(1715-1780): Filosofo francês do “século das luzes’'. Economista e filosófo deísta, fundador do sensismo; considerava que o valor das coisas era determinado pela utilidade. Embora sacerdote católico, propagou ativamente e desenvolveu a filosofia experimental de Locke na França pré-revolucionária, e, como tal, lutou de maneira consequente contra toda metafisica e todos os sistemas idealistas do século XVIII. Condillac — o discípulo direto e o interprete francês de Locke — logo assestou o sensualismo de Locke contra a metafisica do século XVII. Demonstrou que os franceses haviam repelido com razão essa metafisica como uma simples elucubração da imaginação e dos preconceitos teológicos. Publicou uma refutação dos sistemas de Descartes, Spinoza, Leibnitz e Malebranche. Em sua obra Ensaio sobre a origem dos conhecimentos humanos, desenvolveu o pensamento de Locke, demonstrando que não apenas a alma mas também os sentidos e não apenas a arte de fazer ideias mas também a arte das sensações materiais constituem produtos da experiencia e do habito. Todo o progresso do homem depende, pois, da educação e das circunstancias ambientes. Nas escolas francesas, somente a filosofia eclética é que veio a suplantar Condillac. Ele foi conduzido para um sensualismo extremo pelo desenvolvimento sistemático, unilateral, das concepções de Locke sobre a origem sensualista do nosso conhecimento na direção de uma psicologia associacionista, que faz derivar da sensação todos os processos da consciência. Ele se serve, para demonstrá-lo, de uma ficção desprovida de imaginação, de uma estatua que recebe sucessivamente diversas sensações e que, por simples transformação, fica dotada, assim, de todas as aptidões psíquicas do pensamento e do sentimento. O sensualismo de Condillac é absolutamente destituído de base materialista, acabando por se refugiar no asilo espiritualista da substância psíquica, que está na base da sensação simples e deve garantir a unidade da consciência. Nisso, é um modelo para toda a psicologia associacionista do século XIX, quando joga com os “átomos psíquicos”, fazendo, apesar de todo o seu “positivismo e fenomenalismo”, nada menos do que uma corte discreta e idealista à alma que lhe é tão cara.
Obras: Essai sur l'origine des connaissances humaines, 1746; Traité des systèmes, 1749; Traité des sensations, 1754.