Primeira publicação: “Pravda” (“A Verdade”), n.° 84. 17 de junho de 1917.
Fonte: J. V. Stálin, Obras. Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953, págs. 100-103.
Tradução: Editorial Vitória, da edição italiana G. V. Stálin - "Opere Complete", vol. 3 - Edizione Rinascita, Roma, 1951.
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Camaradas!
A Rússia está suportando duras provas.
A guerra, que provoca vítimas inúmeras, continua ainda. Os bandidos enriquecidos, os banqueiros sedentos de sangue, prolongam-na deliberadamente.
A ruína industrial provocada pela guerra leva ao fechamento das fábricas, ao desemprego. Os capitalistas que recorrem aos lockouts, ávidos de lucros fabulosos, agravam deliberadamente a ruína.
A falta de gêneros alimentícios provocada pela guerra torna-se cada vez mais ameaçadora. A carestia da vida sufoca a população pobre da cidade. E os preços continuam a subir de acordo com a fantasia dos traficantes açambarcadores.
Paira sobre nós o sinistro espectro da fome e da ruína...
Nesse ínterim as nuvens negras da contrarrevolução adensam-se no horizonte.
A Duma de 3 de junho, que ajudou o tzar a oprimir o povo, exige agora o início imediato da ofensiva na frente. Para que? Para afogar em sangue a liberdade conquistada, no interesse dos salteadores imperialistas russos e “aliados’’.
O Conselho de Estado, que forneceu ao tzar os ministros enforcadores, prepara na sombra o laço da traição. Para que? Para lançá-lo, no momento propício, ao pescoço do povo, para gáudio e conforto dos opressores russos e “aliados”.
E o governo provisório, colocado entre a Duma tzarista e o Soviet dos Deputados, e com dez burgueses em seu seio, cai manifestamente sob a influência dos latifundiários e dos capitalistas.
Ao invés da garantia dos direitos dos soldados, a “declaração” de Kerenski que destrói esses direitos.
Ao invés da sanção das liberdades conquistadas pelos soldados durante a revolução, novas “ordens” que ameaçam com os trabalhos forçados e com a dissolução dos destacamentos.
Ao invés de se garantir a liberdade conquistada pelos cidadãos da Rússia, procede-se nos quartéis aos inquéritos políticos, às prisões sem processo e sem instrução, dão-se novas interpretações ao artigo 129, que comina a pena de trabalhos forçados.
Ao invés de se armar o povo, ameaça-se com o desarmamento dos operários e dos soldados.
Ao invés de serem libertados os povos oprimidos, armam-se maquinações para enganar a Finlândia e a Ucrânia e teme-se dar-lhes a liberdade.
Ao invés de se lutar decididamente para esmagar a contrarrevolução, tolera-se a orgia da contrarrevolução que se arma abertamente para lutar contra a revolução...
Entrementes a guerra continua e não se toma nenhuma medida séria, efetiva, para fazê-la cessar e propor uma paz justa a todos os povos.
Cresce a destruição e não se toma nenhuma providência contra isso.
A fome aproxima-se cada vez mais e não se toma nenhuma providência efetiva contra ela.
Poderá talvez surpreender que os contrarrevolucionários tornem-se cada vez mais insolentes, incitando o governo a novas repressões contra os operários e os camponeses, contra os soldados e os marinheiros?
Camaradas! Não é possível continuar suportando em silêncio esse estado de coisas! É crime calar depois de tudo isso!
Sois cidadãos livres, tendes o direito de protestar e deveis exercer esse vosso direito, antes que seja demasiado tarde.
Que amanhã (18 de junho), dia de manifestação pacífica, seja o dia do ameaçador protesto de Petrogrado revolucionária contra a opressão e o arbítrio que renascem!
Que se ergam bem alto amanhã as bandeiras vitoriosas incutindo terror nos inimigos da liberdade e do socialismo!
Que o vosso apelo, o apelo dos combatentes revolucionários, voe sobre o mundo todo, despertando a alegria de todos os oprimidos e de todos os escravizados!
Lá, no Ocidente, nos países beligerantes, começa a surgir a aurora de uma nova vida, a aurora da grande revolução operária. Saibam amanhã vossos irmãos do Ocidente que em vossas bandeiras não levais até eles a guerra mas a paz, não a servidão mas a liberdade!
Operários! Soldados! Dai-vos fraternalmente a mão e ide avante sob a bandeira do socialismo!
Todos nas ruas, camaradas!
Cerrai fileiras compactas em torno de vossas bandeiras!
Desfilai ordenadamente pelas ruas da capital!
Declarai calmos e seguros vossas aspirações:
Abaixo a contrarrevolução!
Abaixo a Duma tzarista!
Abaixo o Conselho de Estado!
Abaixo os ministros capitalistas!
Todo o poder aos Soviets dos Deputados Operários, Soldados e Camponeses!
Exijamos a revisão da "declaração dos direitos do soldado”!
Abolição das “ordens” contra os soldados e os marinheiros!
Abaixo o desarmamento dos operários revolucionários!
Viva a milícia popular!
Abaixo a anarquia na indústria e os capitalistas que recorrem aos lockouts!
Viva o controle e a organização da produção e da distribuição!
Contra a política da ofensiva!
É tempo de cessar a guerra! Que o Soviet dos Deputados apresente justas condições de paz!
Nem paz em separado com Guilherme, nem tratados secretos com os capitalistas franceses e ingleses!
Pão! Paz! Liberdade!
O Comitê Central do P.O.S.D.R.
O Comitê de Petrogrado do P.O.S.D.R.
O organismo militar junto ao Comitê Central do P.O.S.D.R.
O Conselho central dos comitês de fábrica e de oficina da cidade de Petrogrado.
A fração bolchevique do Soviet dos Deputados Operários e Soldados de Petrogrado.
A redação da Pravda.
A redação da Soldátskaia Pravda.
Notas de fim de tomo:
(1) O apelo A todos os trabalhadores, a todos os operários e soldados de Petrogrado foi escrito por ocasião da demonstração marcada pelo Comitê Central e pelo Comitê de Petrogrado I do P.O.S.D.R. (b) para 10 de junho de 1917. Foi impresso e difundido sob a forma de pequeno manifesto pela primeira vez em 9 de junho. O apelo não foi publicado, como tinha sido decidido, pela Pravda e pela Soldátskaia Pravda a 10 de junho, porque na mesma noite o Comitê Central e o Comitê de Petrogrado do Partido Bolchevique foram obrigados a renunciar à demonstração. Só um exíguo número de exemplares da Soldátskaia Pravda saiu com o texto do apelo, que seria de novo publicado a 13 de junho no n.° 80 da Pravda, logo após o artigo A verdade sobre a demonstração. A 17 de junho de 1917 a Pravda republicou o apelo por ocasião da nova demonstração marcada para 18 de junho. (retornar ao texto)