia sua teoria com as deduções de Marx, sacrificando-lhe a lógica elementar, Todo produtor isolado tem consciência, na economia mundial, de introduzir alguma modificação na técnica da produção; todo proprietário sabe muito bem que troca certos produtos por outros, mas esses produtos e esses proprietários não têm consciência de modificar, com isso, a existência social. Setenta Marx não bastariam para abranger o conjunto de todas as modificações dessa ordem em todos os setores da economia capitalista mundial. O essencial é que se descobriram as leis e se determinaram, em suas grandes linhas, o desenvolvimento histórico e a lógica objetiva dessas modificações objetiva não, evidentemente, no sentido da possibilidade de existência e de desenvolvimento de uma sociedade de seres conscientes, de seres humanos, independentemente da existência dos seres conscientes (e a teoria de Bogdanov não faz outra coisa senão frisar essa tolice), mas no sentido de que a existência social é independente da consciência social dos homens. O fato de que viveis, de que desenvolveis uma atividade econômica, de que procriais, de que fabricais produtos, de que os trocais determina um encadeamento objetivamente necessário de acontecimentos, de desenvolvimentos, um encadeamento independente da vossa consciência social, que nunca o abrange em sua totalidade. A mais nobre tarefa da humanidade é a de apreender essa lógica da evolução econômica (da evolução da existência social) em suas linhas gerais e principais, afim de adaptar-lhe, tão clara e nitidamente quanto possível, com o mais agudo espírito crítico, a sua consciência social e a consciência das classes avançadas de todos os países capitalistas.

Tudo isso, Bogdanov o reconhece. Mas que significa isso? Que, na realidade, ele mesmo coloca à margem a sua teoria da ‘‘identidade da existência social e da consciência social", que não constitui, mais do que uma superfetação escolástica perfeitamente oca, tão oca, tão morta, tão insignificante quanto a "teoria da substituição universal" ou a doutrina dos "elementos", da "introjeção", e todos os outros embustes, de Mach. Mas le mort saisit le vif(1), e a superfetação escolástica morta de Bogdanov faz da sua filosofia, independentemente da sua consciência e contra sua vontade, um instrumento a serviço de Schubert-Soldern e outros reacionários, que, do alto de centenas de cátedras universitárias, colocam com milhares de formas, esse morto em lugar do vivo, afim de aniquilar o vivo. Bogdanov é, pessoalmente, um inimigo decidido de qualquer reação e, mais particularmente, da reação burguesa; mas sua "substituição" e sua teoria da "identidade da existência social e da consciência social" prestam serviço a essa reação. O fato é triste, mas aí está.

O materialismo, em geral, reconhece a realidade objetiva (a matéria) como existindo independentemente da consciência, da sensação e da experiência da humanidade. O materialismo histórico reconhece que a existência social é independente da consciência social da humanidade. Tanto nesse como naquele caso, a consciência não é senão um reflexo da existência, ou, no melhor dos casos, uma imagem aproximadamente exata (adequada, idealmente precisa). Não se pode suprimir nenhuma premissa fundamental, nenhuma parte essencial dessa filosofia do marxismo, da melhor tempera, monolítica, sem afastá-la da realidade objetiva, sem desviá-la para a mistificação burguesa reacionária.

Os exemplos seguintes mostrarão ainda como o idealismo filosófico, esse morto, se apoderou do marxista Bogdanov (artigo Que é o idealismo?, publicado em 1901, p. II e seguintes):

"Chegamos a esta conclusão: que os homens concordem ou não em suas apreciações do progresso, continua invariável o sentido profundo da ideia de progresso: plenitude e harmonia crescentes da vida da consciência. Tal é o conteúdo objetivo da ideia de progresso... Se comparamos agora a expressão psicológica da ideia do progresso a que chegamos com sua expressão biológica dada anteriormente "Chama-se progresso bio- lógico o acréscimo da soma da vida", p. 14, ser-nos-á fácil convencermo-nos de que a primeira coincide inteiramente com a segunda e dela pode ser deduzida... Do mesmo modo que a vida social se relaciona com a vida psíquica dos membros 'da sociedade, assim também o conteúdo da ideia de progresso continua o mesmo e isso é a plenitude crescente e a harmonia da vida. Resta apenas acrescentar aqui estas palavras: da vida social dos homens. E, certamente, a ideia do progresso social nunca teve e não pode ter nenhum outro conteúdo" (p. 16).

"Chegamos à conclusão de que... o idealismo exprime a vitoria, na alma humana, das ideias mais sociais sobre as ideias menos sociais e de que o ideal de progresso é uma imagem da tendência social para o progresso, na mentalidade idealista" (página 32).

Não é necessário dizer que todo esse jogo biológico e sociológico não contém uma parcela de marxismo. Em Spencer e em Mirrailóvski, podem ser encontradas quantas definições se desejarem e que não perdem para essas últimas, que nada definem e apenas evidenciam as "boas intenções" do autor e sua completa incompreensão do "que é o idealismo" e do que seja o materialismo.

Tomo III do Empiromonismo, capítulo A seleção social (bases de um método), 1906. O autor começa repelindo as "tentativas ecléticas de sociologia biológica de Lange, Ferri, Woltmann e muitos outros" (p. 1), mas expõe, a partir da página 15, a seguinte conclusão das suas "pesquisas":

"Podemos formular da seguinte forma as relações essenciais da energética e da seleção social:

Todo ato de seleção social constitui um acréscimo ou uma diminuição da energia do corpo social ao qual se relaciona. No primeiro caso, temos uma "seleção positiva" e, no segundo, uma seleção negativa" (grifado pelo autor).

E queria-se fazer passar por marxismo esses inqualificáveis embustes! Pode haver coisa mais estéril, mais morta, mais escolástica do que esse amontoado de termos biológicos e energéticos que não significam absolutamente nada e nada podem significar no domínio das ciências sociais? Essas frases não contêm nem um vestígio de uma pesquisa econômica concreta e nem a menor alusão ao método de Marx. ao método dialético e á concepção materialista do universo; não passam de definições inventadas que se pretendem adaptar às acabadas conclusões do marxismo. "O rápido desenvolvimento das forças produtivas da sociedade capitalista significa, sem dúvida, um acréscimo de energia do todo social..." a segunda parte dessa frase é, evidentemente, uma simples repetição da primeira, mas com palavras ocas que parecem "aprofundar" a questão mas que, na realidade, não diferem, de modo algum, das tentativas ecléticas da biossociologia de Lange & Cia.! "mas o caráter desarmônico desse processo conduz a uma "crise", a um gasto considerável de forças produtivas, uma brusca diminuição da energia: a seleção positiva dá lugar à seleção negativa" (p. 18).

Não se acreditaria estar lendo Lange? As conclusões claras sobre as crises acrescentou-se, sem se lhes fornecer qualquer fato concreto e sem se elucidar a natureza das crises, uma etiqueta biológico-energética. Tudo isso com excelentes intenções: o autor objetivava confirmar e aprofundar as conclusões de Marx, que ele, na realidade, dilui numa escolástica morta e mortalmente tediosa. Lá, "marxista" existe apenas a repetição de uma conclusão conhecida de antemão e toda a "nova justificação" dessa conclusão, toda essa "energética social" (página 34), toda essa "seleção social" não são mais que um amontoado de palavras e um ludibrio do marxismo.

Bogdanov não se dedica a nenhuma pesquisa marxista, apenas enuncia os resultados anteriores das pesquisas marxistas, em termos de biologia e de energética. Tentativa inteiramente inoperante, uma vez que a aplicação das noções de "seleção", de "assimilação" e "desassimilação" de "energia", de "balanço energético", etc. às ciências sociais não passa de frase vazia. Na verdade, não é possível dedicar-se a nenhum estudo dos fenômenos sociais, não é possível chegar-se a nenhuma compreensão do método das ciências sociais, recorrendo-se a tais noções. Nada é mais fácil do que aplicar-se um rotulo "energético" ou "biossociológico" a fenômenos tais como as crises, as revoluções, as lutas de classes, etc., mas nada é mais estéril, mais escolástico, mais morto do que essa aplicação. Pouco nos importa que Bogdanov, fazendo-o, adapte a Marx todos ou quase todos os seus resultados e conclusões (já vimos a "retificação" que ele faz no pensamento de Marx, no tocante às relações entre a existência social e a consciência social); o importante é que os processos dessa adaptação, dessa "energética social", são falsos de ponta a ponta e em nada se distinguem dos de Lange.

Marx escrevia a Kugelmann, a 27 de junho de 1870:

"O sr. Lange (A questão operaria, 2.ª edição) cumula-me de elogios... afim de se dar a aparência de um grande homem. O sr. Lange é, realmente, o autor de uma grande descoberta. Toda a história pode reduzir-se a uma única grande lei natural. Essa lei natural resume-se na expressão struggle for life, luta pela existência (assim aplicada, a expressão de Darwin não passa de uma fórmula vazia), e seu conteúdo é a lei da população, ou, antes da superpopulação, de Malthus. Em vez de analisar as manifestações históricas dessa struggle for life nas diversas formações sociais, limita-se apenas a substituir todas as lutas concretas pela expressão struggle for life e essa última pela fantasia malthusiana sobre a população. Convenhamos, esse método é muito convincente... para a ignorância suficiente e enfática que se empavona e para a preguiça intelectual."

A critica de Lange por Marx não se baseia, fundamentalmente, na recusa à introdução do malthusianismo em sociologia, mas na demonstração de que a aplicação das noções biológicas às ciências sociais não passa, em geral, de uma frase. Essa aplicação é motivada por excelentes intenções ou pelo desejo de confirmar argumentos sociológicos errôneos, pouco importa: essa aplicação não passa de uma frase. E a "energética social" de Bogdanov, do mesmo modo que a sua adição da doutrina da seleção social ao marxismo, constituem, precisamente, tal especie de frases.

Assim como Mach e Avenarius, em gnoseologia, somente fazem sobrecarregar os velhos erros idealistas com uma terminologia tolamente pretensiosa ("elementos", "coordenação de princípio", "introjeção", etc.), sem desenvolver o idealismo, assim também o empiro-criticismo, em sociologia, mesmo quando simpatiza sinceramente com as conclusões do marxismo, acaba por mutilar o materialismo histórico, por intermédio de uma fraseologia vazia e pretensiosa tomada à biologia e à energética.

O fato seguinte constitui uma particularidade histórica da doutrina contemporânea dos discípulos russos de Mach (ou, antes, de certo apreço pelas ideias de Mach por parte de certos social-democratas russos). Feuerbach foi "materialista por baixo, idealista por cima"; e dá-se a mesma coisa, em certa medida, com Büchner, Vogt, Moleschott, Dühring, com a diferença essencial de que esses filósofos, comparados com Feuerbach, não passam de pigmeus e mesquinhos remendões.

Discípulos de Feuerbach e amadurecidos na luta contra os remendões, Marx e Engels dirigiram, naturalmente, sua atenção principal para o acabamento da filosofia materialista, isto é, para a concepção materialista da história e não para a gnoseologia materialista. Em consequência, em suas obras sobre o materialismo dialético, frisaram mais a dialética do que o materialismo e, tratando do materialismo histórico, insistiram mais no lado histórico do que no lado materialista. Nossos discípulos de Mach, que desejam ser marxistas, abordaram o marxismo num período da história completamente diferente, em que a filosofia burguesa se especializou sobretudo na gnoseologia e, tendo assimilado sob uma forma unilateral e deformada certas partes constitutivas da dialética (o relativismo, por exemplo), dedica o melhor da sua atenção à defesa ou à reconstituição do idealismo por baixo e não do idealismo por cima. O positivismo geral e a doutrina de Mach em particular preocuparam-se sobretudo em falsificar sutilmente a gnoseologia, simulando materialismo, disfarçando seu idealismo sob uma terminologia pretensamente materialista, e consagraram bem pouca atenção à filosofia da história. Nossos discípulos de Mach não compreenderam o marxismo, por tê-lo abordado, de certo modo, ao revês. Assimilaram — seria, talvez, mais exato dizer que aprenderam de cor — a teoria econômica e histórica de Marx, sem terem compreendido seus fundamentos, o materialismo filosófico. Nessas circunstâncias, Bogdanov & Cia. podem ser chamados de Büchners e Dührings russos pelo avesso. Pretendiam ser materialistas por cima e não se podem desfazer, por baixo, de um materialismo confuso! Em Bogdanov, veem-se, "por cima", o materialismo histórico vulgar e muito a contragosto mitigado de idealismo, e, "por baixo", o idealismo travestido de termos marxistas, acomodado ao vocabulário marxista. "experiência socialmente organizada", "processo coletivo de trabalho" são expressões marxistas, mas são apenas palavras dissimulando a filosofia idealista para a qual os objetos são complexos de "elementos", de sensações, para a qual o universo exterior é uma "experiência" ou "um empiro-símbolo" da humanidade e a natureza física "um derivado" do "psíquico", etc., etc.

Uma falsificação cada vez mais sutil do marxismo e a simulação cada vez mais sutil do marxismo pelas doutrinas antimaterialistas eis o que caracteriza o revisionismo contemporâneo, tanto em economia política como nas questões de tática, tanto em filosofia geral como, em gnoseologia e em sociologia.


Notas de rodapé:

(1) Máxima do antigo direito, significando que certos herdeiros têm, desde o momento da morte, direito de posse imediata e sem formalidades legais dos bens do finado. (Nota do Tradutor). (retornar ao texto)

Inclusão 30/01/2015