Trotsky e o Trotskismo


A Paz de Brest-Litovsk


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Em 1918, durante as conversações de paz em Brest-Litovsk, os «comunistas de esquerda», dirigidos por Bukharin e Piatakov, ergueram-se com violência contra a justa política de Lenine, preconizando, sob a palavra de ordem de «guerra revolucionária», que a fraqueza militar do jovem poder dos Sovietes tornava impossível, uma tática de aventuras que teria conduzido à ruína o governo operário e camponês.

Trotsky, uma vez mais, adoptou uma posição conciliadora, que se opunha de fato à posição leninista e servia os «comunistas de esquerda». A palavra de ordem trotskista era «nem guerra nem paz», isto é, cessar a guerra, mas não assinar a paz! O que apenas podia lançar a confusão entre as massas operárias e camponesas e o que foi utilizado pelo imperialismo alemão para continuar as operações militares e conquistar novos territórios soviéticos.

Durante as conversações com o comando alemão, Trotsky violou conscientemente as instruções de Lenine e do Comité Centrai, recusando-se à conclusão imediata da paz, o que acarretou para a República dos Sovietes condições de paz ainda mais desvantajosas. Só a firmeza de Lenine e da maioria bolchevique assegurou então a salvação do poder dos Sovietes.

Eis alguns breves extractos em que Lenine mostra a inconsciência da posição trotskista:


A Falsa Tática de Trotsky


A tática de Trotsky tornou-se falsa quando se declarou findo o estado de guerra, sem que a paz fosse assinada. Eu propus categoricamente que se assinasse a paz. Nós não podíamos obter uma paz melhor que a de Brest-Litovsk... Quando o camarada Trotsky formula novas reivindicações: «Assumam o compromisso de não assinar a paz com Vinnichenko» — eu digo que não desejo, de forma nenhuma, assumir esse compromisso... Isso seria, em vez de seguir uma linha clara que consiste em manobrar — recuando e, por vezes, quando isto é possível, passando à ofensiva — amarrar novamente as mãos, por meio de um compromisso puramente formal...

O camarada Trotsky diz que a paz seria uma traição no sentido pleno do termo. Eu afirmo que esse é um ponto de vista absolutamente errôneo. Para o mostrar concretamente, tomarei um exemplo. Dois homens passeiam. Dez homens atacam-nos. Um defende-se e o outro escapa-se. Isto é uma traição, mas se dois exércitos de 100 000 homens estiverem frente a cinco exércitos, e se um deles for cercado por 200 000 homens e o outro, que o deveria socorrer, souber que 300 000 homens lhe preparam uma emboscada, poderia, a partir deste momento, ir em socorro do primeiro? Não, não poderia. Isto não é uma traição, nem é covardia. Uma simples mudança de número modificou todas as noções, qualquer militar sabe, não se trata aqui de ideias pessoais; poupo o meu exército; que o outro seja feito prisioneiro, seja, eu reconstituirei o meu, tenho aliados, esperarei, eles chegarão. Só se pode raciocinar deste modo, mas quando às considerações de ordem militar vêm acrescentar-se considerações de outra ordem, já não há senão frases, nada mais. Fazer política assim não é possível.

8 de Março de 1918.
V. I. Lenine: «Discurso de conclusão sobre a guerra e a paz»,
VII Congresso do Partido Comunista da Rússia,
Obras completas, tomo XII, pp. 333-334, ed. r.


Inclusão 25/05/2014