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1. O texto que publicamos refere-se à experiência concreta da Albânia, à luta travada pelos comunistas pela construção do Partido da classe operária, neste País. Esta luta deu-se em condições específicas e não pode ser extrapolada para outros países sem as necessárias correcções impostas pelas diferentes condições.
No entanto, o processo que levou à fundação do PTA é exemplar em muitos aspectos gerais dessa luta que encontramos entre nós, e que se torna necessário analisar: a grupusculização, o sectarismo de alguns grupos, a fetichização da organização de outros, a necessidade de desmascarar e isolar as organ. da pequena burguesia radical com concepções oportunistas de organização e de actividade prática, e outras dificuldades menores que obstam à realização rápida e firme da unidade de todos os comunistas.
2. Na Albânia a luta do proletariado processa-se a partir de certa altura nas condições de dominação imperialista do fascismo italiano, aliado a uma burguesia albanesa fraca e pouco interessada em desenvolver uma luta de libertação nacional, preferindo a aliança submissa ao fascismo italiano. É a radicalização da luta das massas que leva os comunistas a apressarem a sua unificação e a constituirem-se em partido superando de forma dialéctica as diferenças que os separavam.
3. Os esforços e directrizes do Komintern a acção de grupo no exílio no sentido da criação do Partido, não tiveram efeito. Só quando os grupos adquiriram um certo enraizamento é que a unidade foi possível. Até lá as tentativas falharam. Os quinze homens que fundam o PCA não eram militantes isolados. Eram dirigentes de vários grupos comunistas com muitos anos de luta. Representavam diversas organizações, e o capital político de cada uma delas. O texto que publicamos, mostra bem todo um processo de luta dos grupos comunistas no sentido de profundamente se ligarem às massas e definirem uma linha correcta. Só então foi possível a criação do PCA, e com ela elevar a luta a formas superiores e conseguir um enraizamento ainda maior nas massas trabalhadoras.
4. As dificuldades foram superadas na prática da luta, no trabalho de massas desenvolvido por algumas organizações marxistas da Albânia, tendo sido decisivo a pressão das, bases das organizações que começaram a cooperar entre si quando o desenvolvimento da luta impôs essa necessidade. A lição a tirar daqui é que o processo que conduz à unidade dos comunistas, é um processo dialético que se desenvolve na prática concreta de luta e não independentemente desta como pretendem alguns idealistas. De facto a prática concreta de luta permite que se desmistifiquem as orientações oportunistas de algumas organizações que se reclamam das posições do proletariado. E com base nessa prática que se pode desenvolver uma luta ideológica correcta e eficaz contra os desvios do marxismo- -leninismo e nunca como defendem os que apenas pretendem mascarar o seu ultra-sectarismo à margem desta prática e da luta de classes em geral.
5. Em Portugal avulta a existência do PCP revisionista que procura afastar o proletariado da luta consequente. A actuação do PCP dificulta por um lado a acção dos marxistas-leninistas, mas por outro lado vai-se desmascarando cada vez mais e mostrando os interesses de classe que serve, como acontece na sua participação no Gov. Prov. Os marxistas-leninistas têm que desenvolver a luta contra o capitalismo, o colonialismo e o neo-colonialismo e o imperialismo em estreita ligação com o combate aos agentes da burguesia infiltrados no proletariado.
6. Tal como na Albânia, na fase anterior à constituição do partido também em Portugal os grupos comunistas são «pequenos e instáveis. Os seus militantes... principalmente elementos de origem pequeno burguesa, ... sem uma sã formação ideológica política». Em muitos casos, estão «encerradas em si mesmas e os elementos anti-marxistas infiltrados nas suas fileiras... minando por dentro». São «pequenas e geralmente actuam sem coordenação entre si. Difundem ideias comunistas, mas a sua propaganda é limitada, espontânea e afastada dos problemas políticos e económicos do País».
Esta é a regra geral, embora algumas organizações (entre as quais nos incluímos) se esforcem por aplicar uma linha correcta e tenham já dado passos importantes nesse caminho.
Na luta desenvolvida pelos comunistas albaneses encontramos sempre o trabalho de massas, a combinação (articulação) do trabalho clandestino com o legal, a constituição de círculos educativos operários, onde se formavam simpatizantes e futuros militantes. A literatura marxista teve uma grande importância, apesar da acção negativa dos textos trotskistas, anarquistas e outros que originavam confusões e fomentavam o desenvolvimento de facções e tendencias.
7. Na Albânia havia grupos (os arquimarxistas) que defendiam a «teoria dos quadros» segundo a qual os «comunistas não deviam actuar e muito menos ligar-se às massas e organizá-las, mas tinham que circunscrever-se às suas células e preocupar-se somente com a sua formação teórica».
... «o dever dos comunistas era educar e formar quadros que amanhã começassem o trabalho de agitação entre as massas populares»... «com estes quadros educados e formados teoricamente eles tencionavam organizar o partido Comunista Albanês». E surgiram Partidos «Comunistas» formados no estrangeiro que se procuravam fazer aceitar pelos grupos e militantes que no país desenvolviam e conduziam a luta. Esses falsos partidos foram rechaçados e os verdadeiros comunistas prosseguiram a luta conseguindo criar as condições que levaram à constituição do verdadeiro Partido do Proletariado.
Em Portugal também nos surgem falsos partidos do proletariado, desde o partido revisionista infiltrado no proletariado, até ao PC de P (M-L) (entretanto cindido em dois ou mais) «formado há já quatro anos e com uma acção em Portugal praticamente nula, reduzida a alguns documentos de difusão muito limitada em que com sabedoria de «cátedra» se excomungam as diferentes organizações.
8. Os grupos marxistas-leninistas não podem enveredar por uma actuação aventureirista e precipitada. Não devem correr riscos inúteis, nem desenvolver trabalho que não esteja em formas organizativas adequadas, nem tenha em conta o estado das organizações e as suas forças. A direcção do trabalho de organização, agitação e propaganda deve dirigir-se fundamentalmente para a classe operária e não, como certas organizações fazem, centrar-se excessivamente entre os estudantes, onde recrutam parte considerável dos seus militantes.
Os grupos marxistas-leninistas assentam na aplicação do centralismo democrático, onde a par de uma rigorosa disciplina e centralização haja uma intensa democracia interna, com larga iniciativa dos militantes e discussão dos problemas organizativos. Têm de se combater as orientações que a coberto do combate ao «burocratismo» apregoam a descentralização e atacam o centralismo democrático, o que leva as organizações a não actuarem como um corpo único, a não terem uma direcção única, a terem diferentes orientações, a perderem eficácia, levando ao desenvolvimento de tendências, etc...
9. A necessidade de unificar todos os comunistas deve estar sempre presente no espírito de todos os verdadeiros comunistas, mas essa tarefa que é a unificação dos comunistas não pode ficar no terreno dos desejos sendo encarada de forma idealista, antes deve ser encarada dialécticamente empreendendo-se na luta prática a reunião das condições concretas que a possibilitam. A reconstrução do partido em Portugal como na Albânia será um processo dialéctico que unirá o combate ideológico aos desvios e posições incorrectas de certas unificações, aos esforços unitários assentes numa prática política de massas com as organizações que se guiem pelo marxismo-leninismo. Os comunistas portugueses têm de avançar na reconstrução do Partido, aproveitando as condições criadas pelo 25 de Abril, nomeadamente através de convenções agora possíveis entre as organizações marxista-leninista, através de uma intensa e bem conduzida luta ideológica, e do trabalho de massas e colaboração na prática entre esses organismos. Para a Reconstrução do Partido a Experiência da Albânia e do PTA dão ricos ensinamentos aos comunistas portugueses.
Inclusão | 22/05/2014 |