(1854-1934): Economista, historiador e social-democrata alemão, nascido em Praga, em 16 de outubro de 1854. Um dos dirigentes da social-democrada alemã e da II Internacional; Realizou os primeiros estudos no Liceu e na Universidade de Viena Sua atividade, como marxista, iniciou-se sob a direção imediata de Frederico Engels, colaborando desde 1880 na imprensa socialista de Zurich, Stuttgart e Berlim. Em 1883, fundou Die Neue Zeit (Os novos tempos), que chegou a ser a revista cientifica da social-democracia alemã e da qual foi redator principal até 1916. O Congresso de Erfurt, celebrado em 1891 pelo partido social-democrata alemão, designou-o membro da comissão encarregada de redigir o novo programa do partido, para o qual escreveu um comentário especial intitulado Der sozialistische Program (O programa Socialista): Depois da morte de Engels, a princípio, foi considerado como o mais fiel interprete da doutrina marxista, destacando-se dos teóricos mais eminentes da Segunda Internacional. Em face das tendencias revisionistas, representadas por Eduardo Bernstein, assumiu posição critica, publicando em Die Neue Zeit uma série de artigos de polêmica, que, depois, apareceram em forma de livro sob o titulo de Bernstein e o Programa da Social-Democracia (Bernstein und das Sozial-Demokratischen Program, Stuttgart, 89). Em 1899, publicou também A Questão Agraria, com a qual aparecia, pela primeira vez, uma exposição detalhada do desenvolvimento da agricultura do ponto de vista marxista. Este livro, que figura entre as obras clássicas do marxismo, foi objeto de discussão nos círculos da social-democracia, especialmente por parte dos revisionistas alemães e russos. Em 1902, foram publicadas suas conferencias sobre Die Sozial Revolution (A Revolução social), que também motivaram largas controvérsias, da mesma forma que anos depois, ao expor suas concepções filosóficas num ensaio intitulado Ethik und materialistische Geschichtsauffassung (A ética e a concepção materialista da história) e, em 1909, deu a conhecer O caminho do poder, considerado por Lénin o ultimo de seus livros revolucionários.
Em todas essas obras, defendia, em face das concepções heterodoxas do revisionismo, o ponto de vista do marxismo ortodoxo. Mas, desde 1910, - quando começaram as discussões com a “esquerda" dirigida por Rosa Luxemburgo, Franz Mehring, Clara Zetkin, etc. —, a posição “centrista” de Kautski apareceu de maneira cada vez mais acentuada. Nas questões decisivas (greves de massa, imperialismo, etc.), assumiu equivoca atitude conciliadora. No inicio da guerra imperialista de 1914, adotou um ponto de vista hesitante, acabando, finalmente, por aderir definitivamente ao reformismo e renegar completamente todas as suas afirmações revolucionárias de tempos atrás. Há, em sua Autobiografia, escrita em 1923, uma frase que é muito característica. Reportando-se à sua posição em relação a Bernstein, que outrora combatera vigorosamente, diz Kautski: “Nós nos reencontramos na guerra, cada um de nós conservou sua concepção teórica mas, em nossa ação pratica, estivemos, então, quase sempre de acordo”.
Com um furor mórbido, Kautski lutou contra a insurreição revolucionária na Rússia e contra o Poder Soviético. Não há vil mentira e baixa calunia que ele não tenha assacado contra os revolucionários russos, e de um modo que os seus mais serenos amigos mencheviques não aceitavam como maneira de polemizar. Raramente um homem politico sofreu tal transformação e perseguiu com ódio e denunciou como erro insensato o que, antes, ele mesmo havia ensinado. “Criticando Kautski, numa de suas cartas à Bebel, escritas depois da morte de Marx, Engels apontava, como defeito principal de Kautski, sua “inclinação às conclusões precipitadas" e descrevia o “odioso método de ensino de história nas Universidades, especialmente nas austríacas" nas quais os estudantes estão acostumados a escrever seus trabalhos históricos com um material insuficiente sob todos os aspectos Kautski fazia a mesma coisa com singular “desenvoltura". Kautski não tem a mais remota ideia do que seja o verdadeiro trabalho cientifico". (Marx e Engels, Obras completas, t. XXVII, págs. 481 e 482). Foi o ideólogo de uma das correntes do oportunismo mais perigosas para o movimento operário — o centrismo (kautskismo). Kautski expôs sua concepção filosófica, quando ainda era marxista, na brochura editada em 1906, Ethik und materialistische Geschichtsauffassung) (A ética e a concepção materialista da história): Mencionemos ainda, entre suas numerosas obras: Thomas More und seine Utopie, 1888; Vorläufer des neueren Sozialismus, 1894 (Os precursores do socialismo moderno); Die Agrarfrage, 1899 (A questão agraria); Ursprung des Christentums, 1908 (A origem do cristianismo).