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De que depende a taxa de lucro que o capitalista pode obter da sua empresa?
Continuemos com o exemplo das duas empresas - de tecidos e de fósforos. É evidente que a diferença da taxa de lucro não depende da exploração e da taxa de mais-valia, já que estes dois factores são iguais em ambos os casos. O capital variável de ambas as empresas tem de ser igual. A diferença das taxas de lucro depende da proporção do capital constante. O capital recebe menos lucro na fábrica de tecidos porque teve de investir mais em máquinas, edifícios e matérias-primas do que investiu na fábrica de fósforos, mantendo-se a mesma soma de capital variável em ambas as empresas. Se em vez de compararmos a fábrica de fósforos com a de tecidos, a comparássemos com qualquer outra fábrica cujo capital constante fosse duas vezes menor e, igualmente, o capital variável fosse duas vezes menor, a taxa de lucro seria, no entanto, a mesma na fábrica de fósforos.
A taxa de lucro depende também da relação entre capital constante e capital variável. Esta relação chama-se composição orgânica do capital.
Na nossa fábrica de tecidos o capital constante é de 540.000$ (600.000$ - 60.000$ = 540.000$), isto é, nove vezes maior que o capital variável; na fábrica de fósforos o capital constante (300.000$ - 60.000$ = 240.000$) é apenas quatro vezes maior que o capital variável(1). Portanto a composição orgânica do capital na fábrica de fósforos será igual a 240.000$ : 60.000$, ou seja, 4 : 1, e na fábrica de tecidos seria 540.000$ : 60.000$, ou seja, 9 : 1.
Quanto mais o capitalista gasta na construção de edifícios, aquisição de máquinas e matérias- primas, em relação com o que gasta em força de trabalho, mais alta é a composição orgânica do capital e menor será, para a totalidade do capital, a taxa de lucro.
Não é difícil verificar que a alta composição orgânica do capital(2) depende, antes de mais nada, da tecnologia da empresa. Em geral, com o desenvolvimento tecnológico, o número de máquinas cresce mais rapidamente que o de operários. A percentagem dos gastos de mão-de-obra diminui constantemente no total dos gastos do capitalista.
Portanto, a composição orgânica pode crescer mesmo no caso de o número de operários (e do capital variável) também aumentar. Basta que o capital constante aumente mais rapidamente. Se o número de operários duplicou e se no mesmo período de tempo se gastou na aquisição de máquinas quatro vezes mais que anteriormente, a composição orgânica do capital subiu(3).
A composição orgânica do capital cresce com o desenvolvimento da técnica, e a taxa de lucro tem de baixar ao mesmo tempo.
A composição orgânica do capital pode ser diferente em duas oficinas onde trabalha o mesmo número de operários, com as mesmas ferramentas e onde a técnica é, por conseguinte, semelhante. Numa destas oficinas trabalha-se o ferro e a composição orgânica do capital será inferior à da outra oficina onde se trabalha o cobre, metal mais caro. Aqui a diferença de composição orgânica do capital depende do valor das matérias-primas (ver K. Marx, O Capital, t. I e III).
Notas de rodapé:
(1) Para simplificar, admitamos que o capital efectua a sua rotação num ano. (retornar ao texto)
(2) Empregaremos as expressões «alta composição orgânica do capital, composição orgânica média e composição orgânica inferior», conforme a percentagem de capital constante é grande, média ou inferior. (N. do T.) (retornar ao texto)
(3) No entanto, não se pode afirmar que a composição orgânica do capital corresponda exactamente à tecnologia da empresa. (retornar ao texto)
Inclusão | 26/06/2018 |
Última alteração | 16/08/2018 |