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Ajustar-se a essas leis mestras, aplicá-las com realismo, adaptá-las às condições dadas, fazê-las entrar na vida, dar, dentro desse quadro sólido, livre curso ao próprio senso da classe, à própria intuição revolucionária, ao próprio espírito de iniciativa bolchevique; numa palavra: praticar uma verdadeira autodefesa política, servida por uma justa estratégia ofensiva, significa incluir em seu jogo a melhor chance de salvação, suscitando o defensor mais eficaz, “a verdadeira defesa ofensiva: a' reação libertadora das massas’’.
—-“Eu sabia”, disse-me Dmitrov, “que, se ainda existisse possibilidade para nós de salvação, esta não poderia resultar senão de nossa luta corajosa, consequente e bolchevique perante o tribunal, em ligação com a grande vaga de descontentamento, levantada pelas provocações, na Alemanha e no estrangeiro”.
Mas uma boa autodefesa política, inteligentemente, audaciosamente ofensiva, — qualquer que seja a sorte pessoal do seu herói, — produz sempre consequências imediatas e longínquas, cujo melhor exemplo, entre tantos outros, é dado pela vitória de Leipzig.
Ela desarticula os planos, quebra as armas do inimigo. Pode mesmo forçá-lo a recuar amanhã, perante os novos crimes, judiciário ou não, que, à base de um precedente que, sem tua resistência, teria produzido o êxito desejado, ela contava preparar contra outros militantes, contra teus camaradas ou teus chefes também reduzidos à condição de reféns. Contribui para desacreditá-lo publicamente, para mobilizar centra ele a indignação das camadas populares antifascistas ou hesitantes.
Ela consegue conquistar, em proveito de tua causa, não a piedade, que o coração popular jamais regateia à inocência, “mas a simpatia ativa, o entusiasmo operante dessas massas nacionais e internacionais das quais te soubeste mostrar digno porta-voz".
Exalta a coragem dos nossos militantes que, dizimados, encurralados, proscritos, se encontram muitas vezes dispersos, isolados nas masmorras, nos campos, nas ilhas ou na ilegalidade.
Mostrando-lhes o que podem o heroísmo e a inteligência revolucionários, mesmo quando em mãos do inimigo, ela prova “que, absolutamente, não é tão terrível quanto parece lutar contra os fascistas”, e isto entre eles sob ameaça de suas trapaças e de suas garras e que é possível enfrentar vitoriosamente a fera e domá-la.
“Pode mesmo fornecer ao Partido uma contribuição ideológica, uma ajuda educativa, de alcance imenso”.
Muito próximo de nós, dois grandes exemplos: Itsikava, empregando sua habilidade para escorregar, por entre as interrupções e as represálias de um presidente, a história dos dez últimos anos de seu Partido para a formação dos novos quadros; Dmitrov, expondo a política nacional de seu Partido com a análise crítica de seus erros; Dmitrov, pondo a descoberto a fraqueza, a precariedade do fascismo, no próprio lugar e no próprio momento onde ele parece mais poderoso; Dmitrov, defendendo os trabalhadores social-democratas e até o seu Partido (em 1933!) para suscitar a formação de uma frente única; Dmitrov, amadurecendo a semente unitária, forçando genialmente a passagem para a aliança do proletariado com as camadas medias, para as Frentes populares nacionais, para a frente internacional dos povos que se unem para salvar a paz, a liberdade, a civilização.