Nosso caminho

J. V. Stálin

6 de setembro de 1917


Primeira publicação: “Rabótchi Put” (“O Caminho Operário”), n.° 3. 6 de setembro de 1917. Editorial.
Fonte: J. V. Stálin, Obras. Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953, págs. 270-272.
Tradução: Editorial Vitória, da edição italiana G. V. Stálin - "Opere Complete", vol. 3 - Edizione Rinascita, Roma, 1951.
HTML: Fernando Araújo.
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Marx explicou a fraqueza da revolução de 1848 na Alemanha entre outras coisas pelo fato de que naquele país não existia uma forte contrarrevolução que galvanizasse a revolução e a reforçasse no fogo da luta.

Nós, russos, desse ponto de vista não temos o direito de lamentar-nos do destino, porque temos uma contrarrevolução, e ainda por cima bastante sólida.. As últimas ações contrarrevolucionárias da burguesia e dos generais e a onda do movimento revolucionário por eles suscitada, mostraram com particular clareza que a revolução desenvolve-se e reforça-se justamente nos choques com a contrarrevolução.

No fogo desses choques receberam nova vida e novo desenvolvimento os soviets e os comitês que estavam para sucumbir, derrotados pelas intrigas da burguesia durante os meses de julho e agosto.

A revolução alçou-se sobre os ombros dessas organizações, até obter o triunfo sobre a contrarrevolução.

Agora que a camarilha de Kornílov retira-se em desordem e Kerenski apropria-se sem mais cerimônias dos louros de outrem, é particularmente claro que sem essas organizações, sem os comitês dos ferroviários, dos soldados, dos marinheiros, dos camponeses, dos operários, dos empregados nos correios e telégrafos e outras organizações “arbitrárias”, sem sua iniciativa revolucionária e sem sua atividade combativa, a revolução teria sido varrida.

Tanto mais, portanto, dever-se-ia ter na devida apreciação essas organizações. Tanto mais enérgico deve ser o nosso trabalho no sentido de reforçá-las e de estendê-las. Que os comitês surgidos “arbitrariamente” vivam e se desenvolvam, que se reforcem e vençam: eis qual deve ser a palavra de ordem dos amigos da revolução.

Somente inimigos, somente adversários jurados do povo russo teriam podido atentar contra a integridade dessas organizações.

E, ao invés, o governo de Kerenski desde os primeiros dias do complô contrarrevolucionário tratava com suspeita os comitês surgidos “arbitrariamente”. Não sendo capaz de combater e não querendo combater contra a revolta de Kornílov, temendo as massas e o movimento de massa mais que a contrarrevolução, o governo desde os primeiros dias do complô de Kornílov opôs obstáculos ao Comitê de Petrogrado que guiava a luta popular contra a contrarrevolução. E continuou o governo a sabotar sempre a luta contra a camarilha de Kornílov.

Mas há mais: a 4 de setembro o governo de Kerenski baixou uma ordem especial em que declara guerra aberta aos comitês revolucionários, colocando-os fora da lei. O governo tacha a atividade desses comitês de “atividade arbitrária” e declara:

“Não se devem permitir outras ações abusivas, e o governo provisório lutará contra elas, considerando-se como arbitrárias e prejudiciais à república.”

Evidentemente Kerenski se esquece de que o “diretório” não foi ainda substituído pelo “consulado” e que ele não é ainda o primeiro cônsul da república russa.

Evidentemente Kerenski não sabe que entre o “diretório” e o “consulado” houve de permeio um golpe de Estado, e que teria sido necessário pô-lo em prática antes de baixar semelhantes disposições.

Kerenski não sabe que na luta contra os comitês “arbitrários” no interior e na frente deveria apoiar-se nos Kalédin e nos Kornílov, e somente neles, e deveria em qualquer caso lembrar-se do destino ao encontro do qual caminharam estes últimos….

Estamos convencidos de que os comitês revolucionários darão uma resposta digna a esse golpe vibrado em suas costas por Kerenski.

Exprimimos a segura convicção de que os comitês revolucionários não se desviarão do seu caminho.

Se os caminhos do “diretório” e dos comitês revolucionários separaram-se definitivamente, tanto pior para o “diretório”.

O perigo contrarrevolucionário ainda não passou: vivam os comitês revolucionários!


Inclusão: 18/02/2024