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A racionalização capitalista da produção é uma organização da produção que tem por fim retirar do operário, principalmente pelo aumento da intensidade do trabalho, o máximo de mais-valia. Os capitalistas não recuam ante coisa alguma para conseguirem este fim. Seus objetivos são: a mais completa utilização da jornada de trabalho do operário e um modo de retribuição que impõe ao trabalhador o maior gasto de energia. Eles não recuam nem diante do prolongamento da jornada de trabalho, nem diante da redução dos salários.
A racionalização socialista da produção é radicalmente diferente da racionalização capitalista.
O XV Congresso do P. C. da U. R. S. S. (1927) definiu-a como “a aplicação de uma técnica nova, o melhoramento da organização do trabalho, o desenvolvimento da instrução profissional, a diminuição e o emprego mais racional da jornada de trabalho”.
Diferentemente da racionalização capitalista, a racionalização socialista não conta unicamente com o aumento da intensidade de trabalho do operário: ela conta principalmente com o aumento do rendimento do trabalho, ela supõe a diminuição da jornada de trabalho de acordo com o progresso da técnica e o aumento do salário de acordo com o aumento do rendimento do trabalho. Disto não se depreende que para o Estado soviético não tenha importância o aumento da intensidade do trabalho. O “emprego mais racional da jornada de trabalho” é, acabamos de ver, um dos elementos da racionalização socialista. Mas o Estado soviético não se pode colocar no ponto de vista capitalista, que procura explorar todas as forças físicas e mentais do trabalhador.
Após 8 horas de trabalho, o operário sai das fábricas Ford cambaleante, embora seu salário seja bem elevado e suas condições materiais de existência sejam melhores que em qualquer parte. Os operários americanos fogem destas fábricas. Devemos estabelecer um maximum não-capitalista de intensidade de trabalho e exigi-lo dos nossos operários sem que sua saúde sofra, por isso, no seu próprio interesse futuro.
Ademais, o Estado soviético procura simultaneamente racionalizar o emprego da jornada de trabalho e diminuí-la.
Por conseguinte, ele dá maior atenção, não ao aumento da intensidade do trabalho, mas ao aumento do rendimento de trabalho.
Os métodos tendentes a melhorar a organização de trabalho devem ser largamente empregados na indústria soviética: melhoria das condições de trabalho, ventilação, claridade, aquecimento, transporte no interior das fábricas, distribuição pontual dos instrumentos de trabalho e dos materiais, emprego constante de máquinas, ligação entre os diversos processos de produção, etc. Deve-se dar uma atenção particular à estandardização dos produtos e à padronização das peças destacadas. A variedade da produção que observamos no regime capitalista explica-se, em parte, pela existência de classes parasitárias que, recebendo enormes e crescentes somas de mais-valia, sem fornecer o menor trabalho, procuram artigos de luxo e não param de imaginar novas modas. Neste sentido, também concorrem motivos comerciais. “Num certo grau de desenvolvimento, uma certa prodigalidade convencional, que é, de início, ostentação de riqueza e, por fim, meio de crédito, torna-se mesmo uma necessidade natural para o infeliz capitalista.(1)
Por outro lado, os capitalistas, intervindo desta vez na qualidade de produtores —e não de consumidores — de mercadorias, esforçam-se (na concorrência e na procura de comprador), em inventar incessantemente novos modelos, em seguir as variações e os caprichos da moda, em criar a necessidade de novos artigos de consumo. O parasitismo burguês casa-se, assim, com o cálculo comercial. Se o capitalista chegasse a compreender todas as vantagens da produção em série, em massa, estandardizada e padronizada, a produção privada oporia numerosos obstáculos à aplicação destes princípios. Desaparecem estes obstáculos, em grande parte, na U. R. S. S.; a indústria socialista deve ser uma indústria estandardizada, produzindo em série, em massa.
A estandardização socializa a técnica da produção. Vemos, neste domínio, a técnica dos Estados capitalistas desenvolvidos romper o envoltório da propriedade privada e adotar processos que na realidade negam a concorrência, a liberdade de trabalho e tudo que daí decorre.(2)
Estando todas as posições dominantes da economia na mão de um único chefe, o proletariado, poder-se-á aplicar a estandardização e a padronização muito mais largamente do que no regime burguês. Mas a herança do capitalismo pesa muito sobre nós.
A estandardização sistematicamente aplicada, dizia Dzerjinski(3), nos permitiria economias em centenas de milhões e, mesmo, biliões... Mas as fábricas, os mecanismos e os usos herdados do velho regime, entravam-nos. Só entraremos rapidamente neste caminho quando reconstruirmos nossa indústria”.
O princípio do trabalho em série deve ser largamente aplicado à nossa indústria. O trabalho em serie livra o operário de um grande esforço físico. Éle exprime a tendência da substituição do homem pela máquina, a multiplicidade da força humana de trabalho; já não é a coluna vertebral do homem, é uma correia infinita que aproxima, traz, leva, baixa e eleva tudo automaticamente.(4)
Notas de rodapé
(1) C. MARX: O Capital, V.º volume. t. IV, pág. 41 (edição A. Costes) (retornar ao texto)
(2) L. TROTZKI: Socialismo ou capitalismo? (em russo), 1925. (retornar ao texto)
(3) F. DZERJINSKI, que foi, durante as primeiras lutas da revolução, o presidente da Comissão Extraordinária da Repressão da Contra-Revolução (Tcheka), presidiu, durantes os últimos anos de sua vida, o Conselho Superior de Economia. (retornar ao texto)
(4) L. TROTZKI: Europa e América, Pravda, n.º 50, 1926. (retornar ao texto)
Inclusão | 15/06/2023 |