VII Congresso Extraordinário
(Intervenções, Saudações, Documentos)

Partido Comunista Português


INTERVENÇÕES EM NOME DA UNIÃO DOS ESTUDANTES COMUNISTAS, DOS JOVENS TRABALHADORES COMUNISTAS, DAS MULHERES COMUNISTAS
JOSÉ PEDRO SOARES
(Membro suplente do Comité Central do P.C.P., em nome dos jovens trabalhadores comunistas)


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Queridos camaradas:

Ao VII Congresso Extraordinário do Partido Comunista Português, que hoje aqui realizamos, expresso em nome dos jovens trabalhadores do nosso Partido as mais sentidas felicitações.

Saúdo com igual calor o nosso Comité Central, os jovens trabalhadores aqui presentes, a delegação da U.E.C., as organizações do Partido e todos os convidados a este Congresso.

Dezenas de anos de luta e pesados sacrifícios fizeram do nosso Partido o primeiro resistente contra o fascismo, conferiram-lhe o lugar de vanguarda da classe operária e de todos os trabalhadores e o papel de grande animador e dirigente das suas lutas.

Estamos certos de que neste nosso Congresso a aprovação das alterações ao Programa e Estatutos, que apoiamos, virão na prática uma vez mais confirmar a justeza da nossa orientação, apontar as tarefas que se vão colocar aos comunistas, contribuir para o avanço da democracia no nosso país, para o reforço e unidade do nosso Partido, para a unidade de acção com outras forças democráticas e para o fortalecimento da luta da juventude.

À frente das grandes lutas, cumprindo os deveres revolucionários de vanguarda da classe operária e do povo, o Partido Comunista Português nunca desprezou a acção unitária com outras forças democráticas e sempre soube dar as mãos à juventude, dedicando-lhe especial atenção.

Meses atrás, antes do 25 de Abril, o nosso Partido trabalhava com vista à criação de uma organização da juventude trabalhadora comunista. Porém, as alterações profundas na situação política do nosso país apontaram-nos novas perspectivas que nos permitiram lançar as bases de um grande movimento unitário da juventude trabalhadora portuguesa.

É dever dos jovens comunistas e do seu Partido, de acordo com as condições concretas, saber encontrar, na prática, as formas tácticas que permitam trazer à luta as grandes massas da juventude trabalhadora.

A dinamização da vida associativa, a participação dos jovens no processo de democratização, o desenvolvimento de iniciativas mobilizadoras (a nível sindical, no campo da cultura e do desporto), nas quais se cimenta a unidade da juventude, se eleva a sua consciência política e de classe. O reforço da luta pelo fim da guerra e apressar do processo de descolonização, a luta em defesa dos seus interesses e aspirações levou a direcção do nosso Partido, e bem, a defender a criação de um amplo movimento unitário da juventude trabalhadora.

O alargamento das estruturas do M.J.T. e a participação de sectores cada vez mais amplos de jovens antifascistas de diferentes tendências políticas passou a corresponder a uma necessidade objectiva da juventude da sua maior e mais aberta participação na democratização do País, da formação de um grande movimento nacional, vanguarda dos jovens trabalhadores portugueses.

Aos jovens comunistas, tirando casos especiais, que o Partido necessitará para a sua organização geral, o seu dever é militarem na organização unitária da juventude trabalhadora. Defender lá as posições politicamente justas e os seus deveres de revolucionários, sem contudo impedir o livre debate de ideias e deixar de aceitar as decisões maioritárias.

Os comunistas não têm medo da unidade. Têm sido, pelo contrário, os seus mais consequentes defensores e são os que mais firmemente defendem as decisões democráticas.

Esta orientação, queridos camaradas, nem em todo o lado tem sido justamente levada à prática. O amontoar de tarefas e as novas situações que surgem, dia a dia, sobre as quais nos temos de debruçar, tal como a diversidade de problemas inerentes a um alargamento rápido do nosso Partido, não têm permitido por vezes uma justa compreensão desta orientação.

O M.J.T. tem, neste momento, uma larga projecção nacional. Milhares de jovens de todo o País têm aderido à sua organização nos últimos meses. Muitos outros milhares participam nas suas iniciativas e recebem a sua influência. É com entusiasmo que jovens de diferentes tendências políticas, entre os quais os comunistas e muitos jovens sem partido, realizam em conjunto, de norte a sul do País, inúmeras iniciativas, unindo na acção amplas massas de jovens na concretização dos grandes objectivos do Movimento. O Grande Encontro Nacional, com a presença de mais de 5000 jovens, as assembleias distritais que precederam esse encontro, os acampamentos nacionais, os diversos encontros concelhios, tal como a publicação de um jornal bimensal, o Jovem Trabalhador, são já o reflexo desse alargamento.

Esta realidade, queridos camaradas, tem confirmado, por si, a orientação do nosso Partido.

Mas continuam por vencer muitas dificuldades. Dificuldades políticas e de organização, fruto do rápido crescimento do Movimento. Mas serão ultrapassadas com a experiência que se vai adquirindo, com o incentivo e desenvolvimento da actividade, com a consolidação das suas estruturas.

A luta que a juventude trabalhadora e o seu Movimento têm vindo a desenvolver ao lado do nosso Partido e de outras forças democráticas, denunciando e combatendo a reacção; a luta pela participação cada vez maior na vida política e social; a luta por eleições verdadeiramente livres; por medidas de saneamento e vigilância popular — é uma luta que tem de continuar e para a qual têm de estar mobilizados todos os jovens honestos.

A luta pelo direito de voto aos 18 anos, já assegurada como uma grande vitória da juventude e das forças democráticas, foi desde os primeiros dias da criação do M.J.T. um dos grandes objectivos por que sempre lutámos.

O apoio à descolonização, a luta contra as forças reaccionárias que se lhe opõem, estreitamente das relações de amizade com a juventude e os povos amigos da Guiné-Bissau, Moçambique e Angola; a luta pela redução do tempo de serviço militar, as campanhas de esclarecimento sobre o colonialismo e o que foi a colonização portuguesa — são tarefas não só dos comunistas mas de toda a juventude que se pretende libertar de meio século de sofrimento, de propaganda e opressão fascista.

A luta por justos salários e a aplicação de salário igual para trabalho igual; pela participação na vida sindical, por direitos sindicais a partir da idade em que se começa a trabalhar; contra o trabalho infantil; por mais justos critérios de promoção profissional; pela reforma geral e democrática do ensino, pelo acesso à cultura e ao desporto, pelo direito à vida e ao trabalho — são muitas das reivindicações pelas quais se têm batido e batem os jovens trabalhadores portugueses.

Na concretização de muitas destas reivindicações, pela criação de uma nova vivência que trará o reforço das modificações políticas no nosso país, para o estreitamento das relações de amizade e solidariedade com os jovens de todo o mundo, para os quais se começam a abrir as portas, pela paz e democracia, seguiremos lado a lado com o movimento estudantil e a sua vanguarda revolucionária — a União dos Estudantes Comunistas, U.E.C. — a quem daqui enviamos o nosso vigoroso abraço de amizade e combate.

A juventude que ontem, com o fascismo, apenas via no horizonte um futuro incerto de guerra interminável, de exploração e ignorância, vê hoje com o sol da liberdade abrirem-se profundas perspectivas e possibilidades reais de ver realizadas muitas das suas aspirações.

Apesar dos golpes traiçoeiros durante a longa noite fascista, a larga participação da juventude neste nosso VII Congresso Extraordinário do Partido Comunista Português é bem a prova da sua capacidade de renovação e de não se deixar envelhecer, da inspirada confiança que a juventude lhe dedica. Como escola da revolução, como educador nos princípios do internacionalismo proletário, O Partido Comunista, a grande força organizada que conduzirá a juventude e o Povo Português no caminho da democracia, à conquista do socialismo e do comunismo.

Viva o VII Congresso Extraordinário do Partido Comunista Português!
Viva a classe operária, a juventude e o povo trabalhador!
Viva o Partido Comunista Português!


Inclusão: 18/05/2020