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Primeira Edição: “Gudók”(1) (“A Sirena”), n.° 14. 13 de janeiro de 1908.
Fonte:J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 92-95, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
HTML: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Os senhores industriais do petróleo bateram em retirada. Pela boca do diretor de seu jornal, o Nieftianóie Diélo(2), ainda há pouco tempo haviam declarado que em Baku os sindicatos são um “elemento estranho, não sentido pelos trabalhadores”. As autoridades, fiéis à vontade desses senhores, afixaram um comunicado em que se convidava os operários a elegerem os delegados da comissão organizadora, esperando com isso eliminar os sindicatos da direção da campanha. Isso aconteceu ontem. E hoje, 7 de janeiro, o inspetor das fábricas comunicou aos secretários dos sindicatos que no decurso de uma reunião os industriais decidiram propor ao senhor governador que concedesse aos sindicatos a autorização para realizarem reuniões junto aos poços e nas oficinas.
Os senhores capitalistas temem que a influência dos sindicatos se reforce; desejariam ver os operários isolados e desorganizados e não querem, pois, reconhecer nem sequer as comissões dos poços e das oficinas. Mas nós agora obrigamo-los a reconhecer que um dos mais importantes problemas da vida operária, o das reuniões e do contrato coletivo, será resolvido e deverá ser resolvido sob a direção dos sindicatos.
Obrigamo-los a reconhecer a função dirigente dos sindicatos, não obstante o fato de que os senhores dachnaktsakani(3) e os senhores social-revolucionários tenham acorrido em auxílio dos magnatas do petróleo e das autoridades em sua luta contra as organizações operárias.
Os senhores dachnaktsakani apressaram-se a responder ao apelo do senhor governador, prepararam-se imediatamente para as eleições, naturalmente com um objetivo: o de impedir que sejam determinadas, para a direção da campanha, as condições apresentadas pelos sindicatos e, a mais importante entre elas, o reconhecimento das organizações operárias.
Mas a apressada atividade dos dachnaktsakani todavia não satisfez aos magnatas do petróleo. Somente pequenas firmas, como a Abiants, a Ráduga, a Ararat, a Faros, etc., seguiram os dachnaktsakani e as eleições realizaram-se somente em duas ou três grandes firmas armênias.
Os operários da sociedade Mar Negro-Cáspio, das companhias Nobel, Kokóriev, “Born”, Chibaiev, Assadullaiev, Moscovita-Caucásica e de outras firmas, aprovaram resoluções de protesto contra tais eleições e recusaram-se a tomar parte nelas enquanto não fosse concedida aos sindicatos autorização por escrito.
Os operários das firmas mais importantes e mais influentes exprimiram de maneira clara e precisa sua vontade e deram assim uma resposta não só aos senhores industriais do petróleo, como também àqueles seus “amigos” que apreciam demasiado as belas palavras vazias de significado.
Com a sua resolução, os operários confirmaram de maneira clara e precisa que as condições determinadas pelos sindicatos não foram excogitadas pelos “chefes”, como afirmam os social-revolucionários em seu folheto: Por que não vamos à conferência.
As autoridades, os industriais do petróleo e os dachnaktsakani lutam contra a extensão da influência dos sindicatos. Os operários têm confiança nos sindicatos e exprimem sua adesão às propostas apresentadas pelos próprios sindicatos. Os operários não temem e não devem temer as palavras “conferência” e “negociações”, assim como não temem efetuar negociações e apresentar reivindicações nas vésperas de uma greve. A apresentação de reivindicações elimina talvez a necessidade de se resolver o conflito por meio de greve. Mais frequentemente, porém, sucede o contrário. Mas, a fim de que as “negociações” apresentem aos operários o quadro completo da situação atual, a fim de que a campanha no sentido da conferência possa prestar aos operários um serviço inestimável, com uma ampla exposição e uma discussão pública de todos os problemas da vida operária, é necessário que sejam aceitas as condições determinadas pelos sindicatos e compreendidas no mandato aos delegados eleitos.
Nenhuma negociação é “terrível” se for conduzida diante dos olhos de toda a massa operária. A apresentação de condições torna possível a todos os operários participar amplamente da discussão de todos os problemas ligados à conferência.
A triste recordação das conferências tipo Chendríkov(4) está sepultada para sempre.
Conseguimos fazermo-nos seguidos pelos companheiros “aderentes” ao sindicato da produção mecânica, fazê-los abandonar a palavra de ordem: “a conferência a todo custo”. E estes decidiram boicotar as eleições se não fosse satisfeita a condição principal, se não se reconhecesse a função dirigente dos sindicatos. Conseguiremos também obter que não sejam fautores do boicote “a todo custo”. Os operários estão dispostos a aceitar a conferência e, o que mais importa, a campanha em prol da conferência, se se apresentarem as condições necessárias para torná-las aceitáveis.
Os operários confirmaram, com suas últimas resoluções, que nossa posição é justa.
A autorização escrita nos foi concedida. Conseguimos, pois, obter das autoridades e dos industriais do petróleo o reconhecimento da função dirigente dos sindicatos.
A maioria dos operários das firmas maiores pronunciou-se pela participação nas eleições, nas condições por nós indicadas.
Podemos agora preparar-nos, calmos e seguros, para as eleições dos delegados, aos quais recomendamos a outorga do seguinte mandato: elegei 16 representantes, os quais exijam,, como condição necessária para efetuar as negociações na comissão organizadora, antes de mais nada o reconhecimento dos pontos seguintes:
Artigo não assinado.
Notas de fim de tomo:
(1) Gudók (A Sirena), semanário legal bolchevique, órgão do sindicato dos operários da indústria petrolífera de Baku. O primeiro número saiu a 12 de agosto de 1907. O último (34) número redigido pelos bolcheviques saiu a 1.° de junho de 1908. A partir do n.° 35, o jornal passou para as mãos dos mencheviques. Os bolcheviques então publicaram um novo jornal sindical legal, o Bakinski Eabótchi (O Operário de Baku) que saiu pela primeira vez em 6 de setembro de 1908. (retornar ao texto)
(2) Nieftianóie Diélo (A Indústria Petrolífera), órgão dos industriais do petróleo, publicado pelo conselho do congresso dos industriais do petróleo, de 1899 a 1920. O conselho do congresso era eleito nos congressos dos industriais do petróleo e compunha-se dos representantes das firmas mais importantes. O congresso tinha por objetivo organizar a luta contra a classe operária, a defesa dos interesses dos industriais diante do governo, garantir lucros elevados, etc. (retornar ao texto)
(3) Dachnaktsakani, dachnaki membros do Partido nacionalista burguês armênio Dachnaktsutiun. Para defender os interêsses da burguesia armênia, os dachnaki atiçavam o ódio entre os trabalhadores da Transcaucásia. (retornar ao texto)
(4) Os irmãos Chendríkov (Leão, Elias, Gleb) criaram em 1904, em Baku, uma organização zubatovista chamada “Organização dos operários de Balakhani e de Bibi-Eibat” (mais tarde rebatizada “União dos operários de Baku”). Os Chendríkov e seus agentes moviam uma campanha na base de calúnias contra os bolcheviques. Com sua agitação em prol da criação de “juntas de conciliação”, de cooperativas artesãs, etc. e suas palavras de ordem econômicas estritamente corporativas, visavam a desorganizar as greves e a sabotar a preparação da insurreição armada. Embora fosse notório que os Chendríkov recebiam subvenções dos industriais do petróleo e das autoridades tzaristas, os mencheviques reconheceram oficialmente a organização deles como uma organização do P.O.S.D.R. Os bolcheviques de Baku os desmascararam e os liquidaram, demonstrando que eram agentes da Okhrána. (retornar ao texto)
Inclusão | 19/10/2019 |