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Qual era o objectivo político procurado pela reviravolta da direcção do P. C.? Mais se lê os documentos oficiais e os discursos dos dirigentes, menos se compreende o sentido. 'O governo da Prússia, nos dizem, abre o caminho ao fascismo. É completamente exacto. O governo do Reich de Brüning, acrescentam os chefes do P. C. alemão, só faz na realidade que fascizar a república e já cumpriu nesse domínio um grande trabalho. Completamente justo, nós respondemos a isso. Ora, sem Braun na Prússia, Brüning não se pode manter no Reich! Nos dizem os estalinistas. Isso é justo, respondemos. Até esse ponto, estamos completamente de acordo. Mas quais conclusões políticas é preciso tirar? Não temos qualquer razão de apoiar o governo de Braun, de tomar uma qualquer responsabilidade por ele diante das massas, ou de enfraquecer com um iota a nossa luta contra o governo Brüning-Braun. Porque, se nos acusamos justamente a social-democracia de ter preparado o caminho ao fascismo, nossa tarefa não deve de forma alguma consistir a encortar o caminho ao fascismo.
A carta do Comité central do Partido comunista alemão do 27 de Julho dirigida a todas as células revela de uma maneira particularmente cruel a inconsistência da direcção porque ela é o produto de um exame colectivo da questão. O essencial desta carta, a confusão e as contradições postas de lado, se reduz a esta ideia que em resumo não há qualquer diferença entre a social-democracia e os fascistas, isto é que não há qualquer diferença entre o inimigo que engana os operários e os trai em explorando sua indulgência, e o inimigo que quer simplesmente o degolar. Vendo toda a inépcia de uma tal identificação, os autores da carta circular operam uma brusca reviravolta e apresentam o referendo vermelho como « uma aplicação decisiva da política da frente única por baixo (!) em relação aos operários sociais-democratas, aos operários cristãos e e sem partido ». Nenhuma cabeça proletária jamais poderá compreender porquê a participação no plebiscito ao lado dos fascistas contra os sociais-democratas e cristãos. Trata-se, com todas as evidências, desses operários sociais-democratas que, em se afastando do seu partido, tomaram parte no referendo. Quantos são? Por política de frente única deve-se, de qualquer modo, compreender uma acção comum, não com os operários que abandonaram a social-democracia, mas com os que ficaram nas suas fileiras. Infelizmente, eles são ainda bastante numerosos.
Inclusão | 14/05/2017 |