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A política antipopular e antinacional do regime zoguista suscitou a indignação geral das massas populares. Reapareceu a luta pelos direitos democráticos anti-imperialistas. O terror zoguista desencadeado em todo o país dificultava um novo desenvolvimento do movimento democrático.
Porém a luta anti-zoguista não cessou, as forças democráticas anti-zoguistas prosseguiram-na em diversas formas.
A resistência das forças democráticas manifestou-se de maneira particular com a actividade revolucionária dos camponeses e dos operários. Os camponeses em diversas províncias lutaram contra a violência dos latifundiários que procuravam expulsá-los das suas terras ou apoderar-se delas, assim como também contra os elevados impostos. Esta luta por vezes manifestou-se em cruéis recontros com a polícia zoguista.
A classe operária começou a desempenhar um papel mais importante. As suas filas engrossavam com camponeses arruinados. Muitos deles trabalhavam nas obras públicas que se construíam com fundos estrangeiros (italianos). Estes operários explorados pelas empresas lutavam desde o ano de 1925 contra a injustiça, protestavam e realizavam manifestações, declaravam greve exigindo o pagamento das suas jornas, retidas há vários meses. Juntamente com eles em 1927 também participaram numa greve por aumento de salários, os operários da sociedade concessionária inglesa de petróleo, assim como os mineiros de Selenica.
A intervenção das forças de polícia zoguista forçava frequentemente os operários a regressar ao trabalho sem terem obtido os seus direitos.
Durante estes anos formaram-se várias organizações operárias: «União Operária» em Gjirokastra (1925), a «Associação Operária de Perpari» (Progresso) em Tirana (1927) e a «União Operária de Sastres» (alfaiates) de Korcha (1927). Estas eram associações de aprendizes que tinham por objectivo desenvolver a solidariedade e organizar a ajuda mútua entre os operários, reduzir os vestígios feudais e resolver os conflitos entre os artesãos e os patrões.
A «União» de Korcha admite também nas suas fileiras os mestres artesãos e tinha tendência a conciliar os seus interesses com os dos aprendizes. Tais associações não podiam desempenhar, nem desempenharam, nenhum papel de importância na organização do movimento operário.
Desde o princípio que a luta camponesa e operária teve um caracter anti-zoguista pelo que o regime de Zog pôs em marcha o seu aparato militar e policial para reprimir violentamente todo o movimento que tentasse aliviar em algo a miserável situação das massas. Mas esta luta não era organizada e desenvolvia-se espontâneamente, porque faltava uma direcção revolucionária.
O movimento das forças democráticas, o desenvolvimento do movimento operário e o descontentamento geral face ao regime, haviam preparado, pois, as condições necessárias para um movimento comunista organizado. Neste sentido desempenhou um papel importante a literatura marxista que se difundia nos círculos operários, artesãos e intelectuais. Esta literatura era introduzida do exterior pelos albaneses que estudavam ou trabalhavam no estrangeiro e que haviam aderido às ideias comunistas e se empenhavam em propagá-las.
Em 1928, elementos progressistas, operários, e artesãos criaram na cidade de Korcha a primeira célula comunista. Os militantes deste grupo, muito embora não contassem com uma formação teórica e política, suficiente, compreendiam perfeitamente a necessidade de organizar o movimento comunista como condição indispensável para o desenvolvimento do movimento operário e da luta das massas populares contra o regime dos latifundiários e da burguesia.
Pouco tempo depois também em Korcha criavam-se outras células. Isto tornou indispensável a reorganização do trabalho. Para isso, em Junho de 1929, convocou-se a reunião dos representantes das células comunistas. O Comité Directivo nomeado nesta reunião decidiu trabalhar para a criação de novas células encarregadas de divulgar as ideias comunistas através de círculos educativos. Na reunião tomou-se a decisão de ligar-se às massas e ao movimento operário por meio de associações operárias legais. Para este objectivo definiu-se como tarefa imediata a criação de organizações operárias revolucionárias que lutassem por reivindicações económicas e políticas.
A reunião de Julho de 1929 constituiu o Grupo Comunista de Korcha e marcou o começo do movimento comunista organizado.
Sob a direcção do seu comité, o movimento comunista de Korcha fortaleceu-se. Em pouco tempo na cidade havia oito células com quarenta militantes no total. Cada uma delas dirigia 3 ou 4 círculos educativos.
O Grupo Comunista de Korcha era a primeira organização política da classe operária albanesa. Mas como dava os seus primeiros passos era ainda débil, deficientemente organizada e sem experiência. A literatura sobre o comunismo que os militantes dos grupos e os simpatizantes estudavam não era totalmente marxista. Havia também nela materiais trotskistas e anarquistas desorientavam ideologicamente os leitores. Entre estes materiais os mais divulgados eram as publicações arquimarxistas da organização trotskista dos intelectuais gregos. Os pontos de vista arquimarxistas conseguiram conquistar alguns elementos que participavam no grupo de Korcha. Um deles foi Niko Xoxi, membro da direcção do Comité Directivo. Estes elementos aceitavam o marxismo só formalmente, mas realmente deturpavam as suas teses fundamentais e lutavam por todos os meios contra a sua aplicação.
A criação do Grupo de Korcha coincidiu com o começo da crise económica do capitalismo mundial, cujas funestas consequências se sentiram também na Albânia. Os latifundiários e os capitalistas esforçaram-se por atirar todo o peso para os ombros do campesinato e da classe operária. A baixa de preços dos produtos agrícolas agravou ainda mais a situação de miséria do campesinato. Isto obrigou muitos camponeses a abandonarem as suas terras e a tratarem de arranjar trabalho nas cidades. As dificuldades na venda das mercadorias causaram a ruína de muitos artesãos e de pequenos comerciantes. Ao mesmo tempo muitas oficinas e fábricas interromperam ou limitaram a sua produção. Tudo isto foi engrossando as fileiras do exército de desempregados e originou a baixa das jornas.
Por isso o movimento grevista dos operários pelas suas reivindicações adquiriu um impulso sem precedentes...
O agravamento geral da situação económica e a escassez de alimentos que aflige as massas desprotegidas do povo acentuavam ainda mais o ódio ao regime. O desenvolvimento do movimento operário dava a possibilidade ao grupo Comunista de Korcha de aumentar a sua actividade e unir-se mais às massas. Porém devido a acentuadas deficiências ideológicas e de organização manteve-se afastado do movimento. Todavia, com a ajuda do grande militante comunista Ali Kelmendi o trabalho do grupo deu uma importante viragem.
Inclusão | 22/05/2014 |