Conceitos Fundamentais de O Capital
Manual de Economia Política

I. Lapidus e K. V. Ostrovitianov


Livro nono: O imperialismo e a queda do capitalismo
Capítulo XXIV - Transformação da concorrência em monopólio e formação do capital financeiro - O regulador dos monopólios
118. Criação de monopólios capitalistas privados


capa

Já vimos que os bancos, reunindo e concentrando em seus cofres-fortes somas que podem parecer insignificantes consideradas isoladamente, submetem (e submetem aos grandes capitalistas) milhares e milhões de pequenos proprietários. Os depositantes pequenos e médios auferem apenas uma parte, e parte relativamente pequena, dos lucros proporcionados pela reunião dos diversos capitais; o resto do lucro, obtido à custa de seus capitais, é absorvido pelos dirigentes capitalistas.

O processo de “mobilização do capital social”, isto é, de reunião do capital e a atividade do capital disponível, continua nas sociedades por ações.

A concentração e a centralização do capital atingem, assim, na sociedade capitalista, proporções tais, que a concorrência da grande produção com a pequena e a média pode ser considerada como pertencente a um passado extinto. A pequena e a média produção sucumbem ou mantêm-se em terrenos onde não lutam com as grandes; acontece, também, que fiquem sob a completa dependência dos grandes capitais.

A luta continua, mas entre potências formidáveis, mais ou menos iguais. A vitória não é obtida senão depois de longos esforços, que enfraquecem ambas as partes. Nem sempre uma vitória compensa as perdas que custou.

Quanto mais avança o processo de concentração e de centralização, mais aumenta o capital de que dispõem certos magnatas; sendo menor o número destes magnatas, mais a concorrência se torna difícil e ruinosa. O crescimento da composição orgânica do capital permite cada vez menos retirá-lo dos ramos menos lucrativos da indústria para colocá-lo nos mais lucrativos. Surge uma tendência para a baixa da taxa do lucro, tendência cujos efeitos os capitalistas sentem cada vez mais. A baixa da taxa do lucro restringe cada vez mais os limites dentro dos quais a produção continua lucrativa. Nessas condições, toda concorrência poderia levar rapidamente à perda de todo o lucro. Mas acontece, segundo a expressão de um industrial norte-americano, que “os concorrentes, em vez de se esganarem, se estendem as mãos”. Formam-se “associações capitalistas”, que eliminam a livre concorrência e implantam o domínio dos monopólios.

O desenvolvimento da consciência, do espirito revolucionário e da organização da classe operária secunda também o desenvolvimento dessas associações patrocinais monopolizadoras, que se esforçam por opor, à força proletária em via de organização, a frente única a burguesia.

A concorrência chega, assim, em seu desenvolvimento, à sua própria negação: a concorrência de numerosos capitalistas leva primeiro à ruína os fracos e à consolidação os fortes; a luta entre os grandes capitalistas leva-os em seguida à união, à substituição da concorrência pelo monopólio, ao domínio incontestado das grandes organizações capitalistas.

A transformação da concorrência em monopólios é o traço característico da última fase do desenvolvimento capitalista, fase chamada, por esta razão, de capitalismo de monopólios.


 

Inclusão 10/06/2023