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Na Assembleia de Delegados do Exército, realizada no dia 24 de Julho de 1975 (véspera da Assembleia de Delegados do M. F. A.), no Centro de Sociologia Militar, e presidida pelo general Carlos Fabião, foi apresentada pelo capitão Vasco Lourenço uma moção na qual se punha em causa o procedimento global da 5.ª Divisão do E. M. G. F. A. — e em particular a sua actuação no fim-de-semana de 19-20; o documento acabava propondo a suspensão da actividade da 5.ª Divisão e sua futura reestruturação.
Segundo aquela capitão, a moção teria sido aprovada em reunião de cerca de 70 oficiais do Q. P. da Arma de Infantaria, efectuada em Mafra, julga-se que na terça-feira anterior, dia 23.
A moção — e o modo como foi apresentada — não mereceram a aceitação da Assembleia do Exército, pelo que o proponente foi forçado a retirá-la.
Sobre o assunto, o Plenário da 5.? Divisão, reunido em sessão semanal ordinária no dia 1 de Agosto, com a presença de cerca de 70 elementos (oficiais e sargentos do Q. C. e do Q. P.) e presidido pelo chefe da Divisão, comandante Ramiro Correia, considerou:
Nestes termos decidiu o Plenário da 5.ª Divisão requerer ao general-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, como primeiro responsável pelos órgãos do seu Estado-Maior de que a 5.ª Divisão faz parte, que se digne promover com urgência e rigor, a execução das seguintes medidas:
Primeira — Mandar apurar qual a verdadeira natureza e intenções da reunião efectuada na E. P. I., em Mafra, no dia 23; para o que se junta fotocópia da notícia inserta na primeira página do semanário «Expresso», na sua edição do dia 26 de Julho.
Segunda — Averiguar qual o papel desempenhado nessa reunião — e eventualmente em outras — pelo capitão Vasco Lourenço e a que título se arvorou em seu porta-voz junto da Assembleia do Exército.
Terceira — Determinar qual o grau de envolvimento desse oficial — e eventualmente de outros — nas manobras políticas desenvolvidas e dirigidas pelo Partido Socialista contra a figura do primeiro-ministro, general Vasco Gonçalves, e negando a representatividade dos órgãos estruturais do M. F. A.
Quarta — Suspender desde já as suas funções — e enquanto durar o inquérito a instaurar às suas actividades — o capitão Vasco Lourenço por manifesta manipulação da opinião militar e da opinião pública; o que se comprova com fotocópias de artigos dos «Jornal do Comércio», edições dos dias 5 e 7 do corrente, que reproduzem um improviso daquele oficial proferido na Assembleia do Exército e que só por utilização abusiva das bobinas de gravação arquivadas no Centro de Sociologia Militar pode ter chegado ao conhecimento do jornal citado.
Quinta — Ordenar aos militares, de qualquer categoria ou em qualquer função, que continuam tentando caluniar a 5.ª Divisão do E. M. G. F. A. que apresentem, dentro de um prazo mínimo, provas das suas afirmações; nomeadamente no que respeita às alegadas ligações entre a 5.ª Divisão e o Partido Comunista.
Prever a exemplar punição desses militares difamadores, indignos de pertencerem às Forças Armadas Revolucionárias Portuguesas, dentro do espírito da disciplina revolucionária, cuja necessidade tantas vezes tem sido referida por Sua Ex.ª o general-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas.
Lisboa, 6 de Agosto de 1975.
continua>>>Inclusão | 14/05/2019 |