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A resolução acerca das relações entre os partidos socialistas e os sindicatos reveste-se de extraordinária importância para nós russos. O Congresso de Estocolmo do POSDR manifestou-se em prol de sindicatos independentes do Partido, mantendo, portanto, o ponto de vista da neutralidade. Esse mesmo ponto de vista foi sempre defendido por nossos democratas desprovidos de espírito de partido, os bernsteinianos e os esserristas. O Congresso de Londres, ao contrário, formulou outro princípio: o de aproximar os sindicatos do Partido chegando (em determinadas condições) até a vinculá-los estreitamente. Em Stuttgart a subseção social-democrata da seção russa (os socialistas de cada país formam seções independentes nos congressos internacionais) dividiu-se ao discutir esta questão (no exame das demais questões não houve cisão). Aconteceu o seguinte: Plekhanov defendeu, como princípio, a neutralidade. O bolchevique Voinov defendeu o critério antineutralista do Congresso de Londres e da resolução belga (publicada junto com o informe de De Brouckere nos documentos do Congresso; esse informe aparecerá mais tarde em russo). Clara Zetkin observou, com razão, em seu jornal Die Gleichheit que os argumentos de Plekhanov em defesa da neutralidade foram tão infelizes como os argumentos dos franceses. E a resolução do Congresso de Stuttgart, como justamente assinalou Kautsky e como poderá convencer-se todo aquele que a analise com atenção, põe fim ao reconhecimento da “neutralidade” como princípio. Nessa resolução, não se diz nem uma só palavra sobre a neutralidade ou a independência em relação ao Partido. Ao contrário, reconhece-se com toda a precisão a necessidade de que os sindicatos estabeleçam estreitas relações com o Partido Socialista e as sustentem.
A resolução de Londres do POSDR sobre os sindicatos repousa então na firme base de princípios da resolução de Stuttgart. A resolução indica em geral e para todos os países ser necessária a existência de sólidas e estreitas relações entre os sindicatos e o Partido Socialista; a resolução de Londres indica que, para a Rússia, a forma destas relações deve ser, em circunstâncias favoráveis, a vinculação direta dos sindicatos com o Partido e que a atividade dos membros do Partido deve ser orientada nesse sentido.
Observemos que o princípio da neutralidade deixou entrever seus lados nocivos em Stuttgart com o fato de que a metade da delegação alemã, os representantes dos sindicatos, foram os que mais resolutamente mantiveram o ponto de vista oportunista. Daí que, por exemplo, em Essen os alemães se opuseram a Van-Kol (em Essen o Congresso era só do Partido, e não dos sindicatos), e em Stuttgart estavam a favor de Van-Kol. A proclamação da neutralidade conseguiu de fato perniciosos frutos na Alemanha, fazendo o jogo do oportunismo dentro da social-democracia. A partir de então não é possível deixar de levar em conta esse fato, e sobretudo é preciso levá-lo em consideração na Rússia, onde são tão numerosos os conselheiros democratas burgueses do proletariado que lhe recomendam a “neutralidade” do movimento sindical.
Notas de rodapé:
(1) O Congresso Socialista Internacional de Stuttgart (VII Congresso da II Internacional) foi realizado de 18 a 23 de agosto de 1907. O POSDR foi representado por 37 delegados. Lênin, Litvínov e Lunatchárski assistiram pelos bolcheviques. Entre as questões examinadas figuraram as relações entre os partidos políticos e os sindicatos. (retornar ao texto)
Inclusão | 26/02/2013 |