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A guerra acaba de ser declarada ao Conselho Geral. Mas não vos assustais, caros amigos, a existência, a potência e a unidade real da Internacional não sofrerão, porque sua unidade não está em cima, não está num dogma teórico uniforme imposto à massa do proletariado, tampouco num governo mais ou menos ditador como aquele que o Congresso dos operários mazzinianos acabam de instituir em Roma; ela está em baixo: na identidade da situação material dos sofrimentos, das necessidades e das aspirações do proletariado de todos os paises; a potência da Internacional não reside em Londres, ela está na livre federação das seções operárias autônomas de todos os países e na organização, de baixo para cima, da solidariedade prática entre elas. Eis os princípios que nós defendemos hoje contra as usurpações e contra as veleidades ditatoriais de Londres que, se elas pudessem triunfar, matariam a Internacional, com certeza.
Um Conselho Geral da Internacional, que esteja sediado em Londres ou em outro lugar, só é suportável, possível, na medida em que é revestido de atributos modestos de um Bureau central de correspondência somente. É também aproximadamente o único papel que lhe atribuem nossos estatutos gerais. Mas tão logo ele queira se tomar um governo real, ele se torna necessariamente uma monstruosidade, uma absoluta impossibilidade. Imaginem um tipo de monarca universal, coletivo, impondo sua lei, seu pensamento, seu movimento, sua vida aos proletários de todos os países, reduzidos ao estado de miséria! Mas seria uma paródia ridícula do sonho ambicioso dos Césares, dos Carlos V, dos Napoleão, sob a forma de uma ditatura universal, socialista e republicana. Seria um golpe de misericórdia dado na vida espontânea de todas as outras seções, a morte da Internacional.
Estes doutrinários e estes autoritários, Mazzini tanto quanto Marx, confundem sempre a uniformidade com a unidade, a unidade formal dogmática e governamental com a unidade viva e real, que só pode resultar do mais livre desenvolvimento de todas as individualidades e de todas as coletividades e da aliança federativa e absolutamente livre, na base de seus próprios interesses e de suas próprias necessidades, das associações operárias nas comunas, e, para além das comunas, comunas nas regiões, regiões nas nações, e nações na grande e fraternal União internacional, humana, organizada federativamente somente pela liberdade com base no trabalho solidário de todos e da mais completa igualdade econômica e social. Eis o programa, o verdadeiro programa da Internacional, que nós opomos ao novo programa ditatorial de Londres. Nós, quer dizer, a Confederação das seções do Jura, à qual eu pertenço. Nós não somos os únicos: a imensa maioria, pode-se quase dizer todos os internacionais franceses, espanhóis, belgas, e italianos também, eu espero — já temos a adesão de várias seções italianas e, não duvidamos, da vossa seção — numa única palavra, todo o mundo latino está conosco. Os operários ingleses e americanos têm muito acentuado o sentimento de sua independência e o hábito da ação e da vida espontânea para se preocupar ou para levar em consideração as pretenções bismarckianas do Conselho Geral, que sequer ousa anunciá-las. Há somente o mundo propriamente tudesco que se submete a ele com esta paixão da disciplina ou da servidão voluntária que o distingue hoje. O pensamento que acaba de prevalecer, infelizmente, no seio do Conselho Geral, é um pensamento exclusivamente alemão. Representado sobretudo por Marx — um judeu alemão, um homem muito inteligente, muito culto, socialista convencido e que prestou grandes serviços à Internacional, mas ao mesmo tempo muito vaidoso, muito ambicioso, intrigante como um verdadeiro judeu que ele é - este pensamento, representado por Marx, o chefe dos comunistas autoritários da Alemanha, por seu amigo Engels, um homem muito inteligente também, o secretário do Conselho Geral para a Itália e para a Espanha, e por outros membros alemães do Conselho Geral, menos inteligentes, mas não menos intrigantes e não menos fanaticamente devotados a seu ditador-messias, Marx, — este pensamento lhes é inspirado por um sentimento de raça. E o pangermanismo que, aproveitando-se dos triunfos recentes do absolutismo militar da Prússia, é o pensamento omnidevorador e omniabsorvente de Bismarck, o pensamento do Estado pangermânico, submetendo mais ou menos toda a Europa à dominação da raça alemã, que eles acreditam ter sido chamada a regenerar o mundo, — é este pensamento liberticida e mortal para a raça latina e para a raça eslava que se esforça hoje em se apoderar da direção absoluta da Internacional. A esta pretenção monstruosa do pangermanismo, devemos opor a aliança da raça latina e da raça eslava, — não com este império monstruoso de todas as Rússias que nada mais é do que um tipo de império alemão que se impõe às populações eslavas pelo cnute [Chicote usado na Rússia] tártaro, não com esta outra monstruosidade que se chama pan-eslavismo e não seria outra coisa senão o triunfo e a dominação deste cnute na Europa — não, a aliança da revolução econômica e social dos latinos com a revolução econômica e social dos eslavos, revolução que, fundada sobre a emancipação econômica das massas populares e que, tomando por base de sua organização e autonomia das associações operárias, das comunas, das regiões e das nações, livremente federadas, fundará um mundo internacional novo sobre as ruínas de todos os Estados — um mundo que, tendo por base material a igualdade, por alma a liberdade, por objeto de ação o trabalho, e por espírito unicamente a ciência, será o triunfo da humanidade.
Esta aliança latino-eslava não fará absolutamente a guerra ao proletariado da Alemanha, hoje infelizmente enganado por seus chefes. Regra geral: nunca são as massas populares que criam a vaidade e a ambição nacional, são sempre seus chefes que os exploram e que têm naturalmente um grande interesse em estender os limites do mundo submetido à sua exploração lucrativa. Assim, pois, longe de lhe fazer guerra, a aliança latino-eslava procurará ao contrário reforçar e multiplicar os elos da mais estreita solidariedade com o proletariado da Alemanha, cuidando de fazer penetrar em seu seio, por uma propaganda ardente e infatigável, este principio, esta paixão da liberdade que, derrubando todo o aparato artificial do novo despotismo que seus chefes atuais gostariam de construir sobre seus ombros, de há muito habituados à servidão, somente poderá lhe dar e lhe assegurar o que ele procura e o que ele quer tão apaixonadamente quanto o proletariado de todos os outros países: uma existência humana.
Retorno ao Conselho Geral de Londres. Suas pretensões atuais são tanto mais ridículas e absurdas porque sua composição e sua constituição, completamente irregulares e provisórias, deveriam ter-lhe imposto sentimentos muito mais modestos. Compreender-se-ia ainda que ele se arrogasse o direito — sempre iníquo e liberticida segundo minha opinião, exceto em caso de guerra — o direito de impor suas leis a todos os grupos nacionais da Internacional se ele realmente fosse o representante destes grupos. Mas para isso teria sido preciso que ele fosse composto de delegados nomeados e renovados pela eleição anual ou bi-anual destes grupos. Seria necessário que cada país fosse nele representado por dois delegados, pelo menos, especialmente eleitos pelo Congresso Nacional de todas as suas seções. Teria sido preciso, então, que cada grupo nacional fizesse uma despesa anual de quatro a seis mil francos, pagando a cada um de seus delegados gastos de correspondência inclusive, de dois a três mil francos por ano, pois a vida em Londres é mais cara do que em qualquer outro lugar. Em parte por causa desta consideração, mas em grande parte também pela pouca importância que, desde o início, se deu à missão e ao papel tão modesto que lhe eram determinados pelos estatutos gerais, criaram este resultado que a partir do primeiro Congresso da Internacional em Genebra (1866), do Congresso de Lausanne (1867), do de Bruxelas (1868) e do último Congresso de Basiléia (1869), enfim, acharam mais cômodo deixar continuar provisória a existência do mesmo Conselho Geral, dando-lhe o direito de acrescentar novos membros ao invés de renová-lo todos os anos. Assim, com poucas exceções, desde que a Internacional existe, é sempre o mesmo Conselho Geral, este mesmo que, antes do Congresso de Genebra, chamava-se Conselho Geral ou Comitê Central provisório, e que só tomou o título definitivo de Conselho Geral após a votação deste Congresso. Ele é, em imensa maioria, composto de alemães e de ingleses. Todas as outras nações estão pobremente representadas nele, algumas vezes por seus delegados nacionais que, residindo em Londres, têm a felicidade de agradar Marx e Cia e, algumas vezes, é sua revelia, por individuos de uma seção diferente e, na maioria das vezes, por alemães. E assim que hoje mesmo a Itália e a Espanha estão representadas no Conselho por Engels, um alemão; a América, por Eccarius, alemão; a Rússia, por Marx, judeu alemão, o que é simplesmente ridículo. Para representar a França, desdenhando um Berqeret por exemplo, que redige o Qui Vive! em Londres, e tantos outros representantes enérgicos, devotados e inteligentes da Comuna, e antigos membros da Internacional francesa, eles escolheram Serraillier, uma nulidade que sequer tinha feito parte da Internacional até então; e isto pela simples razão que todos os franceses sérios, orgulhosos de sua dignidade e de sua independência, não quiseram, não puderam se submeter a Marx, enquanto que Serraillier, desejoso de se tornar, ou melhor, de parecer alguma coisa, diante de seus compatriotas mais sérios, subordinou-se voluntariamente à ditadura do judeu alemão.
Na realidade, é a camarilha alemã que domina e faz tudo no Conselho Geral. Seus membros ingleses, como verdadeiros insulares, e ingleses que são, ignoram o continente, só se preocupam exclusivamente com a organização das massas operárias em seu próprio país. Tudo o que se fazia no Conselho Geral era unicamente feito pelos alemães sob a direção exclusiva de Marx.
Por sinal, até setembro de 1871, a ação do Conselho Geral, do ponto de vista propriamente internacional, foi totalmente nula, de tal forma nula que jamais cumpriu com as obrigações que os Congressos tinham, um de cada vez, imposto, como por exemplo as circulares que ele devia publicar todos os meses sobre a situação geral de Internacional e que jamais publicou. Em relação a este fato houve muitas razões. lnicialmente, o Conselho Geral sempre foi muito pobre. Nós que conhecemos bem o estado das finanças da Internacional, rimos e continuamos a rir quando lemos, nos jornais oficiais e oficiosos de diferentes países, as fábulas sobre as somas imensas que Londres envia para todos os lugares para fomentar a revolução. O fato é que o Conselho Geral sempre se encontrou numa posição financeira excessivamente miserável. Não deveria ser assim se todas as seções que se encontram estabelecidas sob a bandeira da Internacional, em todos os países, lhe tivesse regularmente enviado os dez centavos por membro ordenados pelos estatutos. A maioria das seções não o fez, até aqui.
A segunda causa da inação do Conselho Geral foi a seguinte: não havia a minima possibilidade, até 1871, para o estabelecimento da dominação alemã. As seções francesas e belgas e, em parte, as da Suiça romanche que dominavam nos Congressos eram muito orgulhosas, muito ciumentas de sua independência para se submeter à ditadura de uma seita alemã. Os delegados das sociedades operárias da Alemanha e da Suíça alemã só começaram a tomar parte das discussões dos Congressos da Internacional depois de 1869. Eles se apresentaram pela primeira vez, em número considerável, no último Congresso de Basiléia (setembro de 1869), após terem se constituído previamente em partido da democracia socialista pangermânica, sob a inspiração direta e sob a direção indireta de Marx que, residindo em Londres, fazia-se e faz-se representar ainda no seio do proletariado, tanto da Alemanha propriamente dita, quanto da Áustria, principalmente por seu discípulo, judeu como ele, Liebknecht, e por muitos outros partidários fanáticos, em sua maioria judeus também.
Os judeus costituem hoje na Alemanha uma verdadeira potência. Ele próprio judeu, Man tem em tonro de si, tanto em Londres quanto na França e em muitos outros países, mas sobretudo na Alemanha, uma multidão de pequenos judeus, mais ou menos inteligentes e instruídos, vivendo principalmente de sua inteligência e revendendo suas idéias a retalho. Reservando para si próprio o monopólio da grande política, ia dizendo, da grande intriga, ele lhes abandona de bom grado o lado pequeno, sujo, miserável, e é preciso dizer que, sob esse aspecto, sempre obedientes a seu impulso, à sua elevada direção, eles lhe prestam grandes serviços: inquietos, nervosos, curiosos, indiscretos, tagarelas, agitados, intrigantes, exploradores, como o são os judeus em todos os lugares, agentes de comércio, acadêmicos, políticos, jornalistas, numa palavra, corretores de literatura, ao mesmo tempo que corretores de finanças, eles se apoderam de toda a imprensa da Alemanha, a começar pelos jornais monarquistas mais absolutistas até os jornais absolutistas radicais e socialistas, e desde muito tempo reinam no mundo do dinheiro e das grandes especulações financeiras e comerciais: tendo assim um pé no Banco, acabam de colocar nestes últimos anos o outro pé no socialismo, apoiando assim seu posterior sobre a literatura quotidiana da Alemanha... Vós podeis imaginar que literatura nauseabunda isto deve fazer.
Bem, todo esse mundo judeu que forma uma única seita exploradora, um tipo de povo sanguessuga, um parasita coletivo devorador e organizado nele próprio, não somente através das fronteiras dos Estados, mas através mesmo de todas as diferenças de opiniões políticas, este mundo está atualmente, em grande parte pelo menos, à disposição de Marx de um lado, e dos Rothschild do outro. Eu sei que os Rothschild, reacionários que são, que devem ser, apreciam muito os méritos do comunista Marx; e que, por sua vez, o comunista Marx se sente invencivelmente arrastado, por uma atração instintiva e uma admiração respeitosa, em direção ao gênio financista dos Rothschild. A solidariedade judia, esta solidariedade tão possante que se manteve através de toda a história, os une.
Isto deve parecer estranho. O que pode haver de comum entre o socialismo e o grande Banco? E que o socialismo autoritário, o comunismo de Marx quer a possante centralização do Estado, e lá, onde há centralização do Estado, deve haver necessariamente um Banco central do Estado, e lá, onde exista tal Banco, os judeus estão sempre certos de não morrer de frio ou fome. Ora, a idéia fundamental do partido da democracia socialista alemã é a criação de um imenso Estado pangermânico e, por assim dizer, popular, republicano e socialista — de um Estado que deve englobar toda a Áustria, os eslavos, a Holanda, uma parte da Bélgica, uma parte da Suíça pelo menos, e toda a Escandinávia Uma vez que ele tivesse englobado tudo isso, natural e necessariamente ele acabaria por englobar todo o resto. A influência desmoralizante deste partido fez-se sentir há um ano na Áustria e se faz sentir agora na Suíça.
Em 1868, ocorreu no proletariado da Áustria um movimento espontâneo magnífico. Em suas assembléias populares, os operários de Viena e de muitas outras grandes cidades da Áustria tinham proclamado em voz alta que, compostos de raças diferentes, alemães, eslavos, magiares, italianos, eles não queriam nem podiam içar em comum nenhuma bandeira nacional, deixando a cada pais o desenvolvimento absolutamente livre de sua nacionalidade particular, tão sagrada quanto o direito natural que é a própria individualidade de cada homem. Mas em comum eles só queriam içar a bandeira da emancipação dos trabalhadores, a bandeira da revolução social, a bandeira da fraternidade humana que deveria tremular sobre as ruínas de todas as pátrias políticas, quer dizer, das pátrias constituídas em Estados que se denominam nacionais, separados vaidosamente, ciumentamente, ambiciosamente, hostilmente, e para tudo dizer numa única palavra, burguesamente, um do outro (todo Estado nada mais sendo do que uma exploração do proletariado organizado em favor da burguesia), e a pátna política jamais sendo a pátria das massas populares, mas sempre as das classes exploradoras e privilegiadas. A pátria do povo é natural, não artificial, e tem como base principal, real, a comuna. Eis porque Mazzini, que é um teólogo e um burguês, atacou com tanta obstinação o programa da Comuna de Paris, e eis porque o general Garibaldi, cujo grande coração bate uníssono com o coraçao do povo e que possui a intuição dos grandes instintos e dos grandes fatos populares, declarou-se a favor da Comuna de Paris e pela Internacional, contra Mazzini.
Em consequência, numa assembléia popular imensa, os operários de Viena haviam recusado solene e unanimemente todas as proposições pangermânicas e patrióticas dos democratas burgueses da Alemanha e votaram uma mensagem de fraternidade, de aliança íntima com todos os trabalhadores revolucionários socialistas da Europa e do mundo. Eles advinharam por instinto todo o programa da Internacional.
Mas, desde o outono de 1868, os chefes, os propagadores e os agitadores, em grande parte judeus, do Partido da democracia socialista, que tinha acabado de se formar, sempre sob a inspiração de Marx, no norte da Alemanha, começaram a conquistar para seu lado os judeus da Austria, e juntos puseram-se a magnetizar, a fazer sermão, a enganar os operários alemães da Áustria. Eles não trabalharam em vão. Há um ou dois meses, os mesmos operários alemães de Viena, reunidos novamente numa grande assembléia popular e já organizados segundo o programa e sob a direção dos chefes do partido da democracia socialista, traduzindo dali por diante, sob inspiração exclusivamente tudesca, o cosmopolitismo no sentido do pangermanísmo, declaram-se partidários da grande pátria alemã, quer dizer, do Estado pangermânico, que se diz popular, do qual eles esperam estupidamente a emancipação do proletariado, como se um grande Estado pudesse ter outra missão que não a de subjugar o proletariado.
Examinaremos esta questão numa próxima oportunidade, caros amigos. Enquanto se espera, vós compreendereis que esta nova resolução teve como conseqüência natural alijar do movimento do proletariado todos os operários não alemães da Áustria.
Na Suíça, vemos hoje, sempre sob a influência direta e em nome dos princípios deste mesmo programa da democracia socialista tudesca, todos os operários dos cantões alemães, em Zurique e na Basiléia sobretudo, mas também em Argóvia e em Berna, a reivindicação de quê? Da abolição do sistema federal e da transformação da Federação suíça, garantida da liberdade suíça, numa centralização única do Estado. Sabeis o que isso significa? É o começo da absorção, da conquista da Suiça, a alemã pelo menos, pela Alemanha; mas não somente da Suíça alemã, de toda a Suíça, pois as reformas que se preparam e que se discutem agora, se elas passarem, terão inicialmente por efeito inevitável subordinar absolutamente as Suíças italianas e romanches à direção, ao governo, e à administração exclusiva dos Suíços alemães, e mais tarde, por estes últimos, subordinar os prussos, — e tudo isso pelo maior triunfo de todos os judeus da Alemanha e da Suíça que engordarão nessas manipulações...
Tal é o espírito do programa que os delegados do Partido da democracia socialista da Alemanha, da Áustria e da Suíça alemã, desembarcados em grande número no Congresso de Basiléia, em setembro de 1869, tentaram fazer prevalecer neste Congresso, com o apoio unânime de todos os delegados do Conselho Geral de Londres, alemães e ingleses, escolhidos com cuidado pelo próprio Marx, e todos, naturalmente, seus partidários fanáticos.
Evidentemente que se tratava de um golpe montado. Todavia, ele fracassou diante da oposição unãnime dos delegados franceses, belgas, suíços romanches, italianos e espanhóis. Foi um completo fiasco. Todas as proposições, tendendo a colocar o movimento socialista e revolucionário do proletariado da Europa à reboque do radicalismo burguês e do comunismo judeu-pangermânico dos alemães, foram rejeitadas lnde irae.
Desde então os congressos gerais, essas verdadeiras tribunas do proletariado do mundo civilizado, foram condenados no espírito dos mentores — quer dizer, dos alemães do Conselho Geral de Londres — no espírito de Marx e de seus discípulos.
Até 1869, o papel do Conselho Geral na Internacional, tal como foi determinado por nossos estatutos gerais e pelas sessões dos Congressos de Genebra, de Lausanne e de Bruxelas, foi muito restringido; ele tinha apenas a missão muito modesta de não ser nada mais do que um Bureau central de correspondência e de comunicações entre os grupos nacionais dos diferentes países - e sobretudo entre os três grupos regionais: anglo-americano, alemão e latino, que tinham naturalmente pouca comunicação entre eles. Por sinal, ele não possuía nenhuma missão legislativa, nem mesmo governamental, o que quer que diga Mazzini disso. O poder legislativo, se havia poder, residia unicamente nos congressos. E mesmo as resoluções dos congressos, ainda que respeitadas como sendo a expressão dos desejos da maioria, não eram considerados como obrigatórias, com a base real da Associação Internacional, seu pensamento, sua vida, residindo inteiramente na autonomia, na ação espontânea e na livre federação, de baixo para cima, das seções.
Isso esteve e ainda está em uso constante em todas as seções da Internacional, exceto as da Alemanha, onde hoje parece prevalecer uma disciplina totalmente bismarckiana, de tal forma que, após cada congresso, os delegados, uma vez retornados às suas respectivas seções, devem prestar contas detalhadamente a estas últimas de todas as discussões que aconteceram no congresso, explicar as razões de seus próprios votos e submeter à aceitação ou à rejeição das seções as resoluções votadas pela maioria do congresso. Resulta daí que os próprios congressos — de grande valor sob este aspecto, pois apresentavam os desejos, as aspirações, as diversas tendências dos diferentes grupos, tendiam a harmonizá-los e a unificá-los não autoritariamente, mas pelo próprio efeito deste encontro, desta fricção fraternal, anualmente renovado, — não tinham, portanto, e não devem ter força soberana, pois o efeito desta força seria a de submeter uma minoria qualquer à lei da maioria, e, na maioria das vezes, mesmo a maioria das seções a uma maioria artificial produzida pela surpresa ou pela intriga de uma minoria no seio do congresso; seria, numa palavra, a de transformar a Internacional num Estado político, com a liberdade ficticia e a escravidão real da massa do proletariado.
Nós desejamos a unidade, mas a unidade real, viva, resultante da livre união das necessidades, dos interesses, das aspirações, das idéias dos individuosianto quanto das associações locais e que são, por conseqüência, a expressão e o resultado, sempre real e sincero, do maior desenvolvimento de sua liberdade, de sua existência e ação espontânea, mas não uma unidade imposta, seja pela violência, seja por artifícios parlamentares. Numa palavra, somos francamente comunalistas e federalistas, significa dizer que nós seguimos estritamente o espírito assim como a carta de nossos estatutos gerais, a lei constituitiva da Internacional.
É a única lei obrigatória para todas as seções, e sobre a única base desta lei todas as seções são autônomas, soberanas, ao mesmo tempo que elas estão realmente ligadas por uma solidariedade intemacional não dogmática, não governamental, mas prática.
Esta solidariedade internacional prática, lei suprema e absolutamente obrigatória da internacional, pode se resumir nestes termos:
Cada membro da Internacional: indivíduos, seções de profissão ou quaisquer outras, grupos ou federações de seções, federações locais, regionais, nacionais, são igualmente obrigadas a se apoiarem e a se socorrerem mutuamente, até o limite do possível, na luta de cada um e de todos contra a exploração econômica e contra a opressão política do mundo burguês. Os operários de todas as profissões, de todas as comunas, de todas as regiões e de todas as nações constituem uma grande e única fraternidade internacional, organizada para empreender esta luta contra o mundo burguês; e quem falte a esta solidariedade prática na luta, indivíduo, seção, ou grupo de seções, é um traidor.
Eis nossa lei realmente, única obrigatória. Há, além disso, as disposições do regulamento primitivo que impõe a cada seção o dever de pagar anualmente ao Conselho Geral dez centavos por cada um de seus membros, enviar-lhe a cada três meses um relatório detalhado sobre sua situação interna e atender a todas as suas, reclamações quando elas estiverem conformes aos esta tutos gerais, e eis tudo. Quanto ao resto, quer dizer, tudo o que constitui a própria vida, o próprio desenvolvimento, o programa e o regulamento particulares das seções, suas idéias teóricas, assim como a propaganda destas idéias, sua organização e sua federação material, desde que nada do objetivo real esteja em constradição com os princípios e com as obrigações explicitamente enunciados nos estatutos gerais, é deixado à plena liberdade das seções.
Esta inexistência de um dogma único e de um governo central em nossa grande Associação Internacional, esta liberdade quase absoluta das seções, revoltam o doutrinarismo e o autoritarismo do homem de Estado-profeta Mazzini. E, entretanto, foi precisamente esta liberdade que ele denomina anarquia e que, fundada sobre a verdadeira fonte e base criadora de nossa unidade real, sobre a identidade real da situação e das aspirações do proletariado de todos os países, foi esta liberdade que criou uma verdadeira conformidade de idéias e de toda a potência da Internacional.
Até 1871, como eu já disse, a ação do Conselho Geral foi completamente nula. Ele fez intrigas e formou esse partido da democracia-socialista na Alemanha, quer dizer, viciou o movimento do proletariado alemão. Foi um mal positivo. Ele se ocupou também da organização da Internacional na Inglaterra e na América. Isto foi positivo, mas no resto da Europa, na Bélgica, na França, em toda a Suíça romanche, na Itália, na Espanha, ele não fez absolutamente nada. E entretanto, foi precisamente durante este período de sua inação forçada que a Internacional apresentou um crescimento formidável na maioria destes países. Bruxelas, Paris, Lyon e, naquele momento, mas não agora, Genebra, formaram centros de propaganda, as seções de todos os países confraternizaram e se federaram espontaneamente entre elas, inspirando-se num mesmo pensamento. Foi assim que membros da seção da Aliança da democracia socialista, fundada no final de 1868, em Genebra, formaram as primeiras seções da Internacional em Nápoles, Madri e Barcelona. Hoje, a Internacional na Espanha, cujos primeiros germes foram levados por um italiano, tornou-se uma verdadeira potência. E o Conselho Geral não somente não teve nenhuma parte nesta propaganda e nestas criações, como também as ignorou, enquanto as novas seções, tanto espanholas e italianas quanto francesas, não lhe notificaram sua constituição. Alguém poderia perguntar que utilidade pode ter tido a existência de um Conselho Geral, cuja influência sobre o caminho e o desenvolvimento de uma grande parte da Europa, e especialmente de todos os países latinos e eslavos, foi tão completamente nula.
Ora, a utilidade desta existência foi imensa. O Conselho Geral era o sinal visível da internacionalidade para todas as seções nacionais e locais. Lembrai-vos que as seções da Internacional são seções operárias; que elas são compostas de homens pouco instruldos, pouco habituados às ampias concepções e, além do mais, esmagados por um trabalho mortificante e pelas preocupações ainda mais mortificantes de uma existência quotidiana miserável. Abandonadas a elas próprias, estas seções estenderam com dificuldade seu pensamento e sua solidariedade prática para além dos limites de sua própria comuna e de sua própria profissão. Mas havia os estatutos gerais, o programa e o regulamento internacionais das seções; isso não bastava. Os operários, a grande massa dos operários lê pouco e esquece facilmente o que ela lê. Assim pois, a simples existência desse programa e desse regulamento escrito, e seu simples conhecimento teórico, não bastavam. Sabemos por experiência que os operários só começam a conhecê-los realmente quando eles os praticam, e uma das primeiras condições desta prática era precisamente esta convergência unânime das seções de todos os países para um centro internacional comum. Todas as seções, os operários internacionais de todos os países, lá se encontravam, se abraçavam, confraternizavam por assim dizer, em imaginação, em ideia.
As relações reais com o Conselho Geral, é verdade, eram nulas. Mas os dez centavos que cada operário, de qualquer pais e de qualquer seção que fosse, enviada por intermédio de seu comitê secional e de seu comitê federal ao Conselho Geral de Londres era para ele o sinal visível, sensível, de sua adesão ao princípio humano e amplo da internacionalidade. Era para ele a negação real das estreitezas da nacionalidade e do patriotismo burgues.
O próprio distanciamento do Conselho Geral, a impossibilidade real na qual ele se encontrava, e na qual se encontra ainda hoje, de se imiscuir de uma maneira efetiva nos assuntos das seções, das federações regionais e dos grupos nacionais, era ainda um bem. Não podendo se intrometer nos debates quotidianos das seções, só o tornava mais respeitado, e ao mesmo tempo não impedia as seções de viver e de se desenvolver com toda liberdade. Ele era respeitado, é verdade, um pouco como se respeitam os Deuses, muito em imaginação. Entretanto, ele não estava tão afastado assim para que não pudesse dizer algo quando necessário. Mas só lhe reconheciam esse direito de falar quando se tratava de lembrar a uma seção ou a um grupo algum artigo esquecido dos estatutos gerais, do qual ele era considerado como o guardião e o explicador, quando necessário, exceto a pedido no congresso, em presença do qual ele cessava de existir. E, como até 1869 pelo menos, jamais tinha deixado seu papel e havia escrupulosamente respeitado todas as liberdades nacionais e locais, quando ele falava, sua voz era escutada por todos, com respeito. Como ele era e como permanece ainda em grande parte composto de homens que tinham tomado parte ativa na própria fundação da Internacional, ele gozava de autoridade moral ainda maior porque a usava raramente e nunca havia abusado dela. Em todas as dificuldades que adviam, seja uma seção, seja uma federação regional ou nacional, dirigia-se a ele de bom grado, não como a um tutor ou a um ditador, mas como a um amigo experiente. E se se reclamasse de alguma coisa era de sua preguiça e de sua negligência, pois não respondia quase nunca, e sempre muito tarde.
Enfim, ele tinha ainda dois grande deveres práticos a cumprir, os quais, é preciso que se diga, quer por falta de tempo - seus membros não sendo remunerados tinham de trabalhar para viver, — quer por falta de meios, ele sempre se saiu muito mal.
O primeiro de seus deveres era o de dar conhecimento a cada grupo nacional do que se passava em todos os outros grupos. Este dever foi-lhe lembrado por todos os congressos. Nunca ele o tinha cumprido.
Outro dever era, em caso de greve de operários internacionais num país qualquer, chamar os operários internacionais de todos os outros países em seu socorro. Pois bem, o apelo do Conselho Geral sempre veio muito tarde nessas ocasiões.
Mas essas negligências mais ou menos forçadas do Conselho Geral foram suficientemente compensadas pela própria atividade das seções e pelas relações de fraternidade real que espontaneamente se estabeleceram entre diferentes grupos nacionais. Por esta federação espontânea das seções e dos grupos, pela correspondência entre elas, e não pela ação do Conselho Geral, foi que se formou pouco a pouco a unidade real de pensamento, de ação, e a solidariedade prática dos operários de diferentes países, na Internacional.
Desta maneira, entre os anos 1866, época do primeiro Congresso de Genebra, e 1869, época do último Congresso de Basiléia, formaram-se no seio da Internacional três grandes grupos: o grupo latino, compreendendo a Suíça romanche, a Bélgica, a França, a Itália e a Espanha; o grupo germano-austríaco; e o grupo anglo-americano. O grupo eslavo ainda está em via de formação. Ele ainda não existe propriamente. A unidade real, produzida pelo próprio desenvolvimento da ação e das relações espontâneas das seções entre elas, só existe, com efeito, em cada um desses grupos à parte, unidos interiormente por um tipo de unidade especial de raça, de situação, de pensamento e de aspirações mais especialmente homogéneas. A união desses grandes grupos, entre eles, é muito menos real; ela só tem por base os estatutos gerais, e por garantia necessária a ação imparcial mas real do Conselho Geral, enfim, e sobretudo, os congressos.
Tal foi a situação da Internacional até 1869.
Vimos que, em 1869, o Conselho Geral que ruminava desde muito tempo projetos de monarquia universal nascidos no cérebro tão inteligente de Marx, havia lançado os delegados alemães do Partido da democracia socialista operária, para tentar fazer no Congresso de Basiléia uma primeira tentativa de realização. Os alemães e os ingleses escolhidos por Marx, partidários do Estado que se dizia popular, sofreram uma derrota retumbante. Nosso partido, compreendendo os delegados belgas, franceses, suiços romanches, italianos e espanhóis, opondo a essa bandeira do comunismo autontário e da emancipação do proletariado pelo Estado, a bandeira da liberdade absoluta ou, como eles dizem, da anarquia, a da abolição dos Estados e da organização da sociedade humana sobre as ruínas dos Estados, arrancou uma vitória esplêndida. Marx compreendeu então que nos congressos a lógica e o instinto dos trabalhadores estavam a nosso favor, e ele jamais poderia vencer. Desde então, ele e seu partido realizaram um golpe de Estado.
Mas enquanto homens políticos hábeis, eles compreenderam que antes de tentá-lo era preciso inicialmerite prepará-lo. Mas como prepará-lo? Pelos métodos eternamente empregados por todos os ambiciosos políticos, cientificamente constatados pelo terceiro positivista político após Aristóteles e Dante, Maquiavel — pelos mesmos meios dos quais se serve tão habilmente hoje o partido mazziniano pela calúnia e pela intriga. Ninguém podia se servir destes meios melhor do que Marx, porque, inicialmente, ele possui a genialidade para isso, e possui, além do mais, à sua disposição, um exército de judeus que, neste tipo de guerra, são verdadeiros heróis.
Após o Congresso de Basiléia, toda a imprensa alemã e, em parte, em artigos escritos por judeus alemães, a imprensa francesa também, mas sobretudo a primeira, caíram sobre mim com uma fúria prodigiosa. Marx e Cia. me deram a honra de fazer de mim, que não tenho, verdadeiramente, outra ambição além daquela de ser amigo de meus amigos, irmão de meus irmãos, e servidor sempe fiel de nosso pensamento, de nossa paixão comum, um chefe de partido. Eles pensaram estupidamente — era realmente conceder muita honra à minha suposta potência — que eu sozinho teria podido amotinar e organizar contra eles os franceses, os belgas, os italianos e os espanhóis, numa compacta e esmagadora maioria. E eles juraram me destruir. O ataque começou por um jornal de Paris, um jornal muito respeitável: Le Réveit. O Sr. Hess, judeu alemão que se diz socialista, mas antes de tudo adorador do bezerro de ouro, inicialmente mestre de Marx, mais tarde seu rival e hoje seu discípulo bem disciplinado e submisso, escreveu contra mim um artigo infame que me apresentava, com força [ilegível] e penhor de simpatia e até mesmo de respeito, como um tipo de agente, quer de Napoleão III, quer de Bismarck, quer do imperador da Rússia, ou de todos os três ao mesmo tempo. Na minha primeira reclamação, Delescluze, em nome da redação, retratou este artigo. O Sr. Hess passou vergonha. Não tentaram mais me atacar nos jornais franceses. Mas, ao contrário, lançaram-se de todo coração ao ataque nos jornais alemães. Ah! meus caros amigos, vós não sabeis o que é a polêmica nos jornais: é imbecil, é miserável, é sobretudo suja. Um jornal socialista, o jornal oficial do Partido da democracia socialista, redigido por um outro amigo e discípulo de Marx, judeu como ele, Liebknecht — jornal aliás sob muitos aspectos respeitável e muito instrutivo — publicou uma série de artigos de um terceiro judeu, Borkheim, outro servidor de Marx, onde diziam simplesmente que Herzen e eu éramos espiões russos pagos pelo governo russo. Eu vos poupo do resto. Aliás eu não fui o único caluniado, injuriado. Muitos amigos meus o foram comigo. lnicialmente nós nos sentimos choeados e pedimos explicações. Finalmente nós nos aguerrimos e sequer lemos o que se continua a escrever contra nós.
Paralelamente à calúnia moral, a intriga, que fracassou em todos os outros países. Mas deu certo em Genebra. Um pequeno judeu russo, imbecil mas maquiavélico, cínico, impudente, mentiroso e intrigante até o tutano de seus ossos, tornou-se a criatura, o agente, o criado de Marx. É ele quem redige agora o Egalité de Genebra. Aproveitando minha partida e minha residência em Locarno, eles tanto intrigaram, tramaram, aliando-se com as pessoas mais desprezíveís, que conseguiram desmoralizar e arruinar completamente a Internacional em Genebra. Foi em conseqüência disso que eclodiu uma ruptura (em 1870) entre a Federação das seções do Jura e o Conselho federal de Genebra. É uma história bem suja, da qual encontrareis os detalhes em uma Memória que está sendo escrita agora em Neuchâtel. O Conselho Geral de Londres tomou naturalmente partido de Genebra, quer dizer, da infâmia contra a justiça e contra os próprios princípios da Internacional.
Eis os efeitos da intervenção central, sua inação nos unia, sua intervenção nos divide.
O resultado da guerra, do triunfo dos alemães, do fracasso da França e da derrota da Comuna de Paris fizeram nascer no coração de Marx novas esperanças. Os internacionais da França, em parte destruídos, em partes dispersos, não podiam mais se opor, pensava ele, à realização de seus projetos ambiciosos.
Naquelas circunstâncias, no meio das perseguiçoes internacionais da qual a Internacional é objeto, era impossível reunir um Congresso; e aliás Marx, que não é absolutamente orador e que temia, em seus planos, a grande publicidade, não queria Congresso de forma alguma. Ele usou o pretexto real ou fictício da impossibilidade de sua convocação para convocar em Londres uma conferência secreta, chamando a participar dela somente os mais íntimos, aqueles tidos como certos. Uma conferência, mesmo pública, não teria absolutamente nenhum valor segundo nossos estatutos gerais, que só reconheciam os direitos dos congressos. Mas estudai os estatutos e vereis que nos congressos cada associação profissional, não somente o grupo ou a federação das seções, mas cada seção tem o direito de se fazer representar por um ou dois delegados; além do mais, vereis que todas as questões que devam ser resolvidas num congresso devem ser anunciadas a todas as seções com dois ou três meses de antecedência, a fim de que elas possam estudá-las, discuti-las e dar a seus delegados instruções com pleno conhecimento de causa. Na última Conferência (realizada em Londres, em setembro último) nenhuma destas condições foi observada. Enviaram-se poucos delegados por grupo. A Itália não enviou nenhum. Sequer dignaram-se a advertir a Federação do Jura. Alguns membros da Comuna de Paris, refugiados em Londres, foram convidados a nela tomar assento. Mas após desentendímentos com Marx, a maioria se afastou. A maioria era composta de ingleses marxistas, de alemães e de judeus alemães. O delegado espanhol, o delegado belga, os delegados dos refugiados franceses protestaram contra as resoluções desta Conferência.
Estas resoluções são lastimáveis. Elas investem com um direito ditatorial o Conselho Geral, concedem-lhe o direito de rejeitar as novas seções, e o direito de censura sobre os jornais da Internacional. Assim como o dogma de Mazzini em Roma, o dogma de Marx em Londres foi declarado ortodoxo. Por sinal, lereis ou já haveis lido estas resoluções e as ucasses, os decretos do Conselho Geral, são o triunfo do golpe de Estado. Será a morte da Internacional se não emitirmos um protexto universal, se em nome mesmo de nossos princípios e de nossos estatutos fundamentais não declararmos nulas a Conferência de Londres, e todas as suas resoluções, e se não forçarmos o Conselho Geral a voltar aos limites que lhe são impostos por estes estatutos.
Todos os que querem a liberdade, todos os que querem a ação espontânea e coletiva do proletariado e não a intriga e o proletariado e não a intriga e o governo dos individuos ambiciosos estarão conosco.
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Inclusão | 23/06/2016 |