Os Nossos Palhaços Caucasianos

J. V. Stálin

13 de Abril de 1907


Primeira Edição: “Dro” (“O Tempo”), n.° 29. 13 de abril de 1907.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 46-48, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
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Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: Licença Creative Commons licenciado sob uma Licença Creative Commons.

capa

O jornal menchevique Lakhvari arde de indignação com os nossos artigos. Quer dizer que a acusação acertou no alvo. Naturalmente, é um espetáculo muito divertido...

De que se trata?

Escrevemos que o desvio da Duma para a direita não nos surpreende. Por que? Porque na Duma domina a burguesia liberal e essa burguesia se alia ao governo e rompe com os operários e camponeses. Daí, a debilidade da Duma. Se os operários e os camponeses revolucionários não se colocam a reboque da Duma antirrevolucionária e além disso rompem com a maioria da Duma, isso significa que entre nós o povo é mais consciente do que o era na França, no século XVIII. Daí, mais uma vez, a debilidade da Duma. Assim temos nós explicado a debilidade da Duma e o seu desvio para a direita.

Ao que parece, os nossos mencheviques, depois desta explicação, sentiram a alma descer aos calcanhares e gritam cheios de horror:

“Não, se a explicação dos bolcheviques fosse justa, deveríamos cruzar os braços e dizer que chegou o fim da revolução russa” (vide Lakhvari, n.° 6).

Coitados! Creem menos no seu revolucionarismo do que no dos cadetes! Os liberais traem a revolução; por conseguinte a revolução debilitou-se! Os operários e os camponeses revolucionários, ao que parece, são zero. Tristes de vós, se a vossa perspicácia não vai mais além!

Os nossos mencheviques não são fiéis nem sequer a si mesmos. Eis que, por exemplo, há um ano e meio, no jornal Skhivi(1), esses mesmos mencheviques escreviam algo de diferente:

“A greve de dezembro afastou a burguesia da revolução e fê-la tornar-se conservadora. A revolução, no seu desenvolvimento ulterior, deve marchar contra os liberais. Terá força para isso? Depende de quem for o motor da revolução. Cabeça da revolução, também neste caso, compreende-se, é o proletariado, que sozinho não está em condições de levá-la a cabo se não tiver um aliado forte e seguro; e esses aliado pode ser constituído única/mente pelos camponeses” (vide Skhivi, n.° 12).

Sim, assim falavam os mencheviques enquanto se atinham ao ponto de vista da social-democracia...

Mas hoje, que voltaram as costas à social-democracia, falam num outro tom e declaram que são os liberais o centro, a salvação da revolução.

E depois de tudo isso têm a audácia de assegurar-nos que os mencheviques caucasianos não são palhaços, que eles não se camuflam de social-democratas para esconder seu coração cadete!

“Como pôde acontecer — dizem os mencheviques — que na Duma os cadetes tenham agido com mais audácia, tenham reivindicado um ministério responsável perante a Duma, etc.? Como explicar o fato de que os cadetes, dois dias após a dissolução da Duma, tenham assinado a proclamação de Viborg?(2).

Por que não agem do mesmo modo, hoje? ”.

A esta pergunta a filosofia política dos bolcheviques não dá nenhuma resposta e não pode dá-la” (ibidem).

Em vão vos consolais, companheiros amedrontados. De há muito respondemos a essa pergunta: a Duma atual e mais incolor porque o proletariado hoje é mais consciente e coeso que no período da primeira Duma, e isso impele a burguesia liberal para o lado da reação. Tende em mente de uma vez por todas, camaradas liberalóides: quanto mais conscientemente o proletariado luta, tanto mais a burguesia se torna contrarrevolucionária. Esta é a nossa explicação.

E como explicais vós, egrégios camaradas, que a segunda Duma seja tão incolor?

Vós, por exemplo no n.° 4 do Lakhvari, escreveis que são culpados da debilidade da Duma e da sua ausência de cor “a inconsciência e a desorganização do povo”. A primeira Duma, como vós mesmos dizeis, era mais “audaz”; por conseguinte, o povo estava ainda “consciente e organizado”. A segunda Duma é mais incolor: por conseguinte este ano o povo é menos “consciente e organizado” que no ano passado, por conseguinte a causa da revolução e o desenvolvimento da consciência do povo marcharam para trás! Não é isso que desejais dizer, camaradas? Não é com essa explicação, egrégios camaradas, que desejais justificar a atração que sobre vós exercem os cadetes?

Tristes de vós e de vossa confusa “lógica” se pensardes em permanecer palhaços também para o futuro...

Artigo não assinado.


Notas de rodapé:

(1) Skhivi (O Raio), diário menchevique georgiano, publicado em Tiflis de dezembro de 1905 a janeiro de 1906. (retornar ao texto)

(2) Numa conferência realizada em Viborg a 9-10 de julho de 1906, após a dissolução da primeira Duma, duzentos deputados, na maioria cadetes, haviam votado a chamada “proclamação de Viborg”. A proclamação convidava o povo a opor uma “resistência passiva”, isto é, a não pagar os impostos e a não fornecer recrutas ao exército até que o tzar ordenasse novas eleições, mas já em setembro do mesmo ano o congresso dos cadetes era obrigado a reconhecer que era impossível “traduzir em ato” a “resistência passiva”. (retornar ao texto)

Transcrição
pcr
Inclusão 12/10/2019