VII Congresso Extraordinário
(Intervenções, Saudações, Documentos)

Partido Comunista Português


INTERVENÇÕES EM NOME DA UNIÃO DOS ESTUDANTES COMUNISTAS, DOS JOVENS TRABALHADORES COMUNISTAS, DAS MULHERES COMUNISTAS
LUÍSA AMORIM
(em nome das mulheres comunistas)


capa

Queridos camaradas:

Neste importante momento da vida do nosso Partido, desejo em primeiro lugar, em nome da célula das mulheres comunistas, saudar o Congresso aqui reunido. Desejamos saudar particularmente os camaradas que nas masmorras fascistas sofreram a tortura e passaram longos anos com uma heroicidade que só os comunistas sabem ter pela justeza das ideias que defendem.

Aqui, não poderemos deixar de lembrar os nossos queridos camaradas que o fascismo matou e que o nosso povo nunca esquecerá e cujo exemplo os comunistas estarão dispostos a seguir se a luta assim o exigir.

Como mulheres comunistas não podemos deixar de falar das mulheres comunistas que nas fábricas, nos campos, nas escolas, nos mais variados locais de trabalho, sempre estiveram nas primeiras filas da longa luta contra o fascismo, a exploração e a opressão.

Algumas caíram de pé nessa luta, como a grande heroína do nosso povo, Catarina Eufémia. Outras pagaram com anos de cadeia o grande crime de amarem o seu povo, a sua pátria, e de lutarem pela sua libertação e independência contra a odiada guerra colonial, pela paz e pela democracia.

Educadas na grande escola da luta contra o fascismo, às mulheres comunistas cabe hoje, após a libertação da nossa pátria da negra praga fascista, um grande papel e uma grande responsabilidade na construção de um Portugal livre e democrático.

Disso temos todas nós consciência como temos igualmente consciência de que a democracia só será definitivamente conquistada através da unidade de acção com os seus companheiros, de cada vez mais amplas camadas de mulheres verdadeiramente interessadas na democratização do nosso país.

É justamente por estarmos profundamente convencidas desta necessidade de agir, unidas com as restantes mulheres democratas, que as organizações comunistas participaram e participam com a sua actividade e entusiasmo no Movimento Democrático das Mulheres Portuguesas.

Tendo nascido e agido nos anos negros do fascismo, o M.D.M., ontem sem-ilegal, tem atrás de si um passado de lutas e acções em prol da melhoria da situação das mulheres duplamente exploradas e oprimidas sob os governos de Salazar e Caetano. Hoje, actuando à luz da liberdade reconquistada após o 25 de Abril, o M.D.M. pode e deve ser o grande movimento de todas as mulheres portuguesas que desejam lutar pela melhoria das condições de vida da mulher em Portugal.

Contribuir para liquidar as indesejadas discriminações que ainda perduram quer no trabalho quer na sociedade, em relação às mulheres, contribuir para melhorar as condições de trabalho e de vida em geral das mulheres portuguesas, eis o que se propõe fazer o M.D.M. em estreita colaboração com outras forças democráticas como o M.J.T., Intersindical, organizações católicas, etc.

Depois de vencer as ideias liquidacionistas dos que pretendiam que o M.D.M. não era necessário porque não se justificava que as mulheres democratas se organizassem fora do movimento democrático geral, a verdade é que o M.D.M. surge hoje mais forte do que nunca e com perspectivas mais amplas de desenvolvimento.

Na jovem democracia portuguesa um lugar e papel especial cabe ao M.D.M.

Fazer do M.D.M. um grande movimento de massas das mulheres portuguesas verdadeiramente interessadas na instauração de um regime democrático em Portugal — já que só em democracia os múltiplos e vários problemas das mulheres poderão ser amplamente discutidos, debatidos e progressivamente solucionados — eis o objectivo que se propõem as mulheres do M.D.M.P.

Viva a unidade de todas as Forças Democráticas.
Viva a unidade do Povo com o M.F.A.
Viva a classe operária e todos os portugueses.
Viva o Partido da classe operária, o Partido Comunista Português.


Inclusão: 18/05/2020