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O secretário do Comité Executivo da Internacional Comunista e grande dirigente do Partido Comunista Búlgaro, quando este inscrevia o marxismo-leninismo na sua bandeira de combate proletário, nasceu na vila de Kovatchevtzi, departamento de Pernik, na Bulgária, em 18 de Junho de 1882. Com quinze anos apenas empregou-se como tipógrafo em Sófia. Adolescente combativo e ávido de instrução aprende à sua custa o que significa a exploração capitalista, o sistema social que trata os trabalhadores como máquinas de mais-valia, como rodas da engrenagem da reprodução do capital.
Em 1902, Dimitrov adere ao Partido Social-Democrata Búlgaro, único partido que procurava defender, embora com inconsequências estratégicas e tácticas, os interesses revolucionários do proletariado de vanguarda, mas em que se notavam grandes incidências de posições oportunistas de direita, de todos aqueles que procuravam ligar a classe operária ao carro da burguesia, sem respeito pela independência política, ideológica e organizativa do partido proletário. Quando as posições de princípio inconciliáveis, dos que defendiam a autonomia do partido da classe operária e dos que o queriam entregar nas mãos da burguesia, se transformam numa cisão aberta, Dimitrov apoia resoluta e incondicionalmente a ala revolucionária marxista, conduzida por Dimitre Blagoev, fundador do Partido e o mais eminente marxista dos Balcãs daquela época. A cisão de 1903 é, para Dimitrov, o caminho da completa aderência, teórica e prática, ao marxismo revolucionário, a defesa intransigente dos interesses políticos proletariado, do seu partido de classe, do trabalho activo no seio das massas trabalhadoras e em estreita ligação com elas. É como militante operário experimentado que Georges Dimitrov é eleito membro do Comité Central do Partido Social-Democrata (Socialista de Esquerda), posto que conservou até ao fim da sua vida, pela sua identificação constante com a causa do proletariado búlgaro e internacional.
Desde a juventude, Dimitrov teve uma grande actividade nas lutas da classe operária para a obtenção dos seus objectivos imediatos, trabalho que o fez eleger membro da Direcção Central da União dos Sindicatos Operários, em 1904, na altura da sua fundação. Em 1909, como secretário, esteve à frente do Conselho Central dos Sindicatos Revolucionários da Bulgária. É a justa compreensão do militante marxista que percebe em profundidade o papel das organizações de massas, cuja base se identifica com os interesses gerais de todos os trabalhadores, mas que no topo se unem aos objectivos últimos do proletariado, à conquista do poder e ao exercício prolongado da sua ditadura de classe. É a utilização correcta desse potencial revolucionário das massas, orientado e dirigido para a conquista do poder pelos trabalhadores.
As perseguições, as chantagens, as prisões da burguesia deixam Georges Dimitrov indiferente aos perigos que corre, não numa coragem pessoal, positiva ainda que gratuita, mas porque vive mergulhado nos objectivos últimos do proletariado — a construção do socialismo e do comunismo — nas formas tácticas de conduzir as lutas concretas. Como dirigente operário, sabe auscultar os interesses dos trabalhadores, as reivindicações mais sentidas, orientar a sua mobilização para a luta e assim forjar os combatentes da revolução. É neste espírito de abnegação e combatividade, identificado com as massas e ao seu serviço, que Dimitrov dirige as mais vastas e prolongadas greves do proletariado búlgaro, autênticas escolas de luta e consciencialização política para a classe operária. É a ligação da teoria científica marxista à prática da luta de classes.
Na Assembleia Nacional, para onde Dimitrov é eleito ininterruptamente de 1913 a 1923, defende, com um ardor revolucionário apaixonado, os interesses da classe operária e das massas trabalhadoras, desmascarando a política de exploração e belicista do governo palaciano e da burguesia reaccionária búlgara. É a correcta actuação política do dirigente marxista que sabe que não é nas lutas parlamentares que se resolve o problema da conquista do poder, mas que, ao mesmo tempo, sabe também servir-se das possibilidades legais da burguesia para se dirigir directamente à classe operária, a todos os trabalhadores da cidade e do campo, que sabe utilizar essas formas legais como meios tácticos para a preparação da revolução.
As actividades revolucionárias de Dimitrov contra a guerra imperialista valem-lhe, durante a Primeira Guerra Mundial, uma condenação preparada pela burguesia, que o lança no cárcere, pela sua luta consequente e corajosa, pela aptidão para analisar as situações e delas concluir teses práticas correctas, afirma-se como orientador clarividente do proletariado, pronto a conduzir as massas ao ataque, logo que possível. É a clareza de pensamento do dirigente de massas, não do sábio de gabinete que quer meter o movimento nos seus esquemas apertados, de laboratório, divorciados da prática real da classe operária. É com esta clareza e combatividade de dirigente proletário que participa e orienta a grande greve dos ferroviários búlgaros, de 1919-1920 — a primeira batalha de classe durante o período de ascenso revolucionário do após-guerra, na Bulgária.
Em 1923, Georges Dimitrov e Vassil Kolarov dirigem a insurreição popular antifascista de Setembro — o grande batismo de fogo do Partido Comunista Búlgaro e das massas trabalhadoras, na luta armada contra o fascismo. Esta insurreição, a despeito do heroísmo testemunhado pelos membros do P.C.B. e pelas massas trabalhadoras, devido às posições vacilantes de alguns responsáveis, preocupados em travar a energia revolucionária popular, em vez de a conduzir à destruição do aparelho de Estado burguês, termina num banho de sangue. Dimitrov participa activamente na emigração dos destacamentos proletários que não tinham sido esmagados. Os tribunais fascistas búlgaros condenam-no duas vezes à morte por uso da violência. Dimitrov demonstra, pela prática das suas atitudes, a coerência de princípios. É a certeza do dirigente marxista de que a luta pelo poder político passa necessariamente pela luta armada; que a energia revolucionária das massas é inesgotável quando dirigida para a conquista dos seus objectivos de classe; que a iniciativa ousada e criadora é um princípio revolucionário, única forma de vencer os equilíbrios instáveis a favor do proletariado; que os comunistas devem ser os primeiros a avançar, como vanguarda da classe operária, e os últimos a recuar, e só depois de estarem reduzidos ao mínimo os ataques da reacção mais feroz; que o ataque fundamental da burguesia se vai abater sobre os representantes de vanguarda do proletariado. É, em resumo, a aplicação do marxismo às condições concretas da revolução proletária.
A partir de 1923, Dimitrov passa a trabalhar no seio do Comité Executivo da Internacional Comunista, fundada por Lenine e a que o P.C.B aderira em 1921, onde exerce tarefas de responsabilidade. As deslocações de Georges Dimitrov são contínuas, sobretudo aos países onde se estrutura o ascenso do fascismo. É, portanto, a atitude coerente do militante comunista na emigração forçada, sempre pronto a actuar nos sítios onde o perigo é maior, numa participação exemplar no seio das massas trabalhadoras, sem esperas infindáveis que lhe facilitem o trabalho, que só nessa altura passaria, milagrosamente, a ter viabilidade prática.
Em 1933, durante a sua permanência na Alemanha, é preso pela polícia hitleriana, sob a acusação de ter participado no incêndio do Reichstag, forma habilidosa com que o partido nazi procurou desencadear a ofensiva geral contra o P. C. Alemão, para aniquilar as suas fileiras. Atendo-se ao leninismo e ao internacionalismo proletário, numa posição de combate que deve ficar para sempre gravada na mente de todos os comunistas, Dimitrov passou de acusado a acusador público do fascismo, regime do terror branco exercido sobre o proletariado e o povo. É a atitude correcta do dirigente marxista-leninista, disposto a todos os sacrifícios quando está em jogo a defesa dos trabalhadores e o exemplo do combate abnegado.
Depois da vitória no processo de Leipzig, que desacreditou moral e politicamente os seus organizadores, inimigos jurados do povo, o governo fascista búlgaro privou Georges Dimitrov da cidadania. Mas o governo soviético, com Staline à frente, declarou-o cidadão soviético e Dimitrov seguiu para Moscovo, onde iniciou o trabalho de unificação do movimento operário internacional. É o apoio de um comunista a um camarada de armas, o internacionalismo na prática, o trabalho devotado para a emancipação de toda a classe operária.
Em 1935, Georges Dimitrov apresentou o principal relatório no 7.° Congresso do Komintern. Na sua qualidade de dirigente da Internacional Comunista, enunciou o programa, a estratégia e a táctica da luta contra o fascismo e a guerra. As duas principais teses de Georges Dimitrov incidiam sobre a criação da Frente Única Antifascista e sobre o trabalho a desenvolver por todos os comunistas nos Sindicatos. Como é evidente, a composição social de classe da Frente é bastante mais vasta do que a do Partido, mas isto não quer dizer que o proletariado deva perder a sua hegemonia na condução da luta, dissolver-se no seio da Frente, como querem os oportunistas de direita e os revisionistas, posição que Dimitrov sempre atacou, na sua qualidade de marxista-leninista consequente. Por outro lado, no plano dos Sindicatos, a sua conquista, para os comunistas, não se coloca como um trabalho restrito, de pura reivindicação económica, mas como uma forma de condução política da luta de massas, no seio dessas mesmas massas e sob a condução do Partido proletário. É a atitude correcta do dirigente comunista que combina o trabalho teórico, o desenvolvimento criador do marxismo-leninismo, com a sua actuação prática, com o processo de mobilização no seio dos trabalhadores.
Em virtude da perfeita correcção política e ideológica marxista-leninista de Georges Dimitrov, de autêntica identificação com os interesses históricos do proletariado e ao serviço do povo, foi eleito secretário-geral da Internacional Comunista, cargo que manteve até 1943, quando o Komintern cessou a sua actividade. Ao leme da Internacional Comunista, e em estreita colaboração com Staline, demonstrou uma notável capacidade para formar quadros e dirigentes comunistas, preparados na dura escola do combate proletário, da interpidez leninista, do devotamento ao internacionalismo proletário — combatentes revolucionários audaciosos, lutadores dos interesses da classe operária e do povo. É a justa atitude do dirigente comunista que, sem esquecer a preparação teórica dos quadros sabe, de facto, que a assimilação dessa tooria científica só se comprova na prática, pela justa condução de uma política proletária, de classe.
Mas o papel de Georges Dimitrov não se pode apenas medir pela sua actuação no campo internacional. Trabalho igualmente intenso e proveitoso foi por ele conduzido no seio do P. C. Búlgaro, numa atitude internacionalista exemplar, em que compreendeu que o maior contributo para a revolução consiste em dar o máximo esforço onde ele é necessário, no condicionalismo nacional que se conhece melhor, na luta concreta que aí é preciso conduzir. É a ligação da teoria científica marxista-leninista à realidade concreta, aos seus problemas específicos, às tácticas adoptadas para a sua solução.
Para esta luta, contudo, o primeiro passo de Dimitrov consistiu em sanear o Partido do dogmatismo — aplicação mecânica do marxismo-leninismo, sem atender às condições objectivas — e do sectarismo — sobrevalorização da estrutura organizativa em si, divorciada das massas e sem actuação prática — duas atitudes políticas que conduzem à imobilidade total, rearmando o P. C. Búlgaro com a doutrina leninista de aplicação dos princípios à situação concreta através de uma organização forte, centralizada e coesa, mas que actua no seio das massas, que pega as suas reivindicações mais sentidas e as transforma em pontos concretos de mobilização política. É a atitude coerente do dirigente comunista que sabe que a organização proletária não é um laboratório de sapientes quadros mas um condutor de tempestades revolucionárias, que só se afirma como comunista pelo seu posto na vanguarda, sempre à frente das lutas operárias e das massas trabalhadoras.
Em 1941, quando a Segunda Guerra Mundial imperialista estava no auge, o P. C. Búlgaro, sob a direcção de Dimitrov, adoptou a linha política da insurreição armada, organizou os seus partidários para a formação do Exército Popular e pôs-se à frente da luta dos trabalhadores, que auxiliavam as milícias armadas e desorganizavam a produção dos ocupantes fascistas e dos seus lacaios búlgaros. Em 1942, também sob a iniciativa do secretário-geral do P. C. Búlgaro, forma-se a Frente Patriótica, que aglutinou todas as forças progressistas e patrióticas contra os carrascos fascistas e os seus serventuários. É a justa compreensão do dirigente comunista que, por um lado, sabe que o inimigo de classe só pode ser derrotado de armas na mão, mas que, por outro, defende a absoluta necessidade das formas superiores de luta se congregarem com as formas inferiores, com a luta das massas populares, que constituem a sua melhor defesa e apoio consciente.
Dimitrov regressou à Bulgária em 6 de Abril de 1945. À frente do Comité Central do P. C. Búlgaro e do governo da República Popular da Bulgária, com uma energia inultrapassável, uma penetração e clarividência profundas, Dimitrov foi o grande construtor do baluarte da ditadura do proletariado, do cimento da aliança operário-camponesa na Bulgária, o condutor da construção do socialismo. É a atitude inabalável do dirigente comunista, para quem a conquista do poder é o caminho directo para a instauração da ditadura do proletariado, para a construção do socialismo, mas também para quem esse poder dos trabalhadores é o culminar de uma dura luta ao seu serviço, uma batalha constante contra os dirigentes burgueses, contra os prejuízos que a sua ideologia reaccionária provoca no seio dos trabalhadores.
Georges Dimitrov morreu em 2 de Julho de 1949, depois de uma vida de luta intrépida ao serviço da Internacional Comunista, do P. C. Búlgaro, da classe operária e do povo, num combate exemplar de militante e dirigente comunista.
Recordar Georges Dimitrov, no 25.° aniversário da sua morte, é pôr o marxismo-leninismo no posto de comando, é dar a primazia ao pensamento de Mao Tsé-tung, é saudar os corajosos comunistas e o povo búlgaro, que lutam contra o revisionismo interno e o domínio do social-imperialismo revisionista soviético, é condenar todos aqueles que o evocam para defender o revisionismo, que querem utilizar a sua bandeira proletária para enganar os operários e o povo, é afirmar que Dimitrov não morreu. Ele, como Marx, Engels, Lenine e Staline pertence às fileiras imortais do proletariado, porque foi ligado a ele que caminhou na senda da revolução proletária.
Inclusão | 07/08/2014 |