Experiências do PCUS: A Propaganda por Meio de Conferências, Importante Forma de Trabalho Ideológico

A. Kossúlnikov e V. Snástin


Primeira Edição: ......
Fonte: Problemas - Revista Mensal de Cultura Política nº 63 - Nov de 1954.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo
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No trabalho ideológico do Partido Comunista a propaganda por meio de conferências ocupa lugar de destaque. É uma das mais importantes formas de divulgação das idéias criadoras do marxismo-leninismo, de educação dos quadros dirigentes, e de elevação da consciência das amplas massas. Os conferencistas dos Comitês do Partido realizaram no ano passado mais de 1 milhão e 500 mil conferências — quase um quarto de milhão a mais do que no ano anterior. Os membros da Sociedade de Divulgação de Conhecimentos Políticos e Científicos da URSS realizam anualmente mais de 1 milhão de conferências. Conferências sobre os diferentes ramos de conhecimentos são realizadas também pelos Bureaux de Conferência das administrações e departamentos de cultura dos Soviéts locais de deputados dos trabalhadores, pelos órgãos da agricultura, e pelos grupos de conferencistas das organizações do Komsomol e dos sindicatos. O temário das conferências torna-se cada vez mais variado.

Apesar de tudo isso, sente-se uma aguda necessidade de melhorar a propaganda realizada por meio de conferências, necessidade que hoje é sentida de maneira particular. Na etapa atual da luta pelo comunismo — quando nosso povo realiza o grandioso programa, elaborado pelo Partido e pelo governo, de desenvolvimento da economia e da cultura —, aumenta a significação da propaganda da teoria marxista-leninista e de todo o trabalho de educação das massas. Aumenta também o papel da propaganda por meio de conferências. Não podemos esquecer-nos das qualidades particulares da conferência que a tornam importante forma de trabalho ideológico. A conferência permite sejam levadas em conta as necessidades de determinado grupe de ouvintes, assim como seja ligada a propaganda da teoria marxista-leninista às tarefas concretas para cuja realização trabalham no momento dado as organizações do Partido e nossos quadros dirigentes, concorrendo assim para a elevação do nível ideológico e político da propaganda e para que se desenvolva o interesse pelos conhecimentos políticos.

Com o objetivo de elevar ainda mais a qualidade da propaganda partidária, estamos reforçando o controle sobre a observância do princípio do voluntarismo na organização da educação partidária. Como revela a prática, a abolição da regulamentação burocrática — quando os comunistas são incluídos em círculos sem que seja levado em conta seu desejo e são obrigados a comparecer — causa a diminuição do número de comunistas que querem estudar independentemente. As conferências são um grande auxílio para o estudo independente da teoria marxista-leninista. Isso quer dizer que devemos desenvolver mais amplamente a propaganda por meio de conferências e — o que é particularmente importante — considerar da maneira mais rigorosa sua qualidade. Precisamos conseguir que toda conferência seja interessante, fascinante, desperte o raciocínio, provoque o desejo de aprofundarmos os conhecimentos e de compulsarmos os livros.

O Partido Comunista eleva sistemàticamente a atividade dos trabalhadores na solução das tarefas essenciais da construção do comunismo. E isso não pode ser conseguido sem que melhoremos o trabalho de esclarecimento e o trabalho educativo entre as massas. Nesse sentido as conferências têm inestimável significação. O contacto direto do propagandista e do agitador com os operários, os kolkhosianos e a juventude cria a possibilidade de melhor serem levadas ao conhecimento dos trabalhadores as idéias do marxismo-leninismo, as tarefas imediatas e as indicações do Partido sobre os meios de realizar essas tarefas e de serem postas em relevo as questões que empolgam os indivíduos, e a maneira mais completa e produtiva de as resolver.

Tudo isso obriga os Comitês do Partido a acabar com a subestimação da propaganda por meio de conferências. Essa subestimação se manifesta principalmente no fato de ser baixo o nível ideológico e político de muitas conferências e de, com freqüência, serem banais e enfadonhas. A propaganda por meio de conferências acha-se atrasada em face das atuais exigências, das grandes tarefas nacionais. Essa situação foi ressaltada pela Conferência, realizada em janeiro do corrente ano — por convocação do C.C. do P.C.U.S. —, dos diretores dos departamentos de propaganda e agitação e dos diretores dos departamentos de ciência e de cultura dos Comitês Regionais e dos Comitês Territoriais do Partido, e pelos CC.CC. dos Partidos Comunistas das Repúblicas Federadas. É necessário elevar decisivamente a qualidade de toda a propaganda por meio de conferências.

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O nível do trabalho ideológico — inclusive o da propaganda por meio de conferências — depende, em grande parte, de o trabalho ideológico estar estreitamente ligado à vida e à prática da construção do comunismo. Os Comitês do Partido aos quais cabe assegurar que todo o trabalho ideológico seja realizado inteiramente de acordo com a teoria do comunismo científico, com seu caráter criador, têm o dever de banir de nossa propaganda e agitação o escolasticismo, o dogmatismo e o caráter abstrato. Sabemos que o dogmatismo e o escolasticismo prejudicam a educação dos quadros e impedem a assimilação, com espírito criador, da teoria e da política do Partido e sua eficiente realização. Assim, por exemplo, alguns conferencistas — pondo de parte a realidade viva e prestando tributo ao escolasticismo — erroneamente apresentam como tarefa prática imediata a passagem à troca direta dos produtos — o que é questão de perspectiva longínqua. Isso leva, inevitavelmente, à subestimação do comércio soviético. Entretanto, o comércio soviético por muito tempo continuará sendo a forma básica de distribuição dos objetos de consumo entre os membros da sociedade socialista, a forma básica da ligação econômica entre a cidade e o campo. Naturalmente, o Comitê do Partido deve abordar o temário das conferências e o conteúdo de cada uma delas sob o ponto-de-vista de quanto tudo isso corresponde às tarefas do trabalho prático de construção da sociedade comunista e de quanto tudo isso contribui para a justa educação dos quadros e de todos os comunistas.

O marxismo-leninismo caracteriza-se pela ligação orgânica da teoria com a prática, com a vida. Nada é tão estranho ao espírito de nossa propaganda partidária como a escolástica e o dogmatismo no esclarecimento dos problemas teóricos. Por isso, o bom conferencista preocupa-se continuamente com a aplicação das teses teóricas à prática, à vida, visando a ligar organicamente o conteúdo da conferência aos acontecimentos, assim como às tarefas apresentadas a todo o povo pelo Partido e o governo. Justamente a unidade da teoria com a prática, da teoria com a política, empresta caráter criador ao marxismo-leninismo — doutrina profundamente viva e à qual cabe ajudar os homens a compreender os fenômenos sociais e a realidade que os cerca e servir-lhes de guia para a ação. Em toda sua atividade nosso Partido orienta-se pela teoria marxista-leninista, comprovando na prática toda tese teórica.

Discursando no III Congresso Pan-Russo do Komsomol, em 1920, V. I. Lênin afirmou:

"Temos diante de nós a tarefa da construção, e somente poderemos realizá-la dominando todos os conhecimentos modernos, sabendo transformar em elemento vivo, que unifique nosso trabalho imediato, o comunismo de fórmulas, conselhos, receitas, prescrições e programas preparados e decorados; sabendo transformar o comunismo em guia para nosso trabalho prático.”(1)

Baseado nisso é que o Partido se esforça por que todos os setores da frente ideológica — inclusive a propaganda por meio de conferências — sirvam aos interesses do povo e às tarefas da luta pela construção do comunismo.

O propagandista que mantém uma atitude criadora em sua atividade esforça-se por auxiliar os comunistas a compreenderem a essência do marxismo. E isso só é possível quando a teoria não é desligada da prática.

Onde através da letra não se vê a realidade viva, a teoria é estudada superficialmente. Ficam na memória apenas formulações e citações isoladas. Mesmo uma grande quantidade de casos não empresta espírito criador à conferência se o propagandista não cuida de encará-los sob o ponto-de-vista das tarefas do Partido e do povo e não sabe definir em que fatos se reflete o caduco, o atrasado, e onde surge o avançado, o que progride. Uma conferência desse tipo não arma os ouvintes para o trabalho prático, nem desperta interesse. Alguns conferencistas, em vez de analisarem os fatos, esclarecê-los, deles tirando conclusões, têm a tendência a explicar qualquer fenômeno social por meio de uma citação. O emprego mecânico de citações e a apreciação de acontecimentos sem uma análise concreta leva, porém, inevitavelmente, ao dogmatismo, à deturpação das teses teóricas. Justamente por isso um dos conferencistas, ao se referir, em Kichinióv, ao livro de V. I. Lênin "O Estado e a Revolução", fez várias formulações erradas. Esse conferencista abordou como "talmudista" as teses teóricas, não sabendo, por isso, revelar a essência das idéias de Lênin e apontar os meios fundamentais para o fortalecimento do Estado Soviético.

Uma conferência em que há uma demasiada quantidade de citações não concorre para que os ouvintes assimilem a importante tese de que a teoria marxista-leninista não é uma coleção de esquemas e dogmas mortos, mas uma doutrina viva. que se desenvolve em ligação indissolúvel com a prática revolucionária das massas em luta. Entretanto, somente apreendendo com espírito criador a ciência marxista-leninista e assimilando solidamente não formulações e citações isoladas, mas a essência da teoria revolucionária é que podemos orientar-nos com acerto na realidade que nos cerca. Os Comitês do Partido devem organizar o trabalho de conferências baseando-se em que educamos não escolásticos, mas elementos ativos do Partido e do Estado.

O preparo superficial das conferências e o controle precário exercido pelos Comitês do Partido sobre o conteúdo das mesmas manifestam-se também no fato de muita vez serem divulgadas da cátedra concepções subjetivistas e voluntaristas sobre o caráter das leis econômicas do socialismo, o que leva, no fundo, à negação das leis objetivas do desenvolvimento social. Alguns conferencistas se deixaram levar pelo simplismo e pela vulgaridade no esclarecimento da questão do papel das massas populares, e do Partido. Isso não pôde deixar de dar origem à subestimação do papel decisivo do povo como criador da História, e do papel do Partido Comunista como força orientadora e dirigente da sociedade soviética.

Desmascarando e condenando as concepções subjetivistas e voluntaristas divulgadas por nossa propaganda sobre o caráter das leis econômicas do socialismo, o Partido indicou que também é prejudicial transformar em fetiche as leis econômicas. Essas leis — como sabemos — decorrem de determinadas condições econômicas e existem independentemente da vontade e da consciência dos homens, mas podem ser empregadas e utilizadas de maneira consciente; para isso é necessário que as conheçamos e dominemos. Nesse sentido é importante mostrar com acerto o papel do fator subjetivo, o papel do Partido Comunista e do Estado Soviético na construção do comunismo. Entretanto, nas conferências sobre as questões da teoria marxista-leninista e sobre a Historia do P.C.U.S. são mal explicados o papel do Partido como força dirigente e orientadora da sociedade soviética, a força e a vitalidade das idéias do marxismo-leninismo, e a significação internacional da teoria marxista-leninista. As teses básicas da teoria marxista-leninista são freqüentemente expostas sem ligação com a prática do movimento revolucionário e operário russo e internacional. Assim, por exemplo, na R.S.S.A. do Ossiétin Setentrional, um conferencista — o camarada Barínov —, referindo-se ao livro de V. I. Lênin "Duas Táticas da Social-Democraciana Revolução Democrática", transmitiu as teses teóricas do trabalho de Lênin mas não demonstrou, de forma alguma, que os bolcheviques lutaram em 1905, e posteriormente, pela realização da estratégia e da tática leninista, nem revelou a grande significação internacional dessa obra de Lênin, por cujas idéias básicas se orientam até hoje nossos Partidos Comunistas, irmãos. Entretanto, sabemos que é melhor, mais natural e mais compreensível demonstrar com fatos históricos as idéias do marxismo-leninismo.

Falando do papel do Partido Comunista na construção do comunismo muitos conferencistas empregam formulações genéricas, com expressões abstratas e banais; o papel transformador do Partido não é mostrado com exemplos concretos da história da luta em prol do comunismo. Pouca atenção é dedicada ao esclarecimento do papel decisivo do povo — criador de todas nossas vitórias —, assim como de maneira insuficiente é revelada a importância da indicação de Lênin sobre a necessidade de serem mantidas e fortalecidas, por todos os meios, a aliança entre a classe operária e o campesinato trabalhador e a amizade entre os povos da URSS. Em vez de mostrar o papel dirigente do Partido Comunista e o papel do povo como criador da História, a propaganda descambou para o culto ao indivíduo. Ao considerarem a questão do papel das massas populares e do indivíduo na História, alguns filósofos e historiadores soviéticos o fizeram não com base no marxismo-leninismo, mas sob o ponto-de-vista da reacionária teoria subjetivista e idealista, contra a qual o Partido Comunista lutou e luta intransigentemente. Nosso Partido ensina que o culto ao indivíduo — estranho ao espírito do marxismo — leva, na prática, ao rebaixamento do papel do Partido e do povo, ao esquecimento dos métodos de caráter coletivo na direção, ao estiolamento da crítica e autocrítica, ao rebaixamento da atividade criadora dos comunistas e de todos os trabalhadores. Superar o culto ao indivíduo significa esclarecer melhor os princípios da direção partidária e, sobretudo, o princípio do caráter coletivo da direção. Isso significa dedicar mais atenção ao estudo e propaganda das decisões dos Congressos do Partido, das Conferências e Plenos do C. C, nos quais se expressam a política interna e externa do Partido, elaborada durante longos anos, a experiência coletiva e o saber coletivo de nosso Partido e de seu Comitê Central. Isso significa explicar sistematicamente que a força do Partido está em sua estreita ligação com o povo e a força do povo em sua coesão em torno do Partido, e que nosso povo — dirigido pelo Partido Comunista — cria conscientemente sua história e está em condições de realizar as grandiosas tarefas para a passagem do socialismo ao comunismo.

Tudo isso tem imensa significação prática tanto na educação dos quadros dirigentes como na elevação da atividade das massas na construção do comunismo. O Partido ensina seus quadros a fortalecerem constantemente as ligações com os trabalhadores, a intensificarem o trabalho de organização e de esclarecimento entre as massas e a abolirem o estilo rotineiro e burocrático de direção. Todos nossos quadros, todos os comunistas, devem cuidar da elevação do nível de consciência dos trabalhadores e explicar as decisões do Partido e do governo, mobilizando as massas para a realização da política do Partido. Quanto melhor nossos propagandistas demonstrarem o papel do Partido e do povo, tanto maior êxito terá o trabalho de cada dia. Cabe à nossa propaganda educar os comunistas e todos os trabalhadores no espírito de abnegada dedicação ao Partido Comunista e à pátria socialista, na certeza inabalável da vitória do comunismo, no espírito de um maior fortalecimento da aliança entre a classe operária e o campesinato trabalhador, no espírito do patriotismo soviético, da amizade entre os povos e do internacionalismo proletário.

Ao dar orientação às conferências de propaganda — com a definição de seu conteúdo e do temário — o Comitê do Partido baseia-se nas tarefas concretas que a organização do Partido tem de realizar. Atualmente cabe à propaganda explicar, em todos seus aspectos, as tarefas indicadas pela resolução do Pleno do C. C. do P.C.U.S. realizado em setembro e por outras decisões do Partido e do governo sobre o fomento da agricultura, a produção de mercadorias industriais de amplo consumo e de víveres, e a melhoria do comércio soviético. Além disso é importante demonstrar as inesgotáveis possibilidades de que dispõe nosso país, os meios de utilização dessas possibilidades, a mobilização das reservas existentes nas fábricas e usinas, nos sovkhóses e kolkhóses. A propaganda por meio de conferências pode e deve prestar às organizações do Partido inestimável ajuda nessa questão. Entretanto, a propaganda por meio de conferências está em atraso para com as exigências da vida — não aborda os temas novos sugeridos pela própria vida, e se chega a abordá-los o faz com grande atraso.

Nas usinas e fábricas desenvolve-se a emulação socialista pela economia dos recursos monetários, das matérias-primas, etc.; por um melhor aproveitamento das áreas de produção e do equipamento, e pela sistemática elevação da produtividade do trabalho. Entretanto, nas empresas raramente são realizadas conferências sobre essas questões. Durante a emulação socialista, há entre os operários um interesse cada vez mais profundo pelas questões da economia e pelas tarefas relativas à elevação da produtividade do trabalho, à melhoria da qualidade da produção e à baixa do preço de custo da mesma; cabe sobretudo à propaganda por meio de conferências satisfazer a esse legítimo interesse.

O Pleno do C.C. do P.C.U.S. realizado em setembro descobriu sérias deficiências na organização da propaganda dos conhecimentos agrícolas e indicou os meios básicos para a reorganização desse importante trabalho estatal. O Pleno estabeleceu para o Ministério da Agricultura da URSS, o Ministério dos Sovkhóses da URSS e a Sociedade de Divulgação de Conhecimentos Políticos e Científicos da URSS o dever de "melhorar a propaganda por meio de conferências sobre agricultura nos kolkhóses, nos sovkhóses e nas E. M. T.[Estações de Máquinas e Tratores], e incorporar a esses trabalho os cientistas, os especialistas e os vanguardeiros da agricultura". Uma grande deficiência da propaganda feita por meio de conferências reside em que sua reorganização — determinada na resolução do Pleno do C.C. do P.C.U.S. realizado em setembro — está sendo realizada de maneira extremamente lenta, ainda não se havendo verificado uma virada decisiva no tocante aos problemas da agricultura. Realizam-se muito poucas conferências sobre os temas relativos à resolução do Pleno de setembro, em particular sobre o fortalecimento da aliança entre a classe operária e o campesinato kolkhosiano, sobre o princípio do interesse material, sobre o trabalho das E. M. T.[Estações de Máquinas e Tratores] e sobre as tarefas relativas ao desenvolvimento acelerado de todos os setores da agricultura.

As decisões do Pleno do C. C. do Partido realizado em setembro são freqüentemente divulgadas de maneira abstrata, desligadas da situação concreta e das tarefas da região, do distrito, dos kolkhóses e das E. M. T.[Estações de Máquinas e Tratores]. Um exemplo: pronunciando no Distrito de Riaj (região de Riazán) uma conferência sobre o tema "Resolução do Pleno do C.C. do P.C.U.S. de setembro Sobre as medidas para o desenvolvimento da agricultura da URSS", o camarada Tomin não citou qualquer exemplo da vida do distrito, não mostrou como os melhores kolkhóses conseguiram êxitos nem por que alguns kolkhóses se atrasam, não falou da experiência dos vanguardeiros da agricultura, não revelou as possibilidades para um maior desenvolvimento da agricultura no distrito e não indicou tarefas concretas. E acontece isso quando se sabe que a conferência deve enriquecer o conhecimento dos ouvintes, despertar-lhes o espírito criador, e mobilizar o povo.

Nos Comitês do Partido freqüentemente se mantém uma atitude insuficientemente rigorosa quanto ao conteúdo das conferências sobre agricultura. A experiência revela que a ausência de um controle qualificado sobre o conteúdo das conferências leva a sério erros. Na R. S. S. da Moldávia, um membro da Sociedade de Divulgação de Conhecimentos Políticos e Científicos da URSS — o camarada Peigenbaum agrônomo — pronunciou 53 vezes uma conferência sobre o tema "A cooperação entre as brigadas de tratores e as brigadas de cultivo do campo" até que se descobrisse conter a mesma muitos erros grosseiros. Concorre também para dificultar a correção dos erros o fato de os dirigentes das organizações em que se realizaram conferências insatisfatórias frequntemente fazerem referências favoráveis sobre as mesmas.

A subestimação da importância das conferências de propaganda no tocante à divulgação dos conhecimentos agrícolas e da experiência de vanguarda adquirida na agricultura manifesta-se também no fato de certos Comitês de Partido manterem uma atitude paciente para com as organizações que começaram a restringir esse importante trabalho. Assim, o número de conferências sobre temas econômicos pronunciadas na R.S.S. da Ucrânia e na R.S.S.A. da Tartária pelos membros da Sociedade de Divulgação de Conhecimentos Políticos e Científicos, reduziu-se, de 1950 a 1953, à metade e à terça-parte, ao mesmo tempo que na região de Rostov reduziu-se a quase 10%. A propaganda dos conhecimentos agrícolas feita pela filial da Sociedade de Divulgação de Conhecimentos Políticos e Científicos em Kabardin acha-se mal organizada: em 1953 foram lidas ali, sobre esses temas, apenas 36 conferências, ao todo. Em 1953, os membros das secções de ciências agrícolas da Sociedade não promoveram qualquer conferência, valendo-se de seus próprios recursos. A experiência adquirida pelos vanguardeiros da agricultura é divulgada de maneira particularmente ineficiente. Assim, de 1949 a 1953 a administração da Sociedade de Divulgação de Conhecimentos Políticos e Científicos da URSS publicou apenas 16 folhetos sobre a experiência dos vanguardeiros da agricultura, enquanto que as secções da Sociedade nas Repúblicas, Territórios e Regiões editaram apenas 13 folhetos.

A subestimação da importância das conferências de propaganda na divulgação dos problemas da agricultura retarda, evidentemente, a adoção, na produção agrícola, das conquistas da ciência e da experiência avançada. Entretanto, dirigir a economia sem levar em conta a experiência avançada significa condená-la propositadamente ao atraso. Se todos os kolkhóses e sovkhóses trabalhassem segundo o modelo daqueles que estão na vanguarda, o problema da criação de abundância de produtos agrícolas estaria resolvido. Por isso é importante que os militantes do Partido e dos Soviéts, assim como os propagandistas, não só falem da importância da divulgação da experiência de vanguarda, mas também estudem essa experiência, conheçam sua essência e possam contribuir ativamente para que as conquistas alcançadas pelos inovadores sejam introduzidas em todos os sovkhóses e kolkhóses. Todo conferencista deve conhecer bem os kolkhóses avançados de sua região, de seu distrito; deve estudar a literatura existente sobre a experiência de vanguarda, utilizando-a amplamente em suas conferências e recomendando-a aos kolkhosianos; deve esclarecer o que de novo e progressista surge na emulação socialista, tornando esse novo um patrimônio das massas trabalhadoras. Intensificar com decisão a propaganda da experiência de vanguarda e as conquistas da ciência agrícola e elevá-la ao nível das exigências atuais é hoje tarefa extremamente importante.

Os problemas relativos à situação internacional e à política externa do Partido Comunista e do Estado Soviético ocupam grande lugar na propaganda por meio de conferências. O povo soviético constrói a sociedade comunista nas condições de luta entre dois campos: o campo do imperialismo e da reação — chefiado pelos Estados Unidos — e o campo da paz, da democracia e do socialismo — chefiado pela URSS. De maneira incansável e conseqüente, nosso país luta pela paz. Por essa luta conquistou a simpatia das massas de milhões de trabalhadores de todo o mundo. A luta que a URSS realiza pela paz e a segurança entre os povos impõe a nossos conferencistas o dever de desmascarar sistematicamente os adversários da paz e os ideólogos da guerra, assim como de propagar a política externa, de paz, da União Soviética e sua ativa luta pelo alívio da tensão internacional.

Os Comitês do Partido nem sempre mantêm atitude rigorosa no tocante a conferências sobre temas tão importantes. Muitas conferências sobre a situação internacional não passam de revista superficial dos acontecimentos correntes da vida internacional. A argumentação e a fundamentação científica das teses citadas são muita vez substituídas por frases sem conteúdo e frases bombásticas. Nessas conferências não são demonstradas as grandes vantagens do sistema socialista de economia sobre o sistema capitalista; não é revelada a essência da política externa da URSS como política de manutenção da paz e da segurança entre os povos; não é feita uma análise profunda das contradições atuais do imperialismo, e são deixados na sombra os êxitos alcançados pelos países de democracia-popular. Devemos realizar mais conferências a respeito de determinados problemas da vida internacional. Principalmente sobre as conquistas dos trabalhadores dos países europeus de democracia-popular na obra de construção do socialismo; sobre os êxitos do grande povo chinês na construção de um poderoso Estado de democracia-popular; sobre a luta da União Soviética pela solução pacífica do problema alemão; sobre a luta da URSS, apôs a segunda guerra mundial, pelo fortalecimento da paz e da segurança no Extremo-Oriente; sobre o aprofundamento da crise do sistema colonial do imperialismo e o desenvolvimento do movimento de libertação nacional após a segunda guerra mundial, e sobre o movimento internacional dos partidários da paz na etapa atual.

A propaganda científica sobre o ateísmo é um dos setores mais deficientes. Os preconceitos religiosos continuam a prejudicar seriamente o trabalho de construção do comunismo. Entretanto, é muito raramente que se organizam conferências sobre temas científicos relativos ao ateísmo. Assim, por exemplo, no ano passado, em 26 distritos da R.S.S.A. da Tartária, os membros da Sociedade de Divulgação de Conhecimentos Políticos e Científicos nenhuma conferência pronunciaram sobre os aludidos temas. Não é de admirar que haja muito poucos conferencistas com qualificação para tratar desses assuntos, e que às vezes as conferências sobre temas anti-religiosos não se distingam pelo elevado nível ideológico e teórico. Isso reduz o caráter combativo de nossa propaganda e a eficácia da luta contra o idealismo e contra as sobrevivências do passado na consciência dos homens. Ao determinar o temário das conferências, os Comitês do Partido não podem deixar de levar em conta que à propaganda por meio de conferências deve pertencer papel particularmente importante na superação das sobrevivências religiosas.

Assim, a atenção das organizações do Partido deve ser dirigida sobretudo para o conteúdo das conferências de propaganda. É necessário orientá-las de modo que seu temário corresponda às tarefas essenciais da construção do comunismo; que se caracterizem por um rigoroso conteúdo marxista-leninista e pelo espírito combativo e ofensivo; que visem à firme superação das sobrevivências do capitalismo na consciência dos homens e a um entranhamento mais profundo da ideologia socialista na consciência das amplas massas. A tarefa da propaganda feita por meio de conferências reside em lutar intransigentemente contra todo gênero de deturpações e aviltamento do marxismo-leninismo, contra as manifestações da ideologia burguesa e do nacionalismo burguês e em elevar continuamente a vigilância revolucionária dos homens soviéticos, mobilizando-os para um maior fortalecimento do poderio econômico e defensivo do Estado Soviético.

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A propaganda por meio de conferências é uma atividade viva e criadora, que exige das organizações do Partido capacidade de iniciativa e uma grande atenção. Após o XIX Congresso do P.C.U.S., os Comitês do Partido melhoraram um pouco a direção da propaganda feita por meio de conferências; começaram a estudar mais profundamente seu conteúdo, e se tornaram mais exigentes na seleção de quadros de propagandistas. Esse modo de encarar o problema assegura o êxito. Entretanto, nos lugares em que a direção é exercida formalmente, onde apenas se conta o número das conferências pronunciadas, permanece baixo o nível da propaganda por meio de conferências.

O elemento principal e decisivo na direção da propaganda feita por meio de conferências é a justa seleção e a sistemática educação dos quadros de conferencistas. A elevada qualidade das conferências é determinada, em última instância, pela composição do quadro de conferencistas. É necessário que o conferencista tenha um bom preparo teórico e político. Isso, porém, é pouco. Para realizar com eficiência a propaganda entre os comunistas, os operários, os kolkhosianos e os funcionários o conferencista precisa conhecer a vida, estudá-la incansavelmente, ser ativo militante social e saber da extrema responsabilidade de uma intervenção em público. Esse tipo de conferencista se preparará detalhadamente para toda intervenção, e estando a par da vida da organização partidária e de todo o distrito e região, saberá dar atualidade à conferência e poderá levar em conta os interesses dos ouvintes. Uma vez que a melhoria da propaganda feita por meio de conferências depende principalmente do conferencista, é compreensível o cuidado com que é necessário escolhê-los. Quando as organizações partidárias consideram esse aspecto, melhora a situação geral quanto aos quadros de conferencistas. No entanto, há ainda muitos casos em que se procede de maneira superficial à seleção dos quadros de conferencistas, aparecendo então nesse trabalho pessoas com reduzida cultura política e precários conhecimentos gerais. Entre os conferencistas efetivos de muitos Comitês do Partido um terço, e até mais, não possui educação superior. Outro tanto ocorre com cerca da metade dos conferencistas-suplentes. Isso se explica na maioria dos casos não pela falta de quadros qualificados, mas pela subestimação desse trabalho. A R.S.S.A. da Buriato-Mongólia, a R.S.S. do Kazakstão e a R.S.S. da Kirguísia não se encontram em condições mais privilegiadas do que outras Repúblicas; entretanto, ali a maioria dos conferencistas efetivos possui educação superior. Apesar disso, nos territórios de Altai e Krasnodarsk e nas regiões de Arkhangel e de Kalínin são incumbidas de realizar conferências pessoas com baixo nível cultural. A intelectualidade da R.S.S.A. da Ossiétin Septentrional é muito mal aproveitada para a propaganda feita por meio de conferências. Há na República 5 escolas superiores e a escola regional do Partido, e para trabalhar no grupo de conferencistas-suplentes são convocados apenas 5 ou 6 professores dessas escolas superiores.

Certos militantes do Partido subestimam tanto a importância da propaganda feita por meio de conferências que consideram inconveniente figurarem no grupo de conferencistas-suplentes pessoas que têm títulos e graus de cientistas. Casos desse gênero tiveram lugar no Comitê Regional do P.C.U.S. em Rostov. Não é de admirar que na organização do Partido em Rostov a esmagadora maioria dos conferencistas-suplentes não possua educação superior.

É preciso considerar que a propaganda e a agitação na seleção de quadros são mais eficazes quando realizadas na língua pátria. Quando os Comitês do Partido não levam isso em conta o trabalho é prejudicado. Até mesmo em uma cidade universitária da importância de Kazán os conferencistas do Comitê Regional e do Comitê Urbano do Partido realizam poucas conferências na língua tártara, e há muito tempo que em certos distritos da R.S.S.A. da Tartária não há conferências na língua pátria. Os mesmos fatos são observados nas organizações do Partido na R.S.S.A. da Tchuváchia, na R.S.S.A. da Udmurtia e na R.S.S.A. dos Mariis. Já não é tão difícil acabar com essas deficiências nas condições atuais — quando em toda parte existem quadros da intelectualidade. Só é preciso que os Comitês do Partido dediquem maior atenção à educação dos quadros que possam realizar na língua pátria o trabalho de propaganda e de agitação.

A tarefa das organizações do Partido consiste em promover para o trabalho de conferências os propagandistas mais capazes, mais qualificados e mais comprovados, em fazer com que dirigentes do Partido e dos Soviets participem, com maior freqüência, da leitura de conferências.

A justa seleção dos quadros de conferencistas é uma questão importante e de responsabilidade. No entanto, para que se eleve sistemàticamente o nível ideológico e teórico das conferências, devem as organizações do Partido trabalhar diàriamente junto aos conferencistas; zelar por seu desenvolvimento; prestar-lhes ampla ajuda prática; aperfeiçoar seu preparo teórico e seus conhecimentos metodológicos, e controlar constantemente a qualidade das conferências.

As organizações do Partido têm adquirido grande experiência no trabalho junto aos conferencistas. Os seminários são uma das formas mais usadas para esse trabalho. Os seminários para os conferencistas efetivos e conferencistas-suplentes dos Comitês do Partido são realizados, em regra geral, duas vezes por ano pelos Comitês Centrais dos Partidos Comunistas das Repúblicas Federadas, pelos Comitês Regionais e pelos Comitês Territoriais do Partido. Nos seminários não só conferências sobre questões teóricas são realizadas: a experiência revela que têm significação muito grande os informes dos militantes do Partido sobre as tarefas da organização local do Partido e também as conferências de especialistas nos setores da indústria, da agricultura e do comércio soviético. Em tudo isso o importante é que os participantes do seminário não sejam ouvintes passivos, mas que discutam vivamente os problemas teóricos e metodológicos, tragam esclarecimentos aos problemas que inevitavelmente se acumulam, e troquem experiências. Aos seminários cabe dar a orientação básica no trabalho dos conferencistas e elevar sua qualificação.

A ajuda aos quadros de conferencistas não pode limitar-se aos seminários. As organizações do Partido devem levar em conta as necessidades concretas de cada conferencista. Digamos — um conferencista passa pelo exame que exige um mínimo de conhecimentos para ser candidato, enquanto que outro já escreve uma tese. É sabido que tudo isso envolve a superação de muitas dificuldades. É preciso ajudar os conferencistas em seus estudos. São quadros muito importantes; é necessário zelar por eles e prepará-los cuidadosamente. Por isso é de todo intolerável que cuidemos mal da elevação da qualificação dos conferencistas; que não lhe criemos as necessárias condições para o trabalho independente; que sejam sobrecarregados de trabalho ou até mesmo utilizados em outro trabalho sem relação direta com a propaganda por meio de conferências. Assim, na R.S.S. do Uzbekstão até recentemente os conferencistas dos Comitês do Partido eram utilizados como delegados para a verificação de reclamações; um deles, até, trabalhou durante dois anos no Conselho de Ministros da República, embora recebendo seu salário como conferencista do C.C. do Partido no Uzbekstão.

Importante papel na direção partidária da propaganda feita por meio de conferências pertence aos grupos de conferencistas dos Comitês do Partido. Há muitos grupos que, reunindo os melhores conferencistas, prestam considerável ajuda científica e metodológica não só aos conferencistas do Comitê Regional ou do Comitê Territorial do Partido, mas também aos conferencistas dos Comitês Urbanos e dos Comitês Centrais. Um exemplo: o grupo de conferencistas do Comitê Regional do P.C.U.S. em Sverdlov tem boa experiência do controle da qualidade das conferências pronunciadas. Ali as conferências atraem grande número de ouvintes; seus textos são analisados, criticados, e mais tarde é organizado um debate da mesma na conferência do grupo de conferencistas ou na secção desse grupo no departamento. Com base nas críticas são realizados estudos das conferências que revelam os aspectos positivos e negativos das mesmas e emitem conselhos quanto ao conteúdo e à metodologia. Esses estudos são enviados aos Comitês Urbanos e aos Comitês Distritais do Partido, onde são também analisados nas assembléias dos conferencistas. Essa experiência merece divulgação.

A experiência adquirida pelo grupo de conferencistas do Comitê Regional em Riazán é digna de menção: como ajuda aos conferencistas-suplentes dos Comitês Urbanos e dos Comitês Distritais do Partido realizam-se seminários interdistritais; os conferencistas são providos de materiais sobre as questões relativas aos acontecimentos políticos do momento; os textos de suas conferências são criticados; realizam-se conferências nos locais, nos distritos. Ao conferencista do Comitê Regional ou do Comitê Territorial do Partido são feitas exigências mais elevadas do que a outros conferencistas. Ao comparecer a um local é seu dever não só pronunciar a conferência, mas também tomar conhecimento da situação, na cidade ou no distrito, da propaganda feita por meio de conferências, atender a consultas dos conferencistas locais, e com eles trocar experiências. Em Riazán isso se realiza de fato. dando resultados positivos.

Cada conferencista necessita de ajuda sistemática. Entre, tanto, só é boa a ajuda quando visa a conseguir um sério trabalho independente e estimula a atitude criadora no trabalho. A elaboração própria e ponderada, pelo conferencista, do texto de cada conferência é condição indispensável para a elevação da qualidade da propaganda. Alguns dirigentes de grupos de conferencistas se esquecem disso e têm a tendência a distribuir o maior número possível de textos — já preparados e padronizados — de conferências sobre quaisquer temas. Esse vicioso modo de proceder criou raízes, por exemplo, no trabalho do grupo de conferencistas dos Comitês Regionais do P.C.U.S. em Rostov, em Kabardin e na Ossiétin Septentrional. O grupo de conferencistas do Comitê Regional na Ossiétin Septentrional distribuiu, em 1953, mais de 20 textos sobre diferentes temas. Os conferencistas-suplentes dos Comitês Distritais do Partido quase não elaboram pessoalmente conferências, não analisam os textos recebidos e não as ligam às tarefas das organizações locais do Partido. Em certos casos, evidentemente, deve ser preparado e distribuído o texto de uma conferência sobre o tema mais atual. No entanto, quando se considera a distribuição de grande número de textos já prontos como a única forma de ajuda aos conferencistas, algum dos conferencistas deixa de se preparar pessoalmente para as intervenções, ficando, às vezes, em condições de nem mesmo poder responder a perguntas.

É muito importante que os grupos de conferencistas se tornem eficientes coletivos com espírito criador. Somente então poderão prestar ajuda sistemática a cada conferencista. Entretanto, nos lugares em que isso não acontece, os conferencistas freqüentemente se limitam a compilações e só se dão ao trabalho de copiar trechos de artigos de revistas, de jornais ou de folhetos. Em certos lugares o exame de conferências já prontas se realiza formalmente, sem uma aguda crítica das falhas; as conferências raramente são controladas, e quando o são os materiais do controle não são geralmente discutidos nas assembléias dos conferencistas, ultimamente muitos discursos de sentido geral têm sido pronunciados a respeito da luta contra o dogmatismo e o escolasticismo. São, porém, extremamente raros os casos de, após a audição de uma conferência, ter lugar uma profunda análise de seu conteúdo com o fim de mostrar — à base de exemplos concretos — onde se manifestaram o escolasticismo e o dogmatismo, e com o fim de ajudar o conferencista a tratar de maneira criadora a elaboração do material. É necessário que essas falhas sejam liquidadas. Um grupo de conferencistas só poderá tornar-se um coletivo criador quando constantemente puser em prática a viva análise dos problemas teóricos atuais; quando se interessar profundamente pela experiência dos vanguardeiros da produção e assimilar essa experiência; quando as discussões fraternais forem freqüentes e houver uma crítica audaz das falhas de conteúdo e de forma das conferências.

Em regra geral, na análise de uma conferência a atenção é concentrada somente em se saber se não foram cometidos erros no esclarecimento do material. No entanto, é extremamente importante dar atenção também às seguintes perguntas com relação à conferência: Provocou vivo interesse? Concorreu para que os ouvintes compreendessem mais aprofundadamente as tarefas atuais do Partido e encarassem melhor sua atividade prática?

A forma de exposição tem grande significação. Se não é viva, não desperta o raciocínio e não explica os fatos da vida cotidiana, a conferência não alcança seu objetivo. E se além disso o conferencista "fica amarrado" ao texto escrito, "adormece" o auditório.

A utilidade de conferências desse tipo pode ser aquilatada pelo fato descrito no "Lvóvskaia Pravda". Ao "Kolkhós Khruschtchóv" (distrito de Glimián, região de Lvov) compareceu o camarada Gadiúch, membro da Sociedade de Divulgação de Conhecimentos Políticos e Científicos.

"O auditório era constituído de cerca de 300 kolkhosianos. O conferencista pigarreou, abriu uma pasta de papéis e, sem olhar para os presentes, começou a ler. Trinta minutos se passaram. Sem erguer a cabeça, o conferencista continuava a ler com voz monótona. Havia inquietação no recinto, tosses e cochichos. O conferencista continuava a ler. Nenhuma palavra expressiva, nenhum pensamento novo. Chavões, ou muitas palavras incompreensíveis. Os ouvintes começaram a abandonar furtivamente o recinto.

Passou-se uma hora. A voz do conferencista ressoava de maneira enfadonha. Alguém cochilava no recinto. O número de bancos vazios tornava-se cada vez maior. Depois de hora e meia havia no clube apenas algumas pessoas. Terminada a conferência, o camarada Oadiútch olhou de relance para a sala vazia e calmamente recolocou os papéis na pasta.

Depois disso, o conferencista disse, com ar paternal, ao Presidente do kolkhós: "Então, meu velho!: é triste, mas é verdade! Vocês não ensinaram os kolkhosianos a ouvir conferências de elevado nível.". "Sim, — isso às vezes acontece" — respondeu o Presidente do kolkhós com expressão de descontentamento e espanto. E anotou na caderneta do conferencista que a conferência fora de elevado nível e contara com a presença de 300 pessoas, que a haviam ouvido com interesse.".

No preparo de um conferencista, suas habilitações devem ser orientadas de modo que ele se torne capaz de combinar em uma conferência um rico conteúdo ideológico com uma forma de exposição brilhante, expressiva e eficiente. A oração do conferencista deve ser naturalmente harmoniosa, clara e elevada. A intervenção pode tornar-se interessante e produtiva se forem consideradas as particularidades do auditório. Isso sabe todo propagandista. Os conferencistas intervêm tanto entre os ativistas do Partido e a intelectualidade como entre os operários e kolkhosianos e entre a juventude; devemos sempre levar em conta as necessidades, particulares dos ouvintes. V. I Lênin escreveu:

"A arte de todo propagandista e de todo agitador está em influenciar da melhor maneira um dado auditório, tornando para ele determinada verdade o mais convincente possível, o mais facilmente assimilável, o mais evidente e firmemente memorizável".

É considerável o papel dos jornais locais no trabalho de melhoria da propaganda feita por meio de conferências. Os jornais prestam grande ajuda aos propagandistas, publicando em suas páginas as melhores conferências; os grupos de conferencistas, devem cuidar disso prestando auxílio no preparo de conferências para publicação na imprensa. Inestimável ajuda ab conferencista pode prestar a análise da conferência que pronunciou — análise que revele não só seus méritos mas também suas falhas.

As organizações do Partido somente conseguem a melhoria da propaganda feita por meio de conferências quando começam a cuidar profundamente de seu conteúdo e forma, selecionando e formando cuidadosamente os quadros de propagandistas. Na propaganda por meio de conferências é particularmente intolerável o estilo rotineiro e burocrático de direção.

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A propaganda por meio de conferências é uma questão vital para todas as organizações do Partido. Do nível ideológico e teórico da propaganda feita por meio de conferências muito depende a educação dos comunistas, da intelectualidade e das amplas massas de trabalhadores. É necessário que os Comitês do Partido dirijam de maneira constante e qualificada esse importante setor do trabalho ideológico.

Não se trata da melhoria do trabalho dos conferencistas dos Comitês do Partido, apenas. As organizações soviéticas, do Komsomol, dos sindicatos; os órgãos da agricultura, e a Sociedade de Divulgação e Conhecimentos Políticos e Científicos também realizam a propaganda por meio de conferências. É necessário coordenar seu trabalho. Às vezes acontece que, confiando uma na outra, todas essas organizações nenhum conferencista enviam à fábrica, à E.M.T.[Estação de Máquinas e Tratores] ou ao kolkhós durante meses. Isso quer dizer que é preciso unificar o trabalho de todas essas organizações, assegurando o pronunciamento sistemático de conferências nas cidades e aldeias, nas empresas, nos kolkhóses, nas E.M.T. e nos sovkhóses. O mais importante para o Comitê do Partido é orientar o temário das conferências, de modo a conseguir a firmeza ideológica de cada conferência e sua profundeza e eficiência científica. Os Comitês do Partido não podem manter-se alheios à seleção de conferencistas e de sua formação em todas as outras organizações.

É dever das organizações do Partido orientar diàriamente — de maneira profunda e concreta — a propaganda feita por meio de conferências, aperfeiçoar sua qualidade, eliminar com firmeza as deficiências que possa conter, e elevá-la ao nível das grandes tarefas de construção do comunismo.


Notas de rodapé:

(1) V. I. Lênin – “Obras”, tomo 31, pág.265, ed. russa. (retornar ao texto)

 

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Inclusão 24/08/2011