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Estudámos a parte do produto do trabalho que o operário recebe no regime capitalista sob a forma de salário. Voltemos agora à parte do produto do trabalho do operário de que o capitalista se apropria, ou noutros termos, voltemos à mais-valia.
Já sabemos quais os papéis que desempenham na criação da mais-valia as diferentes partes do capital: sabemos que as máquinas, edifícios, matérias-primas, numa palavra, o capital constante, constituem apenas as condições da criação da mais-valia e que só o capital variável, ou seja a força de trabalho, pode criar mais-valia.
Partindo daqui chegámos à conclusão de que não devíamos considerar, na participação da taxa de exploração, o capital constante que não cria valor algum. Devemos considerar apenas dois elementos:
À relação entre estes dois elementos m / v chamámos taxa de mais-valia ou taxa de exploração.
Estaremos de acordo, a não ser que os preconceitos da classe burguesa nos ceguem, que o grau de exploração do operário só se pode determinar deste modo. Com efeito, se o operário trabalha doze horas e recebe pela sua força de trabalho um salário igual a seis horas, estaremos de acordo que dá ao capitalista o dobro do valor que recebe, qualquer que seja o valor das máquinas, edifícios, matérias-primas, etc., com a ajuda das quais se efectua o trabalho.
Mas não é assim que o capitalista raciocina. O seu raciocínio pode resumir-se nestes termos: «Pouco me importa que não tomem em consideração as máquinas, matérias-primas e auxiliares; o meu dinheiro pertence-me independentemente do uso que faça dele, pode servir-me para comprar força de trabalho ou máquinas. Uma vez que recebo como resultado das minhas operações certo excedente da receita em comparação com estes meus gastos, preciso de saber qual a percentagem deste excedente e qual o meu lucro em relação à totalidade do meu capital.»
Portanto o que interessa aos trabalhadores é a relação entre a mais-valia e o capital variável m / v ; o que interessa ao capitalista é a relação da mais-valia com o capital total investido m / (c+v). Esta relação expressa em percentagem chama-se taxa de lucro.
Todo o capitalista tenta obter a maior taxa de lucro. Quanto maior for o lucro que recebe por cada escudo do seu capital (e isto é a taxa de lucro) mais lucrativa é a sua empresa. Tomar-se-á também em conta que o capitalista considera sempre o lucro recebido num determinado período de tempo, geralmente um ano.
Suponhamos que estamos em presença de duas empresas, uma fábrica de tecidos e uma fábrica de fósforos. Suponhamos que ambas as fábricas empregam o mesmo número de operários, que os exploram da mesma maneira e que ao receber 60.000$ de salário por ano criam também 60.000$ de mais-valia. Suponhamos que a fábrica de tecidos representa um capital de 600.000$ e a fábrica de fósforos um capital de 300.000$.
Do ponto de vista dos operários ambas as fábricas descontam, sobre o trabalho, a mesma mais-valia m / v (em ambos os casos é igual a 100 %). Do ponto de vista do capitalista, a fábrica de tecidos dá- lhe 60.000$ por um capital investido de 600.000$, ou seja 10 %. A fábrica de fósforos dá 60.000$ de lucro por 300.000$ investidos, ou seja 20 %. No caso da fábrica de fósforos, cada 1$ de capital produz $20 por ano em vez de $10. Pouco importa ao capitalista onde coloca o seu capital, seja numa fábrica de pregos ou numa agência funerária, desde que consiga obter o lucro máximo.
Inclusão | 26/06/2018 |
Última alteração | 16/08/2018 |