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Camaradas! Levantamos recentemente no Partido o problema de fortalecer nosso trabalho, forjando o espírito de Partido em nossos membros. Ouvi dizer que o Comitê Central adotou também uma decisão sobre este assunto e esperamos recebê-la dentro em breve. A fim de fortalecer nosso trabalho no sentido de forjar o espírito de Partido em nossos membros, vamos empreender uma luta ideológica concreta dentro do Partido contra os vários fenômenos indesejáveis que se contrapõem ao espírito de Partido. Mas qual é a maneira correta de conduzirmos essa luta ideológica dentro do Partido, e qual seria a maneira incorreta? É exatamente esta a questão que desejo discutir.
Todos sabem que nosso Partido é um partido proletário, que dirige as lutas das amplas massas. Se o Partido tem de cumprir as tarefas históricas de que se incumbiu, deve lutar contra os inimigos da Revolução, nos diferentes períodos, e deve unir-se com as várias camadas e classes revolucionárias.
Desde o dia de seu nascimento, o nosso Partido nunca, por um só momento, viveu num ambiente que não fosse de luta séria. O Partido e o proletariado têm vivido constantemente cercados de várias classes não-proletárias — a grande burguesia, a pequena burguesia, o campesinato e mesmo os remanescentes de forcas feudais. Todas essas classes, quando em luta contra o proletariado, ou quando cooperando com ele, utilizam-se de elementos instáveis dentro do Partido e do proletariado para penetrarem no coração do Partido e do proletariado e influenciá-lo constantemente no que diz respeito à ideologia, hábitos de vida, teoria e ação. Esta é a origem de todas as espécies de tendências errôneas e indesejáveis dentro do Partido. É a base social de toda a espécie de oportunismo dentro do Partido, e é também a fonte das lutas internas no Partido.
As lutas internas no Partido são o reflexo das lutas de classes fora dele.
Desde o primeiro dia de sua formação, nosso Partido lutou não só contra os inimigos de fora dele, mas também contra as influências hostis e não proletárias dentro do Partido. Essas duas espécies de luta são diferentes, mas ambas são necessárias e têm o mesmo conteúdo de classe. Se nosso Partido não realizasse esse último tipo de luta, se não lutasse constantemente dentro de suas fileiras contra todas as tendências indesejáveis, se não expurgasse constantemente o Partido de todo tipo de ideologia não proletária e superasse tanto o oportunismo de “esquerda” como o de direita, essa ideologia não proletária e esse oportunismo de direita e de “esquerda”, poderiam ganhar terreno no Partido, influenciá-lo e até mesmo dominá-lo. Isso tornaria impossível ao Partido consolidar-se e desenvolver-se, como também preservar sua independência. Isso poria em perigo o Partido e o levaria à degenerescência. Tal ideologia não proletária e tal oportunismo de direita e de “esquerda” podem corromper nosso Partido ou certos setores dele, e até mesmo transformar nosso Partido ou certos setores dele numa organização de caráter não proletário. Foi dessa maneira, por exemplo, que os partidos socialdemocratas na Europa foram corrompidos pela ideologia burguesa e transformados em Partidos políticos de tipo burguês, tornando-se assim os principais pilares sociais da burguesia.
Portanto, a luta interna no Partido é absolutamente necessária e não pode ser evitada. Qualquer tentativa no sentido de evitar a luta interna no Partido, ou refrear as críticas aos erros de outros, para que eles não critiquem nossos próprios erros, é inteiramente errada.
As lutas internas no Partido consistem, principalmente, de lutas ideológicas. Seu conteúdo é formado pelas divergências e antagonismos que surgem em questões de ideologia e de princípio. As divergências e antagonismos entre nossos camaradas em questões de ideologia e de princípios, podem transformar-se em cisões políticas dentro do Partido e, dentro de certas circunstâncias, em inevitáveis cisões orgânicas; mas pelo seu caráter e conteúdo, essas divergências e antagonismos são bàsicamente lutas ideológicas.
Consequentemente, qualquer luta interna no Partido que não envolva divergências em questões de ideologia e de princípios, e qualquer conflito entre membros do Partido que não seja baseado em divergências sobre questões de princípio, é um tipo de luta sem princípio, uma luta sem conteúdo. Essa espécie de luta sem princípio ou conteúdo é inteiramente desnecessária dentro do Partido. É prejudicial e não benéfica ao Partido. Todo membro do Partido deve evitar rigorosamente tais lutas.
A luta interna no Partido é absolutamente indispensável para proteger a pureza e a independência do Partido, para garantir que as atividades do Partido se processem constantemente de acordo com os mais altos interesses do proletariado e para preservar o caráter proletário básico do Partido. Com esse objetivo, as lutas internas do Partido devem ser conduzidas de dois lados, ou em duas frentes. Isto porque a ideologia do inimigo influencia o Partido de duas direções, atacando-o tanto da direita como da “esquerda”. Isso se revela no Partido pelo oportunismo de direita e de “esquerda”.
Assim, nossa luta interna no Partido deve ser dirigida simultaneamente contra o oportunismo de direita e contra o de “esquerda”, contra esses dois aspectos, para que nosso Partido possa preservar seu nítido caráter proletário. Se não fizermos isso, se lutarmos somente de um lado, ou se afrouxarmos nossa vigilância e nossa luta contra ambos os lados, o inimigo não somente poderá atacar como na certa atacará nosso Partido exatamente do lado que tivermos negligenciado. Nesse caso, será impossível preservar a independência e pureza do Partido ou a sua consolidação. É, portanto, no curso de incessantes lutas internas no Partido em duas frentes que o nosso Partido se consolida e se desenvolve.
O camarada Stálin disse:
“A questão aqui é que as contradições só podem ser superadas por meio da luta por este ou aquele princípio, pela definição do objetivo dessa ou daquela luta, pela escolha desse ou daquele método de luta que possa levar ao objetivo. Podemos e devemos chegar a um acordo com os que dentro do Partido divergem de nós em questões de política atual, em questões de caráter puramente prático. Mas se essas questões envolvem diferenças de princípios, então nenhum acordo, nenhuma linha “intermediária” pode resolver a questão. Não há e não pode haver linha “intermediária” em questões de princípio. O trabalho do Partido deve ser baseado nesses ou naqueles princípios. A linha “intermediária” em questões de princípio é uma “linha” que provoca confusão, uma “linha” que encobre diferenças, uma “linha” de degenerescência ideológica do Partido, uma “linha” de morte ideológica do Partido. Não é nossa política seguir essa linha “intermediária”. Essa é a política de um partido que está em declínio e degenerando-se dia a dia. Tal política só pode transformar o Partido num órgão vazio e burocrático, isolado das classes trabalhadoras, num boneco incapaz de qualquer coisa. Esse caminho não pode ser o nosso caminho.”
Acrescenta ele:
“Nosso Partido fortaleceu-se na base da superação das contradições dentro do Partido.”
Isso explica a natureza essencial da luta interna no Partido.
Lênin e Stálin já escreveram muito sobre a natureza essencial da luta interna no Partido e explicaram por que o liberalismo e o espírito de conciliação dentro do Partido são prejudiciais. Vocês, camaradas, poderão ler esses trabalhos e por isso não tratarei mais deste assunto.
O problema sobre o qual quero agora falar é de como conduzir a luta interna no Partido. Para nós esse é ainda um problema novo. Todo mundo está estudando esse problema no momento. Isso é absolutamente essencial. Não tenciono agora falar sobre o problema de maneira ampla. Apenas exporei minhas opiniões baseadas nas minhas observações pessoais a respeito das experiências históricas do Partido Comunista Chinês. Convido todos os camaradas a discutir se essas opiniões são ou não corretas.
Camaradas! Que fizeram Marx e Engels pelo proletariado do mundo? Marx e Engels forneceram ao proletariado um completo e consolidado sistema ideológico e teórico. Não somente isso, como construíram uma organização independente para o proletariado e chefiaram suas lutas de massas. Criaram a Primeira Internacional e mais tarde organizaram a Segunda Internacional, assim como os partidos socialdemocratas e sindicatos de vários países europeus. Educaram a classe operária e mostraram-lhe como se organizar e levar avante as lutas.
Durante o período da Segunda Internacional (o período anterior à Primeira Grande Guerra), os partidos socialdemocratas em vários países mantiveram um extenso trabalho de organização entre os operários, ampliaram consideravelmente o movimento de organização da classe operária e obtiveram grandes sucessos no campo da organização. Como aquele era o período de desenvolvimento “pacífico” do capitalismo e as organizações da classe operária haviam sido formadas nesse período de paz, a distinção entre o Partido e os sindicatos não estava ainda bem delineada.
Sobretudo depois da morte de Marx e Engels, a Segunda Internacional, chefiada por Kautsky e companhia, adotou uma linha inadmissível de conciliação com respeito ao oportunismo dentro do Partido, do que resultou o oportunismo corroer os vários partidos da Segunda Internacional. Por ocasião da era imperialista, a era da revolução proletária, esses partidos e sindicatos revelaram sua incapacidade de suportar as tarefas revolucionárias que o proletariado teria que enfrentar no novo período. Consequentemente, não podiam deixar de falir e se decompor no curso da Primeira Guerra Mundial.
A era de Lênin foi diferente da de Marx e Engels. Foi uma era imperialista, a era do capitalismo moribundo. Foi a era da Revolução Proletária. Esse período exigia que o proletariado edificasse um partido forte e militante, um partido que fosse completamente consolidado e unido em sua ideologia, sua política, sua organização e sua ação, e que. tivesse estreitos laços com as massas proletárias. Somente com o apoio de um tal partido seria possível levar avante com sucesso as lutas revolucionárias extremamente sérias. Portanto, além de restaurar e desenvolver as doutrinas de Marx e Engels em todos os seus aspectos, Lênin de maneira particular criou uma doutrina completa relativa ao estabelecimento dos partidos proletários revolucionários. O sistema de teorias concernentes à construção do nosso Partido era absolutamente inseparável da estratégia e tática de chefia da luta revolucionária do proletariado.
Quais eram as condições no período em que Lênin fundou o Partido revolucionário do proletariado?
Naquela ocasião, de um lado, a guerra imperialista aproximava-se e o proletariado tinha que enfrentar a tarefa urgente de derrubar a burguesia, apoderar-se do poder estatal e estabelecer a ditadura do proletariado. Por outro lado, os partidos socialdemocratas da Segunda Internacional, com suas amplas organizações, não estavam ainda conscientes da necessidade de derrubar a burguesia e estabelecer a ditadura do proletariado. Não queriam nem ousavam se preparar para uma ofensiva revolucionária do proletariado. Portanto, os partidos da Segunda Internacional estavam frouxamente organizados e fracionados, e não podiam- conduzir nenhuma luta séria. O resultado foi que não puderam em absoluto cumprir as exigências revolucionárias do proletariado na ocasião.
Os partidos socialdemocratas dos vários países nesse tempo não somente caíram teórica e politicamente no atoleiro do oportunismo direitista (por exemplo, sua teoria da colaboração entre o trabalho e o capital, sua teoria da transformação pacífica do capitalismo em socialismo, seu ponto de vista de que o proletariado podia tomar o poder por meio de lutas parlamentares, sem ter de passar por uma revolução, e por isso não havia necessidade de se criar uma estratégia e tática de revolução proletária, etc.), mas também eram totalmente oportunistas de direita na questão de organização do Partido. Os partidos da Segunda Internacional e os mencheviques na Rússia advogavam o liberalismo na organização do Partido. Defendiam o rebaixamento do partido proletário a uma organização operária comum, e mantinham o ponto de vista de que o Partido não necessitava de uma organização firme, de uma disciplina severa. Advogavam uma paz sem princípios dentro do Partido, toleravam a existência de facções ideológicas e orgânicas divergentes dentro do Partido, e assim por diante. Para os partidos da Segunda Internacional, unidade e disciplina, autocrítica e luta dentro do Partido, eram coisas inconcebíveis e absolutamente desnecessárias. Tais eram algumas das principais manifestações concretas do oportunismo de direita dos partidos da Segunda Internacional na questão de organização.
Naquela ocasião, havia também os economistas na Rússia e os sindicalistas na Europa (França, por exemplo), que afirmavam que a classe operária não necessitava de organização partidária, que se recusavam a organizar partidos da classe operária ou os subordinavam aos sindicatos, que advogavam “independência dos sindicatos” e que negavam a liderança do Partido nos sindicatos.
Nesse tempo, de um lado, as tarefas militantes da revolução proletária exigiam que houvesse um forte partido combatente para liderar as amplas massas e executar essas tarefas. Por outro lado, os partidos da Segunda Internacional com os seus milhões de membros de partido e de sindicatos viam-se absolutamente impotentes e incapazes de lutar. Além disso, seus atrasos de organização e sua lassidão tinham o apoio de toda espécie de pontos de vista oportunistas sobre organização. Essas eram as condições reais e importantes quando Lênin começou a construir o Partido Bolchevique.
Sob as condições mencionadas acima, a fim de formar um Partido capaz de liderar a revolução proletária, um Partido que fosse completamente unido em sua ideologia, política e organização, Lênin tinha que juntar todas as suas forças para fazer oposição ao oportunismo ideológico e político dos partidos da Segunda Internacional, sobretudo seu oportunismo quanto à questão da organização do Partido. Foi sobre a questão da organização do Partido — as condições de entrar para o Partido — que surgiram as primeiras diferenças entre o Partido Bolchevique de Lênin e os mencheviques.
A doutrina bolchevique de Lênin sobre a edificação do Partido forjou-se no curso da luta contra o oportunismo direitista relativo à organização nos partidos da Segunda Internacional, assim como durante a luta contra a teoria dos economistas e sindicalistas de que partidos políticos da classe operária eram desnecessários. Por esse motivo, a doutrina de Lênin de construção do Partido estava cheia de polêmicas contra os vários pontos de vista oportunistas sobre organização, contra o liberalismo e o espírito conciliatório, contra o rebaixamento do Partido proletário a uma organização operária comum, contra uma paz sem princípios dentro do Partido, contra organizações e atividades de facções dentro do Partido, e assim por diante. Lênin, na luta contra o oportunismo direitista na questão de organização, determinou claramente que o Partido é o destacamento avançado mais bem organizado e mais bem disciplinado, composto dos elementos mais conscientes, corajosos e progressistas do proletariado e é a forma mais alta de organização de classe do proletariado. Além do Partido, o proletariado tem outras organizações, tais como sindicatos, sociedades cooperativas, órgãos culturais e educativos, ou mesmo o governo, o exército, etc. No entanto, de todas essas organizações proletárias, o Partido é a forma mais elevada, capaz de dirigir politicamente todas as outras organizações.
Assim, Lênin traçou uma linha definida de demarcação entre o Partido e outras organizações da classe operária. Alem disso, estabeleceu que o princípio de organização do Partido deve ser o centralismo democrático, e que o Partido deve ter uma disciplina férrea e única. Estes princípios foram delineados por Lênin no curso da luta contra o oportunismo de direita dos partidos da Segunda Internacional na questão de organização. Constituem o principal conteúdo da doutrina da construção do Partido, de Lênin.
Foi principalmente na luta contra o oportunismo de direita, mais do que de “esquerda”, com relação à organização do Partido, que Lênin construiu o Partido. Essa era decididamente a situação antes da Revolução de Outubro. Nessa ocasião o oportunismo esquerdista com relação à organização do Partido ainda não tinha aparecido ou ainda não estava inteiramente desenvolvido num oportunismo sistemático. Isso explica por que a doutrina da construção do Partido, de Lênin, estava cheia de polêmicas contra o oportunismo direitista, isto é, contra o abandono da organização e disciplina estrita, contra a paz sem princípios dentro do Partido, contra a negação de lutas dentro do Partido e o medo à autocrítica, contra o liberalismo e o espírito conciliatório dentro do Partido, contra a teoria de independência dos sindicatos, etc. Essas polêmicas resultaram das condições reais existentes na época em que Lênin construiu o Partido.
Mas se notarmos as condições reais sob as quais o Partido Comunista da China foi formado, veremos que essas condições eram inteiramente diferentes das que Lênin enfrentou antes da Revolução de Outubro.
Em primeiro lugar, o Partido Chinês foi formado depois da Revolução de Outubro, quando os bolcheviques russos já estavam vitoriosos e nos estavam dando um exemplo vivo. Foi por isso que desde o começo o nosso Partido foi formado de acordo com os princípios de Lênin e sob a direção da Internacional Comunista.
Em segundo lugar, o Partido Chinês, desde a sua formação até o presente momento, nunca foi influenciado pela Segunda Internacional dos partidos socialdemocratas europeus, quer na sua ideologia, quer na sua organização.
Em terceiro lugar, a China, ao contrário da Europa, nunca testemunhou um período de desenvolvimento “pacifico” do capitalismo em que a classe operária tivesse permissão de participar de pacíficas lutas parlamentares. Nem a China tinha uma aristocracia operária como era o caso na Europa.
Em quarto lugar, os elementos da pequena burguesia e camponeses formavam uma considerável proporção do Partido Chinês que também incluía alguns desocupados.(1)
Aí reside a base social do oportunismo de direita e de “esquerda” dentro do Partido Chinês.
Devido a essas quatro condições, temos seguido subjetivamente os princípios e diretrizes de Lênin desde o começo da formação do Partido Chinês. A maioria dos nossos membros podem recitar de memória os princípios de organização do Partido Bolchevique. Além disso, as tradições e convenções da socialdemocracia nunca existiram em nosso Partido. Assim podemos caminhar de maneira mais segura. Desde o início de nosso Partido tivemos autocrítica e lutas ideológicas, estabelecemos o sistema do centralismo democrático e mantivemos uma organização e disciplina estritas. Não toleramos a existência de facções e nos opusemos violentamente ao liberalismo, economismo e à independência dos sindicatos, etc. Portanto, teorias sistemáticas de oportunismo direitista sobre organização nunca foram abertamente advogadas em nosso Partido. Ideias de que não é necessário haver autocrítica, lutas internas de partido, organização e disciplina estritas, um partido político da classe operária ou que os sindicatos devem ser completamente independentes, nunca tiveram chance de se desenvolver abertamente em nosso Partido.
A luta ideológica em nosso Partido ainda é inadequada. Isso, porém, não é devido à existência, dentro do Partido, de qualquer teoria sistemática contra lutas internas no Partido. É mais devido à nossa incapacidade de descobrir divergências em assunto de princípio por causa de nosso baixo nível teórico ou devido ao fato de camaradas responsáveis haverem empregado isoladamente métodos especiais para suprimir a autocrítica.
Mas as circunstâncias e condições especiais que prevaleciam na ocasião em que nosso Partido Chinês foi fundado motivaram duas espécies de influência. Uma era favorável, capacitando-nos desde o começo a formar um partido de tipo leninista. Subjetivamente aderimos estritamente aos princípios formulados por Lênin. Desde o inicio nosso Partido tem mantido rigorosa autocrítica e a luta interna. Isso motivou o progresso rápido de nosso Partido e serviu como forca motriz para impulsioná-lo.
Mas a outra influência frequentemente levou nossos camaradas a outro extremo, a outra espécie de erro — o erro de levar muito longe a luta interna no Partido, de lutar com muita intensidade sem restrições de espécie alguma. Isso resultou num outro desvio, um desvio de “esquerda”...
Muitos camaradas tinham uma compreensão mecânica e errônea dos princípios de Lênin e os transformaram em dogmas absolutos. Acreditavam que a organização altamente centralizada negava a democracia interna, que a necessidade de luta interna no Partido negava a paz interna; que a liderança política do Partido — a mais alta forma de organização da classe do proletariado — em outras organizações de massa do proletariado negava a independência dos sindicatos e outras organizações dos operários e massas laboriosas, e que disciplina férrea unificada significava a obliteração da personalidade individual, iniciativa e poder criador dos membros do Partido...
Muitos camaradas gravaram na memória os princípios de Lênin como se fossem coisas mortas. Conquanto considerassem necessária a luta interna no Partido e considerassem o liberalismo e o espírito conciliatório como inúteis, ainda assim aplicavam esses princípios mecânica e dogmàticamente. Achavam que as lutas internas no Partido devem e têm que ser inflexivelmente efetuadas sem levar em conta o tempo, as circunstâncias e as consequências; e que quanto mais violentas essas , lutas, tanto melhor. Esses camaradas julgavam que quanto mais veemente e aguda a luta interna e a crítica, tanto melhor. Achavam que quanto mais intensas as controvérsias entre os membros do Partido, tanto melhor. Se não era esse o caso, então achavam que estavam sendo cometidos erros de liberalismo e de espírito conciliatório.
A fim de provar que eles próprios estavam livres de tendências conciliatórias ou liberais, que eram “100 por cento bolcheviques” prosseguiam nas lutas dentro do Partido, sem levar em conta as condições reais do tempo e lugar. Assim, essa gente tornou-se “briguenta” sem obedecer a qualquer princípio nas lutas internas no Partido, “especialistas em lutas” sem consideração por princípios, “peritos em barulho”.
Travavam luta só por lutar. Isso é lamentável nas fileiras do proletariado. E naturalmente não prova que eles fossem “100 por cento bolcheviques”. Ao contrário, só serve para provar que eles insultavam o bolchevismo e utilizavam o nome e a aparência de bolcheviques para praticar o oportunismo dentro do Partido.
Muitos camaradas não compreenderam que a nossa luta interna é uma luta de princípios, uma luta por esse ou aquele princípio, para definir o fito desta ou daquela luta, para escolher esse ou aquele método de luta que possa levar ao objetivo.
Esses camaradas não compreenderam que em questões de política corrente, em questões de caráter puramente prático podemos e devemos entrar em acordo com outros membros do Partido que discordam de nós. Não sabiam nem compreendiam que em questões envolvendo princípios, em questões que definem o objetivo de nossas lutas e de escolher os métodos de luta necessários para atingir tal objetivo, deviam lutar sem compromissos contra aqueles que no Partido têm opiniões divergentes; mas em questões de política corrente, em questões de caráter puramente prático, deviam chegar a um acordo com aqueles que dentro do Partido mantêm opiniões divergentes, ao invés de realizarem uma luta irreconciliável contra eles, desde que essas questões não envolvam qualquer diferença de princípios.
Este é precisamente o estilo tradicional de trabalho no Partido de Lênin e Stálin, que, no entanto, muitos dos nossos camaradas ainda não adquiriram. Levaram a efeito lutas irreconciliáveis sobre questões em que deveria haver um acordo. Como resultado, não havia uma só questão sobre a qual não tivessem disputas, não havia tempo algum em que não tivessem disputa, nem pessoa alguma com a qual não lutassem. Lutavam contra todos os que divergiam deles, impondo uma absoluta conformidade. Não faziam concessões sobre nada e não cediam em circunstância alguma. Consideravam tudo o que fosse contrário como antagônico e acreditavam que a oposição é tudo. Isso constituía o seu absolutismo.
Muitos camaradas não compreendiam o que é princípio, quais os problemas que envolvem princípio e quais são as linhas táticas e estratégicas do Partido. Nem sabiam como conduzir uma luta compreendendo onde estava o ponto de divergência entre princípios, planos estratégicos e linha tática. Seu nível teórico era ainda extremamente baixo, e limitada a sua experiência política. Ainda não estavam capacitados para compreender questões de grande importância e lutar em torno dessas questões. No entanto, tinham rigidamente na memória o fato de que deve haver luta interna no Partido, e que é errado não suscitar lutas e controvérsias dentro do Partido sobre questões importantes e levantar problemas que envolvam questões de princípio. Não obstante, eles continuavam querendo lutar. Como só tivessem à mão fenômenos e problemas individuais e como se entregassem a lutas e controvérsias insignificantes e sem princípios dentro do Partido contra aqueles que tinham pontos de vista diferentes, criavam entre os camaradas desunião, antagonismo e cisões na organização. Esses fenômenos nocivos existiam efetivamente em nossa luta interna no Partido.
O que acima dissemos é uma espécie de desvio nas lutas internas do Partido Comunista Chinês, desvio extremamente grave (se bem que tais desvios também existam nos Partidos de outros países). Isso constitui a luta interna no Partido efetuada com muita intensidade, sem nenhuma restrição, que leva a outro extremo — o do oportunismo de “esquerda” — na luta interna no Partido, e oportunismo de “esquerda" na questão de organização do Partido. (Nega a democracia dentro do Partido, nega a paz interna do Partido baseada na unidade em questões de principio, nega a relativa independência dos sindicatos e outras organizações de massa, nega a personalidade, a iniciativa, e o espírito criador dos membros do Partido). Esse desvio foi motivado pelo meio ambiente e condições especiais do Partido Comunista Chinês.
Aqui desejo mencionar o fato de muitos camaradas chineses não levarem em consideração os princípios leninistas de luta contra o oportunismo de “esquerda” depois da Revolução de Outubro. Após a Revolução de Outubro, uma facção de comunistas “esquerdistas” surgiu dentro do Partido russo. Esse grupo se opunha ao tratado de paz de Brest-Litovsk, e mais tarde houve uma disputa sobre a questão sindical. Antes da Revolução de Outubro havia um grupo de otzovistas dentro do Partido Bolchevique com aparência “esquerdista”, mas esse grupo foi logo derrotado e a situação não chegou a tornar-se tão séria como a causada pelo comunismo de “esquerdistas” por ocasião do tratado de paz de Brest-Litovsk, se bem que Lênin também tenha logo derrotado esse último.
Mas o comunismo de “esquerda” surgiu novamente nos países da Europa Oriental. Lançou a palavra de ordem de “nenhum compromisso” e se opôs à participação nos parlamentos. Opôs-se a todas as lutas legais e alianças necessárias com a ala esquerda dos partidos socialdemocratas. Foi nessas circunstâncias que Lênin escreveu, em abril de 1920, seu livro. “O Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo”, para corrigir tais tendências.
Após a vitória da Revolução de Outubro, aqueles que antes não acreditavam que o proletariado pudesse tomar o poder, defrontaram-se com esse fato vivo. Isto desferiu um golpe fatal no oportunismo de direita.
Foi nessas condições que nasceu o oportunismo de “esquerda”, que afirmava que a revolução não necessitava de seguir caminhos sinuosos e podia vencer da noite para o dia.
Tais sentimentos existiam também no Partido Chinês, e, em determinados períodos, foram os sentimentos dominantes. As pessoas que cometiam tais erros não levavam absolutamente em consideração a importância do livro de Lênin: "O Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo”. Politicamente eram contra quaisquer caminhos em zigue-zague e contra esperar. Afirmavam que uma minoria de vanguarda podia lançar uma ofensiva aventureira sem levar em conta o fato de que as amplas massas ainda não os haviam alcançado. Acusavam os que a isso se opunham de oportunistas de direita.
Em questões de organização, o oportunismo de direita e de “esquerda” é resultante de desvios de direita e de esquerda sobre questões políticas. Como o Partido Chinês tem cometido erros políticos de direita e de esquerda em determinados períodos, cometeu também esses erros em assunto de organização. Principalmente durante o período da Guerra Civil, nossos erros aventureiros de “esquerda” foram responsáveis pelas lutas excessivamente acaloradas dentro do Partido, em torno dos problemas de organização.
Consequentemente, existem 3 espécies de desvios — se é que podem ser classificados dessa maneira — na questão da luta interna no Partido Chinês. A primeira é o liberalismo e o espírito conciliatório dentro do Partido; a segunda é a luta interna no Partido, mecânica e excessiva, acompanhada de oportunismo de “esquerda” nas questões de organização e na luta interna no Partido; e a terceira são as discussões e as lutas sem princípios dentro do Partido.
Esses três tipos de desvio não diferem muito no que se refere ao seu conteúdo, porque essas lutas e disputas sem princípios, lutas excessivas e liberalismo dentro do Partido, não são marxistas-leninistas. Todas elas são manifestações de oposição ao marxismo-leninismo. São classificados nas três categorias acima apenas pelas suas formas exteriores.
Tais são as condições especiais sobre as quais o Partido Chinês foi fundado e os desvios que surgiram nas suas lutas internas.
Camaradas!
Hoje não vou discutir o desvio do liberalismo, que é o primeiro dos três tipos de desvio mencionados acima, das lutas internas no Partido. Se bem considere que no presente momento o desvio do liberalismo dentro do Partido seja sério e que seja importante lutar contra o liberalismo, se bem não acredite que nossos camaradas estejam inteiramente esclarecidos sobre a tendência do liberalismo e suas manifestações em vários problemas concretos — acredito antes que muitos camaradas ainda não estejam inteiramente esclarecidos — mesmo assim não vou falar hoje sobre esse assunto. Falarei sobre isso em outra ocasião, quando tiver oportunidade. Aqui quero apenas fazer ver que a tendência do liberalismo dentro do Partido tem-se desenvolvido recentemente e, em muitos casos, se tem tornado a principal tendência na luta interna no Partido, e que a luta ideológica dentro do Partido não se tem desenvolvido suficientemente. Por essa razão, muitas tendências errôneas e fenômenos indesejáveis não foram eficientemente corrigidos em tempo oportuno, e a disciplina do Partido tem-se afrouxado gradativamente. Isso é muito ruim. Isso acontece porque nosso Partido tem admitido ultimamente em suas fileiras um grande número de intelectuais e membros novos, fortemente imbuídos da ideologia do liberalismo burguês, e que ainda não foram ideológica, política e organicamente temperados pela disciplina férrea do proletariado. Entrementes, muitos camaradas que no passado cometeram erros de “esquerda” e eram favoráveis a uma excessiva luta interna no Partido, passaram agora para o terreno oposto e cometeram o erro direitista do liberalismo. Nas circunstâncias de um longo período de frente única aumentou também a possibilidade de a burguesia exercer influência dentro do Partido. Os elementos contrarrevolucionários disfarçados nas fileiras do Partido utilizaram-se de todos os meios para desenvolver e apoiar o liberalismo dentro do Partido. Como resultado, desenvolveu-se no Partido a tendência ao liberalismo. Essa tendência deve ser fortemente combatida em nossa luta para fortalecer nosso trabalho de forjar o espírito de partido. Por exemplo, alguns camaradas mantiveram-se em silêncio quantos a erros de outros camaradas, com medo de represálias. Não apontavam os erros de seus amigos íntimos, a fim de esconderem os erros uns dos outros. Não falavam pela frente, mas pelas costas comentavam com irresponsabilidade. Permitiam-se fazer críticas irresponsáveis, externavam suas queixas, cochichavam, etc. — coisas que frequentemente acontecem no Partido. Além disso, surgiu recentemente no Partido um fenômeno especialmente sério. Um certo grupo de pessoas receia que outros denunciem suas deficiências e erros ao Partido ou aos seus superiores. Têm um medo terrível de ser acusados por outros. De um lado não podem deixar de cometer erros, que eles próprios sabem que são erros; cometem esses erros deliberadamente, embora estejam cientes de que o fazem. Mas, por outro lado, querem impedir que outros membros do Partido os denunciem ao Partido ou aos seus superiores e que os critiquem nas reuniões. Fizeram coisas erradas e impróprias, mas não estão dispostos a revelar seus erros, a fim de que estes sejam corrigidos. Escondem suas doenças e mostram-se relutantes em ser curados. Não apreciam a verdade de que só quando os erros são denunciados é que podem ser corrigidos. Querem encobri-los e escondê-los como se esses erros fossem mais preciosos do que qualquer tesouro do mundo. Por essa razão, não só tentam proibir outros de focalizar seus erros, mas também tentam fazer calar os outros e proibi-los de denunciar esses erros ao Partido ou a seus superiores, privando assim outros do direito de criticar e falar dentro do Partido pelos canais competentes da organização. Intimidam outros camaradas dizendo: “Se você ousar denunciar-me aos superiores farei com que se arrependa. Hei de dar-lhe uma surra, seu intrigante.” Odeiam profundamente os camaradas que os denunciaram aos superiores e falaram sobre seus erros. Levam isso a peito e pensam em vingança. Esses fenômenos são indicações funestas de que perderam por completo o espírito de membros do Partido. Tentam cortar a ligação entre os órgãos dirigentes do Partido e a base, a fim de poderem agir no sentido de perturbar e prejudicar o Partido. Tais fatos devem ser rigorosamente proibidos.
Quando qualquer membro do Partido tiver visto outros membros cometerem erros ou coisas prejudiciais ao Partido, deve informar ao Partido e aos seus superiores. É incorreto não apresentar tais informes e absolutamente certo fazê-lo. Impedir que alguém denuncie ao Partido os erros de uma pessoa é absolutamente ilícito. E nunca será tolerado no Partido. Naturalmente, o órgão dirigente do Partido, ao receber tais informes, deve fazer uma investigação completa dos fatos e tratar com cuidado do caso, abstendo-se de fazer qualquer julgamento apressado, baseado numa única versão do caso.
Já decidimos que no presente momento a luta ideológica dentro do Partido deve ser impulsionada. Portanto, devemos opor-nos ao liberalismo. Em certos organismos do Partido, onde foram cometidos erros particularmente graves de liberalismo, devemos levar avante, na base de fatos, uma luta completa contra o liberalismo, a fim de eliminar tais erros.
Há alguns anos, o camarada Mao Tse-tung escreveu um artigo contra o liberalismo em que enumerava onze manifestações de liberalismo dentro do Partido. Seu artigo ainda é atual; devíamos estudá-lo cuidadosamente, tentar corrigir o liberalismo e lutar contra ele de acordo com esse artigo. Ao mesmo tempo, o liberalismo vai ser amplamente discutido no Curso sobre a construção do Partido. Por isso não tratarei do assunto hoje. Falarei sobre o segundo e o terceiro desvios, porque até agora ninguém ainda discutiu sistemàticamente esses dois desvios, dentro do Partido.
Quais são as manifestações de luta mecânica e excessiva dentro do Partido? São as seguintes:
Primeiro, nos organismos locais do Partido e nos organismos do Partido no Exército, as chamadas “reuniões de luta” são realizadas regularmente. Mesmo nas organizações não partidárias, tais como órgãos do governo e organizações de massas, as “reuniões de luta” também são organizadas regularmente. Tais reuniões são organizadas previamente. Elas não são realizadas com a principal finalidade de proceder a um balanço do trabalho. São realizadas com o intuito de atacar determinada pessoa. Em vez de, em primeiro lugar, desenvolverem uma luta sobre o “ponto em debate”, a luta é dirigida “contra a pessoa”. Em outras palavras, essa luta é realizada não fundamentalmente contra certas incorreções de ideologia e de princípios, mas contra uma determinada pessoa. O intuito da chamada “luta contra um certo Li ou um certo Chang” é desferir um golpe em determinado camarada que cometeu erros. A “reunião de luta” é, em essência, uma reunião de julgamento de um determinado camarada. Não visa antes de tudo solucionar problemas ideológicos, mas solucionar problemas de organização. Sua intenção é forçar a que certos perturbadores ou alguns camaradas que ousam manter suas opiniões divergentes se submetam — e tais opiniões não são necessariamente erradas. Além disso, em cada “reunião de luta” chega-se invariàvelmente a conclusões orgânicas sobre a maioria das pessoas contra as quais se abriu luta. É evidente que tal forma de luta não é correta.
E por que não é correta?
Em primeiro lugar, o próprio termo “reunião de luta” é incorreto. Isso não tem nenhum sentido. Desde que existem as chamadas “reuniões de luta”, por que não há também as chamadas “reuniões não-de-luta”? Causará confusão ideológica, se considerarmos que há certas reuniões que são especificamente dedicadas a abrir luta e que há outras reuniões em que nenhuma luta se verifica. Isso prova que muitos camaradas não compreendem o caráter absoluto e universal da luta. Divorciam mecanicamente a luta da educação.
O objetivo da luta interna no Partido é educar o Partido e os camaradas que cometerem erros. Portanto, a luta interna é, em si, uma espécie de educação indispensável dentro do Partido. Educação dentro do Partido é também uma espécie de luta interna no Partido, uma luta relativamente branda. Portanto, educação e luta não podem ser consideradas separadamente. A luta é uma forma de educação e a educação uma forma de luta. Qualquer separação mecânica das duas é incorreta.
Além do mais, as “reuniões de luta” são uma manifestação concreta dentro do Partido de sectarismo e da política errônea de atacar quadros e camaradas. Destinam-se ao ataque de camaradas contra quem a luta é aberta, e não ao auxílio, educação e recuperação de camaradas que cometeram erros. Elas têm como objetivo principal lutar contra a pessoa, ao passo que a divergência e o antagonismo ideológicos são subestimados. Daí, tais “reuniões de luta” deixarem tão frequentemente de fortalecer a unidade ideológica, política, orgânica e de ação dentro do Partido. Ao contrário, frequentemente aprofundam as divergências sobre ideologia, política, organização e ação dentro do Partido. Intensificam a desunião e disputas sem princípios dentro do Partido. Ajudam o crescimento do sectarismo. É ainda mais incorreto é realizar tais “reuniões de luta” em organizações não partidárias.
Segundo, a luta mecânica e excessiva dentro do Partido também se manifesta de outras maneiras. Alguns camaradas mantêm o ponto de vista de que quanto mais violenta a luta interna, melhor. Para eles, quanto mais seriamente o problema for apresentado, melhor. Quanto mais faltas se encontrarem, melhor. Quanto mais empolados os termos, melhor. Quanto mais desaforos, melhor. Quanto mais violentas as críticas, melhor. Quanto mais severas e rudes a maneira e a atitude, melhor. Quanto mais berros, melhor. Quanto mais cara fechada, melhor. Quanto mais ferocidade, melhor. Agindo desse modo, eles se consideram “tão revolucionários quanto possível”. Na luta dentro do Partido e na autocrítica não dão a menor atenção à justeza e à moderação e não se detêm nos limites adequados. Lutam sem controle. É claro que isso está inteiramente errado.
Terceiro, alguns camaradas ainda não compreendem que a luta interna no Partido é essencialmente uma luta ideológica. Nem tampouco compreendem que só atingindo a unidade ideológica poderá ser mantida e reforçada a unidade do Partido, politicamente, organicamente e na ação, e que os problemas devem ser solucionados do ponto de vista da ideologia e dos princípios, antes de serem solucionados do ponto de vista da organização e da ação. No entanto, não é fácil conseguir a unidade, solucionar problemas ideologicamente e na base de princípios, reformar a ideologia dos outros e corrigir princípios, pontos de vista e preconceitos mantidos muito tempo por outros. Isso não pode ser feito fàcilmente, com poucas palavras ou através de simples “reuniões de luta”. Nem pode ser realizado só por meios autoritários ou medidas compulsórias. Isso só pode ser conseguido através de paciente persuasão e educação, através de lutas complexas de várias espécies, e de um período considerável de educação, de luta e de prática na revolução. Alguns camaradas não apreciam a essência da luta interna no Partido sob esse aspecto, mas, ao invés, simplificam, mecanizam e vulgarizam a luta interna no Partido. Consideram-na como uma espécie de contradição de organização ou de forma, ou então como brigas, imprecações, querelas e lutas corporais. Não procuram a verdadeira unidade e não solucionam os problemas na base de princípios e de ideologia. Pensam que as divergências de ideologia e princípios dentro do Partido podem ser solucionadas por esses métodos simples, mecânicos e vulgares. É evidente que isso está completamente errado.
Esses camaradas não defendem nem objetivam a unidade dentro do Partido pela solução das divergências de princípio e de ideologia e pela correção de certas tendências e fenômenos errôneos. Ao contrário, tentam defender e objetivar a unidade do Partido por simples meios orgânicos ou medidas arbitrárias, por uma política de ataque, por um sistema de punições contra os membros do Partido. Como resultado, eles provocam várias lutas internas no Partido, errôneas e excessivas. Assim, em lugar de persuadir com cuidado e consideração os camaradas, na base de princípios e de ideologia, fazem calar e perseguem os companheiros, valendo-se de simples medidas orgânicas, métodos hostis e até mesmo de medidas administrativas. Aprovam ao acaso resoluções orgânicas sobre camaradas e aplicam medidas punitivas contra estes. Além disso, punem impiedosamente camaradas do Partido, baseando-se no ponto de vista burguês de igualdade perante a lei, isto é, aplicam as mais severas punições previstas pelos Estatutos do Partido, sem levar em consideração que espécie de membros do Partido são os acusados e se reconheceram os seus erros e os corrigiram ou não. Desse modo se leva à prática no Partido o sistema de punições. Frequentemente empregam o método de abrir luta para iniciar e impulsionar para a frente o trabalho. Procuram intencionalmente “alvos de luta” (camaradas do Partido) e abrem luta contra eles como representantes do oportunismo. Sacrificam e atacam um ou vários camaradas — “matando galo para assustar cachorro”, como diz o ditado chinês — para fazer com que outros quadros do Partido trabalhem muito e cumpram a tarefa. Coligem deliberadamente informações sobre as deficiências e erros do alvo de luta e anotam mecânica e detalhadamente suas palavras e ações menos apropriadas. Depois examinam isoladamente essas deficiências e erros bem como as suas palavras e ações menos justas, e consideram tudo isso como representativo da personalidade do camarada. Aumentam as deficiências individuais e erros desse camarada e os enquadram num sistema de oportunismo, criam uma impressão extremamente desfavorável sobre esse camarada entre os membros do Partido e utilizam o seu ódio ao oportunismo na luta contra esse camarada. Então, “todos podem desferir golpes contra um tigre morto”. A psicologia da vingança começa a ganhar terreno entre certas pessoas que expõem todas as deficiências e erros daquele camarada e arbitrariamente os eleva à categoria de erros e deficiências de princípio. Chegam mesmo a inventar alguma história e na base de suspeitas subjetivas e boatos inteiramente infundados, acusam o camarada de vários crimes. E não cessam enquanto não o levam à confusão mental. Isso feito, ainda relutam em permitir ao camarada atacado que se defenda. Se ele se defende, acusam-no de defender deliberadamente seus erros ou de admiti-los com reservas. Depois ainda lhe dão outros golpes. Não permitem ao camarada atacado manter suas opiniões, sob a condição de submeter-se à organização do Partido, e não lhe permitem apelar para os organismos superiores, mas insistem em que admita imediatamente seus erros. No caso de o camarada atacado ter admitido todos os seus erros, não se preocupam em ver se o problema de princípio ou de ideologia foi solucionado ou não. Já aconteceu dentro do Partido que, durante uma luta, certos camaradas admitiram mais erros do que haviam cometido. A fim de evitar ataques acharam melhor aceitar todas as acusações. Conquanto tivessem admitido todos os erros, continuavam sem saber do que se tratava. Isso vem provar que tais métodos de luta não podem alimentar a firmeza de um comunista em ser fiel à verdade.
Quarto, os métodos de luta dentro do Partido são confundidos com os métodos de luta fora do Partido. Alguns camaradas aplicam mecanicamente os métodos de luta interna no Partido a organizações de massa não partidárias e na luta contra dirigentes e elementos de massa não partidários. Por outro lado, alguns camaradas empregam os métodos de luta fora do Partido e os de luta contra o inimigo e contra elementos estranhos na luta contra camaradas do Partido. Empregam todos os meios de provocação, afastamento e conspiração. Usam toda espécie de medida administrativa, como vigilância, detenção, julgamento, etc., na luta interna no Partido. Por exemplo, o erro “esquerdista” cometido por alguns camaradas na perseguição de traidores deve-se sobretudo ao fato de não terem estabelecido uma demarcação nítida entre a luta dentro do Partido e a luta fora dele e terem misturado a luta ideológica dentro do Partido com a campanha contra os traidores. Muitas vezes há espiões inimigos escondidos dentro do Partido. Mas, precisamos basear-nos em fatos quando lutamos contra esses inimigos ocultos, desancá-los e expulsá-los do Partido. Mas isso é completamente diferente da luta travada para educar membros do Partido que cometeram erros. Deve haver uma nítida linha de demarcação entre essas duas coisas. A luta dentro do Partido e a luta fora do Partido estão estreitamente ligadas, mas os métodos e formas de uma e outra devem ser diferentes.
Ainda há alguns camaradas (na realidade não podem mais ser chamados camaradas) que se apoiam abertamente em forças de fora do Partido e as utilizam para realizar luta dentro do Partido, para fazer chantagem e para intimidar o Partido. Baseando-se, por exemplo, em alguns dos seus feitos, em suas tropas e armas, em seu prestígio entre as massas e em suas relações com determinado setor da frente única, certos elementos abriram luta contra o Partido e os órgãos dirigentes. Exercem pressão sobre a direção e o Partido para que aceitem suas exigências e opiniões. Tomam uma atitude independente em relação ao Partido e se declaram independentes do Partido. Ou então, aproveitam-se de jornais, revistas e conferências fora do Partido, mesmo os da burguesia e do inimigo, para realizar luta contra os organismos dirigentes do Partido e contra certos camaradas e quadros. Evidentemente, esse é um erro tão sério como o do outro grupo de pessoas que, baseando-se no prestígio do Partido, coagem, controlam e oprimem as massas, fazendo chantagem e impondo penalidades a pessoas estranhas ao Partido. Colocam-se em uma posição não partidária e travam luta contra o Partido. Assim, conquanto comunistas de nome, tais pessoas já se afastaram completamente das posições partidárias e tornaram-se inimigas do Partido.
Quinto, muitos problemas do nosso Partido são resolvidos em reunião ou através de reuniões. Isso é bom. Mas em vários organismos, muitas reuniões são realizadas sem preparação ou sem estudo e pesquisas prévias. Assim, muitas opiniões divergentes são expressas e frequentemente travam-se discussões durante as reuniões. E como as conclusões são sempre tiradas pelos membros da direção e as conclusões nessas reuniões equivalem a resoluções, estas são frequentemente falhas. Verifiquei que divergências surgidas em certas reuniões ficaram muitas vezes esperando decisão do instrutor, do secretário de um Comitê do Partido ou de algum outro camarada responsável. Mas o próprio camarada responsável não tinha nenhuma certeza nem clareza sobre o assunto. Mas, como o problema era premente, ele tinha de chegar a uma conclusão qualquer, pois do contrário não poderia continuar a ser um camarada responsável. Esse camarada responsável tinha de chegar a uma conclusão e em muitos casos sentia-se muito embaraçado, suava por todos os poros. Tirava uma conclusão apressada e essa conclusão tornava-se uma resolução. Decidiam-se coisas de acordo com essa conclusão e naturalmente cometiam-se muitos erros. Alguns camaradas, quando não se sentem bastante seguros para tomar uma decisão sobre um problema, não querem dizer que não se sentem seguros e que precisam de tempo para estudar e considerar o assunto ou para levá-lo a companheiros de um organismo superior. Não obstante, fingem que já estão seguros para salvar as aparências e manter suas posições. Tomam uma decisão ao acaso e esta se revela frequentemente incorreta. Estas coisas também devem ser corrigidas.
Ao tratar quaisquer problemas, nossos camaradas devem assumir esta atitude: “se sabe uma coisa, diga que sabe; se não sabe, diga que não sabe”; e não devem “dizer que sabem o que realmente não sabem”. Os problemas dentro do Partido não podem ser resolvidos de maneira arbitrária. Todas as reuniões devem chegar a conclusões. Mas assuntos que não podem ser decididos ou problemas ainda mal definidos ou que ainda não foram esclarecidos, não devem ser decididos ao acaso. Assuntos resolvidos devem ser assuntos sobre os quais se tenha completa certeza. Assuntos sobre os quais não haja certeza devem ser reservados para consideração posterior ou então encaminhados aos organismos superiores. A conclusão em uma reunião não precisa ser feita necessariamente pelo camarada mais responsável ali presente. Quem quer que faça o informe, pode tirar as conclusões, depois da discussão. Mas a conclusão a que chegou esse camarada não deve necessariamente equivaler a uma resolução. A resolução da reunião pode ser diferente da conclusão a que chegou esse camarada. É esse também o estilo de trabalho do Partido Comunista (b) da União Soviética.
Estas são algumas manifestações características da luta mecânica e excessiva dentro do Partido.
Os exemplos que citei acima são, naturalmente, dos de pior tipo. Isso não significa que nossa luta interna no Partido, no passado e no presente, tenha sido sempre assim. Mas tais formas de luta interna no Partido existem atualmente e durante um certo período ocuparam uma posição predominante, tomando-se a principal forma de luta interna no Partido.
Que resultados produziram essas formas incorretas e impróprias de luta interna no Partido? Produziram os seguintes maus resultados;
Os maus resultados mencionados acima ocorreram dentro do Partido e alguns deles ainda estão para ser eliminados.
Estas formas mecânicas e excessivas de luta interna no Partido criaram condições anormais na vida do Partido por muito tempo e causaram grandes perdas. Se bem que tenham sido corrigidas nos órgãos dirigentes e, de um modo geral, tenham deixado de ser formas dominantes da luta interna no Partido como um todo, no entanto, em certos organismos intermediários e de base e em certas organizações isoladas, essas formas de luta ainda não foram corrigidas e continuam a prevalecer em diferentes graus. Como resultado, a vida nesses organismos continua anormal. Devemos, pois, chamar seriamente a atenção para esse desvio, a fim de podermos eliminá-lo totalmente de nossa organização e a fim de que nossos camaradas não repitam esses erros e possam, de maneira correta e firme, conduzir a luta ideológica dentro do Partido, impulsionando-o para a frente.
Camaradas!
Agora vou discutir outro desvio das lutas internas no Partido — a luta sem princípios dentro do Partido. Esse fenômeno vigora muito especial e seriamente no Partido Chinês. Se bem que exista a chamada “tendência a mexericos" nos Partidos de países estrangeiros, não creio que a situação seja tão séria como no Partido Chinês. Devemos, pois, elucidar plenamente nossos camaradas sobre esse fenômeno e tomar as medidas necessárias para combatê-lo; do contrário, o empecilho à unidade e ao trabalho do Partido será muito grande.
Que são disputas e lutas sem princípios dentro do Partido?
Mantenho o ponto de vista de que as seguintes disputas e lutas são sem princípios, isto é, constituem um afastamento da posição comum e dos princípios que representam os interesses revolucionários do nosso Partido e do proletariado.
Em primeiro lugar, alguns camaradas não levantam questões nem abrem luta contra outros camaradas do ponto de vista da posição do Partido ou na base dos interesses de todo o Partido, mas levantam questões e abrem luta contra outros camaradas dentro do Partido do ponto de vista de seus interesses pessoais ou de grupo. Em outras palavras, a posição deles nas lutas internas de Partido não é correta. Portanto, seus pontos de vista, política e métodos com relação às questões não são corretos. Eles favorecem ou advogam quaisquer medidas, desde que elas beneficiem a eles mesmos ou a poucas pessoas. Opõem-se ou rejeitam quaisquer medidas que não beneficiem a eles mesmos ou a um grupo. Não se importam se tais medidas beneficiara ao Partido ou à Revolução; ou então põem essas medidas de lado como assunto de importância secundária. Assim, o que essas pessoas combatem ou defendem é inteiramente sem princípios, um afastamento dos princípios do Partido e da Revolução. Em outras palavras, seu princípio não é o princípio do Partido e da Revolução, mas o de seus interesses pessoais. Se alguém toma seus próprios interesses como princípio, então esse seu princípio e interesses entram certamente em conflito com os de outros, conduzindo à luta de uns contra outros.
Por exemplo, alguns de vós discutistes ou brigastes por causa de ordenanças, cavalos, comida, roupa, cuidados médicos, promoção, etc. Tais questões caem na categoria das questões pessoais e sem princípios. Esses camaradas não sugerem princípios gerais de como ordenanças, cavalos, comida, roupa e cuidados médicos devem ser distribuídos para que o Partido se beneficie e não pedem ao Partido ou à escola que adotem esses princípios, mas levantam questões tais como: por que não me dão um ordenança ou um cavalo? Por que não me dão assistência médica? Por que não me promovem? Por que não me dão boa comida e roupa? Tudo é centralizado no “eu” e tudo procede da posição do “eu” e dessa maneira nascem disputas e lutas dentro do Partido. Portanto, desde que eles estejam pessoalmente satisfeitos, mesmo que as coisas não andem bem, não se importam. Essa é uma espécie de luta sem princípios.
Tomemos outro exemplo. Alguns camaradas se opõem ao esbanjamento do ponto de vista dos interesses do Partido ou da posição do Partido. Apontam exemplos de extravagância que violam o princípio de austeridade e os criticam e opõem-se a eles. Apresentam também propostas econômicas e pedem ao Partido que as adote. Isso é correto.
Mas existem outros camaradas que não se opõem ao esbanjamento do ponto de vista dos interesses ou da posição do Partido. Levantam questões tais como: alguns desperdiçam tanto dinheiro, alguns tiveram tanta comida tão boa, alguns tiveram roupas tão boas, alguns tiveram... Então por que não posso eu comer assim, gastar dinheiro assim e ter roupas assim? Será porque não sou um veterano, ou será porque não prestei serviços ao Partido? Ele então se ergue e luta sob a palavra de ordem contra o esbanjamento. A razão é simplesmente que ele ainda não teve a oportunidade de desperdiçar como os outros. Esta é também uma espécie de luta sem princípios.
Outro exemplo. Em Ahnwei Oriental os funcionários do governo recebiam um pequeno salário(2). De modo que alguns camaradas solicitaram ir trabalhar nas organizações governamentais, com o fito de receber um salário. Quando lhes foi negada a permissão, eles lançaram uma luta de oposição ao pagamento de salário aos funcionários. Além disso, eles não fizeram sugestões algumas, em princípio, sobre como os salários dos funcionários deveriam ser estabelecidos para depois discuti-las. Essa também é uma espécie de luta sem princípios.
Em segundo lugar, alguns camaradas incentivam disputas e abrem lutas dentro do Partido, não com a intenção de melhorar os negócios do Partido, mas com a intenção de piorá-los, ou com segundas intenções. Tais intenções são incorretas. É também uma espécie de luta sem princípios.
Por exemplo, para brilhar, para manter posição pessoal, para salvar as aparências, ou mesmo para se vingar de outros, alguns camaradas, não levando em consideração a situação e condições do momento, abrem lutas contra outros camaradas, atrapalhando-lhes as tarefas e planos e minando a ordem e união no Partido. Isto também pertence a essa categoria de luta sem princípios.
Em terceiro lugar, alguns camaradas não levantam questões na base de princípios, pedindo ao Partido que adote ou abandone alguma coisa, mas sim na base de sentimento pessoal, de prazer ou desprazer. Praguejam e se enfurecem contra pessoas porque desejam ter uma satisfação momentânea e dar vazão a seus maus sentimentos e rancores. Esta é também uma espécie de luta sem princípios. Existem outros camaradas que, devido à sua experiência limitada e a seu baixo nível teórico, são incapazes de levantar questões e discutir na base de princípios. Abrem lutas absolutamente irreconciliáveis com outros camaradas sobre questões que são de natureza isolada, miúda e puramente práticas, questões de política corrente que nada têm que ver com os princípios, em vez de questões relacionadas com princípios gerais. Por isso, esta é também uma espécie de luta sem princípios na qual não se deveria insistir.
Por exemplo, alguns camaradas mantêm pontos de vista diferentes com relação a certas batalhas, certas ações, certas formas de luta ou certos métodos de organização. Atêm-se aos seus pontos de vista, e discutem interminàvelmente sem tocar no princípio geral de tática e de planejamento estratégico, na política geral de ação e na forma de luta e de organização em geral, etc. Suas questões são levantadas incorretamente; em geral, a conclusão não pode ser justa, assim como os pontos de vista divergentes, e o resultado frequentemente são palavreados infrutíferos e inúteis.
Em quarto lugar, a luta interna no Partido é feita por meios leais ou desleais, sem passar pelo processo de organização prescrito. Os exemplos são: atrair ou atacar camaradas de uma maneira sem princípios dentro do Partido; provocar barulho e causar dissensão entre os camaradas; planejar conspirações contra outros camaradas e preparar-lhes armadilhas; não dizer nada na frente do camarada, mas falar dele pelas costas, fazer críticas irresponsáveis contra o Partido; mexericar, espalhar boatos; mentir e espalhar difamações contra outros camaradas, etc.
As lutas mencionadas acima são sem princípios. Além disso, há camaradas que misturam na luta de princípios certos elementos de lutas sem princípios ou movem luta sem princípios sob a bandeira das lutas de princípios. Outros há que estão particularmente interessados na disputa entre duas determinadas pessoas, e na relação anormal entre uma e outra, mas que não estão interessadas no conteúdo dessa disputa.
Todas essas lutas sem princípio dentro do Partido não são boas; pelo contrário, são prejudiciais ao Partido.
Alguns camaradas poderão perguntar: que é princípio? Quais as questões de caráter puramente prático que nada têm que ver com princípios? Quais são as questões de política atual? Por que nessas ocasiões não posso manter meus pontos de vista e por que tenho que ceder a outros que divergem de mim?
Camaradas! Essas questões precisam ser realmente esclarecidas.
Que é princípio? Encarado puramente do ângulo teórico, entende-se por princípio o conjunto de leis gerais que regem o desenvolvimento das coisas. As coisas especiais são regidas por leis especiais de desenvolvimento. As coisas similares, no seu conjunto, por leis similares de desenvolvimento. Entendemos por princípio uma questão de método que se emprega no exame e no manejo de problemas de acordo com as leis gerais que regem o desenvolvimento das coisas. Se essas leis estão erradas, se nossa posição, nossos pontos de vista e nossos métodos estão errados, sem dúvida haverá erros de observação e no manejo da questões. Se compreendermos erroneamente as leis que regem o desenvolvimento de certos problemas, nesse caso o método pelo qual tratarmos tais problemas estará certamente errado. Portanto, nunca deveremos tratar levianamente uma questão de princípio. Se ocorrerem erros de princípio, então, não somente ocorrerão erros individuais, mas também erros de natureza sistemática, persistente, que afetam uma série de problemas práticos.
Quais os problemas de política atual que nada têm que ver com princípios e quais os de caráter puramente prático?
A maioria deles são problemas individuais de rotina e vida diária. Por exemplo, mobilizar e organizar as massas é um problema de princípio e nisso estamos todos de acordo.
A tarefa de mobilizar e organizar as massas deve ser concentrada e dirigida por organizações de massa, cabendo também ao exército ajudar e tomar parte em tal tarefa. Todas essas são questões de princípio, sobre as quais estamos de acordo. Isto é, não temos opiniões diferentes com relação aos princípios. Mas alguns de nossos camaradas são de opinião que os órgãos de transporte civil e o departamento de transporte civil do exército deveriam ser temporàriamente dispensados e o pessoal enviado para trabalhar em organizações de massa. Outros camaradas acham que o órgão de transporte civil não deve ser dispensado. Alguns sugerem que a organização de massa deva ser dividida em quatro departamentos, ao passo que outros optam por cinco. Todos esses problemas são de caráter puramente prático. Nenhum deles constitui problema de princípio.
Outro exemplo: no presente momento, o princípio geral de estratégia de nossa guerra de resistência por trás das linhas inimigas é o de guerrilhas espalhadas. Caso não haja divergências entre nós nessa questão, isto significa que não há opiniões divergentes quanto ao princípio de estratégia. Suponhamos que haja um certo comandante que, forçado pelas circunstâncias, ou devido a uma circunstância especialmente vantajosa, trave uma batalha de tática móvel que resulte em vitória ou derrota. Eis aí um problema prático individual que nada tem que ver com a questão de princípio. Mesmo que uma ou duas dessas batalhas constituam erros, estes continuam individuais, desde que o comandante não considere como princípio travar operações móveis atrás das linhas inimigas. Talvez, devido a uma situação específica ele trave uma batalha não de todo má. Por consequência, não devemos persistir em nossos próprios pontos de vista e discutir interminavelmente essas questões individuais e puramente práticas.
Outro exemplo: nosso exército, equipado como está hoje em dia, não deve, em princípio, atacar as posições fortes e as grandes cidades do inimigo. Se estivermos de acordo sobre este princípio, então seria uma questão de prática individual que nada teria que ver com princípio, se nós, numa situação especial ou devido a uma necessidade especial, lançássemos uma ofensiva e tomássemos uma certa posição ou uma cidade inimiga.
Entretanto, se disserem que, desde que tomamos essa fortaleza ou cidade, podemos desfechar ataques imediatamente a todas as posições e cidades inimigas, levanta-se então a questão de princípios. Durante o período da guerra civil, alguns camaradas advogavam ataques a cidades grandes e faziam o Exército Vermelho atacar certas cidades principais. Era um problema prático que se ligava a princípios, porque seus ataques a grandes cidades eram motivados pela sua opinião de que, em princípio, o Exército Vermelho deveria atacar grandes cidades. Num problema prático assim, que envolve princípios, não devemos ceder com relação aos princípios. Deveríamos continuar a defender, em princípio, que não convinha atacar as grandes cidades.
É frequente haver várias soluções para problemas concretos e práticos. É frequente haver vários caminhos possíveis a se tomar de um lugar para outro. Tais caminhos e estradas têm seus respectivos méritos e desvantagens, conforme as situações a serem enfrentadas. Alguns são mais vantajosos, porém arriscados, assim, por garantia, é melhor tomar os caminhos e estradas menos vantajosos.
Portanto, se houver opiniões divergentes nas questões puramente práticas, desde que essas não envolvam princípios, devemos esforçar-nos por fazer concessões, aceitar e apoiar a opinião de outros. “Saiba ceder”, e as questões poderão ser tratadas sem atritos e prontamente solucionadas. Não devemos persistir sempre em nossas opiniões e sempre pedir aos outros que abandonem as suas, que aquiesçam, nem devemos tratar as questões de acordo com as nossas opiniões. Se assim fizermos, estaremos apenas atrasando a solução, obstruindo o progresso do trabalho, aguçando as disputas e aumentando a tendência a palavrórios inúteis e obstruindo a unidade entre os camaradas. É por isso que devemos ceder na medida do possível aos membros do Partido que tenham opiniões, diferentes sobre questões puramente práticas.
Agora, sabemos quais são as questões de política atual que nada têm que ver com o princípio e quais as de caráter puramente prático. São questões que nada têm que ver com o objetivo da luta e a forma de luta com que pretendemos atingir o objetivo, as quais não envolvem estratégia e tática, não têm ligação alguma com nossa posição geral e com nossa posição nas questões específicas. Os exemplos anteriores são questões dessa espécie.
Em resumo, o princípio geral que nos guia no tratamento de todas as questões está no interesse da luta do Partido e do proletariado. Tudo deve subordinar-se a esse princípio geral. Todos os pontos de vista, opiniões e ações contra esse princípio geral devem ser combatidos. Os vários princípios dividem-se em grandes e pequenos princípios. A lei consiste em que a parte esteja subordinada ao todo; que os interesses imediatos aos de grande alcance; os pequenos princípios aos grandes. Não é possível haver conciliações ou concessões quando se trata de divergências sobre princípios. Devemos deslindar as questões para chegar a um acordo. No entanto, em todas as questões que nada têm que ver com princípio, devemos ser conciliadores, não lutar nem discutir com excessiva ênfase, para não prejudicar nosso trabalho e enfraquecer nossa união.
Uma vez ouvi um camarada dizer que enquanto sua posição política na luta interna no Partido fossem “corretas”, não importava, ou era de importância secundária, que cometesse alguns erros de organização. Achava, pois, que na luta interna era permissível lutar contra seus oponentes por vários meios incompatíveis com a disciplina de organização. Tal argumento e tal ponto de vista são evidentemente incorretos, pelo fato de considerar ele contraditórias entre si a linha política e a linha de organização. Desconhecia ele que desmoralizar a ordem e a organização dentro do Partido é cometer o maior dos erros em questão de princípio. E isso é hoje em dia mais verdadeiro do que nunca. Prejudicar a união e a solidariedade dentro do Partido é dar o melhor auxílio ao inimigo, é danificar seriamente os interesses do Partido e do proletariado e cometer o mais sério dos erros de principio.
Com respeito a essa questão, assim como a muitas outras questões de princípio, deveriam todos os nossos camaradas fazer o máximo esforço para discernir as várias questões de princípio e o grau de sua influência de momento sobre os interesses do Partido. De acordo com a lei segundo a qual os pequenos princípios devem subordinar-se aos grandes, a parte ao todo, decidiremos sobre quais as questões de princípio em que não devemos persistir e fazer concessões temporárias e sobre quais as que devemos persistir defendendo sem fazer qualquer concessão.
Para manter a solidariedade e a união interna no Partido devemos, por vezes, ceder temporariamente aos companheiros que têm opiniões divergentes sobre certas questões de princípio que, relativamente, não são tão importantes nem urgentes; não devemos levantar no momento tais questões, nem insistir em discuti-las. Em vez disso, devemos dar mais ênfase a questões urgentes que no momento são de grande consequência. Naturalmente, não se trata em absoluto de ceder em matéria de princípios ou de adotar uma linha intermediária de concessão em face de uma ação real e submissão à decisão majoritária.
As questões anteriores dizem respeito à luta partidária sem princípio.
De onde vem a luta sem princípios dentro do Partido e a luta interna mecânica e excessiva? Quais as suas origens? Elas se originam do seguinte:
Tais são as origens dos vários desvios na luta interna no Partido.
Desde o começo, nosso Partido submeteu-se a severas autocríticas e teve lutas internas. Isso é absolutamente necessário e muito bom. Em nossa luta interna muito se tem feito corretamente e de forma adequada. Por isso, em muitos casos, nosso Partido tem obtido resultados nas lutas internas, e, até certo ponto, elevado o seu nível teórico. Não se pode negar que tais críticas e lutas internas são a forca propulsora de nosso Partido, no caminho do progresso. Não é possível dispensá-las. Não obstante, também não podemos negar que no longo desenvolvimento histórico de nosso Partido, em nossa luta interna do passado, existiram os típicos desvios e erros mencionados acima e, em muitos casos, a luta interna não foi conduzida de maneira correta. Disso resultou havermos pago caro pelas nossas lutas internas. Assim, o que devemos fazer hoje em dia é aproveitar os erros passados, fazer com que não tenhamos pago altos preços em vão, e procurar aumentar o progresso do Partido estudando as históricas lições das lutas partidárias internas do passado.
Para obter maiores resultados na luta partidária interna e atingir progresso maior com menos prejuízo e sofrimento – essa é a política da presente e futura luta partidária interna que devemos estabelecer estudando as lições históricas de luta interna do Partido Chinês. Para esse fim, é necessário que corrijamos bem os vários desvios e erros da lutas partidárias internas do passado e que levemos a cabo de maneira efetiva e apropriada as lutas internas no Partido.
Camaradas!
Agora a questão está muito clara. Consiste no modo pelo qual a lula interna no Partido deve ser conduzida de maneira correta e apropriada.
Sobre essa questão, os partidos comunistas da União Soviética e de muitos outros países possuem muita experiência e assim também o Partido Chinês. Lênin e Stálin, assim como o Comitê Central de nosso Partido, muitos ensinamentos nos proporcionaram. Nossos camaradas devem fazer um estudo cuidadoso dessas experiências e instruções que também serão discutidas quando chegarmos à questão da construção do Partido. Hoje não tocarei no assunto. Exporei aos nossos camaradas, na base da experiência de luta interna do Partido Chinês, apenas os pontos seguintes.
Antes de mais nada, devem os camaradas compreender que luta partidária interna é matéria da maior seriedade e responsabilidade. Devemos conduzi-la com a mais rigorosa| e responsável atitude e nunca descuidadamente. Devemos primeiro adotar integralmente a atitude partidária correta, a atitude desinteressada de servir aos interesses do Partido, de fazer um trabalho melhor e de ajudar outros camaradas a corrigir seus erros e adquirir uma melhor compreensão dos problemas. Nós próprios devemos ser claros sobre fatos e problemas, fazendo uma investigação e um estudo sistemáticos. Ao mesmo tempo, devemos continuar com lutas internas sistemáticas, bem preparadas e bem conduzidas.
Os camaradas devem compreender que somente quando se toma uma atitude correta é que se pode retificar o que haja de incorreto na atitude de outros. Somente quando nos portamos bem é que podemos corrigir o mau comportamento de outros. Diz o velho ditado: “Antes de corrigir aos outros, corrija a si mesmo.”
Só quando não vacilamos é que podemos ajudar os elementos vacilantes a dominar suas vacilações.
Só quando estamos armados de teorias e princípios corretos, é que podemos dominar as teorias e princípios incorretos dos outros.
Só quando temos uma compreensão clara da questão de princípio é que podemos ajudar a esclarecer a confusão dos outros. Só quando coligimos muitos dados verdadeiros sobre problemas específicos e estudamos sistemàticamente esses problemas, é que podemos ser úteis a outros camaradas e ao Partido.
Se um camarada não fizer isso, se ele próprio em primeiro lugar não adotar a posição correta e não dominar os princípios corretos, se não encarar a situação objetiva de acordo com os princípios, ou não estudar sistemàticamente os problemas, ou mesmo se tiver alguma deficiência especial e não estiver bastante a par de certos pontos, não estará capacitado a dominar o que haja de incorreto em outros, no curso da luta interna no Partido. Se apesar de tudo isso, ele persistir teimosamente na luta, toda a probabilidade é de que acabará no caminho errado.
Somente duros fatos objetivos, somente experiências provadas na prática e somente a verdade podem triunfar sobre tudo.
Nossa autocrítica e luta partidária interna não têm como fito enfraquecer a organização, a coesão, a disciplina e o prestígio do Partido ou obstruir o progresso de seu trabalho. Pelo contrário, têm por objetivo fortalecer a organização e a coesão de nosso Partido, aumentar a sua disciplina e o seu prestígio e acelerar o progresso de seu trabalho. Assim, não se deve permitir que a luta partidária interna siga seu próprio curso e acabe na ultrademocracia. Dentro do Partido não são permitidos nem o patriarcalismo nem a ultra-democracia. Esses são os dois extremos de vida anormal dentro do Partido.
A luta partidária interna deve ser conduzida com o maior senso de responsabilidade para com o Partido e para com a Revolução.
Segundo: os camaradas devem compreender que a luta interna no Partido é bàsicamente uma luta entre diferentes ideologias e princípios dentro do Partido. Representa o antagonismo entre diferentes ideologias e princípios dentro do Partido. É imperativamente necessário estabelecer uma nítida linha de demarcação entre ideologia e princípio. Mas com respeito à organização, à forma de luta, à maneira de falar e criticar, os camaradas devem ser o menos antagônicos possível, devem esforçar-se por discutir ou argumentar de maneira calma, e devem procurar por todos os modos não adotar medidas orgânicas e não tirar conclusões de organização.
Os camaradas, ao conduzirem uma luta interna no Partido, devem procurar assumir uma atitude educativa, sincera, franca e positiva, a fim de conseguirem unidade ideológica e de princípio. Só nos casos em que não haja alternativa, quando se julgar imperativo, devemos adotar formas militantes de luta e aplicar medidas orgânicas. Todos os organismos do Partido dentro de limites apropriados, têm pleno direito de tirar conclusões orgânicas com respeito a qualquer membro do Partido que persista nos seus erros. A aplicação de medidas disciplinares no Partido e a adoção de medidas orgânicas são, sob certas circunstâncias, absolutamente necessárias.
Tais medidas, no entanto, não podem ser usadas de maneira casual ou indiscriminada. A disciplina partidária não pode ser mantida apenas com a punição de camaradas pelos organismos partidários. A manutenção da disciplina e a união do Partido não dependem, em geral, do castigo do camarada (se tiverem que ser mantidas dessa maneira, isso significa crise dentro do Partido), mas sim da efetiva unidade do Partido em ideologia e princípio e da consciência da vasta maioria de membros do Partido. Quando estivermos absolutamente esclarecidos com relação à ideologia e principio será fácil, se necessário, chegarmos a conclusões de organização. Não nos leva um minuto para expulsar membros do Partido ou anunciar o afastamento voluntário do Partido.
No que se refere a ideologias e princípios diferentes, a persistência, oposição e argumentação dos camaradas não podem ser separadas da obediência que devem ao organismo do Partido, à maioria e aos escalões superiores do Partido, pois do contrário não haveria nem unidade do Partido, nem unidade de ação. Os camaradas nunca devem, por uma insistência de princípios, fazer oposição orgânica ao Partido, desobedecer a maioria e os dirigentes, e começar a atuar de maneira independente. Isso constituiria uma violação da disciplina fundamental do Partido.
O método correto que devemos adotar na luta partidária interna é o seguinte: militância na luta em torno de princípios e ideologias e a menor militância possível com relação à organização e formas de luta. Muitos camaradas cometeram erros porque, por um lado, não havia luta ou diferenças nítidas com respeito a ideologias e princípios, mas, por outro lado, havia luta excessiva com respeito à organização e formas de luta. Discutiam até ficar vermelhos, insultavam-se e querelavam tanto entre si que evitavam se encontrar. Nascia entre eles um ódio profundo. Mas o estranho é que não se notava entre eles diferenças definidas em questão de princípio ou de ideologia.
Terceiro: as críticas dirigidas contra os órgãos do Partido ou contra os camaradas e seu trabalho devem ser apropriadas e equilibradas. A autocrítica bolchevique é conduzida de acordo com o estalão bolchevique. A crítica excessiva, o exagerar os erros de outrem e os insultos indiscriminados são sempre incorretos. Não é o caso de, quanto mais violenta a luta interna no Partido, tanto melhor; mas sim de que esta luta deve ser efetuada com equilíbrio e dentro de limites apropriados. É tão indesejável avançar demais como avançar pouco.
Os camaradas, ao criticarem ou apontarem os erros dos outros, devem ater-se aos pontos mais importantes e salientar as mais importantes saídas. Devem explicar os problemas aos outros de maneira sistemática e clara para que esses problemas possam ser solucionados. Não devem empilhar, pouco a pouco, erros alheios, assim como fatos aparentemente verdadeiros, e simplesmente apontá-los. Isso fará os outros pensarem que se está deliberadamente encontrando erros nos demais, atacando-os e golpeando-os.
Quando se estiver apreciando ou criticando um determinado camarada, deve-se não somente apontar suas deficiências e erros, como se ele só apresentasse isso, mas também reconhecer suas realizações, os serviços meritórios que prestou, seus pontos de vista positivos e suas opiniões corretas. Mesmo que só uma parte, e uma parte mínima de sua opinião, seja correta, essa deve ser mencionada e não esquecida. Só assim se pode fazer uma apreciação e uma crítica completas, bem como ajudá-lo a melhorar e convencê-lo de seus erros.
Este é o método que deveríamos adotar nas lutas internas do Partido; críticas, atitudes e métodos apropriados, em lugar de “avançar demais ou muito pouco”.
Quarto: a realização das reuniões de luta, quer dentro, quer fora do Partido, devem, de um modo geral, acabar. Os vários defeitos e erros deveriam ser apontados no curso do balanço e análise do trabalho. Primeiro devemos tratar do “caso” e depois da “pessoa”. Devemos primeiro tornar claros os fatos, os pontos em questão, a natureza, a seriedade e a causa dos erros e defeitos, e só então apontar os responsáveis por esses erros e defeitos, bem como de quem é a maior e a menor responsabilidade.
Não devemos começar investigando quem é o responsável por esses erros e enganos. Desde que um camarada tenha cometido um erro sem intenção, e esteja plenamente ciente disso e se corrigindo, devemos recebê-lo de braços abertos e não nos tornarmos enfadonhos. Nossa política, nas lutas internas, não consiste em atacar nossos quadros e camaradas. Tal política seria, em essência, a mesma da classe exploradora, que aplica o chicote e a repressão política contra a classe operária. Nossa política é de assistência mútua e de mútuo exame entre os quadros.
Quanto a camaradas especialmente intratáveis, que frequentemente violam as decisões, a disciplina e a ética comunistas, é permissível, e às vezes até essencial, fazer reuniões específicas de julgamento, quando se torna impossível argumentar com eles em questões de princípio. Mas seria errado generalizar essa prática.
Quinto: deve-se dar todas as oportunidades de apelo aos camaradas que foram criticados ou punidos. Via de regra, ele deve ser pessoalmente notificado de todas as anotações ou conclusões orgânicas que tenham sido tomadas sobre ele, e isto na sua presença. Se ele então não concordar, o caso, depois de discutido, pode ser entregue a uma autoridade superior. (No caso de alguém não se mostrar satisfeito depois de ter sido punido, o organismo do Partido em questão deve remeter o caso a um escalão superior, mesmo que o próprio camarada não queira fazer apelação). Nenhum organismo do Partido pode impedir um camarada que tenha sido punido de apelar para o escalão superior. Nenhum membro do Partido pode ser privado do direito de apelar. Nenhum órgão do Partido pode reter qualquer apelo.
Em questões de ideologia ou princípio, o membro do Partido interessado pode apelar diretamente para um Comitê superior do Partido ou até para o Comitê Central, passando por cima do organismo partidário a que pertença. No entanto, ao fazer esse apelo, o camarada deve primeiro explicar inteiramente os seus pontos de vista, suas razões e divergências e expor isso de forma clara ao seu organismo, antes de fazer um apelo à Direção. Não deve ficar calado no seu organismo, enquanto fala irresponsavelmente à Direção, numa tentativa de enganá-la. Uma vez feito o apelo, a decisão final fica nas mãos da Direção, que pode cancelar, reduzir ou aumentar as medidas disciplinares tomadas contra o camarada por um comitê de nível mais baixo.
Em questões de ideologia ou princípio, se não se chega finalmente a um acordo dentro do órgão do Partido depois de discussões, a questão pode ser resolvida por uma decisão majoritária. Depois disso, a minoria, que ainda mantém opiniões diferentes, pode ter o direito de mantê-las, sob a condição de aceitar completamente a decisão da maioria com respeito a questões orgânicas e suas atividades.
Quando um comitê do Partido de nível mais elevado ou um órgão dirigente é solicitado, por um certo número de camaradas ou comitês do Partido de nível mais baixo, a fazer uma reunião com o intuito de examinar o trabalho, o comitê do Partido de nível mais elevado deve, sempre que possível, fazer tal reunião para reexaminar o trabalho.
Sexto: devem ser estabelecidas uma linha nítida e uma ligação entre as lutas realizadas dentro do Partido e as efetuadas fora dele. Uma luta fora do Partido não deve adotar as mesmas formas que a luta interna, nem vice-versa. Deve-se ter um cuidado especial em evitar o aproveitamento de forças e condições exteriores nas lutas contra o Partido ou em intimidar o Partido. Todos os membros devem ter o maior cuidado em manter severa vigilância, a fim de que os trotskistas e elementos contrarrevolucionários camuflados não se aproveitem dos conflitos e lutas internas para desenvolver suas atividades subversivas. Os membros do Partido, nas lutas internas, não devem permitir serem utilizados por esses, elementos. Isso pode ser feito observando estritamente a disciplina e realizando corretamente a luta interna.
Dentro do Partido só são permitidas as lutas abertas e as lutas ideológicas. Não é permitida qualquer forma de luta que viole os estatutos e a disciplina partidária.
Sétimo: a fim de impedir disputas sem princípios dentro do Partido, é necessário estabelecer as seguintes medidas:
As disputas sem princípios devem ser em geral proibidas, e não devem ser levadas em consideração, pois é impossível julgar quem tem razão e quem está errado nessas disputas.
Quando procuramos solucionar disputas sem princípios entre os camaradas, não devemos nunca começar pela própria disputa, mas analisar e resumir o trabalho dos camaradas, e estabelecer de maneira positiva e do ponto de vista do princípio, as suas futuras perspectivas, o programa de trabalho, linha a seguir, os planos, etc. No curso da apreciação do trabalho deles, e ao estabelecer suas perspectivas futuras, programas de trabalho, diretriz e plano, podemos criticar as opiniões incorretas de certos camaradas, e então perguntar-lhes se ainda mantêm opiniões diferentes. Se assim for, então será uma disputa de princípio. Assim, uma disputa sem princípio se elevará ao nível de disputa de princípio. Se eles não tiverem nenhuma disputa de princípio então devemos pedir-lhes que se unam e lutem juntos pela realização de perspectivas e programas e que abandonem disputas sem princípio. Disputas sem principio devem ser solucionadas através do balanço dos trabalhos passados e pela definição de objetivos presentes, e pelo progresso do trabalho no momento. Somente dessa forma essas disputas podem ser solucionadas.
Nunca devemos ficar no papel de juiz ao tentar solucionar uma disputa sem princípios, porque é impossível julgá-la ou solucioná-la. Se o julgamento não for adequado, ambos os lados não ficarão satisfeitos e a disputa continuará.
Questões tais como a de um certo camarada não confiar plenamente em outro ou ainda suspeitar de outro, etc., não devem em geral ser discutidas, porque de nada adiantará. Tais questões podem ser solucionadas e um determinado camarada só pode ser considerado de confiança e livre de suspeita, apenas no curso de seu trabalho, de sua luta e de seus atos.
Se camaradas introduzem em suas lutas de princípios certos elementos sem princípios, devemos apenas dar ênfase à discussão da questão de princípio e não aos elementos sem princípio, pois do contrário a questão de princípio ficará obscurecida.
Se um camarada provocar uma luta sem princípio sob a capa de luta de princípio, devemos mostrar-lhe que está certo em determinados pontos de princípio e não devemos negar tais princípios porque ele está se utilizando deles, mas devemos fazer-lhe ver que sua posição e método estão errados e dessa forma impedir que uma luta de princípios seja transformada numa luta sem princípios.
Em resumo, a luta partidária interna é fundamentalmente uma forma de luta e controvérsia sobre ideologia e princípio. Dentro do Partido tudo deve ser raciocinado e tudo deve ter uma razão; do contrário, não serve. Podemos fazer tudo sem dificuldades se tivermos raciocinado de antemão.
Dentro do Partido devemos cultivar a prática de raciocinar. O estalão para determinar se esse ou aquele raciocínio é bom, está no fato de que corresponda aos interesses do Partido e da luta proletária; na subordinação dos interesses da parte aos interesses do todo, e na subordinação dos interesses imediatos aos de longo alcance. Todos os raciocínios e pontos de vista são bons quando beneficiam os interesses do Partido, os da luta proletária, os interesses de longo alcance do Partido como um todo e os da luta proletária em conjunto. Do contrário, não presta. Qualquer luta que não se submeta à razão ou que não tenha razão de ser, é uma luta sem princípios. Qualquer coisa que não possa ser solucionada pela razão, deve ser errada; e em tais casos, não se pode chegar a uma conclusão correta ou a uma solução. Se depois de havermos raciocinado, ainda não pudermos chegar a um acordo, então não restará dúvida sobre quem está violando os interesses do Partido e os da luta proletária. Seria então necessário tirar conclusões de organização no caso de camaradas que persistem em seus erros, e o ponto em questão pode ser solucionado sem dificuldade.
A fim de estarmos habilitados a raciocinar sobre as coisas, é essencial haver democracia interna no Partido, e serem resolvidos os problemas por meio de discussões calmas e desapaixonadas. É essencial estudarmos humildemente, elevarmos o nível teórico de nossos camaradas, termos uma ideia clara da situação, e fazermos uma investigação completa do caso e estudarmos cuidadosamente os problemas. Nunca poderemos esclarecer as coisas pelo raciocínio se formos descuidados, subjetivos, faladores, divorciados da prática, e não investigarmos inteiramente o caso, etc.
Se não nos submetermos à razão ou deixarmos de discutir as coisas, então teremos que usar de força, truques, do poder concedido pelo Partido, e até mesmo de trapaças para solução do problema. Nesse caso, não será mais necessária a democracia interna do Partido, pois essa democracia requer que todos nós raciocinemos sobre as coisas para agirmos de acordo.
O que desejo dizer aqui com “raciocínio” não é um raciocínio vazio e aparentemente verdadeiro, mas fatos reais e a verdade real, que devem ser experimentados na prática. Certos intelectuais são dados a conversas ocas e a raciocínios enganadores. Podem falar muito bem sem se basearem em fatos. Podem falar sobre qualquer assunto. Suas palavras são ocas, são gíria partidária e de nenhuma utilidade, porém prejudiciais ao Partido e à Revolução. Portanto, ao promover a prática de submeter as coisas ao raciocínio, é necessário fazer oposição a falatórios ocos e à gíria partidária, e advogar raciocínios materialistas e objetivos que procedam da realidade e que se destinem à prática. Isso quer dizer: “nossas teorias são materialistas”.
Tudo deve ser submetido à razão! Só assim deve ser! Não serviria também se raciocinássemos incorretamente! Seria ainda menos desejável se nos entregássemos a falações ocas! Naturalmente esta é uma tarefa difícil. Mas só dessa maneira podemos nos qualificar como bolcheviques.
Os bolcheviques submetem-se à razão e são defensores da verdade. São uma espécie de gente que compreende claramente o raciocínio e lida com os outros com seriedade e de acordo com esse raciocínio. Não são especialistas de lutas desarrazoadas e irracionais.
Camaradas! Esses são alguns métodos que surgiram sobre a maneira de conduzir lutas internas dentro do Partido.
Sou de opinião que nossos camaradas devem adotar esses métodos nas lutas internas do Partido, ao se oporem às várias espécies de tendências incorretas dentro do Partido e ao examinarem o espírito partidário de cada membro, e especialmente o dos quadros, a fim de que nosso Partido se consolide ainda mais ideológica e organicamente. Esse é o nosso objetivo.
Há 22 anos nasceu o Partido Comunista Chinês, o maior Partido e o mais progressista na história da nação chinesa. Esses anos foram de grande importância. Muitas transformações importantes deram-se no mundo e na China durante esses 22 anos.
Desde o seu nascimento, o Partido Comunista Chinês realizou 3 grandes Revoluções, 3 grandes guerras revolucionárias. A primeira Grande Revolução e a Guerra Expedicionária do Norte, bem como a atual Guerra Nacional Revolucionária Antijaponesa, foram travadas juntamente com o Kuomintang Chinês, mas os dez anos de revolução agrária e a guerra travada pelas regiões soviéticas chinesas foram conduzidas sob a direção exclusiva do nosso Partido. No que se refere ao nosso Partido, as três guerras revolucionárias foram conduzidas continuamente até o presente momento. Muitos comunistas não largam armas há mais de dez anos. Esse fato mostra que a luta armada é a principal forma de luta e a principal forma de organização da revolução chinesa. A existência e o desenvolvimento do Partido Comunista Chinês são inseparáveis da luta armada.
Nas três sucessivas e ininterruptas guerras revolucionárias de âmbito nacional, durante esses 22 anos, nosso Partido passou por provas severas sob todos os aspectos. Ganhou muitas vitórias e sofreu muitas derrotas. Seguiu até agora um caminho extremamente sinuoso e tortuoso. Mas mesmo assim conseguiu manter-se firme no território da grande República Chinesa como uma força invencível e tornou-se um dos fatores importantes e decisivos na vida política da China e em seus acontecimentos históricos.
Precisamente porque o nosso Partido trilhou por vários caminhos sinuosos e suportou duras provas em vários campos, temperou-se, tornou-se particularmente forte e ganhou uma rica experiência em todos os aspectos da luta revolucionária. Pode-se dizer que nesses vinte e dois anos nosso Partido testemunhou mudanças mais importantes e acumulou mais experiências de luta revolucionária em várias formas complexas (quer seja luta armada ou luta de massas, guerra civil ou guerra internacional, luta legal ou ilegal, luta econômica ou luta política, lutas dentro do Partido ou fora dele) do que qualquer outro Partido Comunista no mundo.
É especialmente digno de menção o fato de que nesses longos e extenuantes 22 anos de luta revolucionária foi finalmente possível ao nosso Partido, ao proletariado e ao povo revolucionário de nosso país, encontrar o seu líder no camarada Mao Tse-tung.
Nosso camarada Mao Tse-tung é um grande e resoluto revolucionário que provou sua têmpera em muitas lutas revolucionárias exaustivas durante esses 22 anos, que dominou completamente a estratégia e a tática do marxismo-leninismo e que possui uma infinita lealdade para com a causa da libertação da classe operária chinesa e do povo chinês.
Nosso Partido adquiriu uma experiência extremamente rica, sob todos os aspectos, de luta revolucionária, mas essa experiência ainda não foi bem estudada em seu conjunto. É ainda uma das tarefas mais importantes de todo o nosso Partido hoje em dia fazer um balanço adequado da nossa experiência de luta em todos os seus aspectos, de acordo com os princípios gerais do marxismo-leninismo.
Isto porque um balanço marxista-leninista de tal experiência é um elo da maior importância na unificação, educação e progresso de todo o Partido e na conquista da vitória da Revolução Chinesa.
Se os membros de nosso Partido compreendessem realmente as experiências históricas do Partido ganhariam uma fé e coragem infinitas, e impulsionariam tremendamente tanto seu próprio trabalho como o do nosso Partido em seu conjunto. Estariam capacitados a evitar muitos erros que foram cometidos no passado e a encurtar de muito o curso de seu trabalho e da Revolução.
A experiência da Revolução Chinesa deve ser empregada para educar os revolucionários chineses, e a experiência do Partido Comunista Chinês deve ser empregada para educar os comunistas chineses; só dessa maneira pode-se chegar a resultados mais diretos e práticos. Se pusermos de lado a rica experiência e a luta revolucionária da China, se desprezarmos a rica experiência de luta de nosso Partido nos grandes acontecimentos históricos desses 22 anos, se não estudarmos cuidadosamente tais experiências e aprendermos com elas, mas apenas limitarmos nosso estudo à experiência de revoluções estrangeiras, mais distantes de nós, então estaremos trocando a verdadeira ordem das coisas e teremos que atravessar um caminho muito mais tortuoso e sofrer mais atrasos.
Durante esses 22 anos a experiência de luta de nosso Partido tem sido muito rica e variada. Não me é possível descrever esses 22 anos agora com muitos detalhes. Mas, de todas essas experiências, qual e a mais importante? Considero que a mais importante de todas vem a ser a que se refere à questão do que é um verdadeiro marxista, do que é um verdadeiro bolchevique. Todos sabem que só o marxismo pode salvar a China. Na China há muita gente que se intitula marxista. Mas, que é o verdadeiro marxista e o que é o verdadeiro marxismo? Que é o pseudomarxismo e um pseudomarxista? Esta tem sido uma questão que por muitos anos nunca chegou a ser completamente solucionada entre as massas revolucionárias da China e dentro do Partido Comunista.
Há uma diferença entre o verdadeiro e o falso marxismo, entre os verdadeiros e os falsos marxistas. Essa diferença não é determinada por padrões subjetivos e pretensões de vários indivíduos, mas sim por padrões objetivos. Nada pode ser mais perigoso do que nossos membros do Partido não compreenderem o padrão objetivo que diferencia os verdadeiros dos falsos marxistas, e seguirem cega e inconscientemente os pseudomarxistas na Revolução. Essa lição é a mais penosa das muitas lições penosas que nosso Partido aprendeu.
No passado, nosso Partido sofreu muitos atrasos e fracassos evitáveis e caminhou por muitos atalhos desnecessários. A razão mais importante disso foi que existiam pseudomarxistas dentro do nosso Partido e muitos membros cega e inconscientemente os seguiam, de tal forma que essa gente chegou a ocupar posições dirigentes em certas organizações e em certos movimentos, e mesmo, em certas ocasiões, no Partido em geral. Dessa forma o movimento revolucionário foi levado por caminhos difíceis e dolorosos. Essa é uma experiência amarga contra a qual todos os nossos membros devem ser seriamente advertidos.
Os comunistas chineses não são inferiores aos de qualquer outro país por seu espírito de luta árdua, sacrifício heroico e por sua capacidade de propaganda e de organização. No passado, efetuamos de maneira excelente vários tipos de trabalho. Conseguimos organizar centenas de milhares e mesmo milhões de pessoas, empreendendo a longa marcha de 25.000 “li" (13.000 quilômetros) e organizando bases para continuar resolutamente uma guerra de resistência durante seis ou sete anos na retaguarda do inimigo sob as mais difíceis condições e sem qualquer auxílio, etc. O espírito revolucionário e trabalhador dos comunistas chineses é admirável.
Mas, durante um longo período nossa base ideológica do marxismo-leninismo científico foi deficiente. O que mais nos fez sofrer no curso de nossa história passada foram os erros que surgiram na direção do movimento revolucionário e que causaram ao movimento um prejuízo parcial e às vezes sério, que podia ser evitado. Devemos lembrar essa lição histórica e no futuro solucionar completamente esse problema.
Pode-se dizer que se pudermos garantir que não cometeremos mais erros sérios em questões de princípio na direção de vários aspectos do movimento revolucionário, isto assegurará a vitória da revolução chinesa; porque temos um ótimo espírito revolucionário, a vontade de trabalhar arduamente e as condições objetivas da Revolução Chinesa em geral são muito boas. É necessário apenas acrescentar a correta liderança marxista-leninista para que a Revolução avance passo a passo para a vitória.
Mas como será possível garantir que o nosso Partido não cometerá erros sérios em questões de princípio na direção dos vários aspectos do movimento revolucionário? Isso requer que nossos membros, e acima de tudo os nossos quadros, estejam capacitados a distinguir entre o verdadeiro e o falso marxismo-leninismo, entre os verdadeiros e os falsos marxistas-leninistas; que nas fileiras revolucionárias e no Partido o sistema de pensamento e os agrupamento de várias espécies de pseudomarxistas devem ser esmagados; que as abundantes experiências históricas de nosso Partido durante esses 22 anos devem ser devidamente balanceadas; que nossos estudos devem ser bastante desenvolvidos para aumentar nossa vigilância; que a direção do camarada Mao Tse-tung deve impregnar-se em cada elo e em cada departamento de nosso trabalho.
Desde que surgiu o marxismo, houve verdadeiros e falsos marxistas no movimento marxista. Toda a história do movimento marxista é cheia de lutas entre esses dois grupos. Da mesma forma, no movimento marxista da China houve dois grupos marxistas, e, igualmente, a história está cheia de lutas entre esses dois grupos; isso deve ser inteiramente compreendido por todos os membros de nosso Partido.
Há 20 anos atrás já Stálin havia corretamente analisado esses dois grupos marxistas. Isso também se aplica à China. Stálin disse:
“Há dois grupos de marxistas. Ambos trabalham sob a bandeira do marxismo e se consideram marxistas “autênticos”. E, não obstante, de maneira alguma são idênticos. Ainda mais: separa-os um abismo, porque seus métodos de trabalho são diametralmente opostos entre si.
“O primeiro grupo comumente limita-se a uma aceitação exterior, a um reconhecimento cerimonioso do marxismo. Sendo incapaz ou não desejando alcançar a essência do marxismo, sendo incapaz ou não desejando traduzi-la em realidade, converte ele os princípios vivos e revolucionários do marxismo em fórmulas sem vida e sem sentido.
“Baseia as suas atividades não na experiência, não nos ensinamentos do trabalho prático, mas em citações de Marx. Deduz as indicações e diretivas, não da análise da realidade viva, mas de analogias e paralelos históricos. Discrepância entre as palavras e os atos: tal é a principal enfermidade de que padece esse grupo.
“Daí as decepções e o eterno descontentamento com o destino que a todo momento prega-lhe peças de mau gosto e o deixa “de rabo entre as pernas”.
“Esse grupo é conhecido como mencheviques (na Rússia) e oportunistas (na Europa). O camarada Tyszko (Iogisches) descreveu esse grupo muito bem no Congresso de Londres, quando disse que não se apoiava de pé sobre a plataforma marxista, mas deitava-se sobre ela.
“O segundo grupo, pelo contrário, concede especial importância não ao conhecimento exterior do marxismo, mas à sua aplicação, à sua realização. Determinar de acordo com a situação os caminhos e os meios para realizar o marxismo, modificar esses caminhos e meios quando a situação se modifica: isto é o que merece principalmente a atenção desse grupo.
“Não é de analogias e de paralelos históricos que esse grupo deduz as diretivas e indicações e sim do estudo das condições ,ambientes. Suas atividades não se apoiam em citações e sentenças, mas sobre a experiência prática por meio da qual comprova cada um de seus passos, tirando lições de seus próprios erros e ensinando os demais a edificar a vida nova.
“Isso, efetivamente, explica por que nas atividades desse grupo a ação não diverge da palavra e por que a doutrina de Marx conserva inteiramente a sua forca revolucionária viva. A esse grupo se aplicam plenamente as palavras de Marx segundo as quais os marxistas não podem contentar-se em interpretar o mundo, mas devem ir mais longe e transformá-lo. Este grupo é conhecido como sendo dos bolcheviques, dos comunistas.
“O organizador e chefe desse grupo é V. I. Lênin".
Stálin disse bem claro aqui que ambos os grupos trabalham sob a bandeira do marxismo e se consideram marxistas “genuínos”, mas seus métodos de trabalho, isto é, sua maneira de pensar, são diametralmente opostos.
O primeiro grupo são os pseudomarxistas. São os mencheviques e oportunistas. Geralmente limitam-se à aceitação exterior, ao reconhecimento cerimonioso do marxismo, mas são incapazes de compreender a essência do marxismo e de traduzi-lo em realidade. O que fazem é convertê-lo em fórmulas e dogmas. No seu trabalho, não baseiam suas atividades na experiência, no que ensina o trabalho prático, mas em livros. Ao decidir que instruções dar e que política seguir, eles não se baseiam numa análise da realidade mas em livros e em analogias ou paralelos históricos.
Há discrepância entre suas palavras e ações. Falam em marxismo, mas o que realmente fazem é inteiramente anti- marxista. O desenvolvimento dos fatos objetivos sempre os trai, levando-os ao desespero e à frustração.
O outro grupo é de marxistas autênticos. São os leninistas e bolcheviques. Aplicam o marxismo e o traduzem em realidade. Timbram em encontrar maneiras e meios de aplicar o marxismo que melhor se enquadrem na situação e em mudar essas maneiras e meios de acordo com a mudança das condições. Ao decidir quais instruções a dar, e diretrizes a seguir, não as derivam de analogias e paralelos históricos, mas da investigação e do estudo das condições existentes. Em seu trabalho não baseiam suas atividades em citações e máximas, mas em experiências práticas e provam cada um de seus passos por experiências, aprendendo com seus erros e ensinando outros a progredir no seu trabalho.
Nesse grupo não há discrepância entre as palavras e os atos. Falam em marxismo e o que fazem também é marxista. Não só interpretam o mundo, como se esforçam por transformá-lo. Preservam sempre a forca viva e revolucionária do marxismo.
Essas duas espécies de marxistas existiram desde o começo do movimento comunista na China e no Partido Comunista
Chinês. À primeira espécie, os pseudomarxistas da China, pertenciam Chen Tu-hsiu, Peng Chu-tsi, os trotskistas da China, a linha de Li Lisan, o oportunismo de esquerda no período da Guerra Civil e o dogmatismo. Tudo isso é, em essência, o menchevismo ou a socialdemocracia da China.
À segunda espécie, os marxistas autênticos da China, pertencem o camarada Mao Tse-tung e muitos outros camaradas que o cercam. A linha seguida por eles e pela qual têm lutado durante esses anos, e seus métodos de trabalho, são, em essência, o bolchevismo da China.
Nossos camaradas e quadros devem compreender e estar alertas quanto ao fato de que existiram uma linha e um sistema ideológico mencheviques na história de nosso Partido. Através de Chen Tu-hsiu, Peng Chu-tsi e Li Li-san, até as várias espécies subsequentes de oportunismo e dogmatismo, assumiu formas diferentes em períodos diversos e não estavam necessàriamente ligados entre si na organização, mas sua substância, seus métodos de trabalho e maneira de pensar têm sido os mesmos.
Política e ideologicamente têm tido um sistema consistente. Muito sério mal têm feito ao Partido e à Revolução Chinesa. A não ser a camarilha trotskista de Chen Tu-hsiu, que brotou diretamente dos trotskistas europeus, as outras formas de menchevismo na China não derivam diretamente dos socialdemocratas europeus ou dos mencheviques russos, mas nasceram independentemente, provindos da sociedade pequeno-burguesa chinesa nas condições especiais da China.
Portanto, comparada com os socialdemocratas europeus e os mencheviques russos, a forma exterior desses indivíduos tinha muitas características especiais. O menchevismo na China apareceu como “antimenchevismo”, “leninismo”, “bolchevismo”, “a linha internacional”, etc., na forma e nas palavras. Sob o disfarce de tão atraentes formas exteriores e expressões revolucionárias, os mencheviques, na pratica, travavam lutas antileninistas e antibolcheviques e alardeavam e praticavam o menchevismo. E por causa do baixo nível teórico de muitos membros e quadros do nosso Partido, que não tinham experiência suficiente para reconhecer a substância do menchevismo, eram eles frequentemente enganados pelas atraentes formas exteriores e frases revolucionárias dos mencheviques.
Tem sido frequentemente possível aos mencheviques ganhar o apoio de muitos membros e quadros do Partido durante um tempo e se apoderar de posições dirigentes no Partido ou em certos setores do mesmo. Eles desenvolveram, principalmente, o sectarismo e o individualismo que são inerentes à sociedade chinesa semifeudal da pequena burguesia, e estão associados à atuação violenta de bandidos na sociedade chinesa.
Assim, o mal que eles têm feito ao Partido foi especialmente sério, dando principalmente expressão à superficialidade e vulgaridade, indo a extremos e à duplicidade. Esse tem sido o traço característico do menchevismo na China.
Não houve tradição de socialdemocracia europeia no Partido Chinês, mas existiu uma tradição de menchevismo chinês.
É impossível identificar essas espécies de falsos marxistas- leninistas, falsos bolcheviques, pelas suas palavras e aspecto geral. Em palavras, eles podem usar mais expressões marxistas-leninistas do que qualquer outro; exteriormente, podem parecer mais revolucionários, mais trabalhadores, mais cordiais e mais amigos. O que mais temem são as provas da realidade, o exame de seu trabalho num espírito crítico.
É portanto necessário reconhecer essas espécies de indivíduos e expor a sua verdadeira fisionomia na prática, pelo seu trabalho, pelo seu método de, compreender e solucionar problemas, e por um exame do resultado de seu trabalho. Pois, na verdade, eles são marxistas-leninistas em palavras, mas não na atividade prática.
Via de regra, suas ações práticas não são guiadas estritamente pelos princípios do marxismo-leninismo. Quando efetuam um trabalho, geralmente baseiam suas atividades em livros, em citações de Marx, Engels, Lênin e Stálin, em trechos de resoluções, em ideias ou teorias gerais, e não em experiências práticas ou no que ensina o trabalho prático.
Ao tomarem decisões sobre problemas e política, eles não partem da realidade ou da investigação e pesquisa das verdadeiras condições prevalecentes, mas de fórmulas em livros, de analogias históricas ou analogias com a União Soviética e os países da Europa Ocidental, ou de outros paralelos. Na prática, são idealistas. Assim, no trabalho, eles frequentemente cometem erros e no final não são capazes de trabalhar bem. Na prática, seus resultados são contrários às suas primeiras intenções e declarações verbais. Se se observar seus métodos de trabalho e submeter seu trabalho e resultados deste a um exame crítico, ficará exposta a sua verdadeira qualidade. O camarada Mao Tse-tung, na sua conferência sobre “Retificação da campanha de três estilos”, criticou muito esse tipo de pessoas.
Mas o perigo dessa espécie de pessoas está no seu uso de numerosas frases marxistas-leninistas, sua capa de bolchevismo, e sua duplicidade inata. Pode confundir e enganar muitos camaradas operários e camponeses, assim como os jovens camaradas não amadurecidos; e até mesmo camaradas adultos que são muito experientes no trabalho, mas que não são amadurecidos em sua habilidade de discriminação teórica, são frequentemente enganados e cativados por eles. Assim podem pôr seriamente em risco a causa do Partido.
A história passada do Partido foi uma história cheia de lutas entre a linha bolchevique e a menchevique. Na história de nosso Partido têm existido duas linhas e duas tradições. Uma é a linha e a tradição do bolchevismo a outra é a linha e a tradição do menchevismo. A primeira está personificada no camarada Mao Tse-tung, a segunda nas várias camarilhas de oportunistas no Partido.
Houve lutas ferozes entre essas duas linhas e tradições durante muito tempo, e seu conteúdo foi extremamente rico. Nessas lutas, se bem que a linha errada do Partido, a linha menchevique, tivesse prevalecido e obtido vitórias temporárias durante vários períodos breves, na maioria dos casos foi sempre derrotada.
Mas, apesar de nosso Partido ter frequentemente derrotado a linha errada no curso do trabalho, ideologicamente o sistema menchevique não foi completamente derrotado, completamente liquidado, nem recebeu seu último golpe mortal.
Daí, essa espécie de ideologia, essa espécie de tradição ainda sobreviver no Partido; e em certos períodos e sob certas circunstâncias pode tornar a brotar, pondo novamente nosso Partido em perigo.
Agora é o momento de se liquidar ideológica, política e pràticamente por completo os vestígios do menchevismo no Partido, de fazer um cuidadoso balanço das experiências históricas do nosso Partido, principalmente as experiências de luta entre essas duas linhas, e usá-las para educar nossos quadros e membros.
Só dessa maneira será possível aprender a lição do passado, curar a enfermidade e salvar o doente, conseguir união e disciplina nas fileiras do nosso Partido, garantir a contínua e correta liderança em todo o Partido e levar a Revolução Chinesa à vitória no futuro. De outra forma, nos extenuantes, complicados e grandiosos tempos que teremos pela frente, não poderemos cumprir de maneira eficaz nossa missão histórica como partido político progressista.
O menchevismo em nosso Partido é o reflexo da ideologia pequeno-burguesa no Partido, é uma forma mais desenvolvida de expressão desta última e constitui um certo sistema ideológico. Para extirpar a ideologia menchevique e seu sistema no Partido é necessário empregar a ideologia proletária para expulsar a ideologia pequeno-burguesa e capacitar os membros de nosso Partido a distinguir entre ideias proletárias e pequeno-burguesas em todas as suas formas. Temos feito essa espécie de trabalho e ainda o estamos fazendo em alguns lugares.
Esta é a “Retificação da campanha de três estilos” advogada pelo camarada Mao Tse-tung, que tem sido feita desde o ano passado. Essa campanha de autoeducação e autocrítica no Partido não tem precedentes na história dos últimos 22 anos. Deu ao nosso Partido um ímpeto sem igual na direção do caminho bolchevique.
Na base dessa remodelação devemos ir mais longe e recapitular nossas ricas experiências históricas desses últimos 22 anos, liquidar completamente os vestígios do menchevismo no sistema ideológico do Partido e erguer a um nível mais elevado a bolchevização do nosso Partido. Essa é a nossa tarefa central hoje em dia na edificação do Partido.
A história do Partido Chinês é a história do desenvolvimento do marxismo-leninismo na China e também a história da luta entre marxistas-leninistas e as várias camarilhas de oportunistas na China. Objetivamente, essa história centralizou-se em torno do camarada Mao Tse-tung.
A história das várias camarilhas oportunistas do Partido nunca poderia constituir a história do Partido. A linha menchevique e a sua tradição no Partido nunca poderia constituir o sistema ideológico do Partido e sua tradição. A história interna de nosso Partido tem sido de luta contra essa espécie de sistema e tradição e de como foi derrotada e esmagada.
A fim de arrancar pelas raízes os remanescentes dessa tradição, torna-se absolutamente necessário denunciá-la. Não a devemos encobrir ou negar a sua existência. Isso causaria dano e não benefício ao Partido.
Todos os quadros e todos os membros do Partido devem estudar cuidadosamente as experiências históricas do Partido Chinês durante esses 22 anos, estudar cuidadosamente e aprender os ensinamentos do camarada Mao Tse-tung sobre a Revolução Chinesa e outras questões, armarem-se com as ideias do camarada Mao Tse-tung e extirpar a ideologia do menchevismo no Partido, com auxílio do sistema ideológico do camarada Mao Tse-tung.
Nossos quadros e membros do Partido devem, no entanto, estar alertas quanto ao seguinte fato: durante os últimos anos o inimigo enviou agentes secretos para se infiltrarem em nosso Partido. Essas pessoas também têm aparecido no Partido sob o disfarce do marxismo-leninismo.
Existe alguma diferença entre eles e os pseudo marxistas-leninistas mencionados acima. Esses são elementos contrarrevolucionários. Com relação a esses elementos contrarrevolucionários que se insinuam em nosso Partido, devemos peneirá-los. Isso significa que deve ser estabelecida uma linha de demarcação entre revolucionários e contrarrevolucionários no Partido.
Mas extirpar os restos do menchevismo no Partido, significa traçar uma linha de demarcação entre o proletariado e a pequena burguesia. Ambas essas linhas de demarcação devem ser nitidamente delineadas, mas os métodos empregados devem ser diferentes. Os primeiros podem ser descobertos pelo processo de examinar quadros e membros do Partido e os últimos pelo método de remodelação e balanço das experiências.
A liquidação da ideologia pequeno-burguesa e dos seus sistemas no Partido, com o auxílio do marxismo-leninismo e a peneiração de agentes inimigos no Partido, são as nossas duas grandes tarefas imediatas no reforçamento e elevação do Partido. Se formos bem sucedidos, isto significará que estamos preparados em ideologia e em organização; que estamos prontos para o grande e esplêndido futuro com nossas posições inteiramente consolidadas e preparadas.
Dominemos a ciência do marxismo-leninismo, liquidemos os restos do oportunismo dentro do Partido e seremos invencíveis.
Notas de rodapé:
(1*) Operários, camponeses, e outras pessoas que perderam seus empregos ou terras como resultado da opressão e exploração do governo reacionário ou do proprietário rural e das classes abastadas capitalistas, e que recorreram a meios impróprios como principal forma de ganhar a vida, são denominados desocupados. (retornar ao texto)
(2*) Por ocasião da guerra antijaponesa os funcionários do governo nas áreas libertadas recebiam tudo para as suas necessidades diárias. Mas, a não ser dinheiro para pequenas despesas, eles não recebiam salário. N.E. (retornar ao texto)
(3*) Este artigo foi escrito por Liu-Chao-tsi, em 1943, para celebrar o XXII aniversário da fundação do Partido Comunista Chinês. (retornar ao texto)
Inclusão | 04/08/2012 |