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Primeira Edição: “Bakinski Proletari” (“O Proletário de Baku”), n.° 7. 27 de agosto de 1909.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 160-163, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
HTML: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Publicamos mais adiante a resolução do Comitê de Baku sobre as divergências no corpo de redação do Proletari. Essas divergências não são novas: há muito tempo que se travou uma polêmica sobre essas divergências em nossa imprensa editada no exterior. Fala-se até de uma cisão na fração bolchevique. Entretanto, os operários de Baku pouco ou nada sabem acerca do conteúdo dessas divergências. Julgamos, pois, necessário fazer preceder a resolução de alguns esclarecimentos.
Primeiro que tudo, a respeito da cisão na fração bolchevique. Declaramos que na fração não existem e não existiram cisões, mas somente divergências sobre a questão das possibilidades legais. E numa fração tão rica e viva como a fração bolchevique existiram e existirão sempre divergências desse gênero. Todos sabem que na fração houve em certa época divergências bastante sérias a respeito do programa agrário, das operações de guerrilhas, da relação entre os sindicatos e o Partido e, não obstante isso, a fração não se cindiu, porque, sobre outras grandes questões táticas, reinava em seu seio o mais perfeito acordo. A mesma coisa é preciso dizer no caso atual. As tagarelices sobre a cisão da fração são portanto pura fantasia.
No que concerne às divergências propriamente ditas, no corpo de redação ampliado do Proletari(2), composto de doze pessoas, delinearam-se duas correntes: a maioria do corpo de redação (dez pessoas contra duas) pensa que as possibilidades legais, como os sindicatos, os círculos, e sobretudo a tribuna da Duma, devem ser utilizadas para reforçar o Partido; que o Partido não deve retirar a fração parlamentar da Duma; que deve, pelo contrário, ajudar a fração a corrigir seus erros e a orientar de modo aberto, da tribuna da Duma, uma justa agitação social-democrata. A minoria do corpo de redação (dois), em torno da qual se agrupam os denominados otzovistas e ultimatistas(3), pensa, pelo contrário, que as possibilidades legais não possuem um valor particular, não tem confiança na fração parlamentar na Duma, não julga necessário apoiar o grupo e não é contrária, em determinadas condições, até à sua retirada da Duma.
O Comitê de Baku julga que o ponto de vista da minoria do corpo de redação não corresponde aos interesses do Partido e do proletariado e pronuncia-se portanto categoricamente pela posição da maioria do corpo de redação, do qual Lênin é representante.
O Comitê de Baku examinou a situação existente no corpo de redação ampliado do Proletari baseando-se nos documentos impressos a ele enviados pelas duas partes do corpo de redação, e chegou à seguinte conclusão:
★ ★ ★
O Comitê de Baku, não estando de posse de material suficiente, abstém-se por ora de tomar resoluções precisas sobre a “Escola de NN” e sobre a sua atitude para com os “mencheviques de esquerda”.
2 de agosto de 1909
Notas de fim de tomo:
(1) Do Partido era o título de uma seção do Bakinski Proletari. (retornar ao texto)
(2) O corpo de redação ampliado do Proletari era de fato o centro bolchevique, eleito pelos bolcheviques no V Congresso (de Londres). A reunião a que Stálin alude, ocorreu a 8-17 (21-30) de junho de 1909 em Paris e era presidida por Lênin. A conferência condenou o otzovismo e o ultimatismo, definindo-os como “um liquidacionismo às avessas” e definiu a escola “de partido” organizada em Capri pelos otzovistas (que no final da resolução do Comitê de Baku é chamada “escola de N.N.”) como “o centro de uma fração que se havia separado dos bolcheviques”. A. Bogdánov recusou-se a submeter-se às decisões do corpo de redação ampliado do Proletari e foi expulso do organismo bolchevique. (retornar ao texto)
(3) Otzovistas (do verbo otozvát — retirar): membros do Partido que exigiam a retirada, da Duma, da fração social-democrata.
Ultimatistas chamavam-se aqueles bolcheviques que julgavam oportuna uma última intimação dos deputados social-democratas à disciplina partidária, ultimatum, antes de obrigá-los, como queriam simplesmente os otzovistas, a apresentarem as demissões da Duma. Do ultimatismo Lênin dá a seguinte definição: “... corrente que em matéria de princípio recusa-se a utilizar a tribuna da terceira Duma ou procura justificar com consideração práticas a recusa de cumprir com êsse dever, e, visando a retirar da Duma a fração social-democrata, substitui pelo paciente trabalho de educação e de readaptação da fração na Duma o ultimatum imediato...” (vide Lênin: Os anos da reação e do ascenso revolucionário (Gli anni della reazione e della ripresa rivoluzionaria), Edições Rinascita, Roma, 1950, págs. 26-27). (retornar ao texto)
(4) A resolução do comitê de Baku foi publicada a 3 (16) de outubro de 1909 no n.° 49 do Proletari. Ao pé da página trazia a seguinte nota da redação: “Nós mesmos não dissemos nada além do que disseram os camaradas de Baku a respeito dos otzovistas e dos ultimatistas. Aqueles camaradas também protestam contra a conduta do camarada Maxímov, o qual declarou que não se submeterá às decisões do corpo de redação”. Mas se o camarada Maxímov se houvesse submetido às decisões do órgão bolchevique e não houvesse iniciado toda uma campanha desorganizadora contra a fração bolchevique, não teria havido nenhuma “cisão”. A “não submissão” é, por si só, naturalmente, uma “cisão”. De nossa política chamada “divisionista” falamos circunstanciadamente no presente número, no artigo Colóquio com os bolcheviques de Petersburgo. Os bolcheviques de Petersburgo aprovaram uma resolução análoga à de Baku e que nos foi entregue antes”. O artigo citado pela redação é de Lênin (vide Obras completas cit., vol. 16, págs. 49-59). (retornar ao texto)
Inclusão | 23/10/2019 |