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Durante o último terço do século XVIII a revolução industrial - a mudança mais profunda em toda a história do gênero humano desde o desenvolvimento da agricultura - ganhou impulso num pequeno canto do mundo, Grã-Bretanha. Mas os capitalistas britânicos logo tiveram imitadores em outros países onde a burguesia conquistara o poder ou estava perto de conquistá-lo.
No começo do século XX o capitalismo industrial dominava completamente o mundo. Os impérios coloniais da Grã-Bretanha, França, Alemanha, Rússia, Estados Unidos, Bélgica, Países Baixos, Itália e Japão cobriam, sem dúvida, a maior parte da superfície do planeta. As sociedades essencialmente pré-capitalistas, que ainda preservavam uma independência formal (China, Irã, Turquia, Etiópia, etc.), eram, de facto, dominadas por uma ou outra das grandes potências imperialistas e informalmente divididas entre eles - o termo “esferas de influência” expressa exatamente isso. Esta “independência” simbólica mantinha-se unicamente devido às rivalidades entre os imperialismos concorrentes (Grã-Bretanha contra a Rússia no Irã, Grã-Bretanha contra a França na Tailândia, Grã-Bretanha contra a Alemanha - e também contra a Rússia - na Turquia e Grã-Bretanha, os Estados Unidos, Alemanha, Rússia, França, Japão e vários contendores secundários, todos uns contra os outros na China.
Mas os países conquistados ou dominados polas potências capitalistas industriais não eram, falando de modo geral, transformados em réplicas das várias “pátrias mães”. Polo contrário permaneceram essencialmente sociedades pré-industriais. O seu desenvolvimento socioeconómico era profundamente influenciado – de facto, profundamente distorcido - por causa da sua conquista e domínio, mas não eram, tipicamente, transformadas num novo tipo de sociedade.
A famosa descrição de Marx sobre a ruína da indústria têxtil hindu (que era baseada em produtos de alta qualidade feitos por artesãos independentes) devido aos produtos de algodão baratos, fabricados por máquinas em Lancashire, permanece ainda um bom esboço do impacto inicial do capitalismo ocidental no que hoje é chamado de “Terceiro Mundo”: pobreza e retrocesso social.
Este processo de “desenvolvimento desigual e combinado”, para usar a expressão de Trotski, conduziu a uma situação (ainda presente em todos os traços essenciais) na qual a maior parte da população do planeta não só não tinha avançado económica e socialmente, mas havia retrocedido. Qual era então (e ainda hoje é) a saída para a população destes países?
Trotski, quando era um jovem de 26 anos, deu uma solução profundamente original ao problema. Era uma solução arraigada tanto na realidade do desenvolvimento desigual do capitalismo em escala mundial, quanto na análise marxista do verdadeiro significado do desenvolvimento industrial - a criação, de uma só vez e ao mesmo tempo, da base material para uma sociedade avançada e sem classes e de uma classe explorada, a classe trabalhadora, capaz de se elevar ao nível de classe dominante e, através do seu domínio, abolir as classes, a luita de classe e todas as formas de alienação e opressão.
Naturalmente, Trotski desenvolveu as suas idéias primeiramente em relação à Rússia. E aqui é necessário voltarmos-nos para o pano de fundo ideológico das disputas entre os revolucionários russos em fins do século XIX e começo do século XX, para compreendermos plenamente a importância da sua contribuição. Mas não somente dos revolucionários russos. Afinal de contas, havia um autêntico movimento internacional naquela época.
“Uma vez que a Europa e a América Norte estejam reorganizadas, proporcionarão um poder colossal e um exemplo que os países semicivilizados seguirão por própria iniciativa. Somente as necessidades económicas serão responsáveis por isto. Mas sobre quais fases sociais e políticas estes países atravessarão antes de chegarem a uma organização socialista, penso que apenas podemos avançar hipóteses. Apenas uma cousa é certa: o proletariado vitorioso não pode forçar nenhuma alteração de qualquer tipo, em qualquer nação estrangeira, sem minar a sua própria vitória agindo de tal maneira”(1).
Assim Engels escreveu a Kautsky em 1882. Ele não estava pensando na Rússia. Os países mencionados nesta carta eram a Índia, a Argélia, o Egipto e as “possessões holandesas, portuguesas e espanholas”. Mas, a sua abordagem geral representava o pensamento da futura Segunda Internacional (a partir de 1889). O curso do desenvolvimento político seguiria o curso do desenvolvimento económico. O movimento socialista revolucionário, que destruiria o capitalismo e levaria, no final, à dissolução da classe trabalhadora e de todas as classes (depois de um período de domínio da classe trabalhadora) na sociedade sem classes do futuro, se desenvolveria no seio do capitalismo, onde o seu inseparável acompanhante, a classe trabalhadora, se tivesse desenvolvido.
Os marxistas russos, cujo grupo pioneiro “A Emancipação do Trabalho” foi fundado um ano após a carta de Engels, tiveram que situar a Rússia nesse esquema histórico. Plekhanov, o teórico principal do grupo, não tinha nenhuma dúvida. Nos anos 80 e 90 do século XIX, argumentava que o Império russo era em essência uma sociedade pré-capitalista e, portanto, estava destinado a passar polo processo de desenvolvimento capitalista antes que a questão do socialismo pudesse ser colocada. Rejeitou firmemente a idéia que Marx havia levantado vagamente, de que a Rússia, dependendo do desenvolvimento na Europa, pudesse evitar a fase de desenvolvimento capitalista e conseguir uma transição para socialismo com base na derrocada da autocracia por um movimento de camponês, se se preservar os elementos da tradicional propriedade comunal da terra (Mir) que ainda existia nos anos 1880.
As idéias de Plekhanov, desenvolvidas em polêmicas com o “caminho camponês para o socialismo” (os Narodniks), tornaram-se o ponto de partida para todo o marxismo russo ulterior. O capitalismo estava se desenvolvendo de facto na Rússia, o Mir estava condenado, e um específico “caminho russo para o socialismo” era uma ilusão reacionária - estas idéias foram básicas para a próxima geração de marxistas russos, para Lenine e, alguns anos depois, para Trotski e todos os seus camaradas. Grandes partes dos primeiros três volumes das Obras Completas de Lenine consistem em críticas aos Narodniks e demonstrações da inevitabilidade - e o caráter progressivo - do capitalismo na Rússia. O grupo do Iskra, fundado em 1900 para criar uma organização nacional unificada a partir dos grupos e círculos social-democratas espalhados por todo o país, baseava-se firmemente na visão de que a classe obreira industrial era a base para aquela organização.
Surgiram três perguntas: primeiro, qual era a relação entre os papéis políticos da classe trabalhadora (daquela uma pequena minoria), a burguesia e o campesinato (a maioria da populaçao)? De aqui, qual era o caráter de classe da próxima revolução na Rússia? E finalmente, qual era a relação entre esta revolução e os movimentos operários dos países avançados?
As diferentes respostas a estas perguntas, ao lado das diferenças quanto à natureza do partido revolucionário, acabaram por definir as tendências fundamentalmente divergentes no interior da social-democracia russa. Para entender a teoria da revolução permanente de Trotski é necessário olhar, ainda que só seja brevemente, para essas respostas, as quais apareceram em forma mais desenvolvida após a revolução de 1905.
A visão menchevique pode ser resumida deste modo: o estágio do desenvolvimento das forças produtivas (isto é, o atraso geral da Rússia combinado com uma indústria moderna pequena, mas significativa e crescente) define o que é possível - uma revolução burguesa, como a de 1789-1794 na França. Portanto, a burguesia deve chegar ao poder, estabelecer uma república democrático-burguesa que varra as sobras das relações sociais pré-capitalistas e abrir o caminho para um crescimento rápido das forças produtivas (e também da classe trabalhadora) numa base capitalista. Após disto, a luita pola revolução socialista estaria colocada na ordem do dia.
O papel político da classe trabalhadora era, então, empurrar a burguesia adiante contra o tzarismo. Ela tinha que preservar a sua independência política - o que, centralmente, significava que os social-democratas não poderiam participar dum governo revolucionário ao lado de forças não-operárias.
Quanto ao campesinato, este não pode desempenhar um papel político independente. Podia desempenhar um papel revolucionário secundário em defesa duma revolução burguesa essencialmente urbana e, após a revolução, sofreria uma diferenciação económica mais ou menos rápida num estrato de fazendeiros capitalistas (que será conservador), um estrato de pequenos proprietários e um estrato de proletários agrícolas sem terra.
Para os mencheviques não havia nenhuma conexão orgânica entre a revolução burguesa russa e os movimentos obreiros europeus, embora admitissem que a revolução russa (caso acontecesse antes da revolução socialista no Ocidente) iria robustecer o movimento social-democrata na Europa.
Na realidade, o menchevismo era uma tendência bastante matizada. Diferentes mencheviques punham ênfases nas diferentes partes do esquema antecedente (o qual, tal como apresentado, é essencialmente a posição de Plekhanov), mas todos aceitavam os seus contornos gerais. A revolução de 1905 trouxe à tona as falhas fundamentais do esquema. A burguesia não cumpriria a parte que os mencheviques lhe tinham destinado. É claro que Plekhanov, um estudioso profundo da Revolução francesa, nunca esperou que a burguesia russa conduzisse uma luita implacável contra o tzarismo sem uma enorme pressão vinda de baixo. Da mesma maneira que a ditadura jacobina de 1793-1794 - a culminação decisiva da Revolução francesa - chegara ao poder sob a tremenda pressão das massas pobres de Paris (os sans-culottes), assim também na Rússia a classe trabalhadora poderia ser a força motriz que obrigaria os representantes políticos da burguesia (ou alguma seção dela) a tomar o poder. Mas a revolução de 1905 e seu resultado demonstraram a inexistência de qualquer tendência “robespierrista” na burguesia russa. Durante o levantamento revolucionário a burguesia juntou-se ao tzar.
Já em 1898 o Manifesto esboçado para o abortado Primeiro Congresso dos Social-democratas da Rússia declarava:
“Quanto mais se vai para o oriente na Europa, mais a burguesia se torna débil no aspecto político, mais covarde, e mais mesquinha, e maiores são as tarefas culturais e políticas que recaem sobre a classe trabalhadora”.(2)
Não era uma questão de geografia, mas de história. O desenvolvimento do capitalismo industrial e do proletariado moderno transformara a burguesia, em todos os lugares, até mesmo nos países onde a industrialização era embrionária, numa classe conservadora. De facto, o fracasso da revolução na Alemanha em 1848-1849 demonstrara isto muito antes.
A visão dos bolcheviques partia das mesmas premissas dos mencheviques. A revolução vindoura seria, e só poderia ser, uma revolução burguesa em termos da sua natureza de classe. Mas os bolcheviques rejeitavam completamente qualquer ilusão na burguesia, e propunham uma alternativa.
“A transformação da situação econômica e política na Rússia no sentido democrático-burguês é inevitável e inelutável” - escrevia Lenine no seu famoso folheto Duas Táticas da Social-democracia na Revolução Democrática (Julho de 1905).
“Não há força no mundo capaz de impedir esta transformação. Mas da ação combinada das forças existentes, podem surgir dous resultados ou duas formas desta transformação. Das duas uma: 1) ou as cousas terminam com “a vitória decisiva da revolução sobre o tzarismo, ou 2) não haverá forças suficientes para uma vitória decisiva e as cousas terminarão por um acordo entre o tzarismo e os elementos mais “inconseqüentes” e “egoístas” da burguesia […] Devemos conhecer de maneira exacta quais forças sociais reais que se opõe ao tzarismo […] e se são capazes de obter uma” vitória decisiva” sobre o mesmo. Esta força não pode ser a grande burguesia […] Vemos que eles nem sequer desejam uma vitória decisiva. Sabemos são incapazes, devido à sua posição de classe, duma luita decisiva contra o tzarismo: para irem a uma luita decisiva, a propriedade privada, o capital e a terra são um lastro pesado demais. Têm demasiada necessidade do tzarismo, das suas forças burocráticas, policiais e militares, para usar contra os trabalhadores e os lavradores, para poderem desejar a destruição do tzarismo [...]. Não, a única força capaz de obter a “vitória decisiva sobre o tzarismo” e estes são os trabalhadores e os campesinos. A “vitória decisiva sobre o tzarismo” significa o estabelecimento duma ditadura revolucionária democrática do proletariado e do campesinato […]
Só pode ser uma ditadura porque a realização das transformações imediata e absolutamente necessárias para os trabalhadores e os camponeses provocarao uma resistência desesperada tanto por parte dos latifundiários como da grande burguesia e do tzarismo. […] Mas não será, naturalmente, uma ditadura socialista, mas uma ditadura democrática. […] Poderá, no melhor dos casos, efectuar uma redistribuição radical da propriedade da terra a favor dos camponeses, implantar uma democracia completa e conseqüente indo até o estabelecemento duma república, erradicar não só no campo mas também nas fábricas todos os resíduos das formas asiáticas, servis, para iniciar uma melhoria séria na situação dos obreiros, elevar o seu nível de vida e - finalmente, mas não o menos importante - levar o incêndio revolucionário à Europa. Semelhante vitória não converterá ainda, de forma alguma, a nossa revolução burguesa em socialista […](3)
A linha menchevique não era simplesmente um engano. Segundo Lenine, era a expressão duma ausência de vontade de levar a cabo a revolução. A determinação menchevique para achegar-se aos burgueses liberais levá-los-ia à paralisia. Por outro lado, o campesinato tinha um interesse genuíno na destruição do tzarismo e dos restos do feudalismo nos campos. Portanto, a “ditadura democrática” - um governo revolucionário provisório, com representantes do campesinato e da social-democracia - era o “regime jacobino” apropriado que esmagaria a reação e estabeleceria “uma república democrática” (com completa igualdade e autodeterminação para todas as nações), o confisco das propriedades feudais, e uma jornada de trabalho de oito hora diárias”(4)
Trotski rejeitava a esperança numa “burguesia revolucionária” tão firmemente quanto Lenine. Ridicularizou o esquema menchevique como uma:
“categoria extra-histórica criada por analogia e dedução […] porque, na França, a Revolução foi levada a cabo por revolucionários democráticos - os jacobinos - então a revolução russa só pode transferir o poder às mãos de uma democracia burguesa revolucionária. Tendo erguido assim uma inabalável fórmula algébrica da revolução, os mencheviques tentam inserir nela valores aritméticos que de facto não existem.”(5)
Em todos os outros aspectos a teoria da revolução permanente de Trotski, a qual teve grande influência do marxista russo-alemão Parvus, diferia da posição bolchevique. Em primeiro lugar, diferia num ponto crucial, ao negar a possibilidade de que o campesinato pudesse desempenhar um papel político independente:
“O campesinato não pode cumprir um papel revolucionário principal. A história não pode confiar ao mujhik a tarefa de libertar uma nação burguesa das suas cadeias. Por causa de sua dispersão, atraso político, e especialmente das suas profundas contradições internas, que não podem ser solucionadas dentro do quadro dum sistema capitalista, o campesinato só pode atingir a velha ordem com alguns golpes poderosos pela retaguarda, através de levantes espontâneos nas zonas rurais, por um lado, e criando descontentamento dentro do exército, por outro.”(6)
Esta perspectiva era idêntica à linha menchevique e seguia as considerações feitas por Marx sobre o campesinato francês enquanto classe.
Porque “a cidade dirige na sociedade moderna”, só uma classe urbana pode cumprir um papel dirigente, e porque a burguesia não é revolucionária (e a pequena burguesia urbana é, em todo caso, incapaz de cumprir o papel de sans-culottes), “a conclusão é que só os trabalhadores na sua luita de classe, com as massas camponesas sob a sua direção revolucionária, pode “levar a revolução até o fim”“(7)
Isso devia conduzir a um governo operário. A “ditadura democrática” de Lenine era simplesmente uma ilusão:
“A dominação política da classe trabalhadora é incompatível com a sua escravidão econômica. Não importa sob que bandeira política a classe trabalhadora chegue ao poder, ela está obrigada a tomar o caminho da política socialista. Seria a maior das utopias pensar que a classe trabalhadora, tendo atingido a dominação política pelo mecanismo interno duma revolução burguesa poda, mesmo que assim o quiser, limitar a sua missão à criação de condições republicano-democráticas para a dominação social da burguesia.”(8)
Mas isto conduz a uma contradição imediata. O ponto de partida comum de todos os marxistas russos era justamente que na Rússia faltavam tanto a base material quanto humana para o socialismo - uma indústria altamente desenvolvida e um proletariado moderno que formasse uma grande parte da população, e que tivesse adquirido organização e consciência enquanto uma classe “para si”, como Marx tinha posto. Lenine havia denunciado vigorosamente (em Duas Tácticas):
“A idéia absurda e semi-anarquista de dar efeito imediato ao programa máximo e a conquista do poder para uma revolução socialista. O grau de desenvolvimento económico (uma condição objectiva), e o desenvolvimento da consciência e da organização de classe das amplas massas do proletariado (uma condição subjetiva inseparavelmente ligada à condição objectiva), tornam a emancipação completa e imediata da classe trabalhadora impossível. Só as pessoas mais ignorantes podem fechar os seus olhos para a natureza burguesa da revolução democrática que está em curso neste momento [em 1905].”(9)
De um ponto de vista marxista, o argumento de Lenine é incontestável, conquanto se trate de considerar apenas à Rússia. Talvez seja necessário, devido a desenvolvimentos posteriores, acentuar este ponto elementar. O socialismo, para Marx e para os que se consideravam seus seguidores daquela, é a auto-emancipação da classe operária. Isso pressupõe uma ampla indústria moderna e uma classe trabalhadora consciente, capaz de auto-emancipar-se.
Trotski, entretanto, estava convencido que somente a classe obreira era capaz de desempenhar o papel dirigente na revolução russa e, se conseguisse cumprir esse papel, poderia tomar o poder em suas próprias mãos.
“As autoridades revolucionárias serão confrontadas com os problemas objectivos do socialismo, mas a solução destes problemas será, num certo estágio, impedida polo atraso económico do país. Não há saída desta contradição dentro do quadro de uma revolução nacional. O governo dos trabalhadores, desde o começo, enfrentará a tarefa de unir suas forças com as do proletariado socialista da Europa Ocidental. Só deste modo a sua hegemonia revolucionária provisória se tornará o prólogo a uma ditadura socialista. Desta maneira, a revolução permanente se tornará, para a classe trabalhadora, um assunto de auto-preservação enquanto classe.”(10)
A hipótese original de Engels é virada de cabeça para baixo. O desenvolvimento desigual do capitalismo leva a um desenvolvimento combinado no qual a Rússia atrasada se torna, temporariamente, a vanguarda duma revolução socialista internacional.
A teoria da revolução permanente permaneceu como argumento central ao marxismo de Trotski até o fim da sua vida. Só num aspecto importante as suas idéias ulteriores a 1917 iriam diferir das que acabamos de esboçar. A versão anterior a 1917 dependia fortemente da ação espontânea da classe operária. Como veremos, Trotski, neste período, se opôs de forma bem forte ao “centralismo bolchevique” e rejeitava, na prática, a concepção do papel dirigente do partido. Em 1917 mudou a sua posição no tocante a este assunto. As suas aplicações ulteriores da teoria de revolução permanente foram estruturadas em torno do papel do partido revolucionário.
Toda a teoria, polo menos toda a teoria que tenha alguma pretensão científica, encontra seu último teste na prática. Mas este teste prático decisivo pode ser adiado por um longo tempo, até mesmo adiado para muito tempo depois das mortes do teórico, dos seus seguidores e oponentes. Ao contrário das ciências físicas - onde sempre é possível, em princípio, realizar testes experimentais (embora os meios técnicos para realizá-los possam não ser disponíveis imediatamente) - o marxismo enquanto ciência do desenvolvimento social (e, na realidade, seus rivais burgueses, as pseudo-ciências económicas, sociológicas e assim por diante) não pode ser avaliado de acordo com alguma escala arbitrária de tempo, mas só no curso do desenvolvimento histórico e, mesmo assim, apenas provisoriamente.
A razão é muito simples, embora as conseqüências sejam imensamente complicadas. “Os homens fazem a sua própria história, - disse Marx - mas não a fazem segundo a sua livre vontade”. Os actos “voluntários” de milhões e dezenas de milhões de pessoas que são elas próprias condicionadas historicamente, luitando contra as limitações impostas por todo o curso anterior de desenvolvimento histórico (o qual, tipicamente, ignoram), produz efeitos mais complexos do que o teórico mais previdente pode antecipar. O grau de s’engage, et puis… on voit (adere-se, e depois... veremos), que era a descrição aforística de Napoleão da sua ciência militar, sempre deve ser considerado polos revolucionários ocupados numa tentativa consciente de modificar o curso dos eventos.
Os revolucionários russos do início do século XX foram mais afortunados do que a maioria. Para eles o teste decisivo chegou bastante depressa. O ano de 1917 presenciou a entrada dos mencheviques, oponentes em princípio da participação num governo não-operário, tomando parte num governo formado de inimigos do socialismo, que prosseguiu uma guerra imperialista e lavorou para conter a maré revolucionária. Verificou-se na prática a previsão feita por Lenine em 1905 de que eles eram a “Gironda” da revolução russa.
Mostrou os bolcheviques - defensores duma ditadura democrática e dum governo revolucionário provisório de coalizão - após um período inicial de “apoio crítico” ao que Lenine, no seu retorno à Rússia, chamou de “um governo de capitalistas”, viraram decisivamente para a tomada do poder pela classe operária sob o impacto das Teses de abril de Lenine e a pressão dos obreiros revolucionários nas suas fileiras.
Mostrou Trotski brilhantemente reivindicado quando Lenine, nos factos, embora não em palavras, adoptou a perspectiva da revolução permanente e abandonou, sem cerimônia, a ditadura democrática.
E também mostrou Trotski, na prática isolado e impotente para influir no curso dos acontecimentos na grande crise revolucionária de 1917, conduzir, no mês de julho, o seu pequeno grupo de seguidores para o partido de massas dos bolcheviques. Foi também o brilhante reconhecimento da longa e dura luita de Lenine (que Trotski havia denunciado por mais duma década como sendo um “sectário”) polo partido operário, livre da influência ideológica de “marxistas” pequeno-burgueses (tanto quanto tal independência pode ser alcançada através de meios organizativos).(11)
Trotski provou estar correcto na questão estratégica central da revolução russa. Mas, como afirma Tony Cliff, com razão, era um “general brilhante sem um exército”(12). Trotski nunca mais se esqueceu desse facto. Mais tarde chegou a afirmar que a sua ruptura com Lenine durante o período de 1903-04, na questão da necessidade dum partido obreiro disciplinado, tinha sido “o maior erro de minha vida”.
A Revolução de Outubro levou a classe trabalhadora russa ao poder. Levou-a no contexto duma maré ascendente de revoltas revolucionárias contra os antigos regimes na Europa central e, em menor grau, ocidental.
A perspectiva de Trotski, e de Lenine após Abril de 1917, dependia crucialmente do sucesso da revolução proletária em polo menos “um ou dous” países avançados (como Lenine, sempre cauteloso, dizia).
Nos factos, o poder dos partidos social-democratas estabelecidos (os quais mostraram, na prática, terem se tornado sumamente conservadores e nacionalistas a partir de Agosto de 1914) e as vacilações e evasões dos líderes dos grupos “centristas” de massas, provenientes de “fendas” da social-democracia ocorridos entre 1916 e 1921, contribuíram para abortar os movimentos revolucionários na Alemanha, Áustria, Hungria, Itália e noutros países antes que os trabalhadores pudessem conquistar o poder ou, onde foi alcançada temporariamente, antes que pudesse ser consolidado. A análise de Trotski das conseqüências destes factos será examinada mais adiante. Mas, antes, será útil considerarmos a segunda Revolução chinesa (de 1925-1927), e os seus resultados em termos da teoria de Trotski.
O Partido Comunista chinês (PCCH) foi fundado em Julho de 1921 num quadro marcado por crescentes sentimentos antiimperialistas e uma elevada combatividade obreira nas cidades litorâneas, onde uma recém-criada, mas numerosa, classe operária estava lutando para se organizar.
Minúsculo, e inicialmente composto completamente por intelectuais, o Partido Comunista chinês foi capaz de se tornar, em alguns anos, na direção efectiva do recém nascido movimento operário.
A China era uma semi-colônia, dividida informalmente entre os imperialismos britânico, francês, americano e japonês. Os imperialismos alemão e russo foram eliminados pola guerra e pola Revolução antes de 1919.
Cada poder imperialista manteve a sua própria “esfera de influência” e apoiava o seu “próprio” nobre local, senhor da guerra ou o “governo nacional”. Assim, o império britânico, o poder imperialista dominante, forneceu armas, dinheiro e “conselheiros” para Wu P’ei-fu, o senhor da guerra dominante na China central que controlava os distritos ao longo do Rio de Yangtse. Os japoneses prestavam os mesmos serviços a Chang Tso-lin na Manchúria. Pouco menos que gangsteres militares, todos eles vinculavam-se a uma ou outra potência imperialista, e controlavam grande parte do país.
Uma exceção, muito parcial, era a cidade de Cantão e a sua região confinante. Ali Sun Yat-sen, o pai do nacionalismo chinês, havia estabelecido certa base com um programa de independência nacional, modernização e reformas sociais, com um vago verniz de “esquerda”. O partido de Sun, o Kuomintang (KMT), bastante disforme e ineficaz antes de 1922, dependia da tolerância dos senhores “progressistas” da região.
Porém, depois dos movimentos preliminares posteriores a 1922, os líderes do Kuomintang fizeram um acordo com o governo da URSS, a qual enviou, em 1924, conselheiros políticos e militares a Cantão e começou a prover armas. O Kuomintang se tornou um partido centralizado com um exército relativamente eficiente. Além disso, a partir do final de 1922 os membros do Partido Comunista chinês foram enviados para se integrar no Kuomintang “enquanto indivíduos”. Três deles chegaram até mesmo a participarem como O Partido Comunista chinês estava efetivamente preso ao Kuomintang.
No início do verão de 1925 um movimento grevista de massa - que na sua origem era parcialmente económica, mas rapidamente assumiu um caráter político após a tentativa de repressão polas tropas estrangeiras e a polícia - explodiu em Xangai e espalhou-se para as principais cidades do centro e sul da China, inclusive Cantão e Hong Kong. Com muitos altos e baixos, houveram enormes revoltas nas cidades até o início de 1927. Em vários momentos existiu uma situação de poder dual, com comitês de greve, dirigidos pelo Partido Comunista chinês, constituindo um “Governo Número Dous”. Nesses mesmos anos ocorreram revoltas camponesas em várias províncias importantes. O regime dos senhores da guerra foi abalado nos seus alicerces. O Kuomintang procurou cavalgar na tempestade com ajuda do Partido Comunista chinês, para utilizar o movimento para a conquista do poder nacional sem mudança social. No início de 1926 o Kuomintang foi admitido na Internacional Comunista na condição de partido simpatizante!
Trotsky, embora ainda membro do bureau político do partido russo, estava efetivamente impedido de qualquer influência política direta em 1925. Segundo Deutscher,(13) exigiu a saída do Partido Comunista chinês do Kuomintang em Abril de 1926. As suas primeiras críticas significativas foram escritas em Setembro:
“A luita revolucionária na China entrou numa nova fase a partir de 1925, uma fase que é caracterizada acima de tudo pola intervenção ativa de amplas camadas da classe trabalhadora. Ao mesmo tempo, a burguesia comercial e os elementos da intelectualidade ligados à mesma, estão indo para a direita, assumindo uma atitude hostil em relação às greves, aos comunistas e a URSS. Fica bem claro, à luz destes factos fundamentais, que a questão da revisão das relações entre o Partido Comunista e o Kuomintang deve ser necessariamente colocada […]”
“O movimento para a esquerda das massas operárias chinesas é um fato tão certo quanto o movimento para a direita da burguesia chinesa. Na medida em que o Kuomintang tem se baseado na união política e organizativa dos trabalhadores com a burguesia, será destroçado pelas tendências centrífugas da luita de classes.”
“A participação do Partido Comunista chinês no Kuomintang estava perfeitamente correta no período em que o Partido Comunista chinês era uma organizaçao de propaganda que apenas estava se preparando para uma futura atividade política independente, mas que, ao mesmo tempo, procurava tomar parte na luita de liberação nacional em curso […] Mas o despertar do poderoso proletariado chinês, o seu espírito combativo e de organização independente de classe, é absolutamente inegável. A sua tarefa política imediata [referindo-se ao PCCh] deve ser agora luitar pola direção direta e independente da classe operária que se levanta - não para remover a classe operária da luita nacional-revolucionária, mas assegurar-lhe o papel não só de combatente mais resoluto, mas também de dirigente político com hegemonia na luita das massas chinesas […]
“Pensar que a pequena burguesia pode ser ganha através de manobras inteligentes ou bons conselhos dentro do Kuomintang é uma simples utopia. O Partido Comunista será tanto mais capaz de exercer influência direta e indireta sobre a pequena burguesia de cidade e do campo, quanto mais forte for o partido, quer dizer, quanto mais tenha conquistado classe operária chinesa. Mas isso só é possível sobre a base dum partido de classe e uma política de classe independentes.”(14)
Isto era totalmente inaceitável para Estaline e seus associados. A sua política era agarrar-se ao Kuomintang e forçar o Partido Comunista chinês a se subordinar, não importa a que. Deste modo eles esperavam manter um aliado fidedigno da URSS no sul da China, o qual poderia, posteriormente, até mesmo tomar o poder nacionalmente.
Esta política era justificada teoricamente com a ressurreição da tese da “ditadura democrática”. A revolução chinesa era uma revolução burguesa e, portanto, segundo o argumento, a meta a ser alcançada deveria ser uma ditadura democrática doa trabalhadores e dos camponeses. Para preservar o bloco proletário-camponês, o movimento teria que se limitar às “reivindicações democráticas”. A revolução socialista não estava na ordem do dia. A dificuldade apresentada polo facto de que o Kuomintang não era um partido camponês foi respondida polo argumento de que, na verdade, tratava-se dum partido policlassista, um “bloco de quatro classes” (burguesia, pequena burguesia urbana, operários e camponeses).
“O que significa isto do bloco de quatro classes? Alguma vez se encontrou esta expressão na literatura marxista? Se a burguesia conduz as massas oprimidas do povo sob a bandeira burguesa e toma o poder sob sua direção, então isto não é nenhum bloco, mas a exploração política das massas oprimidas pola burguesia.”(15)
O ponto central era que a burguesia capitularia diante do imperialismo. Portanto o Kuomintang inevitavelmente representaria um papel contra-revolucionário.
“A burguesia chinesa é suficientemente realista e bastante familiarizada com a natureza do imperialismo mundial para entender que uma luita realmente séria contra este último requer uma tal revolta das massas que se tornaria uma ameaça, principalmente para a própria burguesia […] E se nós ensinamos aos trabalhadores da Rússia, desde o começo, a não acreditarem na boa vontade do liberalismo nem na capacidade da democracia pequeno-burguesa de esmagar o tzarismo e destruir o feudalismo, de maneira não menos enérgica devemos imbuir os trabalhadores chineses desde o início com o mesmo espírito de desconfiança. A nova e absolutamente falsa teoria promulgada por Estaline e Bukharin acerca do espírito revolucionário “imanente” da burguesia colonial é, em sua substância, uma tradução do menchevismo na linguagem da política chinesa.”(16)
O resultado é bem conhecido. Chiang Kai-Shek, chefe militar do Kuomintang, lançou o primeiro golpe contra a esquerda em Cantão em Março de 1926. O Partido Comunista chinês, sob pressão russa, submeteu-se. Quando o exército de Chiang lançou a “Expedição do norte” uma onda de revoltas de operários e camponeses destruiram as forças senhoriais, mas o Partido Comunista chinês, fiel ao “bloco”, fez o melhor possível para impedir “excessos”. Antes que Chiang entrasse em Xangai em Março de 1927, as forças dos senhores da guerra foram derrotadas por duas greves gerais e uma insurreição conduzidas polo Partido Comunista chinês. Chiang ordenou que os trabalhadores fossem desarmados. O Partido Comunista chinês recusou-se a resistir. Em Abril foram massacrados e o movimento operário foi decapitado. Seguiu-se uma divisão no Kuomintang. Os líderes civis, temendo (correctamente) que Chiang havia se tornar um dictador militar, estabeleceram o seu governo em Wuhan (Hankow).
Agora a Comintern exigia do Partido Comunista chinês o apoio ao regime da “esquerda” do Kuomintang, e fornecera os seus ministros do trabalho e da agricultura. Seu líder, Wang Ching-Wei, usou-os enquanto lhe serviram e então, depois de alguns meses, realizou o seu próprio golpe. Posteriormente, chegou até mesmo a encabeçar o governo fantoche da China sob ocupação japonesa. O Partido Comunista chinês foi levado à clandestinidade, e rapidamente perdeu a sua base de massas nas cidades. A cada confronto crucial o partido usara a sua influência, conquistada a duras penas, para persuadir os trabalhadores a não resistirem ao Kuomintang.
Entretanto, devido à fase crítica a que chegara a luita interna no partido russo, o grupo dominante de Estaline e Bukharine no Partido Comunista da União soviética (PCUS) deu um giro de 180 graus. Depois das consecutivas capitulações ao Kuomintang, o Partido Comunista chinês foi forçado a realizar um putsch. Estaline e Bukharine precisavam duma vitória na China para afastar as críticas da oposição (a qual eles planejavam já expulsar) no XV Congresso do partido em Dezembro de 1927. O novo emissário da Internacional Comunista, Heinz Neumann, foi enviado a Cantão onde tentou organizar um golpe de Estado no início de Dezembro. O Partido Comunista chinês ainda possuía uma força séria na cidade. Cinco mil comunistas, na maior parte trabalhadores locais, tomaram parte no levante. Mas não tinha havido nenhuma preparação política, nenhuma agitação antecipada, nenhum envolvimento da massa da classe trabalhadora. Os comunistas estavam isolados. A “comuna de Cantão” foi esmagada em aproximadamente o mesmo tempo que fora necessário para esmagar a insurreição de Blanqui em Paris no ano de 1839 - dous dias - e polas mesmas razões. Foi um putsch levado adiante sem levar em conta o nível da luita de classe e a consciência da classe operária. O resultado foi um massacre até maior que o de Xangai. O Partido Comunista chinês deixou de existir em Cantão.
A teoria da revolução permanente havia sido novamente confirmada - num sentido negativo. A dominação imperialista da China conseguiu um tempo de vida adicional.
Vamos supor que o Partido Comunista chinês houvesse seguido o mesmo curso que os bolcheviques seguiram após Abril de 1917. Um poder dos trabalhadores era realmente possível em um país tão atrasado quanto a China nos anos 20?
“A questão do “caminho não-capitalista” de desenvolvimento na China foi posto de forma condicional por Lenine, para quem, assim como para nós, era e é o ABC que a revolução chinesa, deixada às suas próprias forças, isto é, sem o apoio direto da classe operária vitoriosa da URSS e da classe operária de todos os países, só poderia terminar com as possibilidades mais amplas de desenvolvimento capitalista do país, com condições mais favoráveis para o movimento operário […] Mas, em primeiro lugar, a inevitabilidade do caminho capitalista não tem sido, de nenhum modo, demonstrado, e, segundo, - o argumento é incomparavelmente mais oportuno para nós - as tarefas burguesas podem ser resolvidas de vários maneiras.”(17)
Será necessário retornarmos a este último ponto. Na segunda metade do século XX aconteceram uma série de revoluções, de Cuba a Angola, do Vietnã a Zanzibar, as quais não foram certamente revoluções operárias, mas tampouco foram revoluções burguesas no sentido clássico. Trotski não previu tal desenvolvimento, nem nenhuma outra pessoa de seu tempo. A teoria da revolução permanente, confirmada decisivamente na primeira metade do século XX, deve ser reconsiderada obviamente à luz dos últimos desenvolvimentos históricos. A questão será retomada mais adiante, no último capítulo.
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Notas:
(1) Engels a Kautsky, Marx and Engels: Selected Correspondence 1846-1895, London: Lawrence & Wishart 1936, p.399. (retornar ao texto)
(2) “Manifesto of the Russian Social-Democratic Workcrs” Party”, (1898), in R.V. Daniels (ed.), A Documentary History of Communism, New York: Vintage 1962, Vol.1, p.7. (retornar ao texto)
(3) Lenin, Collected Works, Moscow: Foreign Languages Publishing House 1960, Vol.9, pp.55-57. (retornar ao texto)
(4) Ibid. Vol.21, p.33 (retornar ao texto)
(5) Trotsky, “Our differences”, en 1905, New York: Vintage 1972, p.312. (retornar ao texto)
(6) Ibid. (retornar ao texto)
(7) Ibid. pp.313-14. (retornar ao texto)
(8) Trotsky, “Results and prospects”, en The Permanent Revolution, 1962, pp.194-95. (retornar ao texto)
(9) Lenin, Collected Works, op.cit. Vol.9, p.28. (retornar ao texto)
(10) Trotsky, “Our differences”, op.cit. p.317. (retornar ao texto)
(11) Tentar justificar estas afirmações ultrapassaria os objectivos limitados do presente trabalho. A História da Revolução Russa do próprio Trotsky, vols 1 e 2, e a obraLeninede Tony Cliff, London: Pluto Press 1976, Vol.2, proporcionam, ainda a partir de ângulos ligeiramente diferentes, as evidências decisivas. (retornar ao texto)
(12) T. Cliff, Lenin, London: Pluto Press 1976, Vol.2, p.138. (retornar ao texto)
(13) I. Deutscher, The Prophet Unarmed , London: Oxford University Press 1959, p.323. (retornar ao texto)
(14) Trotsky, “The Chinese Communist Party and the Kuomintang”, Leon Trotsky on China, N.York: Monad 1976, pp.113-15. (retornar ao texto)
(15) Trotsky, “First speech on the Chinese question”, Leon Trotsky on China, op.cit. p.227. (retornar ao texto)
(16) Trotsky, “Summary and perspectives of the Chinese revolution”, Leon Trotsky on China, op.cit. p.297. (retornar ao texto)
(17) Trotsky, “The Chinese revolution and the theses of Comrade Stalin”, Leon Trotsky on China, op. cit. pp.162-63. (retornar ao texto)
Inclusão | 10/11/2007 |
Última atualização | 30/04/2014 |