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Mas, absolutamente, não há dificuldade nem obstáculos, no caminho da unidade e da lata contra o fascismo e a guerra, que a classe operária não possa superar, se estiver firmemente resolvida a agrupar suas forças e a realizar sua missão histórica.
(Dmitrov, artigo publicado na Correspondance Internationale de 13 de novembro de 1937, n. 48).
Fevereiro de 1934! Dmitrov posto em liberdade pela vitória de Leipzig!
O fevereiro parisiense: o assalto fascista e o contra-ataque vitorioso dos netos da Comuna! O fevereiro austríaco: A Comuna de Viena esmagada no sangue dos heróis mal armados, mal comandados, do Schutzbund!
Um grande número desses altivos combatentes de Viena foi condenado à morte e enforcada pelo menos popular e mais hipócrita dos fascismos. Morreram de fronte erguida. Suas últimas palavras, perante as cortes marciais foram guardadas pela massa como um testamento político.
O operário Karl Munichreiter, pai de três filhos, pertencente à ala esquerda do Partido social-democrata, ferido em combate num bairro de Viena, é apanhado na rua, sem sentidos, pela polícia.
E, a partir do dia seguinte, 14 de fevereiro, arrastam-no para a Corte Marcial, enfraquecido pelo sangue perdido. A Corte recusa ao seu defensor qualquer adiamento e declara com frieza que exclusivamente a doença é admitida como desculpa, não o ferimento!
Munichreiter é incapaz de aguentar-se em pé, de falar em voz alta. Mas encontra força para dizer, num sopro:
— “Fiz tudo o que pude. Lutei. Estou pronto a morrer pela causa da classe operária”.
É condenado a enforcamento.
No dia seguinte, sua mulher vem procurá-lo. Ignorava a pena que lhe tinha sido atribuída. Munichreiter esforça~se por reconfortá-la:
— “É melhor morrer do que viver inválido”.
Levam-no numa padiola até a forca. Quando lhe passam a corda pelo pescoço ele insulta os carrascos e, antes de morrer, grita:
— “Viva o marxismo revolucionário”.
O engenheiro Georg Weissel, comandante do posto municipal dos bombeiros, tinha comandado o assalto, em Floridsdorf, contra o comissariado da polícia. Perante o tribunal, reivindica em voz alta sua responsabilidade:
— “Sou revolucionário”, exclama; “não podia deixar caírem meus camaradas. Nada lamento do que fiz”.
Koloman Wallisch, a 19 de fevereiro, algumas horas antes de sua execução noturna na prisão de Leoben, proclama sua fé perante a Corte Marcial:
— “Os operários foram forçados pelo governo à revolta. Contra os traidores perjuros, defenderam seus direitos. A miséria dos sem trabalho era extrema. A amargura dos trabalhadores crescia de dia para dia. A sublevação era inevitável...
Não imploro graça, não tenho o que fazer com ela. Os trabalhadores e a história julgarão o 19 de fevereiro!”
No mês de julho do mesmo ano, um desempregado de apenas 20 anos, Josef Geri, que também iria ser executado, ouvia do presidente a pergunta de como se decidira a arriscar a vida;
— “Minhas ideias”, respondeu, “têm, para mim, maior valia do que a vida”.
Glória a esses heróis do Schutzbund, que souberam enfrentar o juiz, que não fraquejaram perante o carrasco, que souberam defender-se e morrer como haviam combatido.
Seu exemplo não se perdeu. E, se a reação fascista desarmou os operários em beneficio da Alemanha hitlerista, à custa da independência do país, os comunardos de Viena, os valentes trabalhadores da Áustria conservam piedosamente a memória dos seus que tombaram por eles.
O ensinamento de seus mortos os guiará quando chegar sua vez de dizer a última palavra.