
(1914-1994): advogado, economista e escritor brasileiro. Ainda muito jovem, influenciado pelas ideias do pai, participou da Revolução de 1930. Depois no início dos anos 30 começa a ler Marx, torna-se militante do Partido Comunista Brasileiro, integra a Aliança Nacional Libertadora (ANL) e participa da tentativa de tomada de poder em 1935. Derrotado, foi preso em São Luís e enviado ao Rio de Janeiro, onde fica por dois anos. No período de prisão, criou com companheiros de presídio um sistema de utilização de livros de fora para o funcionamento de treze “cursos”, entre os quais sociologia, matemática e economia. Na prisão, estudou história e economia como autodidata. Iniciou então uma revisão crítica das principais teses defendidas pela esquerda. Sempre considerando-se um socialista, passou a buscar a especificidade do desenvolvimento brasileiro, recusando a simples adaptação de teorias importadas. Libertado em 1937, retorna a São Luís, onde retoma os estudos de Direito. No início de 1945, se especializa na tradução de romances policiais e passa a militar no PCB, na Célula Theodore Dreiser, com Graciliano Ramos, Gilberto Paim e outros intelectuais. No interior da Célula, discordou das teses do PCB, que afirmavam que a reforma agrária era indispensável à industrialização brasileira, provocando posteriormente sua saída do partido. Participou da assessoria econômica de Getúlio Vargas e ajudou a elaborar os projetos da Petrobras e da Eletrobras. Em 1954, vai para Santiago do Chile realizar um curso de pós-graduação na CEPAL [Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe]. Um ano após ingressa no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e coordena o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek. Em 1964, foi convidado por João Goulart, para participar do Governo lhe dando a opção de assumir o Ministério Extraordinário do Planejamento ou a Superintendência da Moeda e do Crédito: a poderosa SUMOC, atual Banco Central. Teve intensa militância intelectual: no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb), em centros universitários e no Clube dos Economistas. Construiu um quadro analítico próprio. Usou de forma criativa idéias de Adam Smith, Karl Marx, John M. Keynes e Joseph Schumpeter. Defendeu a hipótese de Nicolai Kondratiev, recusada pela escola soviética, de que o desenvolvimento capitalista obedece a ciclos longos, gerados pelas economias centrais, que são aquelas capazes de criar novas tecnologias. Incorporou essa hipótese como pano de fundo de sua reinterpretação da história do Brasil. As contribuições intelectuais mais decisivas de Rangel podem ser agrupadas em cinco grandes temas: a hipótese da dualidade básica, os estudos sobre a dinâmica capitalista, a reinterpretação da inflação brasileira, o debate sobre a questão agrária e o papel do Estado na economia.