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Primeira Edição: Política Operária nº 105, Mai-Jun 2006
Fonte: Francisco Martins Rodrigues — Escritos de uma vida
Transcrição: Ana Barradas
HTML: Fernando A. S. Araújo.
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Marx pour gens pressés, Robert Misik. Ed. La Balustradc, Paris, 2005.
Nesta exposição popular da obra de Marx, escrita de forma ligeira e cativante, são evocadas algumas das passagens mais célebres das suas obras. Com surpresa, vamos contudo descobrindo, à medida que avançamos na leitura, que a admiração do autor pelo talento com que Marx “nos ensinou a pensar” não o impede de rejeitar o essencial das suas ideias.
Para ele, o que permanece sobretudo actual em Marx é a sua filosofia, a sua teoria da ideologia, o conceito de alienação. Interessa-lhe o Marx filósofo, não o revolucionário. Tudo o que diz respeito à luta de classes, à concentração monopolista, à pauperização, ao fim do capitalismo, à ditadura do proletariado, formaria a parte menor do sistema marxista. Marx, esse “grande satirista” e “escritor talentoso”, teria concebido todo um sistema que pouco teria de comum com o capitalismo real. A própria noção de proletariado e do seu “papel messiânico” seria uma “invenção” criada dialecticamente por Marx para definir um pólo oposto à burguesia. “O proletariado de Marx é literalmente uma necessidade intelectual”. Também o princípio de que o trabalho humano é a única fonte do valor e de que o valor de um produto se mede pelo trabalho nele investido lhe parece “grosseiro” por não reconhecer à burguesia uma parte de mérito na produção da riqueza social. Quanto à ideia de que o Estado social da Europa Ocidental seja um instrumento da ditadura da burguesia, a substituir revolucionariamente pela ditadura do proletariado, afirma que só “adoradores inveterados de Marx” podem hoje aceitá-la. O capitalismo — cuja “estabilidade colossal” o imunizaria contra todas as intervenções — será superado, não pela revolução, mas pela criatividade que ele próprio suscita nos seres humanos...
Jornalista vienense, de 40 anos, Robert Misik tem colaboração nos principais jornais austríacos, alemães e suíços. Co-fundador da Ofensiva Democrática contra o partido fascista de Georg Haider, é um progressista convicto. O que não o impede de ser também um revisionista de novíssima geração. É útil ler o seu ensaio para ver como trabalha a lógica burguesa mascarada de marxista.
Inclusão | 05/07/2018 |
Última alteração | 21/08/2019 |