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Primeira Edição: Publicado em manifesto. Março de 1912.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 205-209, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
HTML: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Desperta de novo no país o interesse pela vida política, e com esses despertar a crise do nosso Partido chega ao fim. O Partido está por superar o ponto morto, para sair do torpor. A recente conferência geral(2) foi um indício manifesto do renascimento do Partido. O Partido, reforçado com o desenvolvimento da revolução russa e esmagado com a sua queda, devia inevitavelmente recuperar-se com o despertar político do país. A ascensão nos ramos principais da indústria e o aumento dos lucros dos capitalistas, paralelamente à queda do salário real dos operários; o livre desenvolvimento das organizações econômicas e políticas da burguesia, paralelamente à supressão violenta dos organismos legais e ilegais do proletariado; a alta dos preços dos gêneros de primeira necessidade e o aumento dos lucros dos grandes latifundiários, paralelamente à ruína da economia camponesa; a penúria que se estendeu a uma população de mais de 25 milhões de pessoas, demonstrando a importância do “renovado” regime contrarrevolucionário: tudo isso não podia deixar de repercutir nas camadas trabalhadoras, principalmente na proletária, despertando nelas o interesse pela vida política. A conferência do Partido Operário Social-Democrata da Rússia, realizada em janeiro deste ano, é uma das provas evidentes desse despertar.
Mas o despertar dos intelectuais e dos corações não pode esgotar-se em si próprio; nas atuais condições deve levar infalivelmente a uma ação aberta de massas.
É necessário melhorar o nível de vida dos operários, é preciso elevar os seus salários, diminuir a jornada de trabalho, é preciso mudar radicalmente a situação dos operários nas oficinas, nas fábricas, nas minas. Porém como fazer tudo isso, senão mediante ações econômicas parciais e gerais, ainda proibidas?
É preciso conquistar o direito de lutar livremente contra os patrões, o direito de greve, de associação, de reunião, de palavra, de imprensa, etc.: sem isto, a luta dos operários para melhorar o seu padrão de vida será dificultada em extremo. Porém, como fazer tudo isto senão mediante ações políticas abertas, demonstrações, greves políticas, etc.?
É preciso curar o país, doente de fome crônica, é preciso pôr fim ao atual estado de coisas, no qual dezenas de milhões de trabalhadores da terra são obrigados a ver-se periodicamente golpeados pela penúria, com todos os seus horrores; é insensato ficar-se olhando sem fazer nada os pais e as mães famintos que, com lágrimas nos olhos, “vendem por preço irrisório” seus filhos e suas filhas! É preciso destruir pela raiz a rapace política financeira atual, que arruína a pobre economia camponesa e, em cada ano mau, joga inevitavelmente milhões de camponeses nos braços da penúria devastadora! É preciso salvar o país da miséria e da desmoralização! Mas pode-se talvez fazê-lo sem derrubar de alto a baixo todo o edifício do tzarismo? E como derrubar o governo tzarista, com todas as suas sobrevivências feudais, senão por meio de um amplo movimento revolucionário popular, sob a direção, que a história reconhece, do proletariado socialista ?...
Mas a fim de que as ações iminentes não sejam dispersivas e desordenadas, a fim de que o proletariado possa executar com honra a alta função de coordenar e dirigir as futuras ações, para tudo isso, além da consciência revolucionária de amplas camadas populares e da consciência de classe do proletariado, é também necessária a existência de um partido proletário forte e maleável, capaz de coordenar os esforços dos isolados organismos locais num único esforço comum e orientar assim o movimento revolucionário de massas contra as principais fortalezas dos inimigos. Tornar eficiente o partido do proletariado, o Partido Operário Social-Democrata da Rússia: eis o que é particularmente necessário para que o proletariado possa com dignidade ir ao encontro das próximas ações revolucionárias.
A premente necessidade da solidez do Partido torna-se ainda mais evidente com a aproximação das eleições para a IV Duma de Estado.
Porém como tornar eficiente o Partido?
É necessário primeiro que tudo reforçar seus organismos locais. Fracionados em pequenos e pequeníssimos grupos, rodeados por um mar de desespero e de desconfiança na causa, privados de forças intelectuais e, muitas vezes, desagregados pelos provocadores: quem não conhece esses quadro pouco edificante dos nossos organismos locais! Deve-se e pode-se pôr um paradeiro nessa dispersão das nossas forças! O incipiente despertar das massas operárias, por um lado, e a conferência que se realizou recentemente, que é a manifestação desse despertar, por outro, tornam bem mais fácil liquidar essa dispersão. Façamos, pois, tudo quanto estiver ao nosso alcance para liquidar a dispersão orgânica! Que em todas as cidades e em todas as localidades industriais se unam todos os operários social-democratas, sem distinções de fração; se unam todos aqueles que acreditam na necessidade da existência do Partido Operário Social-Democrata ilegal da Rússia, se agrupem todos os organismos locais do Partido! Que as máquinas, as quais reúnem os operários num único exército de explorados, que essas mesmas máquinas os unam num único partido, formado por aqueles que se batem contra a exploração e a violência!... Não há porém necessidade de cuidar unicamente do número dos membros: nas atuais condições de trabalho isso pode também resultar perigoso. Tudo está na qualidade dos camaradas; é importante que os companheiros unidos nos organismos locais tenham influência, sejam conscientes da importância da causa a que servem e desenvolvam firmemente seu trabalho segundo a linha da social-democracia revolucionária. E que esses organismos locais, formados dessa maneira, não se fechem sobre si mesmos, inter- venham assiduamente em todas as questões referentes à luta do proletariado, das mais “pequenas” e comuns até às maiores e “incomuns”, não deixem escapar à sua influência nem um sequer dos conflitos entre o trabalho e o capital, nem sequer um protesto das massas operárias contra as crueldades do governo tzarista: não se deve jamais esquecer que só por esses meio se poderá obter o reforçamento e a cura dos organismos locais. Eis por que, entre outras coisas, estes devem possuir os laços mais vitais com os organismos operários legais de massa, com os sindicatos e com os círculos, e cooperar de todas as maneiras para o seu desenvolvimento.
E não se preocupem os operários com a dificuldade e a complexidade das tarefas que, dada a falta de forças intelectuais, recaem totalmente sobre eles; é preciso desembaraçar-se de uma vez por todas da modéstia inútil e do inútil temor diante de um trabalho “incomum”; é preciso ter a coragem de preparar-se para complexos trabalhos partidários! Não será um grande mal se se cometerem alguns erros: tropeça-se uma vez ou duas, e depois toma-se o hábito de caminhar com desembaraço. Os Bebel não caem do céu, eles crescem somente de baixo, no curso do trabalho partidário em todos os seus campos...
Mas os organismos partidários, embora fortes e influentes, afastaram-se uns dos outros, não constituem ainda o Partido. Para que o constituam, é preciso uni-los, soldá-los num todo único, que viva uma só vida comum. Organismos locais separados, não só não ligados uns aos outros, mas ignorando a existência recíproca, organismos entregues completamente a si mesmos, que agem por sua conta a risco e muitas vezes aplicam no trabalho duas linhas opostas: tudo isso constitui o conhecido quadro do método artesão no Partido. Ligar intimamente entre si os organismos locais e estreitá-los em torno do Comitê Central do Partido: isso precisamente significa romper com os métodos artesanais e abrir o caminho para a organização de um partido proletário. Um Comitê Central influente, que crie raízes vivas nos organismos locais, que informe sistematicamente estes últimos e os ligue intimamente entre si, um Comitê Central que intervenha sistematicamente em todas as ações gerais do proletariado, um Comitê Central que disponha, para uma ampla agitação política, de um jornal ilegal editado na Rússia: eis em que direção deve orientar-se a obra de renovação e de reagrupamento do Partido.
Não é necessário dizer que o Comitê Central por si só não está em condições de executar essa tarefa difícil; os camaradas dos organismos locais não devem esquecer-se de que sem o seu apoio sistemático das diversas localidades, o Comitê Central transformar-se-á inevitavelmente em algo de inútil e o Partido numa ficção. Portanto, trabalho harmônico do centro e dos organismos locais: eis a condição necessária para renovar o Partido, eis o convite que dirigimos aos camaradas.
Então, camaradas, pelo Partido, pelo ilegal e ressurgido Partido Operário Social-Democrata da Rússia!
Viva o Partido Operário Social-Democrata Unido da Rússia!
O Comitê Central do P.O.S.D.R.
Notas de fim de tomo:
(1) O boletim intitulado Pelo Partido, juntamente com o de Lênin A Plataforma Eleitoral do P.O.S.D.R., foi amplamente difundido em toda a Rússia. No n.° 26 do Sotzial-Demokrat, o Bureau do C.C. comunicava: “Foram publicados pelo C.C., na Rússia, os boletins: 1.°) — Pelo Partido (6.000); 2.°) — A Plataforma Eleitoral (10.000). Os boletins foram enviados a dezoito localidades, entre as quais estão compreendidos vários grandes centros... Os boletins do C.C. foram acolhidos por toda parte com alegria: lastimava-se somente que fossem poucos”. N. K. Krúpskaia, por encargo de Lênin, escrevia: “Recebemos duas cartas (sobre os assuntos locais e sobre vossos planos) e dois boletins: Pelo Partido e Plataforma. Congratulamo-nos vivamente”. (retornar ao texto)
(2) Trata-se da Conferência de Praga (vide História do P.O. (b.) da U.R.S.S., cit., págs. 57-59). (retornar ao texto)
Inclusão | 23/10/2019 |