Atualmente, entre nossos quadros veteranos, há indivíduos do tipo Gorlov(1) que fazem alarde de sua veteranice, sentem-se orgulhosos e envaidecidos simplesmente por terem mais de vinte anos de experiência revolucionária, por terem libertado diversas localidades e por terem contribuído para o fortalecimento do Partido e do Exército. Esquecem-se de que os marxistas jamais devem se dar por satisfeitos no aprendizado, e de que, enquanto viverem, devem seguir aprendendo. A sociedade avança incessantemente, e, portanto, devemos ter sempre em mente o ensinamento do Presidente Mao sobre a necessidade de “prevenir-se contra a arrogância e a precipitação”, agindo com modéstia e cautela.
Não dispomos de muitos quadros veteranos. Restam apenas algumas centenas daqueles que participaram da Grande Revolução (1924–1927), e uns poucos milhares daqueles que tomaram parte na Longa Marcha. Esses camaradas são extremamente valiosos. A sociedade lhes reserva respeito e o Partido os tem em alta estima. Contudo, seria perigoso que se vangloriassem de sua veteranice, se tornassem complacentes e perdessem o desejo de progredir. Se assim agirem, ficarão para trás e sua merecida glória acabará sendo manchada.
Alguns dirigentes de nossas organizações ainda consideram como novos quadros aqueles que se uniram à revolução durante a Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa (1937–1945) e que já possuem cerca de dez anos de militância no Partido. Tal visão é equivocada. Esses camaradas constituem precisamente o núcleo central de nosso contingente de quadros. É necessário capacitá-los devidamente para que assumam a missão de libertar toda a China. Por sua parte, esses camaradas devem estar, também, moralmente preparados para essa tarefa.
Os quadros que atuam em sua zona contam-se, no mínimo, por dezenas de milhares, e não por meros milhares. Ainda assim, os senhores continuam a se queixar da falta de quadros. Isso ocorre porque não souberam refletir devidamente sobre a questão dos quadros. A falta de promoção de quadros oriundos da base sufoca muitos talentos. É típico da mentalidade particularista não permitir, em hipótese alguma, que quadros de grande mérito sejam transferidos para outras localidades onde sejam necessários, e esperar que apenas após entregarem suas vidas pela revolução se lhes rendam elogios póstumos. Os quadros devem ser promovidos a partir da base, não devendo os senhores esperar que sejam sempre designados de cima para baixo. Também não devem temer que seus subordinados venham a “usurpar o poder”. Cada um de nós deve preparar seus substitutos, de modo que o trabalho possa prosseguir devidamente tanto em sua ausência quanto em sua presença. Se, após sua transferência, o trabalho for por água abaixo, pode-se dizer que se tratava realmente de alguém altamente capacitado? Basta que cada nível de direção forme substitutos qualificados para preencher as vagas e não haverá mais por que se preocupar com a falta de quadros.
No curso da reforma agrária, as massas, ao se levantarem, expulsarão certos maus quadros, e isso será algo positivo, pois servirá de advertência para os demais. Trata-se, justamente, da supervisão das massas. Nós dirigimos as massas, e estas, por sua vez, exercem supervisão sobre nós. Apenas esse aprendizado mútuo e essa crítica recíproca nos permitirão avançar.
Precisamos formar um grande número de quadros. As entidades oficiais devem ser simplificadas, ao passo que a direção das escolas deve ser fortalecida. É necessário preservar e capacitar, de maneira planificada, um bom contingente de quadros, a fim de empregá-los futuramente, quando avançarmos sobre outras regiões. Esta é uma tarefa de suma importância.