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No Outono de 1923, Trotsky empreendeu uma grande ofensiva contra o Partido na qual foi secundado durante vários anos, de 1925 até à sua exclusão do Partido Comunista, por Zinoviev e Kamenev.
Em Outubro de 1923, Trotsky escreveu um documento no qual declarou que o CC conduzia o pais à ruína. Logo a seguir, o grupo de trotskistas que tinha organizado com J. N. Smirnov, Serebriakov, Preobrazhenski, Piatakov e outros, elaborou a «plataforma dos 46» dirigida inteiramente contra a linha geral do Partido. Nesta época, quando Lenine estava já gravemente doente, Trotsky conduzia um ataque contra os velhos quadros do Partido Bolchevique aos quais opunha a juventude, afirmando demagogicamente que os jovens eram o «barómetro» do estado de espírito reinante no Partido. Mas esta tentativa de Trotsky terminou também por um fracasso.
Uma vez derrotada a oposição trotskista, Trotsky declarou que para o futuro se submeteria a todas as decisões do Partido.
Ora, pouco tempo depois, o Partido foi de novo forçado a empreender uma luta ainda mais encarniçada contra o bloco Trotsky-Zinoviev. Os trotskistas-zinovlevistas utilizaram todos os meios para vencer a linha do Partido e derrubar o C.C. à frente do qual se encontrava Staline que tinha reunido à volta de si todos os leninistas verdadeiros, inteiramente devotados à causa da edificação da sociedade socialista.
Desta vez, foram Zinoviev e Kamenev que abriram o fogo. No princípio de 1925, numa reunião do CC, declararam que, dada a situação técnica e económica atrasada do país soviético, o Partido não poderia ultrapassar as dificuldades internas. Mas chocaram com uma resistência imediata. A questão referente à possibilidade de edificar o socialismo num só país adquiriu uma importância política excepcional. A XIV Conferência do Partido Comunista (Abril de 1925), considerando necessário confirmar mais uma vez nesta altura o carácter imutável da teoria de Lenine e armar o Partido para a realização desta teoria, fixou na sua resolução o princípio leninista reconhecendo a -possibilidade de edificar o socialismo no país. A questão das perspectivas da edificação socialista assumiu uma acuidade particular.
Pondo-se em guerra contra esta doutrina de Lenine, a oposição trotskista-zinovievista afastou-se do Partido na questão mais fundamental do programa. Prosseguindo esta luta, acabou por cair na contra-revolução, no bloco com o fascismo.
No decurso da sua luta contra o Partido, a oposição punha-se cada vez mais do lado dos inimigos mais encarniçados da ditadura do proletariado e do povo soviético. Em 1927, quando o perigo da guerra com o mundo capitalista ameaçou a URSS, o bloco trotskista-zinovievista fez circular a sua tese sobre Clemeceau. Esta tese do bloco trotskista-zinovievista dava aos inimigos da revolução o sinal para se prepararem para a luta contra o governo soviético e o Partido, para aproveitarem o ataque dos imperialistas para derrubar o poder dos sovietes.
Desta posição infame, os trotskistas-zinovievistas passaram em seguida logicamente à plataforma derrotista que lançaram na época da sua atividade terrorista. Pretendiam uma derrota do poder soviético, derrota que lhes permitiria apoderar-se do poder e realizar o seu programa de restauração do capitalismo.
Para o XV Congresso do PC da URSS (1927) a oposição elaborou uma plataforma especial onde se reuniam desordenadamente os pontos de vista anti-leninistas e capitulacionistas dos trotskistas-zinovievistas e onde estes pontos de vista se opunham à linha do Partido. Argumentando neste documento sobre a impossibilidade de edificar o socialismo, a oposição escorregava nitidamente para a contra-revolução. Escorregava igualmente para este abismo no domínio da organização. No fim de 1927, a oposição tinha-se tornado, por assim dizer, um partido independente oposto ao Partido Comunista Russo de Lenine. O bloco trotskista-zinovievista tinha um centro, comités e grupos locais, uma caixa onde os partidários do bloco entregavam as suas quotizações; tinha igualmente a sua própria disciplina de fracção. Nesta época, os trotskistas e os zinovievistas já tinham passado à luta anti-soviética e contra-revolucionária, combatiam diretamente o Partido assim como o regime soviético. Intervinham nas reuniões dos elementos sem-partido e exortavam-nos à luta contra a política dos locais para reuniões clandestinas. Por outro lado, como se provou nessa altura, aliaram-se aos oficiais brancos que organizaram um «complot» para derrubar a ditadura do proletariado (processo Tcherbakov).
Finalmente, em 7 de Novembro de 1927, durante o X aniversário da Revolução de Outubro, os trotskistas-zinovievistas organizaram uma manifestação anti-soviética nas ruas de Moscovo. Dirigiram-se aos elementos não proletários do país exortando-os à luta contra o poder soviético, mas os operários de Moscovo desmascararam estes inimigos do socialismo e expulsarem-nos literalmente das fileiras da manifestação proletária. O CC do PC da URSS excluiu Trotsky e Zinoviev do Partido. Em Dezembro de 1927, o XV Congresso tomou a mesma medida contra Kamenev, Bakaev, Evdokimov, Smirnov, Reingold, Vaganian, Rumiantsev, Kotolynov e outros.
Após a sua exclusão do Partido, os trotskistas-zinovievistas passaram a novos métodos de luta. Trotsky revelou-se um encarniçado inimigo; tentou desenvolver uma grande atividade ilegal contra o Partido e os Sovietes, tentou criar as suas próprias organizações contra-revolucionárias. As suas manobras foram descobertas e reprimidas. O governo soviético pô-lo fora do país como anteriormente se tinha feito, por proposta de Lenine, aos dirigentes dos partidos contra-revolucionários menchevique e socialista revolucionário.
No estrangeiro sentiu-se como em sua casa. O seu ódio encarniçado à República Soviética deixou de conhecer limites. Pôs a nu tudo o que tinha velado ou escondido quando ainda estava nas fileiras do Partido. Passou a atacar declaradamente o leninismo, o bolchevismo. opondo-lhe a sua própria concepção contra-revolucionária em todas as questões da revolução. A partir daí, caíram todos os retalhos da capa com que Trotsky se envolvia quando estava na URSS. Face ao mundo inteiro, aos olhos de classe operária e das pessoas honestas, apareceu, desprovido de quaisquer escrúpulos, o inimigo encarniçado do povo soviético, da revolução proletária e do Partido Bolchevique.
Trotsky pôs-se a colaborar nos jornais mais reacionários. Tomou-se o fornecedor dos artigos mais imundos e mais odiosos contra a União Soviética. Não houve baixeza ou calúnia que Trotsky não utilizasse contra o Estado proletário e os seus dirigentes. Todas as suas manobras provavam para o futuro que «o trotskismo se tinha transformado em vanguarda da contra-revolução.»
Trotsky procurou juntar à sua volta a escória dos diferentes grupos rejeitados pela Internacional Comunista. A única razão da junção dos grupos trotskistas, o seu único fundamento «ideológico», era o ódio ao comunismo, à Internacional Comunista e ao pais da ditadura do proletariado.
Toda a atividade de Trotsky e dos seus agentes tinha por objetivo organizar uma luta infame contra a URSS e semear a divisão no movimento operário internacional. Os objetivos e as tarefes de Trotsky confundiam-se estreitamente com as do inimigo mais feroz do proletariado — o fascismo. De resto, a sua organização num único bando de inimigos mortais do socialismo, da democracia e do povo trabalhador, cedo se tornou um fato consumado,
À medida que a União Soviética se fortalecia e alcançava vitória sobre vitória no seu grande trabalho de edificação socialista, à medida que o trotskismo se revelava impotente para prosseguir a sua luta contra a URSS, Trotsky desenvolvia uma atividade cada vez mais febril e recorria, para combater o Partido Comunista da URSS e os seus dirigentes, a métodos cada vez mais cobardes. Terror individual, assassinatos de dirigentes do Estado Soviético e do Partido, armadilhas, tal foi o programa preconizado e aplicado por Trotsky.
E tudo isto tinha apenas um objetivo: a restauração do capitalismo na URSS.
Damos a seguir alguns textos de Staline que precisam o conteúdo ideológico das divergências do PC da URSS e da oposição trotskista-zinovievista, em diversos estádios do desenvolvimento da luta:
1º — A possibilidade de edificar vitoriosamente o socialismo no nosso país. Não irei enumerar os documentos e as declarações da oposição sobre esta questão. Eles são conhecidos de todos, é inútil repeti-los. É claro para todos que a oposição nega a possibilidade de edificar vitoriosamente o socialismo no nosso país. Por aí mesmo ela resvala direta e abertamente para a posição dos mencheviques. Este ponto de vista da oposição não é novo nos seus chefes atuais. Foi partindo do mesmo principio que Kamenev e Zinoviev recusaram participar na sublevação de Outubro. Declararam então que desencadeando a sublevação nos perderíamos, que era preciso esperar pela Assembleia Constituinte, que as condições para o socialismo não tinham ainda amadurecido, e não amadureceriam tão cedo. Trotsky partiu, do mesmo ponto de vista quando se decidiu a tomar parte na sublevação. Porque ele dizia abertamente que, se a revolução proletária vitoriosa no Ocidente não nos trouxesse a sua ajuda num futuro mais ou menos próximo, seria insensato acreditar que a Rússia revolucionária poderia resistir à Europa conservadora.
Efetivamente, como é que Kamenev e Zinoviev, por um lado, e Trotsky, por outro, e depois Lenine e o Partido participaram na insurreição? É uma questão muito interessante de que vale a pena falar. Vós sabeis que Kamenev e Zinoviev só participaram nela para defenderem o seu corpo, forçados por Lenine e sob a ameaça de serem excluídos do Partido (risos, aplausos); viram-se portanto obrigados a participar na sublevação (risos, aplausos). Trotsky participou nela de sua vontade, mas fazendo reservas que, já neste momento, o aproximavam de Kamenev e Zinoviev. Notemos que, precisamente antes da Revolução de Outubro, em Junho de 1917, Trotsky achou conveniente reeditar, em Leningrado, a sua velha brochura O Programa da paz, como para mostrar que participava na sublevação sob a sua própria bandeira. O que é que ele diz nesta brochura? Polemiza aí contra Lenine sobre a possibilidade de uma vitória do socialismo num só país; considera que a concepção de Lenine nesta questão é errónea e afirma que, embora reconhecendo a necessidade de tomar o poder, se apercebe de que, sem a ajuda vinda a tempo da parte dos operários vitoriosos da Europa ocidental, seria insensato acreditar que a Rússia revolucionária poderia subsistir em face da Europa conservadora. Acusa de estreiteza nacional quem não compreender a sua critica. Eis um extrato desta brochura de Trotsky:
Sem esperar os outros, começamos a luta e prosseguimo-la no nosso país, convencidos de que a nossa iniciativa sacudirá outros países. Mas se isto não acontecer, seria insensato acreditar — a experiência histórica e as considerações teóricas provam-no — que a Rússia revolucionária, por exemplo, possa resistir à Europa conservadora... Considerar as perspectivas da revolução social nos quadros nacionais significaria tornar-se vítima da mesma estreiteza nacional que é a própia essência do social-patriotismo. (Trotsky: 1917, ed. r.. tomo II, 1.ª parte, p. 90.)
Tais foram, camaradas, as reservas feitas por Trotsky e que nos explicam as raízes e as causas iniciais do seu bloco atual com Kamenev e Zinoviev. Vejamos como Lenine e o Partido participaram na sublevação. Fizeram reservas, também? Não, nenhuma. Eu cito um extrato de um artigo notável de Lenine: «O programa de guerra da revolução proletária», publicado no estrangeiro, em Setembro de 1917:
O socialismo vencedor num só pais não exclui de modo nenhum, a possibilidade da guerra em geral. Pelo contrário, pressupõe-na. O desenvolvimento do capitalismo processa-se de uma forma muito desigual nos diversos países. Não pode ocorrer outra coisa com uma produção mercantil. Daí, a conclusão irrefutável: o socialismo não pode vencer ao mesmo tempo em todos os países. Vencerá primeiro num ou em vários países, mas os outros permanecerão ainda durante um certo tempo países burgueses ou pré-burgueses. Isso não deixará de provocar não só fricções, como também esforços diretos da burguesia dos outros países para esmagar o proletariado vitorioso do Estado Socialista. Uma guerra em tais condições seria para nós uma guerra legítima e justa. Seria uma guerra pelo socialismo, pela libertação dos outros povos do jugo da burguesia. (Lenine: «O programa de guerra da revolução proletária», Anais do Instituto Lenine, fase. 2, p. 7.)
Vós constatais, camaradas, que a tese de Lenine é completamente diferente. Trotsky participava na sublevação fazendo reservas que o aproximavam de Kamenev e Zinoviev, afirmando que um governo proletário não representa, por si mesmo, nada de particular, se a ajuda externa se faz esperar. Lenine, pelo contrário, participava na sublevação sem nenhuma reserva, afirmando que o poder proletário no nosso país deve servir de base para ajudar os proletários dos outros países a libertarem-se do jugo da burguesia.
Foi assim que os bolcheviques participaram na insurreição de Outubro e foi essa a razão por que Trotsky encontrou, dez anos depois da Revolução de Outubro, uma linguagem comum com Kamenev e Zinoviev.
Pode-se imaginar, nos termos seguintes, o diálogo trocado entre Trotsky, por um lado, Kamenev e Zinoviev, por outro, quando formaram o bloco de oposição.
Kamenev e Zinoviev dirigindo-se a Trotsky:
«Veja caro camarada, nós tínhamos toda a razão quando afirmávamos que não era necessário fazer a insurreição de Outubro, que era necessário esperar pela Assembleia Constituinte, etc. Hoje, toda a gente vê que a degenerescência atingiu o país, o poder, que nos vamos perder e que não realizaremos o socialismo. Não era necessário fazer a insurreição. V. participou nela de livre vontade, cometeu um grande erro.»
Trotsky responde:
«Não, caros colegas, VV. são injustos para comigo. Eu participei de boa vontade na insurreição, mas VV. esqueceram-se de dizer como participei nela: fazendo reservas. (Hilaridade geral). E como é evidente que agora não temos nenhuma ajuda a esperar de fora, é claro que nós perderemos como eu tinha previsto, oportunamente, na minha brochura O Programa da paz.»
«Isso poderia ser mesmo verdade. Nós tínhamos esquecido essa reserva. Agora, é claro que o nosso bloco tem mesmo uma base ideológica.» (Hilaridade geral. Aplausos.)
Eis como foi encontrada a concepção da oposição que nega a possibilidade de edificar vitoriosamente o socialismo no nosso país.
O que é que ela significa? Uma capitulação. Perante quem? É evidente que é uma capitulação perante os elementos capitalistas do nosso pais e perante a burguesia mundial. Onde é que se encontram as frases de esquerda, as gestas revolucionárias7 Nada disso ficou. Se sacudirdes a nossa oposição, se rejeitardes a sua fraseologia revolucionária, vereis que nada resta dela, a não ser a capitulação. (Aplausos.)
2.º — A ditadura do proletariado. Existe ou não existe entre nós a ditadura do proletariado? Questão singular. (Risos.) Contudo, ela é colocada pela oposição, em todas as suas declarações. A oposição pretende que suportamos uma degenerescência termodoriana. O que é que isso significa? Isso supõe que não temos ditadura do proletariado, que a nossa política e a nossa economia se afundam e estão em regressão, que caminhamos não para o socialismo, mas para o capitalismo.
Tudo isto tem alguma coisa de estranho e de absurdo, mas a oposição insiste. Eis uma nova divergência, camaradas. É nisto que assenta a famosa tese clemencista de Trotsky. Se o poder degenerou, se degenera, vale a pena respeitá-lo, defendê-lo? É evidente que não. Se se encontrar um momento favorável para «suprimir» este poder, se, por exemplo, o inimigo chagar a 80 quilómetros de Moscovo, será evidentemente necessário aproveitar-se disso, para acabar com este poder e substituí-lo por outro, por um poder clemencista, isto é, trotskista. É claro que não há nisto nada de leninista; é menchevismo puro. A oposição chegou ao menchevismo.
3.º — O bloco entre os operários e os camponeses médios. A oposição escondeu sempre a sua atitude negativa sobre a ideia de um tal bloco. A sua plataforma, as suas contra-teses são notáveis, menos por aquilo que lá se diz do que por aquilo que elas se esforçam por esconder à classe operária. Mas apareceu um homem, I. N. Smírnov, igualmente dirigente da oposição, que teve a coragem de dizer a verdade sobre a oposição e de a mostrar tal como ela é. Eis o que disse: «Vamos perder-nos; se nos queremos salvar, é necessário romper com os camponeses médios.» Isto não é multo inteligente; é, pelo contrário, absolutamente claro. Toda a gente se apercebe um pouco das verdadeiras intenções mencheviques que aqui transparecem.
4.º — O carácter da nossa revolução. Se se negar a possibilidade de edificar o socialismo no nosso país, se se negar a existência da ditadura do proletariado e a necessidade do bloco da classe operária com os camponeses, é evidente que nada resta da revolução, nem do seu carácter socialista. O proletariado chegou ao poder, concluiu a revolução burguesa, os camponeses já nada têm a fazer com a revolução uma vez que receberam a terra: por consequência, o proletariado pode retirar-se e ceder o lugar a outras classes, é esta a tese da oposição, se penetrarmos a fundo nas suas concepções. Aí estão todas as raízes do espírito de capitulação da oposição. Não é por acaso que Abramovitch(1) a glorifica.
3 de Dezembro de 1927.
J. STALINE: «Relatório político do CC ao XV Congresso do PC da URSS»,
Questions du leninisme, tomo II, pp. 125-130, E. S. I., 1931.
Porque é que o Partido excluiu Trotsky e Zinoviev? Porque eles são os organizadores de todo o trabalho da oposição.
EXCLAMAÇÕES: É justo!
... porque têm por objetivo destruir as leis do Partido; porque, no seu orgulho, acreditaram que ninguém ousaria atingi-los; porque quiseram criar para si uma posição privilegiada no Partido. Iremos tolerar a existência no Partido, por um lado, de grandes senhores gozando de privilégios e, por outro, de camponeses que os não têm? Será que nós, bolcheviques, que extirpamos a nobreza, assim como as suas causas, vamos agora restabelecê-la no nosso Partido? (Aplausos.) Perguntais: porque é que excluímos Trotsky e Zinoviev do Partido? Porque nós não queremos ter no Partido uma casta aristocrática. Porque, no Partido, as leis são iguais para todos e porque todos os membros do Partido têm os mesmos direitos.
EXCLAMAÇÕES: É justo! — (Aplausos prolongados.)
Se a oposição quer continuar no Partido, que se submeta à vontade do Partido, às suas leis, às suas instruções, sem reservas e sem equívocos. Se não quer, que vá para onde possa estar mais à vontade.
EXCLAMAÇÕES: É justo! — (Aplausos.)
Nós não queremos leis especiais vantajosas para a oposição; não as queremos e não as criaremos. (Aplausos.)
Pergunta-se quais são as condições. Há apenas uma: a oposição deve desarmar inteira e completamente, tanto no domínio da ideologia como no da organização.
EXCLAMAÇÕES: É justo! — (Aplausos prolongados.)
Deve renunciar às suas concepções anti-bolcheviques, aberta e honestamente, perante o mundo inteiro.
EXCLAMAÇÕES: É justo! — (Aplausos prolongados.)
Deve condenar aberta e honestamente, perante o mundo inteiro, os erros que cometeu, os seus erros que se tornaram um crime contra o Partido. Deve entregar-nos todas as suas células para que o Partido possa dissolvê-las todas, sem exceção.
EXCLAMAÇÕES: É justo! — (Aplausos prolongados.)
Que atuem deste modo ou que saiam do Partido. E se não saírem, nos pô-los-emos fora.
EXCLAMAÇÕES: É justo!—(Aplausos prolongados.)
Camaradas, eis como se põe a questão da oposição.
3 de Dezembro de 1927.
J. STALINE: «Relatório político do CC ao XV Congresso do PC da URSS,
Questions du leninisme. tomo II, pp. 135-136, E. S. I. 1931.
A oposição organizou uma fracção e transformou-a num partido no seio do nosso Partido Bolchevique. As tradições bolcheviques autorizam semelhante ignomínia? Como é que se pode falar das tradições bolcheviques e ao mesmo tempo admitir a cisão no Partido, a formação no seu seio de um outro partido anti-bolchevique?
Em seguida, a oposição organizou uma imprensa ilegal, aliando-se a intelectuais burgueses que, por sua vez, estavam ligados a reconhecidos guardas-brancos. Como é que se ousa falar das tradições do bolchevismo quando se tolera uma ignomínia que vai até à traição direta do Partido e ao Poder Soviético? Por fim, a oposição organizou uma manifestação dirigida contra o Partido e fazendo um apelo a elementos não proletários. Como é que se pode falar de tradições bolcheviques quando se faz apelos para a rua contra o seu Partido, contra o Poder Soviético? Alguma vez se ouviu dizer que as tradições bolcheviques autorizem tais ignomínias que atingem diretamente a contra-revolução? Não é claro que o camarada Kamenev faz valer estas tradições apenas para esconder a sua ruptura com elas em nome dos interesses do seu grupo anti-bolchevique? Este apelo para a rua nada trouxe para a oposição, pois apenas atraiu um grupo insignificante. Isto não é um erro da oposição, é a sua desgraça. O que teria acontecido se a oposição fosse mais forte? O apelo para a rua ter-se-ia transformado num motim direto contra o Poder Soviético. Será difícil compreender que na realidade esta tentativa da oposição em nada se distingue da famosa tentativa dos socialistas-revolucionários de esquerda em 1918?
6 de Dezembro de 1927.
J. STALINE: «Discurso de encerramento sobre o relatório político do CC ao XV Congresso do PC da URSS),
Questions du leninisme, tomo II, pp. 146-147, E. S. I., 1931.
Em que é que consiste a essência do trotskismo?
A essência do trotskismo consiste, antes de mais, na negação da possibilidade de edificar o socialismo na URSS pelas forças da classe operária e do campesinato do nosso pais. O que é que isso significa? Significa que se, num futuro próximo, o apoio da revolução mundial vitoriosa não chegar, teremos de capitular diante da burguesia e abrir o caminho à República democrática burguesa. Portanto, temos aí uma negação burguesa da possibilidade de edificar o socialismo no nosso pais, negação mascarada por uma frase revolucionária sobre a vitória da revolução mundial. É possível, com semelhantes concepções, provocar nas mais largas massas da classe operária o entusiasmo pelo trabalho, a emulação socialista, um vasto trabalho de choque, uma ofensiva largamente desenvolvida contra os elementos capitalistas? É claro que não. Seria absurdo acreditar que a nossa classe operária, que fez três revoluções, desenvolveria o entusiasmo pelo trabalho e um vasto trabalho de choque, com o único fim de preparar o terreno para o capitalismo. A nossa classe operária desenvolveu o seu ímpeto no trabalho, não para o capitalismo, mas para enterrar definitivamente o capitalismo e edificar o socialismo na URSS. Tirem-lhe a certeza da possibilidade de edificar o socialismo, e terão destruído todo o terreno para a emulação, para o ímpeto no trabalho, para o trabalho de choque.
Daí a conclusão: para provocar na classe operária o ímpeto do trabalho e a emulação, e organizar uma ofensiva largamente desenvolvida, seria preciso, antes de mais, enterrar a teoria burguesa do trotskismo sobre a impossibilidade de edificar o socialismo no nosso país.
A essência do trotskismo consista, em segundo lugar, na negação da possibilidade de fazer participar as massas essenciais do campesinato na edificação socialista no campo. O que é que isto significa? Que a classe operária não é capaz de arrastar atrás de si o campesinato a fim de orientar as explorações camponesas individuais na via da coletivização, que se, num futuro próximo, a vitória da revolução mundial não chegar em socorro da classe operária, o campesinato restabelecerá a antiga ordem de coisas burguesa. Portanto, estamos aí na presença de uma negação burguesa das forças a possibilidades da ditadura do proletariado para conduzir o campesinato para o socialismo, negação mascarada sob frases «revolucionárias» acerca da vitória da revolução mundial, é possível, com tais concepções, arrastar as massas camponesas no movimento kolkhoziano da massa, organizar a liquidação dos kulaks enquanto classe? É claro que não.
Dai a conclusão: para organizar um movimento kolkhoziano de massa de campesinato e liquidar a classe dos kulaks, seria preciso, antes de mais, enterrar a teoria burguesa do trotskismo sobre a impossibilidade de associar as massas trabalhadoras do campesinato ao socialismo.
A essência do trotskismo consiste finalmente em negar a necessidade de uma disciplina férrea do Partido, em reconhecer a liberdade dos grupos de fracção no Partido, em reconhecer a necessidade de formar um partido trotskista. Para o trotskismo, o PC da URSS não deve ser um partido de combate, único e coerente, mas uma reunião de grupos e frações com os seus centros, com a sua imprensa, etc. Ora, o que é que isto significa? Significa proclamar a liberdade das frações políticas no Partido. Significa que depois da liberdade dos grupos políticos no Partido, deve vir a liberdade dos partidos políticos no pais, isto é, a democracia burguesa. Temos aqui, portanto, o reconhecimento da liberdade dos grupos fracionais no Partido, incluindo até a admissão de partidos políticos no pais da ditadura do proletariado, reconhecimento mascarado por uma frase sobre a «democracia interna do Partido», sobre a «melhoria do regime» no Partido. Que a liberdade das chicanices fracionais, dos grupos intelectuais não é ainda a democracia interna do Partido; que a ampla autocrítica realizada pelo Partido e a atividade prodigiosa das massas de aderentes do Partido são uma manifestação da verdadeira e autêntica democracia do Partido, isso o trotskismo não é capaz de compreender. É possível, com semelhantes concepções sobre o Partido, assegurar a unidade de ferro no Partido, necessária ao sucesso da luta contra os inimigos da classe? É claro que não.
Dai a conclusão: para assegurar a unidade de ferro do Partido e a disciplina proletária no seu seio, seria preciso, antes de mais, enterrar a teoria do trotskismo em matéria de organização.
Capitulação de fato, como conteúdo, frases de «esquerda» e gestas de aventureirismo «revolucionário», como forma que cobre e exalta o espírito de capitulação, que é o seu conteúdo, eis a essência do trotskismo.
Esta dualidade do trotskismo reflete a situação dupla da pequena burguesia das cidades em vias de se arruinar, que não pode suportar o «regime» da ditadura do proletariado e se esforça por passar «de um golpe» ao socialismo, para escapar à ruína (de onde o espírito de aventura e a histeria em política), ou então, quando isto é impossível, se esforça por consentir em quaisquer concessões ao capitalismo, sejam elas quais forem (de onde o espírito de capitulação em política).
É esta dualidade do trotskismo que explica o fato de que os seus ataques «desesperados», ditos contra os desviacionistas de direita, sejam habitualmente coroados pelo trotskismo por um bloco com eles, assim como com os capitulacionistas sem máscara.
27 de Junho de 1930.
J. STALINE: Relatório do CC ao XVI Congresso do PC da URSS
Certos bolcheviques pensam que o trotskismo é uma fracção do comunismo, que, é certo, se engana, faz muitas asneiras e por vezes é mesmo anti-soviética, mas que é, mesmo assim, uma fracção do comunismo. Daí um certo liberalismo face aos trotskistas e às pessoas de espírito trotskista. É apenas necessário demonstrar que um tal ponto de vista sobre o trotskismo é profundamente erróneo e nefasto. Na realidade, o trotskismo é um destacamento de vanguarda da burguesia contra-revolucionária, que conduz à luta contra o comunismo, contra o Poder dos Sovietes, contra a edificação do socialismo na URSS.
Quem é que deu à burguesia contra-revolucionária uma arma espiritual contra o bolchevismo, sob a forma de tese sobre a impossibilidade de construir o socialismo no nosso país, sobre a degenerescência inelutável dos bolcheviques, etc...? Esta arma, deu-lha o trotskismo. Não se pode considerar como um acaso o fato que todos os grupos anti-soviéticos na URSS nas suas tentativas de justificar a inevitabilidade da luta contra o Poder dos Sovietes, tenham invocado a conhecida tese trotskista sobre a impossibilidade da construir o socialismo no nosso país, sobre a degenerescência inelutável do poder dos Sovietes, sobre o retorno provável ao capitalismo.
Quem é que deu à burguesia contra-revolucionária da URSS uma arma tática sob a forma de ações declaradas contra o Poder dos Sovietes? Esta arma, deram-lha os trotskistas, que tentaram organizar manifestações anti-soviéticas em Moscovo e em Leningrado a 7 de Novembro de 1927. É um fato que as manifestações anti-soviéticas dos trotskistas tornaram a dar coragem à burguesia e puseram em movimento a sabotagem dos especialistas burgueses.
Quem ó que deu à burguesia contra-revolucionária uma arma de organização sob a forma de tentativa de constituir organizações anti-soviéticas clandestinas? Esta arma, deram-lhe os trotskistas, que organizaram o seu próprio grupo ilegal anti-bolchevique. É um fato que a ação anti-soviética clandestina dos trotskistas facilitou a cristalização orgânica dos agrupamentos anti-soviéticos na URSS.
O trotskismo é um destacamento de vanguarda da burguesia contra-revolucionária.
Eis porque é que o liberalismo em relação ao trotskismo, mesmo que aniquilado e camuflado, é inconsequência que confina com o crime, com a traição para com a classe operária.
1931.
J. STALINE: «Sobre algumas questões da história do bolchevismo»,
A Revolução proletária, n.º 6 (113), 1931. ed. r.
Este artigo da Pravda estabeleceu o balanço do trotskismo, tal como ele ressalta dos dois recentes processos de Moscovo (Centro unificado e Centro paralelo). Ele mostra a que é que conduziu a luta de Trotsky contra o leninismo no domínio da edificação do socialismo na URSS.
O assombro cético que certos jornais estrangeiros simulam perante os crimes inauditos revelados pelo processo do Centro trotskista anti-soviético, testemunha apenas, quase sempre, falta de escrúpulo dos proprietários ou dos colaboradores destes jornais. Como é que pessoas que se dizem socialistas poderiam ter cometido semelhantes crimes contra a classe operária? — perguntam ingenuamente estes senhores. Eles «esquecem» as numerosas lições da história.
A burguesia encontrou por mais de uma vez fiéis lacaios entre os despojos do movimento operário. Foi do campo dos oportunistas que saíram os aduladores servis mais devotados do capitalismo que, muitas vezes, se adornavam com uma roupagem «esquerdista». Basta recordar alguns nomes. Lloyd George na Inglaterra, Na França, Millerand, que, mesmo antes de ter tido tempo da usar os seus sapatos «socialistas», fuzilava já, na qualidade de ministro burguês, a multidão dos grevistas desarmados e famintos. Clemenceau deu meia-volta, passando das frases radicais «de esquerda» ao papel de «tigre» do imperialismo francês. Na Alemanha, Ebert foi o primeiro presidente da República burguesa; com o «cão sangrento» Noske, estabeleceu um regime de terror contra-revolucionário contra a classe operária e foi à sombra deste regime que cresceu o cogumelo venenoso do fascismo. Na Itália, Mussolini começou a sua carreira situando-se na ala oportunista do Partido socialista.
A evolução do trotskismo distingue-se dos exemplos que acabámos de citar pelo fato de se ter operado num pais onde, pela primeira vez na história, a classe operária detém firmemente o leme do Estado. O sonho de inúmeras gerações de oprimidos e explorados realizou-se aqui. O socialismo foi conquistado através de lutas encarniçadas, ao preço de inúmeros sacrifícios. Das classes outrora dominantes, apenas ficaram despojos, aos quais se juntaram apóstatas que temem a luz do dia. O trotskismo, tornado o centro organizador destes elementos, na sua raiva impotente escreveu sobre a sua bandeira: Retorno ao capitalismo. A sua principal esperança está ligada à intervenção estrangeira. Judas—Trotsky, o pior inimigo da classe operária, trazendo na fronte a marca de Caim, ativa o seu bando infame: espiai, traí, sabotai ainda mais! Matai mais operários e soldados vermelhos! Agi mais energicamente pelo terror!
Todo o passado do trotskismo o predestinava ao seu papel infame de pior inimigo da classe operária. A sua carreira é uma sucessão continua de traições, dissimuladas durante um certo tempo pelo palavreado «de esquerda».
Foi certamente a pensar nas possíveis recidivas do trotskismo e para pôr o Partido em guarda contra elas que Lenine escreveu, numa curva da revolução proletária, no momento do abandono do comunismo de guerra pela nova política económica:
Dez a vinte anos de relações justas com o campesinato, e a vitória está assegurada à escala mundial (mesmo havendo um atraso das revoluções proletárias, que crescem), senão vinte a quarenta anos de torturas do terror branco. «Aut-aut. Tertium non datur.»(2)
O leninismo assegurou a primeira alternativa. O trotskismo teria inevitavelmente conduzido à segunda. Para isso tendia toda a demagogia do trotskismo, todas as propostas aventureiras que significavam uma orientação no sentido da divisão entre a classe operária e os camponeses, a perda do poder pela classe operária, o retorno do país ao jugo da ditadura burguesa.
Os trotskistas tentaram, depois dos mencheviques, fazer gala do «obreirismo». Mas sob as suas frases «de esquerda» escondia-se um conteúdo capitulacionista. A classe operária que, ao preço de imensos sacrifícios, tinha conquistado o poder e o tinha defendido contra uma quinzena de Estados intervencionistas, os trotskistas propunham o retorno à antiga dominação da burguesia. Tal era o sentido oculto de toda a luta do trotskismo contra a teoria leninista da edificação do socialismo num só país. Pela sua tese da impossibilidade de edificar o socialismo na União Soviética, os trotskistas puseram nas mãos da burguesia contra-revolucionária uma arma envenenada contra a classe operária.
O Partido, sob a direção de Staline, demoliu o trotskismo.
Nalguns anos, foram realizados na URSS as maiores transformações. A possibilidade de edificar o socialismo num só país, teoricamente provada por Lenine e Staline, é hoje demonstrada na prática pela experiência de uma obra construtiva gigantesca.
Se outrora o trotskismo fixava para si a tarefa de impedir a edificação do socialismo, hoje aspira a destruir tudo aquilo que já se criou.
O trotskismo passou aos métodos de luta mais vis, mais ignóbeis, mais desprezíveis. O seu programa é a restauração do capitalismo. É longe da luz do dia que se juntam as hienas trotskistas, os miseráveis que já nada têm de humano, os cínicos canalhas prontos para todos os crimes. Eles inauguram a série de crimes perante os quais se apagam as mais revoltantes torpezas da história humana. Nada trava já na sua queda os emissários do velho mundo que lutam sem esperanças contra a sociedade nova que se edifica para a felicidade do povo. Vendem a pátria a grosso e a retalho aos piores inimigos desta, fazem espionagem e sabotagens combinados com os agentes da espionagem fascistas; entregam-se ao terror individual contra-revolucionário; preparam traições inauditas para o caso de uma guerra. Tais são os métodos da «atividade» da matilha trotskista.
O que traz o trotskismo à classe operária? O quadro desenrolado no processo do Centro trotskista anti-soviético permite responder de forma completa a esta questão.
Radek, no seu depoimento no processo, expôs nestes termos o programa económico que Trotsky lhe tinha comunicado na sua carta de Dezembro de 1935:
A concessão não só das empresas industriais mais importantes para os Estados imperialistas, assim como a alienação aos elementos capitalistas dos empreendimentos económicos importantes que eles designarem. Trotsky previa empréstimos por obrigações, isto é, a admissão do capital estrangeiro na exploração das fábricas que, formalmente, ficariam nas mãos do Estado soviético.
É portanto o programa do restabelecimento da escravatura capitalista para a classe operária que derrubou o poder da burguesia e que, por um trabalho pleno de abnegação, construiu o socialismo. Os pulhas trotskistas compreendiam perfeitamente que só o regime do terror fascista mais feroz poderia obrigar as massas operárias a submeter-se à servidão capitalista.
Nesta mesma carta, Trotsky escrevia cinicamente a Radek:
Não pode haver lugar para nenhuma democracia.
A classe operária viveu dezoito anos de revolução, e o seu apetite é formidável; ora será necessário fazer voltar este operário em parte às fábricas privadas, em parte às fábricas de Estado, que terão de sustentar a mais rude concorrência do capital estrangeiro. Isto quer dizer que haverá um forte agravamento da situação da classe operária. Nos campos, recomeçará a luta do camponês pobre e do camponês médio contra o kulak. Para manter a situação, será necessário um poder forte, quaisquer que sejam as formas que ele revista.
No processo, o infame Radek confessou abertamente que, ao ler esta carta, compreendeu perfeitamente que Trotsky traçava nela a perspectiva da instauração do regime fascista.
Concretamente, que significava para as massas operárias o programa trotskista?
Outrora, o proletariado era a classe explorada e oprimida pela burguesia. No país dos Sovietes, esta classe pertence apenas a um passado volvido. Uma nova classe operária nasceu.
O proletariado da URSS tornou-se uma classe absolutamente nova, a classe operária da URSS, que destruiu o sistema capitalista da economia, consolidou a propriedade socialista dos instrumentos e meios de produção, e que conduz a sociedade soviética na via do comunismo. (STALINE: Relatório sobre o projeto de Constituição da URSS)
Esta classe operária, os trotskistas querem reconduzi-la ao estado de proletariado explorado e oprimido. A classe operária exerce na URSS, a sua ditadura, o poder de Estado está nas suas mãos, ela conduz a luta de todo o povo trabalhador para o comunismo. A classe operária tem autoridade nas massas populares que a estimam e a honram. Os trotskistas querem reduzi-la ao estado de um pária sem direitos, achincalhado pelos ociosos e pelos parasitas. A exemplo da Alemanha fascista, lançar centenas de milhares de operários nas masmorras da policia fascista, nos campos da concentração, exterminar a vanguarda mais consciente e mais activa da classe operária: eis o que quer o trotskismo.
As massas operárias da URSS, libertadas das cadeias da exploração, conhecem a alegria do trabalho criador e livre. O trabalho tornou-se uma questão de honra, de glória, de coragem e de heroísmo. Onde é que o movimento stakhanovista poderia, pois, nascer e desenvolver-se? O trotskismo sonha reconduzir os operários às galés sob o jugo do trabalho forçado, reduzi-los a um trabalho extenuante em proveito de um punhado de exploradores, de vampiros.
A lei inabalável da URSS é: quem não trabalha, não come. A exploração do homem pelo homem foi para sempre abolida. As riquezas imensas criadas pelo trabalho do povo constituem o seu bem imprescritível. A classe operária está na grande via que conduz a um desenvolvimento material e cultural sempre crescentes. Os trotskistas querem restabelecer o velho princípio da exploração: quem trabalha, não come. Trotsky escrevia a Radek que um «forte agravamento da situação da classe operária é inevitável». Evidentemente! Se se restabelecerem os volumosos lucros dos capitalistas, se se abandonar a um punhado de parasitas os bens do povo e o fruto do seu trabalho, para o povo apenas ficará o trabalho extenuante e uma existência famélica.
É na URSS que existe a mais curta jornada de trabalho, que a proteção ao trabalho é mais perfeita. Os fascistas trotskistas querem restabelecer a antiga prisão de forçados em que se trabalhava do nascer ao pôr-do-sol, em que toda a reivindicação tinha por consequência atirar o operário para a porta da fábrica.
Os cidadãos da URSS têm o direito ao trabalho, isto é, o direito de receber um emprego garantido, sendo o seu trabalho remunerado segundo a sua quantidade e a sua qualidade.
Estas palavras da Constituição staliniana, da lei fundamental do Estado soviético significam a realização do sonho de inumeráveis gerações de proletários que viviam e morriam na deprimente inquietação pelo futuro. A juventude soviética nunca conheceu e nunca conhecerá esta inquietação pelo futuro, este medo de perder o seu trabalho e o seu bocado de pão. Ora, os trotskistas aspiram a trazer de novo um regime sob o qual o desemprego é o hóspede frequente dos lares operários. A economia soviética ignora as crises, mas o capitalismo é inconcebível sem elas. Viver no medo constante de perder o seu bocado de pão, o seu abrigo, de não poder alimentar os seus filhos, correr o risco de morrer de fome, tais são os «benefícios» com que o trotskismo quer encher a classe operária soviética.
O direito ao descanso é um direito imprescritível de todos os cidadãos da URSS. Os trotskistas queriam trazer de novo o regime que só deixa o operário descansar na cova, depois de morto, se excetuarmos o «descanso» forçado durante os meses e anos de desemprego que aniquila todas as forças do operário e que significa para ele a fome e a morte.
O direito à Instrução é uma das maiores conquistas da classe operária. A via para os cumes da ciência, a via para a imensa herança cultural da humanidade está na URSS largamente aberta a todas as pessoas. E a classe operária marcha firmemente e com segurança nesta via. Quantos notáveis talentos ela já não produziu nos ramos mais variados das ciências e das artes! O regime que os trotskistas sonhavam trazer da novo teria fechado hermeticamente diante da «plebe» as portas da ciência e teria escrito sobre elas: Entrada proibida aos pobres! O capitalismo significa o monopólio da ciência pela minoria dos que possuem; quanto à maioria, está condenada a contentar-se, à guisa de alimento intelectual, com migalhas que lhes são atiradas da mesa dos patrões.
A operária recebe na URSS um salário igual ao do homem, por igual trabalho. Todas as formas da vergonhosa desigualdade entre os sexos estão abolidas na URSS. Os trotskistas pensam impor de novo à parte feminina da classe operária um duplo jugo e uma dupla exploração, pôr de novo em vigor as leis ignóbeis e ferozes que em todos os países do Capital inferiorizam a mulher.
Bilhões de rublos são despendidos anualmente na URSS para as necessidades sociais e culturais da classe operária, para os seguros sociais, para a ajuda aos doentes e aos velhos. A restauração do capitalismo significaria que todos os admiráveis edifícios e sanatórios, os estabelecimentos médicos, as casas de repouso, voltariam de novo a existir apenas para um ínfimo punhado de parasitas saciados.
Os trotskistas contavam não só restabelecer o capitalismo na URSS, como também trazer para aí de novo todos os horrores da exploração colonial. A pátria soviética afirmou a sua independência política e económica. Tornou-se o grande e poderoso país do socialismo. O poder da classe operária fez dela o país mais avançado do mundo, o farol de toda a humanidade de vanguarda; os trotskistas esforçaram-se por fazer da pátria socialista a colónia dos mais agressivos Estados fascistas. Preparavam para os operários da pátria socialista a mesma sorte dos «coolies» chineses.
«É preciso abandonar todo o pensamento de trabalho de massas», sugeria Trotsky a Piatakov durante a sua viagem a Oslo.
Com cinismo e imprudência, Trotsky dizia aos seus sequazes:
Seria absurdo pensar que se pode chegar ao Poder sem assegurar a benevolência dos principais governos capitalistas, particularmente dos mais agressivos, tais como os atuais governos da Alemanha e do Japão. É absolutamente necessário manter desde agora um contacto e um entendimento com estes governos.
Trotsky reconhecia que os trotskistas nunca chegariam ao poder sem uma guerra da Alemanha e do Japão contra a URSS e sem a derrota desta nessa guerra. Daí, a diretiva: apressar, provocar a guerra, fazer um trabalho de sapa, ajudar os países fascistas a demolir o baluarte do socialismo, cometer monstruosas traições. O trotskismo, pelos seus atos de sabotagem, fez morrer dezenas de operários e soldados do Exército Vermelho. Os trotskistas preparavam-se para sacrificar, desde que explodisse a guerra, centenas de milhares e milhões de trabalhadores no altar da restauração capitalista. Os Estados fascistas têm as suas ideias sobre o carácter e os objetivos da guerra: têm os seus planos de guerra. Eis, por exemplo, o que escrevia recentemente Die Deutsche Wehr, órgão oficioso do Estado-Maior alemão:
A única recompensa digna do risco e dos sacrifícios que hoje se ligam à guerra não pode ser senão a evicção completa do vencido da arena, o seu aniquilamento em qualidade de força económica considerável e independente. O inimigo não deve mais produzir, não deve mais ter a possibilidade de participar na concorrência. Não se pode deixar-lhe, à vista de uma nova guerra, talvez mais feliz, uma indústria capaz de funcionar. O inimigo deve ser arruinado e despojado. É unicamente nisto que, nas condições modernas, a vitória consiste.
Assim, a indústria devia ser aniquilada. Foi no espírito deste programa que o acordo concluído com Hess, o lugar-tenente de Hitler, foi redigido. Abandonar o pais à mercê do fascismo alemão, eis a intenção que aparece em cada ponto deste acordo.
Trotsky escrevia que, sem o apoio da Alemanha e do Japão, era impossível tanto subir ao poder, como manter-se nele. Foi por isto que se estabeleceu todo um programa para vender a pátria socialista. O Japão receberia a província marítima, a região do Amor, o petróleo de Sakhalina; A Alemanha obteria a Ucrânia, liberdade de ação no vale do Danúbio e nos Balcãs; o país teria sido economicamente escravizado sob a forma de concessões das empresas e por tratados de comércio concluídos em condições leoninas. Mas os inimigos da humanidade enganaram-se cruelmente nos seus cálculos.
Deu-se um golpe sério nos projetos dos fautores da guerra. Os inimigos da classe operária foram castigados como o mereciam e o povo soviético, depois de os ter aniquilado caminhará em frente com maior segurança ainda, rumo aos cumes radiosos do comunismo.
14 de Fevereiro de 1937.
Artigo da Pravda.
Ao conduzir a luta contra os agentes trotskistas. os camaradas do nosso Partido não notaram, não se aperceberam que o trotiskismo de hoje já não é o que era há sete ou oito anos; que o trotskismo e os trotskistas sofreram durante todo este tempo uma séria evolução que mudou radicalmente a sua face; que, por esta razão, a luta contra o trotskismo, os métodos de luta contra ele devem também mudar radicalmente. Os camaradas do nosso Partido não notaram que o trotskismo deixou de ser a corrente política na classe operária que era há sete ou oito anos, que se tornou num bando cínico e sem princípios de sabotadores, de agentes de diversão, de espiões e de assassinos que agem segundo as instruções dos órgãos de espionagem dos Estados estrangeiros.
O que é uma corrente política na classe operária? Uma corrente política na classe operária é um grupo ou um partido que tem a sua fisionomia determinada, a sua plataforma, o seu programa, que não se esconde nem pode esconder as suas ideias da classe operária, mas que, pelo contrário, se dirige de cabeça levantada à classe operária para a convencer da justeza das suas ideias. No passado, há sete ou oito anos, o trotskismo era uma corrente política na classe operária; uma corrente anti-leninista e por conseguinte essencialmente errónea, é verdade, mas mesmo assim uma corrente política.
Poderá dizer-se que o trotskismo de hoje, o trotskismo da 1936, é uma corrente política na classe Operária? Não, não se pode dizê-lo. Porquê? Porque os trotskistas atuais têm medo de mostrar à classe operária a sua verdadeira face, têm medo de lhes mostrar claramente os seus verdadeiros fins e objetivos, escondem cuidadosamente da classe operária a sua fisionomia política, receando que, se a classe operária aprender as suas verdadeiras intenções, os amaldiçoe, como pessoas que lhe são estranhas, e os corra para longe de si.
É por isso que se explica o fato de que o principal método da atividade trotskista é agora, não a propaganda aberta das suas ideias na classe operária, mas a camuflagem das suas ideias, a exaltação servil e obsequiosa das ideias dos seus adversários, o denegrir farisáico e mentiroso das suas ideias.
3 de Março de 1937.
J. STALINE: «Discurso à Assembleia Plenária do Comité Central do PC da União Soviética».
Notas de rodapé:
(1) Abramovltch — Principal redactor do Jornal mencheviqua berlinense Sotsialistitcheski Vestnik (O Mensagelro Soclalista). (Nota da edição francesa.) (retornar ao texto)
(2) Ou um, ou outro. Não há terceira hipótese. (retornar ao texto)
Inclusão | 01/08/2014 |