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A todos os Operários! Ao Povo Brasileiro!
Camaradas e Concidadãos!
Saudemos calorosamente o heróico proletariado de São Paulo que se levanta neste momento contra a miséria e a fome e enfrenta com coragem e decisão a polícia assassina de Getúlio e Garcez. Uma onda de indignação popular varre o país inteiro, de Norte a Sul, contra a política de guerra, de traição nacional, de miséria crescente e de terror policial de Vargas e demais politiqueiros que o apoiam. Após as memoráveis lutas do povo gaúcho, as grandes greves dos têxteis de Pernambuco e do Distrito Federal, quando os nossos irmãos do Nordeste são obrigados a invadir feiras e povoados para tentar matar a fome de seus filhos, ergue-se no maior centro industrial do país a classe operária que, utilizando a arma da greve, reivindica melhores salários, exige um paradeiro à alta crescente do custo da vida, protesta contra a racionamento de energia elétrica, que determina o desemprego de milhares de trabalhadores, e reclama o respeito aos direitos e conquistas democráticas de nosso povo.
O vasto movimento grevista do proletariado de São Paulo, que abarca centenas de milhares de operários têxteis, metalúrgicos, marceneiros, e de outros ramos importantes da produção, abala o país inteiro, leva o desespero e o pânico às fileiras dos reacionários e dos agentes do imperialismo, e indica a todos os trabalhadores brasileiros, a todo o nosso povo, qual o caminho a seguir para por um fim à miséria crescente que a todos atinge e ameaça a vida de nossos filhos.
Há muito o Partido Comunista do Brasil vem dizendo que não há outro caminho. Só a luta, só a ação unida e organizada das granes massas trabalhadoras pode enfrentar e derrotar a política de guerra, de miséria e fome do atual governo de latifundiários e grandes capitalistas servicais do imperialismo. Getúlio e Garcez e todos os politicos que os apoiam pensavam poder enganar com promessas aos trabalhadores esfomeados, mas quando os operários de São Paulo exigem concretamente arroz a 7 cruzeiros e feijão a 8, o governador de São Paulo responde com o chanfalho dos cavalarianos, com as bombas e metralhadoras do bandido Reali. A classe operária consciente de sua própria força não teme porém os arreganhos da reação e com o apoio de todo o povo enfrenta com heroísmo e destemor esse governo de traição nacional e sua polícia de bandidos e assassinos.
O sr. Vargas, com a sua política de preparação do país para a guerra e de total submissão aos imperialistas americanos, a quem vende o Brasil e promete o sangue de nossa juventude, levou o país ao abismo, à situação de catástrofe a que chegamos com milhões de trabalhadores reduzidos à mais extrema miséria, com a fome a matar homens e mulheres, crianças, jovens e velhos, desde as estradas do Nordeste até os mocambos do Recife, as favelas do Rio de Janeiro, ou as ruas e praças dos grandes centros industriais do país. À custa da mais desenfreada exploração, os patrões, com o apoio do governo e de sua polícia, arrancam das costas dos trabalhadores lucros fabulosos e crescentes, jamais conhecidos.
O governo reduz ostensivamente o valor aquisitivo do cruzeiro, sobem os preços dos artigos de primeira necessidade, não tem limite a ganância dos açambarcàdores, campeiam as mais escandalosas negociatas. Não há hospitais, nem escolas, nem transporte para o povo, mas o sr. Vargas zomba da desgraça dos trabalhadores e emprega bilhões de cruzeiros na compra de aviões a jato, de navios de guerra e armamentos, prossegue friamente em sua política de preparação do país para a guerra, tornando, assim, cada vez maior o perigo que ameaça o nosso povo de ser envolvido numa nova guerra imperialista.
É contra essa política de guerra, de fome e reação policial que se levanta agora o heróico proletariado de S. Paulo. Sua luta é, pois, a nossa própria luta, é a luta de todos os trabalhadores, de todos os patriotas e democratas, de todos os que não estão dispostos a se deixar matar de fome, que não querem ser arrastados como carne de canhão a uma nova matança imperialista, é a luta de todos os que desejam uma pátria livre e próspera. A causa dos operários de S. Paulo é a justa causa de todo o povo brasileiro contra um punhao de traidores da pátria, é uma causa invencível, portanto. Derrotar a política de guerra e de traição nacional de Vargas é avançar no caminho da unificação das amplas forças patrióticas e democráticas, é lutar por um novo governo, efetivamente popular, que entregue a terra aos camponeses, que confisque as empresas americanas, que garanta a paz e assegure o bem-estar e a cultura para o povo.
Queridos e valentes camaradas de São Paulo.
Convosco estão todos os brasileiros honestos e patriotas. Podeis vencer a ganância dos patrões e a brutalidade dos policiais de Getúlio e Garcez. Está em vossas mãos quebrar e fazer em frangalhos a política de guerra, de miséria e fome, a política de traição nacional de Vargas e seus associados. Mas, a vitória depende de vossa persistência na luta, da unidade e organização de vossas fileiras. Reforçai as comissões de empresa! Cerrai fileiras em vossos sindicatos! A vitória exige de vossa parte mais ação e combatividade. Não cruzeis os braços como desejam vossos inimigos e todos os demagogos, porque a vitória exige atividade de todos e de cada um, a vitoria exige luta. Intensificai a ação de vossos piquetes de greve! As ruas e as praças são do povo — lutai pelo direito da livre manifestação! Prossegui em vossos comícios, passeatas e demonstrações! Exigi a fixação imediata dos preços dos produtos de primeira necessidade e organizai vossas próprias comissões de fiscalização dos preços nos sindicatos e nos comitês populares!
Trabalhadores do Brasil! Apoiai os companheiros de São Paulo! Segui o seu exemplo, lutai pelas vossas reivindicações, contra a carestia da vida, pela paz, pelas liberdades! Paralisai o trabalho em solidariedade com os grevistas de S. Paulo! Enviai auxílio financeiro, mensagens e telegramas de apoio! Levantai em vossos sindicatos a necessidade desse apoio prático e efetivo ao proletariado paulista! Protestai contra as violências e arbitrariedades policiais!
Salve a heróica luta do proletariado de S. Paulo! Tudo pela vitória! Contra a carestia da vida, pela rebaixa imediata dos preços de todos os artigos de consumo popular!
Pela paz, contra o "Acordo Militar" com os Estados Unidos! Pela unidade da classe operaria! Cerrai fileiras em vossos sindicatos!
Viva a união de todos os brasileiros para a luta pela paz, as liberdades e a independência nacional!
Por um governo democrático-popular!
O Comitê Nacional do Partido Comunista do Brasil
Rio, 4 de abril de 1953.
Inclusão | 06/03/2011 |