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A conduta da França e da América, que apóiam abertamente os poloneses e Wrángel, assim como a da Inglaterra, que com o seu silêncio sancionou esse apoio, por um lado, e, por outro, os êxitos dos poloneses, o esperado fortalecimento de Wrángel com forças novas, a concentração do exército oriental romeno na região de Dorokha, criam para a República uma grave situação internacional e militar. É necessário preocupar-se imediatamente com assegurar à República tropas frescas de infantaria (cerca de cem mil infantes), soldados de cavalaria novos (cerca de trinta mil), e os correspondentes abastecimentos bélicos.
Os últimos êxitos dos poloneses revelaram a insuficiência fundamental dos nossos exércitos, a falta de importantes reservas; pedra angular do atual programa, destinado a reforçar o poderio militar da República, deve constituir portanto a formação de poderosas reservas que podem ser enviadas à frente a qualquer momento.
Na base de tudo quanto disse, proponho que se aceite o seguinte programa para a formação de tropas de reserva da República:
J. Stálin.
25 de agosto de 1920.
Moscou, Kremlin.
A resposta de Trotski sobre o assunto das reservas é puramente formal. No seu telegrama anterior, ao qual ele faz referência em sua resposta, não há nem sequer uma alusão ao plano de formação de reservas, à necessidade de tal plano: quando retirar as divisões; em que regiões; em que data terminar o completamento das divisões, a instrução das unidades para preenchimento de claros, o treinamento em conjunto. Todas essas questões (não se trata em absoluto de pormenores!) são descuradas.
Na campanha de verão teve considerável influência (negativa) o afastamento das reservas com relação às frentes (Urais, Sibéria, Cáucaso Setentrional): as reservas não chegavam a tempo, mas sim com grande atraso, e em grande parte não conseguiam o objetivo prefixado. Por isso as zonas de concentração das reservas devem ser determinadas de antemão, constituindo um fator importantíssimo.
Uma influência igualmente considerável (e também negativa) teve a falta de preparo das unidades para preenchimento de claros: estavam mal instruídas, com pouco treinamento em conjunto e, se vieram a ser utilizáveis num momento de impetuosa ofensiva geral, de um modo genérico não resistiram à forte reação do adversário, abandonaram quase todo o equipamento e renderam-se às dezenas de milhares. Por isso, o período de instrução e de permanência nas tropas complementares, outro fator importantíssimo, também deve ser fixado de antemão.
Uma influência ainda mais considerável (e também negativa) teve o caráter fortuito, improvisado das nossas reservas: uma vez que não possuíamos unidades especiais de reserva, elas foram freqüentes vezes constituídas, de maneira casual e assaz apressadamente, com fragmentos de unidades de toda a espécie, inclusive as tropas de defesa interna da República[N108], o que minou a estabilidade dos nossos exércitos.
Em suma: é preciso iniciar (imediatamente!) um trabalho planificado para assegurar à República importantes reservas; em caso contrário, corremos o risco de achar-nos ainda diante de uma nova catástrofe militar "inesperada" ("como uma telha na cabeça").
Os abastecimentos não são "a coisa mais importante", como erroneamente pensa Trotski. A história da guerra civil ensina que, apesar da nossa pobreza, em matéria de abastecimentos saímo-nos igualmente bem; contudo, a metade das "túnicas" e das "botas" fornecidas aos soldados foi parar nas mãos dos camponeses. Por que? Porque o soldado deu túnicas e botas (e continua a dá-las) ao camponês em troca de leite, manteiga, carne, isto é, em troca daquilo que não estamos em condições de dar-lhes. Quanto aos abastecimentos também nos saímos bem nesta campanha (de verão), e apesar disso sofremos um insucesso (ao que parece, a ninguém ocorreu a idéia de apontar os que estão à testa dos nossos abastecimentos como responsáveis pelos nossos insucessos na frente polonesa. . .). Evidentemente existem fatores mais importantes que os abastecimentos (vide acima).
É preciso de uma vez por todas renunciar à prejudicial "doutrina", segundo a qual os organismos civis devem abastecer as tropas, e tudo o mais deve ser da competência do Estado-Maior que dirige as operações. O C.C. deve conhecer e controlar todo o trabalho dos órgãos militares, não se excluindo a formação das reservas e os preparativos para as operações, se não quiser se encontrar diante de uma nova catástrofe. Eis por que insisto nestes pontos:
J. Stálin.
Notas de fim de tomo:
[N108] Em 1919-1920, essas tropas foram empregadas na defesa da cidade, das oficinas, das estradas de ferro, dos depó sitos, etc., na retaguarda e nas zonas da frente. (retornar ao texto)
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Inclusão | 15/04/2008 |