Viva o Primeiro de Maio!

J. V. Stálin

Abril de 1912


Primeira Edição: Manifesto escrito por Stálin em Moscou nos primeiros dias de abril de 1912 e impresso clandestinamente em Tiflis, de onde foi transportado para Petersburgo. Publicado em manifesto. Abril de 1912.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 210-215, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
HTML: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: Licença Creative Commons licenciado sob uma Licença Creative Commons.


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Camaradas!

Desde o século passado os operários de todos os países decidiram festejar todos os anos este dia, o dia do Primeiro de Maio. Isso aconteceu em 1889, ano em que, no congresso dos socialistas de todos os países, realizado em Paris, os operários decidiram que justamente hoje, no dia Primeiro de Maio, quando a natureza desperta do sono invernal, os bosques e as montanhas cobrem-se de verde, os campos e os prados ornam-se de flores, os raios do sol tornam-se mais tépidos, vibra no ar a alegria do renascimento e a natureza abandona-se à dança e ao júbilo — decidiram eles que justamente hoje se declarasse ao mundo inteiro, altissonante e abertamente, que os operários trazem à humanidade a primavera e a libertação das cadeias do capitalismo, que os operários são chamados para renovar o mundo em nome da liberdade e do socialismo.

Todas as classes têm as suas festas preferidas. Os nobres instituíram suas festas em que proclamavam seu “direito” de espoliar os camponeses. Os burgueses têm as suas, em que “justificam” o “direito” de explorar os operários. Também os padres têm suas festas, e exaltam nelas a ordem social existente, pela qual trabalhadores morrem na miséria e os mandriões rebolcam-se no luxo.

Também os operários devem ter a sua festa e nela devem proclamar: trabalho para todos, liberdade para todos, igualdade para todos os homens. Esta é a festa do primeiro de Maio.

Assim decidiram os operários desde 1889.

A partir de então o brado de luta do socialismo operário ecoa cada vez mais forte nos comícios e nas demonstrações do Primeiro de Maio. Cada vez mais o oceano do movimento operário amplia suas praias, abarcando novos países e Estados, da Europa e da América à Ásia, à África e à Austrália. A associação internacional dos operários, débil, durante algum tempo, transformou-se no volver de poucos decênios numa grandiosa união fraterna internacional, que realiza regularmente seus congressos e reúne milhões de operários de todas as partes do mundo. O mar da cólera proletária eleva-se em altas ondas e cada vez mais ameaçador avança sobre as cidadelas vacilantes do capitalismo. A recente grande greve dos mineiros nas minas de carvão da Inglaterra, Alemanha, Bélgica, América, etc., greve que amedrontou os exploradores e os reis do mundo todo, é claro indício de que a revolução socialista não está longe...

“Nós não adoramos o bezerro de ouro”! Não temos necessidade do reinado dos burgueses e dos opressores! Maldição e morte ao capitalismo, com os seus horrores: a miséria e os massacres! Viva o reinado do trabalho, viva o socialismo!

Eis o que proclamam hoje os operários conscientes de todos os países.

E seguros da sua vitória, calmos e fortes, marcham eles altivos pelo caminho da terra prometida, do radioso socialismo e, passo a passo, realizam o grande apelo de Carlos Marx: “Operários de todos os países, uni-vos!”.

Assim festejam o Primeiro de Maio os operários dos países livres.

Os operários russos desde que começaram a ter consciência de suas condições, não querendo ficar atrás de seus camaradas, sempre se uniram ao coro dos camaradas estrangeiros, festejando com eles o Primeiro de Maio, a todo o custo, não obstante as ferozes repressões do governo tzarista. É verdade que nos últimos dois ou três anos, no período da bacanal contra-revolucionária, da desorganização do Partido, da depressão industrial e da mortal indiferença política entre as amplas massas, os operários russos ficaram na impossibilidade de festejar como dantes a sua radiosa festa operária. Mas a ascensão que nos últimos tempos principiou no país, as greves econômicas e os protestos políticos dos operários, a fim de que pelo menos se reexamine a questão dos deputados social-democratas à segunda Duma, o descontentamento surgido entre amplas camadas de camponeses em virtude da penúria que se estendeu a mais de vinte governos, os protestos de centenas de milhares de empregados do comércio contra o regime “renovado” dos arquirreacionários russos: tudo isso é uma prova de que a mortífera sonolência está para desaparecer, cedendo o lugar a uma ascensão política no país e primeiro que tudo entre o proletariado. Eis por que os operários podem e devem este ano estender a mão aos seus camaradas estrangeiros. Eis por que devem, desta ou daquela forma, festejar com eles o Primeiro de Maio.

Devem dizer hoje que, juntamente com os camaradas dos países livres, não adoram e não adorarão o bezerro de ouro.

E devem ademais acrescentar às reivindicações gerais dos operários de todos os países a sua reivindicação, a reivindicação russa da derrubada do tzarismo, da instauração da república democrática.

“Dos tiranos as coroas execremos — Dos oprimidos as cadeias honremos!”(1).

Abaixo o tzarismo sanguinário!
Abaixo a propriedade fundiária dos nobres!
Abaixo a tirania dos patrões nas fábricas, nas oficinas, nas minas!
A terra aos camponeses!
A jornada de oito horas para os operários!
A república democrática para todos os cidadãos da Rússia!

Eis o que devem além disso proclamar hoje os operários russos.

Mentem os liberais russos e rojam-se aos pés do último Nicolau, afirmando a si próprios e aos outros que o tzarismo se reforçou na Rússia e é capaz de satisfazer às necessidades fundamentais do povo.

Mentem os liberais russos e comportam-se como fariseus, cantando, em todos os tons, que a revolução morreu e que vivemos num regime “renovado”.

Olhai em redor: talvez que a Rússia martirizada se assemelhe a um país “renovado”, “bem organizado”?

Ao invés de uma Constituição democrática, o regime das forças e do feroz arbítrio!

Ao invés do parlamento popular, a Duma negra da negra nobreza fundiária!

Ao invés das “bases intangíveis da liberdade civil”, ao invés da liberdade de palavra, de reunião, de imprensa, de associação e de greve, prometidas já no manifesto de 17 de outubro, o guante do “arbítrio” e das “repressões”, a supressão dos jornais, a deportação dos redatores, a destruição dos sindicatos, a dissolução das reuniões!

Ao invés da inviolabilidade da pessoa, pancadas nos cárceres, insultos aos cidadãos, repressão sangrenta contra os grevistas das minas de ouro do Lena!

Ao invés da satisfação das necessidades dos camponeses, uma política de ulterior espoliação das massas camponesas!

Ao invés de uma administração estatal bem regulada, furtos nas intendências, furtos nas direções das ferrovias, furtos na administração florestal, furtos no departamento marítimo!

Ao invés da ordem e da disciplina no mecanismo governamental, falsificações nos tribunais, chantagens e concussões na polícia, homicídios e provocações nas seções da Okhrana!

Ao invés da grandeza do Estado russo no campo internacional, vergonhoso malogro da “política” russa nos assuntos do Médio e do Extremo Oriente, carnificina e devastação em detrimento da Pérsia ensanguentada!

Ao invés da tranquilidade e prosperidade dos cidadãos, os suicídios nas cidades e a penúria terrível que se abateu sobre 30 milhões de camponeses nos campos!

Ao invés do saneamento e da purificação dos costumes, depravação inaudita nos mosteiros, as cidadelas da moral burguesa!

E para coroamento desse quadro, a feroz fuzilaria contra centenas de trabalhadores nas minas do Lena!...

Os destruidores das liberdades conquistadas, os exaltadores das forças e das fuzilarias, os autores dos “arbítrios” e das “repressões”, os intendentes ladrões, os engenheiros ladrões, os policiais piratas, os esbirros assassinos, os Raspútin depravados: ei-los, os “renovadores” da Rússia!

E ainda existem no mundo indivíduos que ousam afirmar que na Rússia tudo vai bem, que a revolução morreu!

Não, camaradas, num país onde milhões de camponeses estão famintos e se fuzilam operários porque estão em greve, aí viverá a revolução até que o tzarismo russo, essa vergonha da humanidade, seja apagado da face da terra.

E nós devemos dizer hoje, no dia do Primeiro de Maio, de uma forma ou de outra, nos comícios, nas festas coletivas ou nas reuniões ilegais — conforme a oportunidade — que juramos lutar pela derrubada total da monarquia tzarista, que saudamos a próxima revolução russa, libertadora da Rússia!

Estendamos, pois, a mão aos nossos camaradas estrangeiros e com eles brademos:

Abaixo o capitalismo!
Viva o socialismo!

Desfraldemos a bandeira da revolução russa e escrevamos sobre ela:

Abaixo a monarquia tzarista!
Viva a república democrática!

Camaradas, festejamos hoje o Primeiro de Maio!

Viva o Primeiro de Maio!
Viva a social-democracia internacional!
Viva o Partido Operário Social-Democrata da Rússia!

O Comitê Central do P.O.S.D.R.


Notas de fim de tomo:

(1) Esses versos pertencem à Varchavianka, hino revolucionário polonês. (retornar ao texto)

Transcrição
pcr
Inclusão 25/10/2019