Os agentes dos chineses estão começando a aparecer(1)

Enver Hoxha

13 de dezembro de 1976


Fonte: Obras Completas, volume 60 (dezembro de 1976 – fevereiro de 1977), Casa de Publicações “8 Nëntori”, Tirana, 1988.
Tradução: Thales Caramante – Jornal A Verdade.
HTML: Lucas Schweppenstette.

QUINTA-FEIRA,
16 de DEZEMBRO de 1976

Baseando-me em um breve resumo que nosso embaixador em Paris fez da carta do presidente do Partido Comunista da Austrália (Marxista-Leninista) (PCA-ML), Edward Hill, fiz várias anotações em meu diário. Em geral, elas respondem às perguntas que estão refletidas no resumo da tradução que o embaixador nos enviou.

Agora temos em mãos o material completo enviado por Hill. Ela vem acompanhada de uma curta carta endereçada ao camarada Ramiz Alia. Esse material, de quinze páginas, foi escrito em um estilo conciso, com um tom supostamente teórico, com citações etc., e em tempo recorde, um dia após a partida de Hill de Tirana para Londres. Isso nos faz suspeitar fortemente que este material deve ter sido preparado por ele ou por outra pessoa há um tempo, na verdade, algumas de suas principais “teses” já poderiam estar prontas antes mesmo de Hill ter comparecido ao nosso congresso. Hill deve ter encontrado o material pronto assim que chegou a Londres e, no dia seguinte, enviou-o imediatamente através de sua esposa em Paris para ser entregue ao nosso embaixador.

Os objetivos do autor, que expressei neste diário antes de o texto completo do material chegar até nós, e independentemente do fato de a tradução ter sido inicialmente ruim e de nosso embaixador ter enviado apenas um resumo, já estava suficientemente claro. Agora, ao ler o texto completo, fica ainda mais claro que a essência principal das opiniões de Hill é que o Partido do Trabalho da Albânia (PTA) supostamente não teria o direito de expressar suas opiniões e propor resoluções em seu 7º Congresso com relação ao movimento comunista internacional. Ele dá a entender no material que não cabia ao Partido do Trabalho da Albânia fazer tal coisa.

Hill escreve que, no relatório do comitê central de nosso partido, fazemos uma análise da atividade da Comintern que, em sua opinião, não é correta. Em relação a esse assunto, não sem propósito, ele deixa em silêncio o que enfatizamos no relatório, que não era nossa intenção, de forma alguma, fazer uma análise da Comintern ali, mas apenas desejávamos dizer que, diante do grande perigo com o qual os partidos comunistas marxista-leninistas estavam ameaçados pelo revisionismo moderno e pelas duas superpotências, eles precisavam absolutamente realizar reuniões e encontros, não apenas bilaterais, mas também multilaterais, nas quais os problemas comuns pudessem ser debatidos. Também ressaltamos que, com o trabalho que realizou em seu tempo, a Comintern contribuiu muito para o fortalecimento dos novos partidos marxista-leninistas. Por fim, enfatizamos claramente no relatório que hoje não é, de forma alguma, o momento para a criação de uma organização internacional como a Comintern. Não fomos nem somos a favor de tal coisa, mas as reuniões e encontros de representantes de partidos e organizações marxista-leninistas devem se tornar uma prática normal.

A partir dessa conclusão que tiramos coletivamente, Hill tem a ideia de que nossa opinião sobre a realização de reuniões e encontros multipartidários tem o objetivo de “levar o Partido Comunista da China para o caminho certo”. Parece que Hill está nos repreendendo porque achamos que o PCCh degenerou. Ele não traz nenhum fato, pois o fato é que não atacamos o PCCh no nosso Congresso, independentemente das opiniões que temos sobre muitos de seus pontos de vista e posições. Pelo contrário, é Hill quem está atacando a Comintern nesse caso, acusando-a de ter cometido erros graves que, segundo ele, até mesmo Lênin reconheceu. Ele também nos culpabiliza quando diz que a Comintern não pode ser absolvida com as poucas palavras que dissemos sobre ela no 7º Congresso de nosso partido, na qual admitimos que não se poderia excluir a possibilidade de ter cometido erros. O Sr. Hill gostaria que tivéssemos apontado no relatório onde estavam os erros, junto a uma avaliação da gravidade deles. Ele não entende que aquela não era, de forma alguma, a ocasião para fazermos tal coisa. Entretanto, os objetivos de Hill estão em outro lugar.

Simultaneamente à Comintern, Hill também ataca Dimitrov. Segundo ele, Dimitrov cometeu erros e seu famoso discurso foi supostamente “criticado por Stálin”, porque supostamente Dimitrov não teria falado nada sobre a ditadura do proletariado. Como se sabe, nesse discurso, Dimitrov desenvolveu a tese da luta contra o fascismo. Ele falou da necessidade da criação de frentes populares com elementos e partidos progressistas, com o objetivo de conter o perigo do fascismo alemão e italiano, que estava se tornando uma ameaça para os povos naquela época. Até hoje, não temos conhecimento de que Stálin tenha criticado o discurso de Dimitrov sobre essa questão.

Assim, Hill chega à conclusão de que, com esse discurso, Dimitrov posteriormente “causou consequências graves na degeneração e nos desvios dos partidos marxista-leninistas”, e menciona aqui antigos líderes desses partidos, como Palmiro Togliatti, Maurice Thorez, Harry Pollitt, Lance Sharkey etc. Ele se esquece de que o discurso de Dimitrov teve um eco extraordinariamente grande em todo o mundo, esquece-se de que ele deu um grande impulso à luta contra o fascismo na criação de frentes populares na França e, especialmente, na Espanha, que resistiram ao fascismo alemão e italiano, tanto politicamente, quanto com armas em mãos. Hill também se esquece de que foram os partidos comunistas no ocidente que propagaram essas frentes e a luta que a Comintern organizou contra o fascismo. Mais tarde, com a ocupação de seus países pelo nazifascismo, a burguesia reacionária desses países capitulou, e apenas os guerrilheiros franceses e italianos foram para as montanhas e lutaram. Ele se esquece de dizer que nem Palmiro Togliatti, Jacques Duclos, André Marty e Luigi Longo não traíram a revolução na Guerra Civil Espanhola, mas lutaram contra o fascismo no caminho marxista-leninista, no caminho da Comintern.

Portanto, a crítica de Hill à Comintern e sua linha, que é apresentada como se fosse realista e bem fundamentada, é tão frágil quanto uma bolha de sabão. Ele está combatendo a Comintern porque acha que pretendemos assumir sua bandeira para organizar os partidos marxista-leninistas do mundo contra o PCCh. Isso fica evidente na oposição que ele faz à ideia de reuniões e encontros multipartidários que propomos em nosso congresso. De acordo com ele, apenas reuniões bilaterais devem ser realizadas.

Hill também se posiciona contra nosso partido em outra questão. De acordo com ele, os partidos marxista-leninistas fraternos não deveriam ser convidados para os congressos uns dos outros. O argumento “teórico” contra essa prática é que, no congresso do partido que os convida, esses partidos são colocados em uma posição difícil, confrontados com os pontos de vista do partido anfitrião, e não estão em posição de expressar suas opiniões sobre eles naquele momento. Portanto, de acordo com ele, as reuniões multipartidárias dos partidos marxista-leninistas não são adequadas e, da mesma forma, os representantes de outros partidos não devem participar do congresso de um partido fraterno. A partir disso, Hill chega à conclusão de que ele, pessoalmente, e seu partido são contra essas práticas e, se ele soubesse que os problemas apresentados em nosso 7º Congresso seriam levantados, ele teria considerado se deveria participar do Congresso.

Historicamente, é assim que a questão se apresenta em relação à Hill: Há um ano e meio ou dois anos, não sei dizer exatamente, tivemos uma conversa bilateral com ele, durante a qual expusemos todos os pontos de vista que levantamos no 7º Congresso de nosso partido. Ele falou por não mais do que dez minutos e não tocou nas questões fundamentais que levantamos com ele naquela ocasião e que constituíam a linha de nosso partido, exatamente como a apresentamos no congresso. Portanto, seu blefe está claro. Naquela ocasião, Hill estava com medo ou não queria expressar abertamente suas opiniões contra nosso partido e passou por cima das questões sem adotar nenhuma posição. Portanto, sua tese de que é a favor de conversas bilaterais não se sustenta, pois na conversa bilateral que tivemos com ele, ele não expressou nenhuma opinião crítica em relação às opiniões do nosso partido.

Hill está alarmado porque não seguimos a linha política, ideológica e organizacional do Partido Comunista da China, porque não estamos em sintonia com o PCCh. De acordo com ele, nós devemos ser obedientes à linha desse partido. Pessoalmente, ele se apresenta como “muito independente”, com as mãos “desamarradas”, enquanto considera todos os outros partidos comunistas marxista-leninistas fraternos, que enviaram seus representantes para participar do congresso do nosso partido e falaram sobre sua linha nos termos mais admiráveis, como partidos lacaios. De acordo com Hill, no 7º Congresso do nosso partido, esses partidos mantiveram suas posições simplesmente com o objetivo de se integrar ao Partido do Trabalho da Albânia. Em outras palavras, Hill quer mostrar que mesmo o que ele próprio declarou pessoalmente em nosso congresso não representa suas opiniões, porque suas verdadeiras opiniões foram expressas no material que ele nos enviou de Londres, no qual ele diz que não está de acordo com muitos pontos básicos do 7º Congresso do Partido do Trabalho da Albânia.

Hill defende a opinião de que todo partido deve realizar seu congresso, mas, segundo ele, lá ele deve falar apenas sobre o milho, a couve e o pepino e não deve adotar posições ideológicas e políticas, não deve expressar opiniões críticas a um partido ou a outro. Isso significa que o partido que realiza o congresso não deve ser sincero na expressão de suas opiniões marxista-leninistas. Hill quer que todos os partidos marxista-leninistas do mundo sigam a linha do PCCh sem qualquer oposição. Para ele, somente com essa condição tudo estará em ordem com esses partidos.

Por um lado, Hill se apresenta como defensor do ponto de vista de que todo partido tem o direito de expressar suas próprias opiniões e, por outro lado, ele se contradiz quando diz que o partido não tem o direito de proclamar suas opiniões publicamente. O fato é que, no material que nos enviou, ele critica os capítulos 5 e 6 do relatório do nosso Comitê Central, que tratam da situação internacional e de alguns problemas do movimento comunista internacional. Isso tocou ele e seus camaradas no ponto mais sensível. Foi embaraçoso, por um lado, porque, como se sabe, nesses dois capítulos nossa linha marxista-leninista é apresentada longa e claramente e está em oposição a muitos pontos de vista do Partido Comunista da China, embora não tenhamos falado nada contra esse partido ou sequer mencionado seu nome em lugar algum. Por outro lado, ele não concorda que um partido como o nosso deva se preocupar em expressar sua opinião sobre a luta que outros partidos marxista-leninistas estão travando e devem travar, sobre seus métodos de trabalho, sobre suas alianças na luta que estão travando e outros problemas que surgem da experiência adquirida.

Hill diz que a participação de outros partidos nas convenções dos partidos fraternos os compromete. Isso é uma lorota. Essa prática não os compromete de forma alguma. Os partidos do Vietnã, da Coreia ou do Laos, por exemplo, ficaram em uma situação comprometida no Congresso do nosso partido? Não! Suas delegações expressaram as opiniões que tinham com bastante liberdade no Congresso, e acreditamos que, se tivessem oposição ao nosso partido, poderiam facilmente ter procurado reuniões até mesmo com nossos dirigentes, onde as opiniões opostas que poderiam ter tido conosco poderiam ser explicadas.

Ninguém fez isso. Se eles tinham algo a dizer e não o fizeram, a culpa por isso não recai sobre nós. Concordamos, como diz Hill, que essas críticas não podem ser feitas durante os procedimentos do Congresso, mas não temos nenhuma objeção se alguém que não quiser elogiar a atividade e as posições do partido anfitrião não o fizer. De fato, nosso partido não quer elogios excessivos, mas quer que outros partidos falem de forma realista sobre sua atividade. Se alguém tem críticas a fazer a nós, como eu disse acima, ele poderia facilmente buscar uma reunião conosco, para que as explicações possam ser dadas pelos dois lados sobre a questão que os preocupam. Mas Hill também não fez isso.

Ele afirma que a participação nos procedimentos do congresso de um partido coloca os outros partidos comunistas convidados em uma posição delicada e complicada, mas achamos que isso não os coloca em dificuldades e, pelo contrário, os ganhos da participação nessas ocasiões superam os problemas. Hill define esses ganhos, mas ele os subestima, ao que superestima muito a opinião que tenta defender, de que outros partidos não devem ser convidados para congressos. Isso significa que você deveria realizar seu congresso de uma forma hermética da qual ninguém deve ouvir o que temos a dizer. Esse é o desejo ardente dos revisionistas modernos, dos soviéticos e, ao mesmo tempo, dos imperialistas, que todos eles não sejam importunados, que o nosso lado não fale sobre a atividade que eles desenvolvem contra o comunismo, contra os povos e contra os países socialistas. Essa é toda a conclusão que pode ser tirada de um tratamento antimarxista desse problema levantado por Hill no material que ele nos enviou, no qual ele assume uma posição abertamente contra o 7º Congresso do nosso partido.

Com relação a essa questão, Hill tenta distorcer a realidade com relação à posição de Zhou Enlai no 22º Congresso do PCUS. De fato, no 22º Congresso, Zhou Enlai exigiu que a polêmica contra o PTA cessasse, algo que não era desejável para nós e para muitos outros. A vida mostrou a justeza da posição mantida por nosso partido. Zhou Enlai também se retirou do 22º Congresso do Partido Comunista da União Soviética em protesto, não porque o Partido do Trabalho da Albânia tinha sido atacado, mas porque havia divergências internas sobre as principais questões de estratégia e tática entre o PCCh e o PCUS, como o fracasso em dar à China a bomba atômica, o problema da fronteira com a Índia etc. etc. Foram exatamente esses problemas entre os dois lados que fizeram com que Zhou Enlai saísse do 22º Congresso. Mais tarde, após a queda de Khrushchev em 1964, foram essas preocupações e esperanças que o fizeram querer voltar à União Soviética e tentar reestabelecer amizade com os revisionistas soviéticos. Portanto, os exemplos e as teses de Hill não têm valor histórico, teórico nem prático.

De acordo com Hill, quando uma parte pretende levantar um problema de caráter internacional, que interessa a todo o movimento comunista internacional, em primeiro lugar, ele deve fazer uma extensa turnê, entrar em contato e manter conversas bilaterais com um grande número de partidos marxista-leninistas e, somente se eles estiverem de acordo sobre este ou aquele assunto, ele deve apresentar este ou aquele problema que deve estar resolvido em seu próprio congresso, ao passo que, se encontrar uma posição contrária, não deve ser apresentado de forma alguma. Esse é um dos principais pontos das absurdas críticas antimarxistas feitas por esse provocador revisionista australiano, enviado especialmente pelos revisionistas chineses para fazer provocações contra o Partido do Trabalho da Albânia.

Eu disse anteriormente que o Partido Comunista da China e Hill, este provocador, não queriam e não querem que o Partido do Trabalho da Albânia expresse suas opiniões sobre como a unidade internacional dos comunistas e proletários deve ser estabelecida e fortalecida. Eles se opõem a esse direito. Entretanto, a unidade internacional do proletariado e dos partidos marxista-leninistas é uma questão fundamental para o marxismo-leninismo. Até mesmo o Partido Comunista da China lançou essa palavra de ordem, mas, na verdade, o PCCh se opõe a essa unidade e o combate na prática. O PCCh restringiu essa grande palavra de ordem à unidade do “terceiro mundo”, no qual ele se incluiu. Não podemos concordar com essa visão ou com a posição que está sendo mantida.

Nós nos opomos às opiniões do Partido Comunista da China sobre o “terceiro mundo”, porque são opiniões antimarxistas e revisionistas. No 7º Congresso, lidamos com esse problema do ponto de vista de classe, com base em nossa ideologia, o marxismo-leninismo. Antes de 1960, tanto Khrushchev quanto Tito usaram a palavra de ordem do “terceiro mundo”, atribuindo a ele vários nomes, como “países não alinhados” etc., que nosso partido combateu como noções, como conglomerados planejados e inventados fora do critério de classe. No 7º Congresso, nosso partido explicou que é a favor da defesa de todos os Estados que foram declarados livres e independentes, mas que, na verdade, são econômica e politicamente dependentes. Poucos estados do “terceiro mundo” podem ser chamados de independentes, porque, na verdade, cada um deles é dependente desta ou daquela potência imperialista de uma forma ou de outra. Mesmo que seja chamado de politicamente independente, ele é economicamente dependente e, de acordo com os ensinamentos dos clássicos da nossa ciência marxista-leninista, se alguém é dependente economicamente, não pode ser independente politicamente. Nós somos a favor da defesa desses estados com toda a nossa força, e a vida tem mostrado que temos travado a luta em sua defesa com consistência e determinação, mas não podemos concordar com conclusões “teóricas” como as que o Partido Comunista da China chegou. Aqui está um de nossos principais pontos de oposição a eles.

Os principais pontos de nossa oposição aos chineses são as questões que estão intimamente ligadas umas às outras: a questão do “terceiro mundo”, a posição que deve ser mantida em relação às duas superpotências e o internacionalismo proletário, ou seja, o fortalecimento da unidade dos partidos comunistas marxista-leninistas. Em nossa opinião, o Partido Comunista da China analisa essas questões de forma oportunista e revisionista, enquanto nós as analisamos de forma marxista-leninista. Somos a favor do internacionalismo proletário, do fortalecimento de nossa unidade com os partidos marxista-leninistas, bem como da maior ajuda possível e contínua a todos os países do chamado mundo livre e independente, mas que, na verdade, depende e está sob a influência do capital americano, soviético, entre outros. Para que esses países possam alcançar a libertação total, como diz Lênin, primeiro eles devem lutar contra o inimigo em seu próprio país e depois contra o inimigo fora dele. Dizemos que o revisionismo moderno deve ser combatido com todas as nossas forças e, da mesma forma, a burguesia reacionária, que coloca a liberdade e a independência de seu país à mercê do imperialismo americano ou do social-imperialismo soviético. Portanto, acreditamos que é essencial lutar contra essas duas superpotências, enquanto os chineses não encaram o problema sob esse ponto de vista.

Outra questão abordada por Hill é a disputa que supostamente está ocorrendo de forma não declarada entre o PCCh e o PTA. Supostamente, todos os partidos marxista-leninistas que foram criados como uma reação contra o revisionismo moderno são vítimas desse jogo. De acordo com Hill, os partidos marxista-leninistas que falam bem do Partido do Trabalho da Albânia são partidos lacaios, partidos que querem se associar ao nosso partido. Ele coloca a questão da seguinte forma: todos os partidos marxista-leninistas que admiram e respeitam o Partido do Trabalho da Albânia e concordam com ele em suas visões teóricas e políticas não são partidos marxista-leninistas genuínos. De acordo com Hill, somente o seu partido é o único “partido marxista-leninista puro”!

Hill diz que os novos partidos marxista-leninistas estão lutando por reconhecimento. Mas por quem, pelo Partido do Trabalho da Albânia? Para Hill, as relações desses partidos com o PCCh são o caminho mais justo e fundamental, assim, esse é o caminho que eles devem seguir. No entanto, muitos deles também buscam o reconhecimento do PTA, e ele postula, supostamente do ponto de vista teórico, que isso dá origem à questão do partido “mãe” e do partido “filho”. De acordo com Hill, isso significa que o Partido do Trabalho da Albânia se dá o direito de definir qual dos novos partidos é marxista-leninista e qual não é.

Qual é o objetivo de Hill com isso? Com isso, ele está tentando prejudicar a unidade internacionalista dos partidos comunistas marxista-leninistas do mundo, tentando destruir essa unidade e deixar o fortalecimento e a extensão do movimento comunista interno para a espontaneidade. Com relação às posições do nosso partido no movimento comunista internacional, em nenhum momento ele se considerou um partido “mãe”, e os outros partidos como partidos “filhos”. Nunca, em nenhuma ocasião, o nosso partido impôs suas opiniões sobre qualquer partido fraterno; na verdade, continuamente, sempre que tivemos a oportunidade de conversar e expressar nossas opiniões aos camaradas que representam outros partidos fraternos, nós os deixamos a par de quais são nossos pontos de vista sobre este ou aquele problema, qual é a experiência que temos sobre essa ou aquela luta, e então cada partido tem sua própria opinião independente, julga e decide por si mesmo sobre tudo.

Acima de tudo, temos enfatizado continuamente que todas as opiniões e ações dos partidos fraternos devem se basear no marxismo-leninismo e somente no marxismo-leninismo. Isso é mais do que justo! E também enfatizamos isso com veemência no 7º Congresso do nosso partido. Mas isso, para Hill, não tem nada de bom, precisamente porque o Partido do Trabalho da Albânia não tem nenhuma intenção de tornar o marxismo-leninismo equivalente ao “Pensamento Mao Zedong”, porque não classificamos Mao Zedong como alguém da grandeza dos quatro grandes clássicos – Marx, Engels, Lênin e Stálin. Hill se opõe a esses pontos de vista e posições de nosso Partido e fala sobre Mao em todas as oportunidades, canta seus louvores, sem estar devidamente familiarizado com os pontos de vista de Mao sobre todos os problemas, em muitos dos quais ele está errado, como sabemos. Para nós, Mao não é genuinamente um marxista. Não defendemos esse ponto de vista publicamente, mas essa é a nossa convicção, enquanto a convicção de Hill é o contrário da nossa.

A fim de aumentar o valor de Mao Zedong, nessa ocasião Hill ataca Engels, dizendo que ele cometeu erros e, portanto, caiu na classificação dos quatro clássicos. Hill tem a mesma opinião sobre Stálin. Ele eleva Mao ao lugar desses dois grandes marxistas (Engels e Stálin), e enfatiza que ele é um marxista-leninista da mesma proporção de Marx e Lênin. De acordo com Hill, assim como Lênin enriqueceu o marxismo e a teoria de Marx em sua época, Mao também enriqueceu o marxismo durante sua vida. Essa é toda a essência da teoria de Hill, que ele nos apresenta em seu material, em termos supostamente camaradas, mas que, na verdade, são ataques, calúnias e críticas infundadas, não apenas contra nosso partido, mas também contra a Comintern, Engels, Stálin e Dimitrov. E o mesmo acontece com as outras questões, porque há muitas outras teses antimarxistas na carta desse demagogo revisionista.

Hill aponta que nós supostamente não vemos a crise internacional de forma adequada, porque, segundo ele, não se trata de uma crise geral do sistema capitalista mundial, mas de uma crise de superprodução, e ele supostamente baseia isso na teoria de Marx. Em suma, além das outras acusações infundadas que ele faz contra o Partido do Trabalho da Albânia, ele também tenta introduzir algumas críticas supostamente teóricas em relação à definição de alguns dos principais problemas internacionais, um dos quais é a atual crise mundial do capitalismo.

Como conclusão, podemos dizer que está claro que Hill é um provocador que veio ao nosso 7º Congresso com objetivos pré-determinados. No entanto, ele não conseguiu atingir no salão do Congresso os objetivos que havia estabelecido. Ele teve que pegar o avião, deixar nosso país e nos enviar de Londres esse material de conteúdo revisionista. De lá, ele voltou para a Austrália e, imediatamente, sem perder tempo, decolou para Pequim, onde, segundo nos informaram, recebeu uma recepção muito calorosa. Todos eles, de Li Xiannian a Hua Guofeng, o receberam. De fato, Hill fez uma visita à esposa de Zhou Enlai. A agência de notícias chinesa, Xinhua, relatou a recepção de Hill por Hua Guofeng, as conversas cordiais que teve com ele sobre muitos problemas internacionais e enfatizou que os dois lados tinham uma visão comum sobre todos eles.

A Xinhua também transmitiu o breve discurso de Li Xiannian nessa recepção, por meio do qual os hipócritas chineses falaram em termos “justos”, tentando apontar que o PCCh é contra as duas superpotências, a União Soviética e os Estados Unidos da América. Ele também falou sobre o internacionalismo proletário, não se esquecendo de ressaltar a amizade do PCCh com o PCA (ML) e com o povo australiano.

Depois de Li Xiannian, Hill fez um discurso nessa ocasião, no qual atacou indiretamente o 7º Congresso do nosso partido. Ele ressaltou que Hua Guofeng agiu como um “grande marxista-leninista”, como um aluno leal de Mao Zedong, que, como eu disse, ele elevou às proporções de Marx e Lênin. Hill diz em seu discurso que Hua Guofeng derrotou todos os elementos traidores liderados pela “Gangue dos Quatro”. Ele enfatiza que a linha ditada por Mao Zedong é a genuína linha marxista-leninista, que a teoria marxista-leninista é o “Pensamento Mao Zedong”, e destaca que os elementos e partidos que se opõem a essa linha, que se opõem ao “Pensamento Mao Zedong”, serão esmagados como a “Gangue dos Quatro”, juntamente com seus associados, que foram esmagados pelo grande Partido Comunista da China, e termina dizendo que os partidos marxista-leninistas do mundo seguirão fielmente a justa linha marxista-leninista do Presidente Mao Zedong. Em resumo, é isso que o presidente do partido revisionista pró-chinês australiano diz em seu discurso. Essas ideias também foram expressas no material que ele nos enviou.

Assim, com esse documento, ele mostrou suas verdadeiras características de renegado. Nesse caso, nossa dedução de que o PCCh tentará incitar esses indivíduos a atacar indiretamente a linha do PTA, a fim de prejudicar a unidade do movimento comunista internacional, distorcer o marxismo-leninismo verdadeiro, confundir o proletariado e esmagar os partidos marxista-leninistas em todos os países do mundo foi confirmada. De fato, os chineses já começaram esse trabalho há muito tempo.

Com relação à alegação de Hill de que os partidos comunistas marxista-leninistas do mundo estão competindo pelo reconhecimento do PTA, na realidade é o PCCh que busca e pratica tal coisa, é o PCCh que mantém contato com todas as facções que surgiram das fileiras dos novos partidos comunistas marxista-leninistas que mantêm uma posição correta; é o PCCh que incentiva o surgimento dessas facções em muitos desses novos partidos, como os de Portugal, Itália, Uruguai, França etc., etc. Nesse sentido, o PCCh age aberta e secretamente com o objetivo de dividir todos esses partidos e criar, a partir das facções que surgem de suas fileiras, uma série de grupos maoístas, supostamente marxista-leninistas, com a intenção de usá-los como seus próprios agentes.

Na carta que nos enviou, Hill acusa a Comintern e Stálin de terem colocado os partidos comunistas e operários do mundo a serviço do Partido Comunista da União Soviética antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial. De acordo com Hill, esses partidos “não podiam agir e lutar com base no marxismo-leninismo”, que, como sabemos, foi aplicado corretamente por Lênin, Stálin e o Partido Bolchevique. Para Hill, eles não passavam de agências do Partido Bolchevique e de Stálin. Essa acusação de Hill coincide com as teses que a burguesia reacionária mundial propaga para combater os partidos comunistas e operários do mundo e para desacreditar o comunismo.

Entretanto, a tese defendida por Hill é unilateral. Para ele, estar ligado ao “Pensamento Mao Zedong” e ao PCCh não significa de forma alguma que você seja um partido dependente do Partido Comunista da China, enquanto os fatos mostram o contrário.

Portanto, Hill é um provocador, um agente dos chineses e, por isso, ele e seu suposto partido marxista-leninista não merecem mais ser mencionados. Surge a pergunta sobre esse partido, se ele existe ou não. Nunca soubemos quantos membros esse partido tem, mas nossa opinião é que ele não existe nem mesmo em número, muito menos com uma ideologia marxista-leninista clara que o guie corretamente em suas atividades.

Fiz essas explicações hoje para os camaradas secretários do comitê central. Como conclusão, disse a eles que o Partido do Trabalho da Albânia deve esperar uma luta amarga por parte dos revisionistas chineses e seus tenentes. Agora a tática chinesa está clara para nós. Além da nota verbal que eles nos enviaram, acreditamos que eles não responderão à carta que lhes enviaremos. Eles indicaram antecipadamente a posição que manterão em relação a nós em sua nota verbal de 8 de dezembro, na qual dizem que não responderão às nossas “acusações”, mas continuarão sua amizade conosco, etc., etc. Na realidade, eles colocarão outros como Hill e companhia para nos atacar, mas sempre falharão.

Os revisionistas chineses iniciarão a luta contra o nosso partido em duas direções: nas fileiras do movimento comunista internacional e em nosso país. Dentro do país, a luta dos chineses assumirá o caráter de sabotagem econômica. Essa sabotagem será concretizada com a desaceleração da realização dos créditos, oficialmente contratados pelas duas partes. Como sabemos, nos últimos anos os chineses atrasaram imensamente o envio de equipamentos para os projetos previstos no último Plano Quinquenal. Entre esses projetos, há alguns que deveriam ter sido concluídos há dois ou três anos, mas ainda estão esperando porque não nos enviaram as máquinas e os equipamentos. Isso está causando danos muito grandes ao nosso país do ponto de vista econômico.

No entanto, lidamos com as dificuldades que os chineses criaram para nós e não falamos sobre elas publicamente. Mas devemos deixar bem claro que eles farão essas coisas em uma escala maior no futuro. Os líderes revisionistas chineses pretendem nos fazer escrever várias cartas de protesto, às quais, como de costume, eles não responderão. Naturalmente, porém, não vamos deixar esses grandes projetos, para cuja construção investimos o suor e o sangue de nosso povo, em ruínas. Na medida em que formos capazes, na falta de resposta do lado chinês, tomaremos medidas para o cumprimento do plano, tentando concluir os projetos com nossas próprias possibilidades e meios. Assim, o conflito entre eles e nós surgirá. Eles encontrarão a ocasião para fazer a acusação de que “apesar de toda essa grande ajuda que lhes demos, vocês não esperaram até que tivéssemos concluído nossos experimentos, etc., etc., e continuarão a concluir esses projetos por conta própria, sem a nossa concordância; então, retiraremos nossos especialistas”. É assim que ocorrerá a retirada de seus especialistas e a incapacidade de nos enviar outra ajuda. Naturalmente, do lado deles, esse negócio assumirá o caráter de uma luta política e ideológica. De nossa parte, nos esforçaremos para evitar que essa luta com eles se torne pública.

Porém, a atividade dos revisionistas chineses contra o nosso partido também será coordenada com a luta que eles travarão contra nós no exterior. Expliquei aos camaradas como essa luta deles no exterior se desenvolverá. As duas direções da luta têm o mesmo objetivo:

Em primeiro lugar, isolar o Partido do Trabalho da Albânia de todo o movimento comunista internacional, de modo que a justa voz marxista-leninista de nosso partido não seja ouvida neste movimento.

Em segundo lugar, criar vários grupos que se autodenominam “marxistas” e que consistem em provocadores, que surgiram como resultado de sua atividade de divisão nas fileiras dos partidos comunistas marxista-leninistas. Assim como os khrushchevistas, os chineses também criarão esses agrupamentos em seu favor, que serão financiados por eles e pela burguesia dos países em que forem criados. Por meio desses provocadores, eles tentarão desenvolver uma propaganda desenfreada contra o marxismo-leninismo; sua propaganda será direcionada especialmente contra o PTA e a favor da linha revisionista chinesa. O que aconteceu com os khrushchevistas acontecerá novamente com os chineses. No início, o Partido do Trabalho da Albânia se viu sozinho na luta aberta contra eles. Depois, o PCCh também se viu lutando contra os khrushchevistas, junto conosco, mas sem partir de posições marxista-leninistas claras. Em alguns momentos do desenvolvimento dos eventos, os chineses atacaram ombro a ombro conosco, depois se desviaram, e esse desvio deles do marxismo-leninismo continua. Em sua atual atividade revisionista, o objetivo do Partido Comunista da China é criar os chamados “partidos marxista-leninistas” e transformá-los em servos do revisionismo chinês, contra o marxismo-leninismo.

É nosso dever prever essa luta, seja no programa interno ou externo. Nossa luta será travada com base no marxismo-leninismo, que é a nossa teoria, com base nas orientações dadas pelo 7º Congresso do partido. Portanto, o que eu disse aos camaradas há dois dias em relação ao domínio adequado das ideias que foram desenvolvidas no Congresso e à explicação adequada dos problemas que estão ligados a elas deve ser sempre mantida em mente e nem por um momento negligenciada.

Muitas das principais questões e problemas políticos, ideológicos, econômicos e outros, abordados nos relatórios do 7º Congresso, devem ser analisadas e explicadas, e todas elas devem ser amplamente propagadas e desenvolvidas e tornadas tão compreensíveis quanto possível para os comunistas e as amplas massas do nosso povo. Elas devem servir em duas direções simultaneamente, tanto fora quanto dentro do país, de modo que, ao fazer isso, evitemos os objetivos diabólicos, hostis e antimarxistas dos revisionistas chineses. Para esse fim, acho que devemos formar grupos definidos com quadros qualificados, que devem pensar profundamente e apresentar teses sobre diferentes questões, que devem ser examinadas por nós e aprovadas por nós quando forem corretas. Sendo tratadas de maneira teórica e política, essas teses se tornarão a base para a formação ideológica-política de nossos quadros comunistas e das amplas massas populares. Esses materiais devem ser impressos por nós, traduzidos e enviados também para o exterior, para serem entregues aos partidos marxistas- leninistas como explicações adicionais dos documentos de nosso partido sobre os problemas fundamentais levantados pelo 7º Congresso. Dessa forma, creio que conseguiremos lidar com sucesso com o problema de ajudar o movimento comunista internacional antes que os agentes dos revisionistas chineses possam agir, porque é preciso prever que, nessa luta que estão travando contra o marxismo-leninismo e nosso partido, os chineses usarão muitos meios poderosos de propaganda.

Tenho certeza de que, se organizarmos a luta adequadamente (e é absolutamente essencial que organizemos essa luta adequadamente, porque é uma questão vital), desmascararemos os revisionistas chineses, mesmo sem falar abertamente sobre eles. Isso não significa que não devemos responder a um certo Hill e a este ou àquele que, sem nos mencionar pelo nome, atacará em coro as teses do 7º Congresso. Encontraremos a oportunidade ou o momento favorável para responder a todos eles ou àqueles que os revisionistas chineses possam ter usado para atacar as teses do 7º Congresso. A preparação que mencionei anteriormente serve a esse propósito. Se eles nos atacarem pelo nome, devemos considerar se devemos entrar em polêmica com um ou outro, ou se não devemos entrar em polêmica. O problema é que devemos tomar medidas bem pensadas para que possamos explicar da forma mais clara possível e defender as teses de nosso congresso de forma enérgica e também de uma forma corretamente marxista-leninista. Sua defesa deve ser feita explicando cada tese claramente e analisando-a da maneira mais compreensível possível, porque há e haverá militantes nas fileiras dos partidos marxista-leninistas irmãos que não compreendem a profundidade teórica e política de nossas teses. Na verdade, muitas dessas pessoas já estão aparecendo, porque nos partidos dos quais participam há um movimento em direção à rotina e ao seguidismo, ou seja, eles estão seguindo as teses impulsionadas pelos chineses.

A nosso ver, em seu curso, os chineses, Hill e companhia são social-democratas. Eles não entendem que os partidos comunistas marxista-leninistas estão lutando em condições excepcionalmente difíceis contra a burguesia armada até os dentes, contra o imperialismo americano e o revisionismo moderno, liderado pelo social-chauvinismo soviético. Eles não entendem que é absolutamente essencial trabalhar, preparar e praticar as duas formas de luta, legal e ilegal, e devem saber como combinar as duas, como nos ensina Lênin. Em palavras, os chineses aceitam essa linha, mas, na realidade, são apenas a favor de formas abertas e social-democratas porque, é claro, eles próprios são social-democratas, mas disfarçados com palavras de ordem “marxista-leninistas”, que, na verdade, são antimarxistas.

O outro problema que devemos ter em mente está relacionado ao trabalho dentro do país. Devemos deixar cada vez mais claro cotidianamente para todos e todas que, enquanto existirem elementos do inimigo de classe, eles trabalharão. Se o inimigo de classe tentar explorar as contradições que temos com o PCCh e a luta que está sendo travada contra a Albânia indiretamente por meio de rádios estrangeiras, com um bom trabalho de convencimento do partido, sua atividade não dará apenas grandes frutos, mas, ao contrário, ajudará a aumentar a vigilância dos comunistas e dos trabalhadores e a preparar o terreno para enfrentar dias ainda mais difíceis.

As questões econômicas são outro problema para nós. De forma alguma devemos pensar que essa luta que a China e os satélites dos EUA estão travando contra nós não terá efeitos negativos para nós. Devemos antecipar os efeitos negativos desse trabalho, prever e evitá-los. Em relação aos planos, devemos nos mobilizar totalmente para o cumprimento completo de todas as muitas metas, sem exceção, em todos os setores da economia e da vida de nosso país.

Nessa situação, o cumprimento das metas nos setores da agricultura e das minas, em especial, antes de tudo, na extração de petróleo, assume uma importância indiscutível. No setor petrolífero, devemos tomar muito cuidado, descobrir novos campos e não permitir nenhuma ruptura, porque devemos ter bem claro que, sem o petróleo, todos os setores de nossa economia ficarão para trás. Os outros minerais nos garantem uma boa renda, seja processando-os internamente ou exportando-os em sua forma bruta. Porém, na direção da exportação dos minerais, os inimigos podem nos sabotar, explorando, por exemplo, a indolência de alguns de nossos comerciantes, talvez assim não consigamos encontrar alguns mercados.

Devemos entender que não somos um estado que pode se dar ao luxo de acumular grandes estoques de minerais não vendidos. Caso contrário, serão criadas situações complicadas. Portanto, nesse sentido, as coisas devem ser pensadas profundamente; não apenas devemos ter planos especiais para cada situação difícil que prevemos que possa ser criada para nós, mas também é essencial que ajamos com a maior habilidade, tanto para o desenvolvimento de minas quanto para a exportação de minerais, sejam eles processados, semiprocessados ou como minérios brutos. Devemos nos esforçar ao máximo para garantir que nenhum estoque de minerais ou de outras mercadorias fique parado nos depósitos e em nossos portos.

Outro setor de importância vital para nós é a agricultura. Devemos desenvolvê-lo intensamente para que as pessoas possam ser alimentadas, vestidas e calçadas, de modo que o nível econômico e de qualidade de vida de nossos trabalhadores não sejam reduzidas.

Na realização de nossos planos, devemos avançar em todas as frentes, mas há certos projetos que, de fato, podemos ter previsto nesses planos, mas cuja construção pode esperar. Portanto, não devemos hesitar em deixá-los de lado temporariamente diante desses dois problemas fundamentais que não têm solução na situação atual.

Portanto, recomendei aos camaradas que pensassem nesses problemas com seriedade, o mais rápido possível, que não os deixassem na mão da espontaneidade nem se contentassem em tomar algumas medidas meia-boca. É essencial que o programa do trabalho que deve ser feito em todos esses problemas principais seja bem pensado.


Nota da tradução:

(1) Essas são notas do Diário Político Pessoal do camarada Enver Hoxha, nesses diários ele expressava opiniões pessoais sobre uma infinidade de assuntos. Algumas dessas opiniões pessoais não eram ainda aprovadas coletivamente pelo Comitê Central do Partido do Trabalho da Albânia (PTA), ou seja, não eram opiniões públicas do PTA sobre uma série de políticas. Esse conjunto de notas e teses do camarada Enver Hoxha foram publicadas apenas entre 1978 e 1979, após a ruptura da China contra a Albânia em julho de 1978. A publicação dessas notas, teses e sínteses foi aprovada pelo PTA com o objetivo demonstrar a investigação cotidiana e dialética que o camarada Enver Hoxha fazia da política de Mao Zedong e do PCCh desde 1962 até o momento da ruptura. (retornar ao texto)

Inclusão: 15/11/2023