O Socialismo e a Guerra
(A atitude do POSDR em relação à guerra)

V. I. Lénine


Capítulo I - Os Princípios do Socialismo e a Guerra de 1914-1915


A Atitude dos Socialistas em Relação às Guerras
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Os socialistas sempre condenaram as guerras entre os povos como coisa bárbara e brutal. Mas a nossa atitude em relação à guerra é fundamentalmente diferente da dos pacifistas (partidários e pregadores da paz) burgueses e dos anarquistas. Distinguimo-nos dos primeiros pelo facto de compreendermos a ligação inevitável das guerras com a luta de classes no interior do país, de compreendermos a impossibilidade de suprimir as guerras sem a supressão das classes e a edificação do socialismo, e também pelo facto de reconhecermos inteiramente o carácter legítimo, progressista e necessário das guerras civis, isto é, das guerras da classe oprimida contra a classe opressora, dos escravos contra os escravistas, dos camponeses servos contra os senhores feudais, dos operários assalariados contra a burguesia. Nós, marxistas, distinguimo-nos tanto dos pacifistas como dos anarquistas pelo facto de reconhecermos a necessidade de estudar historicamente (do ponto de vista do materialismo dialéctico de Marx) cada guerra em particular. Na história houve repetidamente guerras que, apesar de todos os horrores, atrocidades, calamidades e sofrimentos inevitavelmente ligados a qualquer guerra, foram progressistas, isto é, foram úteis ao desenvolvimento da humanidade, ajudando a destruir instituições particularmente nocivas e reaccionárias (por exemplo a autocracia ou a servidão), os despotismos mais bárbaros da Europa (o turco e o russo). Por isso é necessário analisar as particularidades históricas da guerra actual.

Tipos Históricos das Guerras dos Tempos Modernos

A grande revolução francesa abriu uma nova época na história da humanidade. Desde então e até à Comuna de Paris, de 1789 a 1871, um dos tipos de guerras foram as guerras de carácter progressista burguês, nacional-libertador. Por outras palavras, o conteúdo principal e o significado histórico dessas guerras consistiam em derrubar o absolutismo e o feudalismo, em miná-los, em derrubar o jugo estrangeiro. Eram por isso guerras progressistas, e todos os democratas honestos, revolucionários, bem como todos os socialistas, em semelhantes guerras, sempre desejaram o êxito do país (isto é, da burguesia) que contribuía para derrubar ou minar os mais perigosos pilares do feudalismo, do absolutismo, e da opressão de outros povos. Por exemplo, nas guerras revolucionárias da França havia o elemento de pilhagem e de conquista de terras alheias pelos franceses, mas isso em nada altera o significado histórico fundamental dessas guerras, que destruíam e abalavam o feudalismo e o absolutismo de toda a velha Europa, a Europa da servidão. Na guerra franco-prussiana, a Alemanha pilhou a França, mas isso não modifica o significado histórico fundamental dessa guerra, que libertou dezenas de milhões de alemães do fraccionamento feudal e da opressão de dois déspotas, o tsar russo(1*) e Napoleão III.

Diferença entre Guerra Ofensiva e Guerra Defensiva

A época de 1789 a 1871 deixou marcas profundas e recordações revolucionárias. Antes do derrubamento do feudalismo, do absolutismo e do jugo estrangeiro nem sequer se podia falar de desenvolvimento da luta proletária pelo socialismo. Falando da legitimidade da guerra «defensiva» a propósito das guerras dessa época, os socialistas sempre tiveram em vista precisamente esses objectivos, que se reduzem à revolução contra o regime medieval e a servidão. Os socialistas sempre entenderam por guerra «defensiva» uma guerra «justa» neste sentido (assim se exprimiu uma vez W. Liebknecht(N165)). Só neste sentido os socialistas reconheciam e reconhecem hoje o carácter legítimo progressista e justo da «defesa da pátria» ou da guerra «defensiva». Por exemplo, se amanhã Marrocos declarasse guerra à França, a Índia à Inglaterra, a Pérsia ou a China à Rússia, etc., essas seriam guerras «justas», «defensivas», independentemente de quem primeiro atacasse, e qualquer socialista desejaria a vitória dos Estados oprimidos, dependentes, sem plenos direitos, contra as «grandes» potências opressoras, escravistas, espoliadoras. Mas imaginemos que um escravista que possui 100 escravos faz guerra a um escravista que possui 200 escravos por uma partilha mais «justa» dos escravos. É evidente que a aplicação a semelhante caso do conceito de guerra «defensiva» ou de «defesa da pátria» seria historicamente falsa e na prática uma simples mistificação do povo simples, da pequena burguesia, das pessoas ignorantes pelos escravistas. É precisamente assim que a actual burguesia, imperialista, mistifica os povos por meio da ideologia «nacional» e do conceito de defesa da pátria na presente guerra entre os escravistas para consolidar e reforçar a escravidão.

A Guerra Actual é uma Guerra Imperialista

Quase todos reconhecem que a actual guerra é uma guerra imperialista, mas na maior parte dos casos deturpam este conceito ou aplicam-no unilateralmente, ou insinuam em todo o caso a possibilidade de que esta guerra tenha um significado progressista burguês, nacional-libertador. O imperialismo é o grau superior de desenvolvimento do capitalismo, atingido apenas no século XX. O capitalismo passou a sentir-se, apertado nos velhos Estados nacionais, sem cuja formação ele não teria podido derrubar o feudalismo. O capitalismo desenvolveu de tal modo a concentração que ramos inteiros da indústria foram açambarcados pelos consórcios, trusts e associações de capitalistas milionários, e quase todo o globo terrestre está dividido entre esses «senhores do capital», sob a forma de colónias ou enredando países estrangeiros com os milhares de fios da exploração financeira. O comércio livre e a concorrência foram substituídos pela tendência para o monopólio, para a conquista de terras para o investimento do capital, para a extracção de matérias-primas, etc. De libertador de nações que o capitalismo foi na luta contra o feudalismo, o capitalismo imperialista tornou-se o maior opressor das nações. De progressista o capitalismo tornou-se reaccionário, desenvolveu as forças produtivas a tal ponto que a humanidade terá ou de passar ao socialismo ou de sofrer durante anos ou mesmo decénios a luta armada das «grandes» potências pela manutenção artificial do capitalismo por meio das colónias, dos monopólios, dos privilégios e de opressões nacionais de toda a espécie.

A Guerra entre os Maiores Escravistas pela Manutenção e Reforço da Escravidão

A fim de tornar claro o significado do imperialismo, apresentaremos dados precisos sobre a partilha do mundo pelas chamadas «grandes» potências (isto é, as que têm êxito na grande pilhagem):

Partilha do mundo pela «grandes» potências escravistas
(Em milhões)
  Colónias Metrópoles Total
1876 1914 1914
Km2 Hab Km2 Hab Km2 Hab Km2 Hab
Inglaterra 22,5 251,9 33,5 393,5 0,3 46,5 33,8 440,0
Rússia 17,0 15,9 17,4 33,2 5,4 136,2 22,8 169,4
França 0,9 6,0 10,6 55,5 0,5 39,6 11,1 95,1
Alemanha     2,9 12,3 0,5 64,9 3,4 77,2
Japão     0,3 19,2 0,4 53 0,7 72,2
EUA     0,3 9,7 9,4 97 9,7 106,7
Total das 6 grandes potências 40,4 273,8 65,0 523,4 16,5 437,2 81,5 960,6
Colónias não pertencentes às grandes potências
(mas à Bélgica, Holanda e outros Estados)
    9,9 45,3     9,9 45,3
Três países semi-colónias
(Turquia, China e Pérsia)
            14,5 361,2
Total             105,9 1367,1
Restantes Estados e países             28,0 289,9
Todo o globo terrestre (excepto a região polar)             133,9 1957

Por aqui se vê como os povos que em 1789-1871 lutavam na sua maior parte à frente dos outros povos pela liberdade se tornaram agora, depois de 1876, na base de um capitalismo altamente desenvolvido e «ultramaduro», os opressores e escravizadores da maioria das populações e nações do globo. De 1876 a 1914, seis «grandes» potências apoderaram-se de 25 milhões de quilómetros quadrados, ou seja, uma superfície 2,5 vezes maior que toda a Europa! Seis potências escravizam mais de quinhentos milhões (523 milhões) de habitantes das colónias. Para cada 4 habitantes das «grandes» potências há 5 habitantes nas «suas» colónias. E toda a gente sabe que as colónias foram conquistadas a ferro e fogo, que nas colónias tratam cruelmente a população, que a exploram de mil maneiras (através da exportação de capitais, das concessões, etc.; enganando-as na venda de produtos, submetendo-as às autoridades da nação «dominante», etc. e assim por diante). A burguesia anglo-francesa engana o povo ao dizer que faz a guerra pela liberdade dos povos e da Bélgica: na realidade ela faz a guerra para conservar as colónias que rouba desmesuradamente. Os imperialistas alemães libertariam imediatamente a Bélgica, etc., se os ingleses e franceses partilhassem «amigavelmente» com eles as suas colónias. A singularidade da situação consiste em que nesta guerra a sorte das colónias se decide pela guerra no continente. Do ponto de vista da justiça burguesa e da liberdade nacional (ou do direito das nações à existência), a Alemanha teria incontestavelmente razão contra a Inglaterra e a França, pois ela foi «privada» de colónias, os seus inimigos oprimem incomparavelmente mais nações do que ela, e na sua aliada, a Áustria, os eslavos oprimidos gozam sem dúvida de maior liberdade do que na Rússia tsarista, essa verdadeira «prisão dos povos». Mas a própria Alemanha não faz a guerra pela libertação mas pela opressão das nações. Não cabe aos socialistas ajudar o bandoleiro mais jovem e forte (a Alemanha) a roubar os bandoleiros mais velhos e saciados. Os socialistas devem utilizar a luta entre os bandoleiros para os derrubar a todos. Para isso os socialistas devem antes de mais dizer a verdade ao povo, a saber, que esta guerra é, num triplo sentido, uma guerra de escravistas pelo reforço da escravidão. É uma guerra, em primeiro lugar, pelo reforço da escravidão das colónias através de uma partilha mais «justa» e da sua ulterior exploração mais «harmoniosa»; em segundo lugar, pelo reforço da opressão sobre as nações estrangeiras nas próprias «grandes» potências, pois tanto a Áustria como a Rússia (a Rússia muito mais e muito pior que a Áustria) só se mantêm por meio dessa opressão, intensificando-a com a guerra; em terceiro lugar, pelo reforço e o prolongamento da escravidão assalariada, pois o proletariado está dividido e esmagado, enquanto os capitalistas estão a ganhar, lucrando com a guerra, exacerbando os preconceitos nacionais e intensificando a reacção, que ergueu a cabeça em todos os países, mesmo nos mais livres e republicanos.

«A Guerra é a continuação da Política por outros meios (a saber: pela violência)»

Esta célebre sentença pertence a Clausewitz um dos autores mais profundos sobre as questões militares. Os marxistas sempre consideraram justamente esta tese como base teórica das concepções sobre o significado de cada guerra determinada. Marx e Engels sempre encararam as diferentes guerras precisamente deste ponto de vista.

Apliquemos esta concepção à presente guerra. Veremos que durante decénios, durante quase meio século, os governos e as classes dominantes da Inglaterra, da França, da Alemanha, da Itália, da Áustria e da Rússia praticaram uma política de pilhagem das colónias, de opressão de nações estrangeiras, de repressão do movimento operário. É precisamente essa política, e apenas essa, que é continuada na actual guerra. Em particular, na Áustria e na Rússia a política tanto do tempo de paz como do tempo de guerra consiste na escravização das nações e não na sua libertação. Pelo contrário, na China, na Pérsia, na Índia e noutros países dependentes vemos ao longo dos últimos decénios uma política de despertar para a vida nacional de dezenas e centenas de milhões de pessoas, da sua libertação da opressão das «grandes» potências reaccionárias. A guerra nesse terreno histórico pode ser ainda hoje uma guerra progressista burguesa, uma guerra de libertação nacional.

Basta considerar a presente guerra do ponto de vista da continuação nela da política das «grandes» potências e das classes fundamentais no seio delas para ver imediatamente o carácter clamorosamente anti-histórico, mentiroso e hipócrita da opinião segundo a qual seria possível justificar a ideia de «defesa da pátria» na actual guerra.

O Exemplo da Bélgica

Os sociais-chauvinistas da Tripla (actualmente Quádrupla) Entente(N166) (na Rússia Plekhánov e Cª) gostam acima de tudo de invocar o exemplo da Bélgica. Mas esse exemplo fala contra eles. Os imperialistas alemães violaram sem vergonha a neutralidade da Bélgica, como fizeram sempre e em toda a parte os Estados beligerantes, que, em caso de necessidade, espezinharam todos os tratados e compromissos. Admitamos que todos os Estados interessados na observância dos tratados internacionais declarassem guerra à Alemanha exigindo a libertação e uma indemnização à Bélgica. Em tal caso a simpatia dos socialistas estaria, claro, do lado dos inimigos da Alemanha. Contudo, a questão está precisamente em que não é pela Bélgica que a «Tripla (e Quádrupla) Aliança» faz a guerra: isso é perfeitamente conhecido e só os hipócritas o dissimulam. A Inglaterra rouba as colónias da Alemanha e a Turquia, a Rússia rouba a Galícia e a Turquia, a França obtém a Alsácia-Lorena e mesmo a margem esquerda do Reno; com a Itália foi concluído um tratado sobre a partilha do saque (a Albânia e a Ásia Menor); com a Bulgária e a Roménia está em curso um regateio também quanto à partilha do saque. No terreno da guerra actual dos governos actuais é impossível ajudar a Bélgica a não ser ajudando a estrangular a Áustria ou a Turquia, etc.! Que vem aqui fazer a «defesa da pátria»?? É nisso precisamente que consiste a especificidade da guerra imperialista, da guerra entre governos burgueses reaccionários, historicamente caducos, conduzida para a opressão de outras nações. Quem justifique a participação nesta guerra perpetua a opressão imperialista das nações. Quem advogue a utilização das actuais dificuldades dos governos para lutar pela revolução socialista defende a liberdade real realmente de todas as nações, que só é realizável no socialismo.

Por que está a Rússia em guerra?

Na Rússia, o imperialismo capitalista de tipo moderno revelou-se plenamente na política do tsarismo em relação à Pérsia, à Manchúria, à Mongólia, mas na Rússia, de modo geral, predomina o imperialismo militar e feudal. Em nenhuma outra parte do mundo existe uma tal opressão da maioria da população do país como na Rússia: os grãos-russos constituem apenas 43% da população, isto é, menos de metade, e todos os restantes estão privados de direitos, como alógenos. Dos 170 milhões de habitantes da Rússia cerca de 100 milhões são oprimidos e privados de direitos. O tsarismo faz a guerra para conquistar a Galícia e estrangular definitivamente a liberdade dos ucranianos, para conquistar a Arménia, e Constantinopla, etc. O tsarismo vê na guerra um meio para desviar a atenção do crescimento do descontentamento no interior do país e esmagar o crescente movimento revolucionário. Presentemente, para cada dois grão-russos há na Rússia dois ou três «alógenos» privados de direitos: por meio da guerra o tsarismo procura aumentar o número de nações oprimidas pela Rússia, consolidar a sua opressão e fazer desse modo fracassar a luta pela liberdade dos próprios grão-russos. A possibilidade de oprimir e de roubar outros povos reforça a estagnação económica, pois em vez do desenvolvimento das forças produtivas, a fonte de rendimentos é frequentemente constituída pela exploração semifeudal dos «alógenos». Deste modo, por parte da Rússia a guerra distingue-se por um extremo reaccionarismo e por um carácter antilibertador.

Que é o social-chauvinismo?

O social-chauvinismo é a defesa da ideia de «defesa da pátria» na presente guerra. Dessa ideia decorrem, seguidamente, a renúncia à luta de classes durante a guerra, a votação dos créditos de guerra, etc. De facto os sociais-chauvinistas praticam uma política antiproletária, burguesa, pois de facto preconizam não a «defesa da pátria» no sentido de luta contra a opressão estrangeira, mas o «direito» de tais ou tais «grandes» potências de pilhar as colónias e de oprimir outros povos. Os sociais-chauvinistas repetem a mistificação burguesa do povo segundo a qual a guerra é travada pela defesa da liberdade e da existência das nações, e passam assim para o lado da burguesia contra o proletariado. São sociais-chauvinistas tanto aqueles que justificam e embelezam os governos e a burguesia de um dos grupos de potências beligerantes como aqueles que, a exemplo de Kautsky, reconhecem aos socialistas de todas as potências beligerantes igual direito a «defender a pátria». O social-chauvinismo, que é de facto a defesa dos privilégios, das vantagens, das pilhagens e das violências da «sua» burguesia (ou de qualquer burguesia em geral) imperialista, constitui uma completa traição a todas as convicções socialistas e à resolução do congresso socialista internacional de Basileia.

O Manifesto de Baileia

O manifesto sobre a guerra adoptado por unanimidade em 1912 em Basileia tem em vista precisamente a guerra entre a Inglaterra e a Alemanha com os seus actuais aliados, que eclodiu em 1914. O manifesto declara expressamente que nenhum interesse popular pode justificar semelhante guerra, conduzida «pelo lucro dos capitalistas e pelas vantagens das dinastias» com base na política imperialista e espoliadora das grandes potências. O manifesto declara expressamente que a guerra é perigosa «para os governos» (todos sem excepção), assinala o seu medo da «revolução proletária», aponta da maneira mais definida o exemplo da Comuna de 1871 e o de Outubro-Dezembro de 1905, isto é, o exemplo da revolução e da guerra civil. Deste modo, o manifesto de Basileia estabelece precisamente para a presente guerra a táctica da luta revolucionária dos operários à escala internacional contra os seus governos, a táctica da revolução proletária. O manifesto de Basileia repete as palavras da resolução de Estugarda, dizendo que, em caso de eclosão da guerra, os socialistas deviam aproveitar a «crise económica e política» por ela criada para «acelerar a queda do capitalismo», isto é, utilizar as dificuldades criadas pela guerra aos governos e a indignação das massas para a revolução socialista.

A política dos sociais-chauvinistas, a justificação por eles da guerra de pontos de vista libertadores burgueses, a admissão por eles da «defesa da pátria», a votação a favor dos créditos, a entrada nos ministérios, etc., etc., são uma traição directa ao socialismo, só explicável, como veremos adiante, pela vitória do oportunismo e da política operária nacional-liberal no seio da maioria dos partidos europeus.

As referências falsas a Marx e Engels

Os sociais-chauvinistas russos (encabeçados por Plekhánov) referem a táctica de Marx na guerra de 1870; os sociais-chauvinistas alemães (do tipo de Lensch, David e Cª) referem as declarações de Engels em 1891 sobre a obrigatoriedade de os socialistas alemães defenderem a pátria em caso de guerra com a Rússia e a França juntas; finalmente, os sociais-chauvinistas do tipo de Kautsky, desejando reconciliar-se com o chauvinismo internacional e legitimá-lo, referem-se ao facto de Marx e Engels, condenando as guerras, se terem no entanto colocado constantemente, de 1854-1855 até 1870-1871 e 1876-1877, ao lado de um ou de outro Estado beligerante, uma vez que a guerra apesar de tudo se desencadeava.

Todas essas referências constituem uma revoltante deturpação das concepções de Marx e Engels para agradar à burguesia e aos oportunistas, tal como os escritos dos anarquistas Guillaume e Cª deturpam as concepções de Marx e Engels para justificar o anarquismo. A guerra de 1870-1871 foi historicamente progressista por parte da Alemanha até Napoleão III ser derrotado, pois este, juntamente com o tsar(2*), oprimiu a Alemanha durante longos anos, mantendo ali o fraccionamento feudal. E logo que a guerra se transformou em pilhagem da França (a anexação da Alsácia e da Lorena) Marx e Engels condenaram decididamente os alemães. De resto, logo no início dessa guerra Marx e Engels aprovaram a recusa de Bebel e Liebknecht de votar a favor dos créditos e aconselharam a social-democracia a não se juntar à burguesia, mas defender os interesses de classe independentes do proletariado. Transferir uma apreciação dessa guerra progressista burguesa e nacional-libertadora para a actual guerra imperialista é escarnecer da verdade. O mesmo diz também respeito, com maior força ainda, à guerra de 1854-1855 e a todas as guerras do século XIX, quando não existiam nem o imperialismo contemporâneo, nem as condições objectivas maduras do socialismo, nem partidos socialistas de massas em todos os países beligerantes, isto é, não existiam precisamente as condições das quais o manifesto de Basileia deduziu a táctica da «revolução proletária» em ligação com a guerra entre as grandes potências.

Quem refere hoje a atitude de Marx em relação às guerras da época da burguesia progressista e esquece as palavras de Marx «os operários não têm pátria» — palavras que dizem respeito precisamente à época da burguesia reaccionária, caduca, à época da revolução socialista — deturpa Marx sem vergonha e substitui o ponto de vista socialista pelo burguês.

A Falência da II Internacional

Os socialistas de todo o mundo declararam solenemente em 1912 em Basileia que consideravam a futura guerra europeia como uma empresa «criminosa» e reaccionaríssima de todos os governos, que devia acelerar a derrocada do capitalismo, gerando inevitavelmente a revolução contra ele. Começou a guerra, começou a crise. Em vez da táctica revolucionária, a maioria dos partidos sociais-democratas aplicaram uma táctica reaccionária, colocando-se ao lado dos seus governos e da sua burguesia. Esta traição ao socialismo significa a falência da II Internacional (1889-1914), e nós devemos aperceber-nos do que causou essa falência, do que gerou o social-chauvinismo, daquilo que lhe deu força.

O Social-Chauvinismo é o oportunismo acabado

Durante toda a época da II Internacional decorreu por toda a parte uma luta no interior dos partidos sociais-democratas entre a ala revolucionária e a ala oportunista. Em vários países houve cisão segundo esta linha (Inglaterra, Itália, Holanda, Bulgária). Nenhum marxista duvidava de que o oportunismo expressava a política burguesa no movimento operário, expressava os interesses da pequena burguesia e da aliança de uma ínfima parte de operários aburguesados com a «sua» burguesia contra os interesses da massa dos proletários, da massa dos oprimidos.

As condições objectivas de fins do século XIX reforçavam particularmente o oportunismo, transformando a utilização da legalidade burguesa em servilismo para com ela, criando a pequena camada da burocracia e da aristocracia da classe operária, atraindo para as fileiras dos partidos sociais-democratas muitos «companheiros de jornada» pequeno-burgueses.

A guerra acelerou o desenvolvimento, transformando o oportunismo em social-chauvinismo, transformando a aliança secreta dos oportunistas com a burguesia numa aliança aberta. Além disso, as autoridades militares decretaram por toda a parte a lei marcial e a mordaça para a massa operária, cujos velhos chefes se passaram, quase sem excepção, para a burguesia.

A base económica do oportunismo e do social-chauvinismo é a mesma: os interesses de uma ínfima camada de operários privilegiados e da pequena burguesia, que defendem a sua situação privilegiada, o seu «direito» às migalhas dos lucros obtidos pela «sua» burguesia nacional com a pilhagem de outras nações, com as vantagens da sua situação de grande potência, etc.

O conteúdo ideológico-político do oportunismo e do social-chauvinismo é o mesmo: a colaboração de classes em vez da sua luta, a renúncia aos meios revolucionários de luta, a ajuda ao «seu» governo em situação difícil em vez da utilização das suas dificuldades para a revolução. Se considerarmos todos os países europeus no conjunto, se não tivermos em atenção personalidades isoladas (mesmo as de maior prestígio), verificaremos que foi precisamente a corrente oportunista que se tornou o principal esteio do social-chauvinismo, e no campo dos revolucionários se ouve quase por toda a parte um protesto mais ou menos consequente contra ele. E se considerarmos, por exemplo, o agrupamento das tendências no congresso socialista internacional de Estugarda de 1907, verificaremos que o marxismo internacional era contra o imperialismo, enquanto o oportunismo internacional já então era a favor dele.

A Unidade com os oportunistas é a aliança dos operários com a «sua» burguesia nacional e a cisão da classe operária revolucionária internacional

Na época passada, antes da guerra, o oportunismo era frequentemente considerado um «desvio», um «extremismo», mas em todo o caso uma parte constitutiva legítima do partido social-democrata. A guerra mostrou que isso é impossível no futuro. O oportunismo «amadureceu», levou até ao fim o seu papel de emissário da burguesia no movimento operário. A unidade com os oportunistas tornou-se uma hipocrisia completa, de que vemos um exemplo no partido social-democrata alemão. Em todos os casos importantes (por exemplo na votação de 4 de Agosto) os oportunistas aparecem com o seu ultimato, pondo-o em prática com a ajuda das suas numerosas ligações com a burguesia, da sua maioria nas direcções dos sindicatos, etc. A unidade com os oportunistas significa presentemente de facto a subordinação da classe operária à «sua» burguesia nacional, a aliança com ela para oprimir outras nações e lutar pelos privilégios de grande potência, sendo uma cisão do proletariado revolucionário de todos os países.

Por mais dura que seja em certos casos a luta contra os oportunistas que dominam em muitas organizações, por mais peculiar que seja em certos países o processo de depuração dos partidos operários dos oportunistas, esse processo é inevitável e fecundo. O socialismo reformista agoniza; o socialismo que renasce «será revolucionário, intransigente, insurrecto», segundo a justa expressão do socialista francês Paul Golay(N167).

O «Kautskismo»

Kautsky, a maior autoridade da II Internacional, representa um exemplo extremamente típico e expressivo de como o reconhecimento verbal do marxismo conduziu na prática à sua transformação em «struvismo»(N168) ou em «brentanismo». Vemo-lo também no exemplo de Plekhánov. Por meio de sofismas evidentes extirpam do marxismo a sua alma revolucionária viva, reconhecem no marxismo tudo, menos os meios revolucionários de luta, a propaganda e a preparação destes, a educação das massas precisamente nesse sentido. Kautsky «concilia» sem princípios o pensamento fundamental do social-chauvinismo, a aceitação da defesa da pátria na presente guerra, com uma concessão diplomática e aparente à esquerda na forma de abstenção na votação dos créditos, de reconhecimento verbal da sua oposição, etc. Kautsky, que em 1909 escreveu todo um livro sobre a aproximação de uma época de revoluções e sobre a ligação da guerra com a revolução, Kautsky, que em 1912 subscreveu o manifesto de Basileia sobre a utilização revolucionária da guerra futura, justifica e embeleza hoje de todas as maneiras o social-chauvinismo e, tal como Plekhánov, junta-se à burguesia para ridicularizar quaisquer ideias de revolução, quaisquer passos no sentido da luta directamente revolucionária.

A classe operária não pode desempenhar o seu papel revolucionário mundial sem travar uma luta implacável contra essa renegação, essa irresolução, esse servilismo em relação ao oportunismo e esse incrível aviltamento teórico do marxismo. O kautskismo não é fruto do acaso, mas o produto social das contradições da II Internacional, da junção da fidelidade em palavras ao marxismo com a submissão de facto ao oportunismo.

Esta mentira fundamental do «kautskismo» manifesta-se de diferentes formas nos diferentes países. Na Holanda, Roland-Holst, rejeitando a ideia de defesa da pátria, defende a unidade com o partido dos oportunistas. Na Rússia, Trótski, rejeitando igualmente essa ideia, defende do mesmo modo a unidade com o grupo oportunista e chauvinista do Nacha Zariá. Na Roménia, Rakovski, ao mesmo tempo que declara guerra ao oportunismo como culpado da falência da Internacional, está disposto a reconhecer a legitimidade da ideia de defesa da pátria. Tudo isto são manifestações do mal a que os marxistas holandeses (Gorter, Pannekoek) chamaram «radicalismo passivo» e que se reduz à substituição do marxismo revolucionário pelo eclectismo na teoria e ao servilismo ou à impotência perante o oportunismo na prática.

A palavra de ordem dos marxistas é a palavra de ordem da social-democracia revolucionária

A guerra gerou indubitavelmente uma crise violentíssima e agudizou incrivelmente os sofrimentos das massas. O carácter reaccionário desta guerra, a desavergonhada mentira da burguesia de todos os países, que dissimula os seus objectivos de pilhagem com a ideologia «nacional», tudo isso cria inevitavelmente, na base da situação objectivamente revolucionária, um estado de espírito revolucionário nas massas. O nosso dever é ajudar a tomar consciência desse estado de espírito, a aprofundá-lo e a dar-lhe forma. Essa tarefa só é correctamente expressa pela palavra de ordem de transformação da guerra imperialista em guerra civil, e qualquer luta de classe consequente durante a guerra, qualquer táctica de «acções de massas» seriamente aplicada conduz inevitavelmente a isso. Não se pode saber se será devido à primeira ou à segunda guerra imperialista das grandes potências, durante ela ou depois dela que nascerá um forte movimento revolucionário, mas em qualquer caso é nosso dever absoluto trabalhar de modo sistemático e constante precisamente nesse sentido.

O manifesto de Basileia refere directamente o exemplo da Comuna de Paris, isto é, a transformação da guerra de governos em guerra civil. Há meio século o proletariado era demasiado fraco, as condições objectivas do socialismo ainda não tinham amadurecido, não podia haver correspondência e cooperação dos movimentos revolucionários em todos os países beligerantes, o entusiasmo de uma parte dos operários parisienses pela «ideologia nacional» (tradição de 1792) era uma sua fraqueza pequeno-burguesa, a seu tempo assinalada por Marx e que foi uma das causas do fracasso da Comuna. Meio século depois dela desapareceram as condições que enfraqueciam a revolução de então, e presentemente é imperdoável para um socialista conformar-se com a recusa de actuar precisamente no espírito dos communards parisienses.

O exemplo da confraternização nas trincheiras

Os jornais burgueses de todos os países beligerantes citaram exemplos de confraternização dos soldados das nações beligerantes mesmo nas trincheiras. E a promulgação de decretos draconianos pelas autoridades militares (da Alemanha, da Inglaterra) contra essa confraternização demonstrou que os governos e a burguesia lhe atribuíam uma séria importância. Se mesmo com o completo domínio do oportunismo nas cúpulas dos partidos sociais-democratas da Europa ocidental e com o apoio ao social-chauvinismo por toda a imprensa social-democrata, por todas as autoridades da II Internacional, foram possíveis casos de confraternização, isso mostra-nos até que ponto seria possível abreviar a actual guerra criminosa, reaccionária e escravista e organizar um movimento revolucionário internacional com um trabalho sistemático nesse sentido, nem que fosse só dos socialistas de esquerda de todos os países beligerantes.

Importância da organização ilegal

Os mais destacados anarquistas de todo o mundo não se desonraram menos que os oportunistas com o social-chauvinismo (no espírito de Plekhánov e de Kautsky) nesta guerra. Um dos resultados úteis desta guerra será, sem dúvida, que ela matará tanto o oportunismo como o anarquismo.

Sem renunciar em nenhum caso e em nenhumas circunstâncias à utilização da mínima possibilidade legal para organizar as massas e fazer propaganda do socialismo, os partidos sociais-democratas devem romper com o servilismo perante a legalidade. «Disparai primeiro, senhores burgueses», escreveu Engels aludindo precisamente à guerra civil e à necessidade de nós violarmos a legalidade depois de a burguesia a ter violado. A crise mostrou que a burguesia a viola em todos os países, mesmo nos mais livres, e que é impossível conduzir as massas à revolução sem criar uma organização ilegal para propagar, discutir, apreciar e preparar os meios revolucionários de luta. Na Alemanha, por exemplo, tudo aquilo que os socialistas fazem de honesto é feito contra o vil oportunismo e o «kautskismo» hipócrita e é feito precisamente na ilegalidade. Na Inglaterra é-se condenado a trabalhos forçados devido a apelos impressos à recusa do serviço militar.

Considerar compatível com a condição de membro do partido social-democrata a negação dos métodos ilegais de propaganda e ridicularizá-los na imprensa legal é uma traição ao socialismo.

Sobre a derrota do «seu» governo na guerra imperialista

Os defensores da vitória do seu governo na presente guerra, tal como os defensores da palavra de ordem «nem vitória nem derrota», adoptam do mesmo modo o ponto de vista do social-chauvinismo. Numa guerra reaccionária, a classe revolucionária não pode deixar de desejar a derrota do seu governo, não pode deixar de ver a ligação entre os fracassos militares deste e a facilitação do seu derrubamento. Só o burguês, que acredita que uma guerra iniciada pelos governos terminará necessariamente como uma guerra entre governos, e que o deseja, acha «ridícula» ou «absurda» a ideia de que os socialistas de todos os países beligerantes afirmem que desejam a derrota de todos os «seus» governos. Pelo contrário, essa afirmação corresponderia precisamente aos pensamentos secretos de qualquer operário consciente e inscrever-se-ia na linha da nossa actividade, orientada para a transformação da guerra imperialista em guerra civil.

Sem dúvida que a importante agitação contra a guerra de uma parte dos socialistas ingleses, alemães e russos «enfraquecia o poderio militar» dos respectivos governos, mas essa agitação foi um mérito dos socialistas. Os socialistas devem explicar às massas que para elas não há salvação a não ser no derrubamento revolucionário dos «seus» governos e que as dificuldades desses governos na guerra actual devem ser utilizadas precisamente com esse objectivo.

Sobre o pacifismo e a palavra de ordem de paz

O estado de espírito das massas a favor da paz exprime frequentemente o início de um protesto, da revolta e da consciência do carácter reaccionário da guerra. Aproveitar esse estado de espírito é um dever de todos os sociais-democratas. Eles participam do modo mais ardente em todos os movimentos e em todas as manifestações neste terreno, mas não enganarão o povo admitindo a ideia de que, na ausência de um movimento revolucionário, é possível a paz sem anexações, sem opressão das nações, sem pilhagem, sem os germes de novas guerras entre os actuais governos e classes dominantes. Enganar assim o povo apenas faria o jogo da diplomacia secreta dos governos beligerantes e dos seus planos contra-revolucionários. Quem deseja uma paz sólida e democrática deve ser a favor da guerra civil contra os governos e a burguesia.

Sobre o direito das nações à autodeterminação

A mistificação mais comum do povo pela burguesia na presente guerra é o encobrimento dos seus objectivos de pilhagem com a ideologia da «libertação nacional». Os ingleses prometem a liberdade à Bélgica, os alemães à Polónia, etc. Na realidade, como vimos, esta é uma guerra entre os opressores da maioria das nações do mundo pelo reforço e o alargamento dessa opressão.

Os socialistas não podem alcançar o seu grande objectivo sem lutar contra toda a opressão das nações. Por isso eles devem obrigatoriamente exigir que os partidos sociais-democratas dos países opressores (particularmente das chamadas «grandes» potências) reconheçam e defendam o direito das nações oprimidas à autodeterminação, e precisamente no sentido político da palavra, isto é, o direito à separação política. Um socialista de uma nação que seja uma grande potência ou possua colónias que não defende esse direito é um chauvinista.

A defesa desse direito não só não estimula a criação de pequenos Estados como, pelo contrário, conduz à formação mais livre, mais ousada e por isso mais ampla e mais generalizada de grandes Estados e de uniões entre Estados, mais vantajosos para as massas e correspondendo melhor ao desenvolvimento económico.

Os socialistas das nações oprimidas, por sua vez, devem obrigatoriamente lutar pela completa unidade (incluindo organizativa) dos operários das nacionalidades oprimidas e opressoras. A ideia de separação jurídica de uma nação de outra (a chamada «autonomia nacional cultural» de Bauer e Renner) é uma ideia reaccionária.

O imperialismo é a época da progressiva opressão das nações de todo o mundo por um punhado de «grandes» potências, e por isso a luta pela revolução socialista internacional contra o imperialismo é impossível sem o reconhecimento do direito das nações à autodeterminação. «Não pode ser livre um povo que oprime outros povos» (Marx e Engels). Não pode ser socialista um proletariado que admite a mínima violência da «sua» nação sobre outras nações.


Notas de rodapé:

(1*) Alexandre III. (N. Ed.) (retornar ao texto)

(N165) Lénine refere-se à intervenção de W. Liebknecht no congresso de Erfurt da social-democracia alemã em 1891. (retornar ao texto)

(N166) Quádrupla (Entente): aliança imperialista entre a Inglaterra, a Rússia, a França e a Itália, que em 1915 saiu da Tripla Aliança para aderir à Tripla Entente. (retornar ao texto)

(2*) Alexandre II. (N. Ed.) (retornar ao texto)

(N167) Em 11 de Março de 1915, em Lausana, o socialista francês P. Golay fez uma conferência sobre o tema «O Socialismo Agonizante e o Socialismo que deve Renascer». (retornar ao texto)

(N168) Struvismo ou teoria struvista: deturpação burguesa liberal do marxismo. Que recebeu o nome de P. Struve, principal representante do «marxismo legal» na Rússia. O «marxismo legal» surgiu como corrente político-social independente nos anos 90 do século XIX entre a intelectualidade burguesa liberal da Rússia. Os «marxistas legais», encabeçados por Struve, procuravam utilizar o marxismo no interesse da burguesia. Nesse tempo, na Rússia, o marxismo tinha uma difusão bastante ampla e os intelectuais burgueses, sob a bandeira do marxismo, começaram a pregar as suas opiniões na imprensa legal. Da doutrina de Marx suprimiam aquilo que era o mais importante – a doutrina da revolução proletária e da ditadura do proletariado. (retornar ao texto)

Inclusão 09/09/2016