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Queridos camaradas:
Ao VII Congresso Extraordinário do Partido Comunista Português, que hoje aqui realizamos, expresso em nome dos jovens trabalhadores do nosso Partido as mais sentidas felicitações.
Saúdo com igual calor o nosso Comité Central, os jovens trabalhadores aqui presentes, a delegação da U.E.C., as organizações do Partido e todos os convidados a este Congresso.
Dezenas de anos de luta e pesados sacrifícios fizeram do nosso Partido o primeiro resistente contra o fascismo, conferiram-lhe o lugar de vanguarda da classe operária e de todos os trabalhadores e o papel de grande animador e dirigente das suas lutas.
Estamos certos de que neste nosso Congresso a aprovação das alterações ao Programa e Estatutos, que apoiamos, virão na prática uma vez mais confirmar a justeza da nossa orientação, apontar as tarefas que se vão colocar aos comunistas, contribuir para o avanço da democracia no nosso país, para o reforço e unidade do nosso Partido, para a unidade de acção com outras forças democráticas e para o fortalecimento da luta da juventude.
À frente das grandes lutas, cumprindo os deveres revolucionários de vanguarda da classe operária e do povo, o Partido Comunista Português nunca desprezou a acção unitária com outras forças democráticas e sempre soube dar as mãos à juventude, dedicando-lhe especial atenção.
Meses atrás, antes do 25 de Abril, o nosso Partido trabalhava com vista à criação de uma organização da juventude trabalhadora comunista. Porém, as alterações profundas na situação política do nosso país apontaram-nos novas perspectivas que nos permitiram lançar as bases de um grande movimento unitário da juventude trabalhadora portuguesa.
É dever dos jovens comunistas e do seu Partido, de acordo com as condições concretas, saber encontrar, na prática, as formas tácticas que permitam trazer à luta as grandes massas da juventude trabalhadora.
A dinamização da vida associativa, a participação dos jovens no processo de democratização, o desenvolvimento de iniciativas mobilizadoras (a nível sindical, no campo da cultura e do desporto), nas quais se cimenta a unidade da juventude, se eleva a sua consciência política e de classe. O reforço da luta pelo fim da guerra e apressar do processo de descolonização, a luta em defesa dos seus interesses e aspirações levou a direcção do nosso Partido, e bem, a defender a criação de um amplo movimento unitário da juventude trabalhadora.
O alargamento das estruturas do M.J.T. e a participação de sectores cada vez mais amplos de jovens antifascistas de diferentes tendências políticas passou a corresponder a uma necessidade objectiva da juventude da sua maior e mais aberta participação na democratização do País, da formação de um grande movimento nacional, vanguarda dos jovens trabalhadores portugueses.
Aos jovens comunistas, tirando casos especiais, que o Partido necessitará para a sua organização geral, o seu dever é militarem na organização unitária da juventude trabalhadora. Defender lá as posições politicamente justas e os seus deveres de revolucionários, sem contudo impedir o livre debate de ideias e deixar de aceitar as decisões maioritárias.
Os comunistas não têm medo da unidade. Têm sido, pelo contrário, os seus mais consequentes defensores e são os que mais firmemente defendem as decisões democráticas.
Esta orientação, queridos camaradas, nem em todo o lado tem sido justamente levada à prática. O amontoar de tarefas e as novas situações que surgem, dia a dia, sobre as quais nos temos de debruçar, tal como a diversidade de problemas inerentes a um alargamento rápido do nosso Partido, não têm permitido por vezes uma justa compreensão desta orientação.
O M.J.T. tem, neste momento, uma larga projecção nacional. Milhares de jovens de todo o País têm aderido à sua organização nos últimos meses. Muitos outros milhares participam nas suas iniciativas e recebem a sua influência. É com entusiasmo que jovens de diferentes tendências políticas, entre os quais os comunistas e muitos jovens sem partido, realizam em conjunto, de norte a sul do País, inúmeras iniciativas, unindo na acção amplas massas de jovens na concretização dos grandes objectivos do Movimento. O Grande Encontro Nacional, com a presença de mais de 5000 jovens, as assembleias distritais que precederam esse encontro, os acampamentos nacionais, os diversos encontros concelhios, tal como a publicação de um jornal bimensal, o Jovem Trabalhador, são já o reflexo desse alargamento.
Esta realidade, queridos camaradas, tem confirmado, por si, a orientação do nosso Partido.
Mas continuam por vencer muitas dificuldades. Dificuldades políticas e de organização, fruto do rápido crescimento do Movimento. Mas serão ultrapassadas com a experiência que se vai adquirindo, com o incentivo e desenvolvimento da actividade, com a consolidação das suas estruturas.
A luta que a juventude trabalhadora e o seu Movimento têm vindo a desenvolver ao lado do nosso Partido e de outras forças democráticas, denunciando e combatendo a reacção; a luta pela participação cada vez maior na vida política e social; a luta por eleições verdadeiramente livres; por medidas de saneamento e vigilância popular — é uma luta que tem de continuar e para a qual têm de estar mobilizados todos os jovens honestos.
A luta pelo direito de voto aos 18 anos, já assegurada como uma grande vitória da juventude e das forças democráticas, foi desde os primeiros dias da criação do M.J.T. um dos grandes objectivos por que sempre lutámos.
O apoio à descolonização, a luta contra as forças reaccionárias que se lhe opõem, estreitamente das relações de amizade com a juventude e os povos amigos da Guiné-Bissau, Moçambique e Angola; a luta pela redução do tempo de serviço militar, as campanhas de esclarecimento sobre o colonialismo e o que foi a colonização portuguesa — são tarefas não só dos comunistas mas de toda a juventude que se pretende libertar de meio século de sofrimento, de propaganda e opressão fascista.
A luta por justos salários e a aplicação de salário igual para trabalho igual; pela participação na vida sindical, por direitos sindicais a partir da idade em que se começa a trabalhar; contra o trabalho infantil; por mais justos critérios de promoção profissional; pela reforma geral e democrática do ensino, pelo acesso à cultura e ao desporto, pelo direito à vida e ao trabalho — são muitas das reivindicações pelas quais se têm batido e batem os jovens trabalhadores portugueses.
Na concretização de muitas destas reivindicações, pela criação de uma nova vivência que trará o reforço das modificações políticas no nosso país, para o estreitamento das relações de amizade e solidariedade com os jovens de todo o mundo, para os quais se começam a abrir as portas, pela paz e democracia, seguiremos lado a lado com o movimento estudantil e a sua vanguarda revolucionária — a União dos Estudantes Comunistas, U.E.C. — a quem daqui enviamos o nosso vigoroso abraço de amizade e combate.
A juventude que ontem, com o fascismo, apenas via no horizonte um futuro incerto de guerra interminável, de exploração e ignorância, vê hoje com o sol da liberdade abrirem-se profundas perspectivas e possibilidades reais de ver realizadas muitas das suas aspirações.
Apesar dos golpes traiçoeiros durante a longa noite fascista, a larga participação da juventude neste nosso VII Congresso Extraordinário do Partido Comunista Português é bem a prova da sua capacidade de renovação e de não se deixar envelhecer, da inspirada confiança que a juventude lhe dedica. Como escola da revolução, como educador nos princípios do internacionalismo proletário, O Partido Comunista, a grande força organizada que conduzirá a juventude e o Povo Português no caminho da democracia, à conquista do socialismo e do comunismo.
Viva o VII Congresso Extraordinário do Partido Comunista Português!
Viva a classe operária, a juventude e o povo trabalhador!
Viva o Partido Comunista Português!