Primeira publicação: “Rabótchi Put” (“O Caminho Operário”), n.º 27. 4 de outubro de 1917. Artigo não assinado.
Fonte: J. V. Stálin, Obras. Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953, págs. 330-331.
Tradução: Editorial Vitória, da edição italiana G. V. Stálin - "Opere Complete", vol. 3 - Edizione Rinascita, Roma, 1951.
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Não faz muito tempo, deu-se em Tachkent um caso “dos mais comuns”, “dos que acontecem frequentes vezes”, atualmente, na Rússia. Os operários e os soldados de Tachkent, seguindo a lógica revolucionária dos acontecimentos, exprimiram sua desconfiança contra os velhos membros do Comitê Executivo dos Soviets e elegeram um novo Comitê Revolucionário, destituíram as autoridades kornilovistas, empossaram novas e tomaram o poder. Isso foi suficiente para que os fanfarrões do governo provisório declarassem guerra ao Soviet “anarquista” de Tachkent. Na verdade os fatos dizem que o Soviet era composto em sua maioria de social-revolucionários e não de anarquistas. Porém que importa isso aos “pacificadores” do governo provisório?
E os hamléticos social-revolucionários do Dielo Naroda, cortejando humildemente Kerenski, declararam, com profunda sabedoria, “contrarrevolucionário” o Soviet de Tachkent, exigiram a destituição dos social-revolucionários e proclamaram a necessidade da instauração da “ordem revolucionária” no Turquestão.
Até o decrépito Comitê Executivo Central julgou necessário golpear os pobres social-revolucionários de Tachkent...
Somente o nosso Partido apoiou até ao fim e resolutamente o Soviet revolucionário de Tachkent contra os atentados contrarrevolucionários do governo e dos seus agentes.
E que aconteceu?
Passaram-se ao todo algumas semanas, “as paixões aplacaram-se”, o delegado que chegou ontem de Tachkent disse-nos como se desenrolou, na realidade, o “caso” de Tachkent e verificou-se que os membros daquele Soviet cumpriram honestamente com o seu dever de revolucionários, não obstante as atividades contrarrevolucionárias dos agentes do governo provisório.
O Soviet dos Deputados Operários e Soldados de Petrogrado aprova por unanimidade uma moção de confiança para com os camaradas de Tachkent e, com o voto unânime “de todas as frações, o Soviet declara estar plenamente disposto a apoiar as justas reivindicações da democracia revolucionária de Tachkent.” Além disso, a delegada Chirókova afirma na sua declaração de voto, em nome do partido social-revolucionário, que o seu partido votará a favor da resolução proposta pelos bolcheviques.
E a destituição dos social-revolucionários do Soviet de Tachkent? Que fim levou o “caráter contrarrevolucionário” desse Soviet, a “indigna bravata” desse Soviet?
Agora tudo isso está esquecido...
E então? Saudamos essa “virada” dos social-revolucionários: antes tarde do que nunca.
Mas compreendem os líderes do Dielo Naroda que há duas semanas atentaram impiedosamente contra si próprios, renegando vilmente o Soviet de Tachkent?