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No Brasil, podemos afirmar que a cultura se antecipa à própria formação do Estado nacional. Assim, há um sentimento de brasilidade que permeia a obra de artistas e criadores como Tomás Antônio Gonzaga, padre José Maurício, Aleijadinho e Manoel Victor de Jesus, bem antes de a Independência ser declarada, em 1822. A poesia, a música, a pintura, a escultura são tocadas pelo sentimento de autonomia, libertário (até hoje a paisagem cultural de Minas Gerais nos fascina por isso).
Contrariamente ao que alguns afirmam, podemos observar que a cultura brasileira está assentada sob bases antigas. Os mitos indígenas, os orixás africanos, a língua portuguesa possuem centenas, senão milhares, de anos de existência. E todos nós reconhecemos nesses símbolos algumas das referências culturais mais marcantes do homem brasileiro. Iemanjá nos é tão familiar quanto a palavra saudade ou a dança do cateretê. E o que é ainda mais impressionante: em qualquer ponto do país, qualquer brasileiro reconhece ou se identifica com essas manifestações.
Se as nossas raízes são antigas, a síntese cultural — isto é, seus galhos — é algo de novo tipo. O Brasil foi, provavelmente, um dos primeiros países modernos a operar uma síntese desse porte, unificando culturas dos mais diferentes horizontes.
E esse pioneirismo, como todo pioneirismo que se preza, desnorteia. O que somos nós, concretamente? — eis uma pergunta nem sempre muito simples de se responder. Uma nova Roma, como queria o antropólogo Darcy Ribeiro?
Uma extensão do Ocidente, como postulavam alguns autores do século XIX? Talvez tudo isso reunido. Um país onde todos os continentes se encontram, como todas as nuvens se cruzam no céu. Daí, provavelmente, o fascínio que a cultura brasileira exerce no mundo. Fomos — e somos — um verdadeiro laboratório da globalização. A história da nossa cultura é a história da nossa adequação a esse novo ambiente sul-americano. E iremos continuar assim, ao que tudo indica.
Uma cultura das quatro sínteses, a nossa: entre a teoria e a prática; o erudito e o popular; o tradicional e o moderno e, finalmente, sendo uma cultura que promove a fusão entre sensibilidades de diversos horizontes étnicos e geográficos.
Foi por compreender isso, que o PCB-PPS, em muitos momentos de sua trajetória, se fundiu com essa cultura.
Inclusão | 16/08/2019 |