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Primeira Edição: “Zviezdá” (“A Estrela”), de Petersburgo, n.° 32. 19 de abril de 1912.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 230-233, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
HTML: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Aproximam-se as eleições para a quarta Duma(1), e os inimigos do movimento de libertação mobilizam suas forças.
Diante de nós temos, em primeiro lugar, os partidos contrarrevolucionários: a extrema direita, os nacionalistas, os outubristas. Todos, de um modo ou de outro, apoiam o governo. Com que podem contar na próxima campanha eleitoral? Naturalmente, não com as simpatias das amplas massas da população: os partidos que ligaram seus destinos aos do governo da fuzilaria do Lena não podem contar com as simpatias das massas! Sua única esperança são os “decretos” governamentais. E de “decretos”, conforme o costume, não haverá escassez. O ministro do interior já enviou circulares aos governadores, nas quais recomenda que tomem “medidas para garantir que nas circunscrições sejam eleitos como delegados homens absolutamente seguros e não de esquerda”. E a que na realidade se reduzem essas medidas, sabemo-lo por experiência: eliminação, da chapa, dos candidatos de esquerda, processos movidos artificiosamente contra estes, prisão, deportação: eis o que são tais “medidas”! Por outro lado, o santo sínodo aconselha os bispos das dioceses a participarem ativamente das eleições iminentes, a fazerem eleger à Duma tenazes defensores dos interesses da igreja e, para esses objetivo, a convocarem congressos pré-eleitorais do clero da diocese, a publicarem jornais especiais pré-eleitorais, etc.
Vão mal, muito mal as coisas para os partidos do governo, se até mesmo os padres da igreja são obrigados por causa deles a preterir os “assuntos celestes” pelos “assuntos terrenos”!
Eleições sob a pressão dos governadores eclesiásticos e leigos: eis portanto com que meios eles podem contar.
É verdade que ainda há um outro meio: pôr o rótulo do apartidismo e, após haver engambelado os eleitores, infiltrar-se de qualquer maneira na Duma para depois tirar a máscara. Justamente a isso tendem os nacionalistas de Kovno, que há poucos dias entraram em cena com a máscara do apartidismo. Mas esses é um meio sutil e, talvez, não condiga com os nossos canhestros bisões reacionários...
Outra coisa são os liberais russos: os cadetes, os renovadores pacíficos, os progressistas. Trata-se de gente que se presta e talvez pudesse explorar até ao fundo o rótulo do apartidismo... E os cadetes, que a esta altura perderam sua cor, têm necessidade desse apartidismo, têm necessidade dele como do pão.
O fato é que por ocasião da terceira Duma o homem da rua aprendeu a olhar com olho crítico os outubristas e os cadetes. Por outro lado, os homens da “primeira cúria”, os importantes burgueses das cidades, foram “iludidos” pelos outubristas que não “justificaram” suas esperanças. Portanto, existe a possibilidade de “apear da sela” os outubristas, concorrentes dos cadetes na antecâmara ministerial. Porém como estender a mão à “primeira cúria” senão mediante os pacíficos renovadores progressistas? Viva, pois, a aliança com os renovadores pacíficos! É verdade que para fazer isso é preciso marchar um “pouquinho” para a direita, porém que há de mal nisso? Será talvez vedado marchar para a direita se é tão vantajoso?
Portanto, alinhamento à direita!
Por outro lado, “a gente miúda e média da cidade” compreendida “na segunda cúria”, os intelectuais, os empregados no comércio e similares, tiveram tempo de marchar um tanto para a esquerda, sobretudo em seguida ao desenrolar dos acontecimentos do Lena. Os cadetes têm na consciência graves pecados políticos; demasiado frequentemente tentaram trair a causa da “liberdade do povo”, e, sabe deus, também hoje precipitar-se-iam com alegria na antecâmara ministerial, se estivessem certos de aí poder entrar! Mas justamente por isso as camadas democráticas da cidade começam a olhar de esguelha os cadetes. Será talvez necessário acrescentar que falar perante esses eleitores sem máscara, com a própria fisionomia de traidores liberais, é um tanto perigoso? Porém que dizer nesse caso para a gente da cidade que marchou para a esquerda, já se afastou dos cadetes, mas ainda não se passou para os social- democratas? Naturalmente a nebulosidade progressiva... não, desculpai, o apartidismo progressivo... Oh, não penseis já que os progressistas sejam cadetes! Não, não são absolutamente cadetes, votarão somente nos candidatos cadetes, são só os subalternos “apartidistas” dos cadetes... E os cadetes fazem a publicidade para os progressistas “apartidistas”: não há reverso; é preciso, pelo menos em palavras, marchar para a esquerda, para o lado do apartidismo!
Portanto, alinhamento à esquerda! De um lado... de outro... à direita... à esquerda... Tal é a política do partido do engôdo liberal do povo, o partido dos cadetes.
Mistificar o eleitor: eis com que meio contarão os liberais russos.
E a charlatanice apartidista — é preciso sublinhá-lo — pode pesar muito nas eleições. Pode pesar muito se os social-democratas não arrancarem a máscara aos senhores liberais, se não promoverem uma enérgica campanha por ocasião das próximas eleições, se não empregarem todas as forças disponíveis para fazer com que todas as camadas democráticas das cidades unam-se em torno do cabeça do movimento de libertação, em torno do proletariado russo.
Assinado: K. Sólin.
Notas de fim de tomo:
(1) As eleições para a quarta Duma realizaram-se no outono de 1912, mas desde a primavera daquele ano, os bolcheviques, dirigidos por Lênin e por Stálin, começaram o trabalho preparatório para a campanha eleitoral, que foi dirigida com as palavras de ordem de 1905. Stálin foi preso a 22 de abril de 1912. Fugindo do lugar de deportação, em setembro retornou a Petersburgo, quando a campanha eleitoral estava em pleno desenvolvimento. (retornar ao texto)
Inclusão | 25/10/2019 |