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Primeira Edição: Teses apresentadas por FMR à I Assembleia da Organização Comunista Política Operária (OCPO)
Fonte: Francisco Martins Rodrigues - Escritos de uma vida
Transcrição: Ana Barradas
HTML: Fernando A. S. Araújo.
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O traço característico do último meio-século é pois a apropriação do marxismo-leninismo pela nova burguesia e pequena burguesia de “esquerda”, que o transformou numa arma suplementar de acorrentamento do proletariado. O reformismo completou a obra do terror.
O “marxismo” burguês dos nossos dias, primeiro centrista com o 7º congresso da Internacional, depois abertamente revisionista com o 20º congresso do PCUS, despojou o marxismo da sua natureza proletária, crítica, revolucionária, para o desfigurar num dogma utópico-reformista, consolador dos explorados e oprimidos com esperanças numa revolução que se afasta cada vez mais.
Frente Popular, união das forças democráticas contra os monopólios, semi-revoluções “democrático-populares” e “democrático-nacionais”, passagem pacífica ao socialismo, luta das “pessoas de boa vontade” pela paz e o desarmamento, partido único de todo o povo, colaboração dos patriotas para salvar da crise a economia nacional, apoio a governos de “salvação nacional” – tais são as receitas do marxismo pequeno-burguês com que a classe operária é diariamente iludida, para não pensar na revolução.
A burguesia repete, para tranquilizar os seus pesadelos, que a classe operária vai desaparecer, substituída pelos técnicos e pelos robots. Mas, enquanto não chega esse paraíso sonhado, ocupa-se em manter os operários em menoridade política e ideológica, transformando-os em verdadeiros robots, li essa a sua arma secreta.
Cada frente de luta do proletariado é desnaturada pela burguesia com palavras de ordem caricaturais. A luta operária contra o Capital opõe os “direitos humanos” burgueses, dissolve a meta da revolução proletária numa multidão de novas “revoluções” – tecnológica, racial, sexual, juvenil. Desvia a luta contra as agressões e massacres imperialistas para inócuas campanhas pelo controle dos armamentos. Substitui o apoio à luta dos povos oprimidos pela esperança no “diálogo Norte-Sul” e pela defesa do meio ambiente. Afoga a inquietação política das massas em doses maciças de evasão e alienação, pela febre do espectáculo, etc.
A pequena burguesia é a caixa de ressonância de todas as modas lançadas pela burguesia. Transporta para o seio das massas proletárias e semiproletárias a ideologia burguesa e imperialista mascarada numa versão “popular” atraente. Sem o veículo da ideologia pequeno-burguesa seria impossível à grande burguesia manter os operários domesticados.
Todas as causas pequeno-burguesas têm o mesmo traço comum: são guerras fingidas que nunca atingem um alvo concreto, justificam os privilégios da pequena burguesia, apoucam o proletariado, alimentam a ideia de que o capitalismo é eterno e de que a maneira de ser burguesa corresponde à “natureza humana”.
A falência teórica do revisionismo moderno está historicamente consumada, tal como no princípio do século a da social-democracia. Um e outro continuam a dominar a meias o movimento operário, mas já não podem apresentar nenhuma alternativa para pôr fim ao capitalismo. Tudo o que fazem é pregar a submissão a uma ou outra das superpotências. Os seus frutos são a impotência política crescente do proletariado e a arrogância crescente da burguesia – e isto tanto no mundo capitalista, como no campo dito “socialista”, como no chamado “terceiro mundo”.
Existe o terreno para o renascimento do marxismo-leninismo.
Inclusão | 11/09/2018 |