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Pode-se considerar como certo que no momento da insurreição proletária, a diferença entre a burocracia social-democrata e os fascistas será reduzida ao mínimo, senão a zero. Durante as jornadas de Outubro, os mencheviques russos e os socialistas-revolucionários lutaram contra o proletariado de mãos dadas com os cadetes (democratas-constitucionais), os kornilovianos, os monárquicos. Os bolcheviques saíram em Outubro do pré-parlamento para a rua para chamar as massas à insurreição armada. Se um grupo qualquer de monárquicos tivesse deixado o pré-parlamento ao mesmo tempo que os bolcheviques, isso não teria tido qualquer significado político porque os monárquicos foram derrubados ao mesmo tempo que os democratas.
Todavia, o Partido chegou à insurreição de Outubro passando por uma série de degraus. Durante a manifestação de Abril de 1917, uma parte dos bolcheviques lançou a palavra de ordem «Abaixo o governo provisório». O comité central chamou logo à ordem os ultra-esquerdistas. Nós devemos, bem entendido, propagar a necessidade de derrubar o governo provisório mas não podemos ainda chamar as massas à rua com essa palavra de ordem, porque estamos ainda em minoria na classe operária. Se, nessas condições, nós conseguimos derrubar o governo provisório, não o poderíamos substituir e, por consequência, ajudaríamos a contra-revolução. É preciso explicar pacientemente às massas o carácter antipopular desse governo antes que soe a hora do seu derrube. Tal foi a posição do Partido.
No período seguinte, a palavra de ordem do Partido foi «Abaixo os ministros capitalistas». Era uma pressão sobre os sociais-democratas para romper a coligação com a burguesia. Em Julho, nós dirigimos a manifestação dos operários e dos soldados sob a palavra de ordem: «Todo o poder aos Sovietes», o que significava nesse momento: todo o poder aos mencheviques e aos socialistas-revolucionários. Os mencheviques e os socialistas-revolucionários, com os guardas brancos, nos esmagaram.
Dois meses depois, Kornilov insurgiu-se contra o governo provisório. Na luta contra Kornilov, os bolcheviques logo ocuparam as primeiras posições. Lénine encontrava-se nesse momento na ilegalidade. Milhares de bolcheviques se encontravam nas prisões. Os operários, os soldados e os marinheiros exigiam a libertação de seus chefes e dos bolcheviques em geral. O governo provisório recusou. O Comité central do partido bolchevique não devia dirigir-se ao governo de Kerensky com esse ultimato: libertar imediatamente os bolcheviques e renunciar acusá-los ignobilmente de estar aos serviço dos Hohenzollern – e, em caso de recusa da parte de Kerensky, recusar combater Kornilov? Assim agiria certamente o Comité central de Thaelmann-Remmele-Neumann. Mas não foi assim que agiu o Comité central dos bolcheviques. Lénine escreveu então:
«Seria profundamente errado acreditar que os proletariado revolucionário é capaz, para dizer assim, por 'vingança' contra os mencheviques e os socialistas-revolucionários que apoiaram as perseguições contra os bolcheviques, as execuções na frente e o desarmamento dos operários, de 'recusar' de os apoiar na luta contra a contra-revolução. Um tal maneira de colocar a questão seria, primeiramente, uma tentativa de querer atribuir ao proletariado as noções pequeno burguesas de moral (pois para utilidade da causa, o proletariado apoiaria sempre não somente a pequena burguesia oscilante, mas mesmo a grande burguesia); isso seria, em segundo lugar – e é essencial – uma tentativa pequeno burguesa de cobrir, com a ajuda da 'moral', o fundo da coisa».
Se não nos tivéssemos oposto em Agosto a Kornilov e lhe tivéssemos facilitado a vitória, ele teria, antes de tudo, exterminado a élite da classe operária e, por consequência, ele nos teria impedido de vencer dois meses depois os conciliadores e de os castigar – não verbalmente, mas realmente – pelos seus crimes históricos.
É precisamente a «moral pequeno burguesa» que fazem os Thaelmann e companhia, quando, para justificar a sua própria reviravolta, começaram por descrever as numerosas ignomínias dos chefes sociais democratas!
Inclusão | 14/05/2017 |