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1 — Do RTMs (Transmissões do Porto), Unidade que veio em peso à grandiosa manifestação dos SUV de 10 de Setembro, foram retiradas 700 armas aos trabalhadores fardados, nas suas costas e por ordem do Comando da Região Militar do Norte.
O destino destas armas não é conhecido, mas uma coisa é certa, as armas já não estão nas mãos daqueles que o POVO do Porto em 10 de Setembro reconheceu estarem, sempre, sempre ao lado do Povo.
2 — Hoje houve uma tentativa de afastar sete militares progressistas do seu quartel, no CICA.
CAMARADAS É URGENTE DARMOS UMA RESPOSTA
A batalha que se trava é decisiva.
Soldados do Norte, todos ao lado dos nossos irmãos do CICA cujo combate, não permitindo que os 7 camaradas expulsos, saiam da sua Unidade, é também o nosso!
Se os soldados do CICA cedem, a reacção tentará avançar sempre e sempre, e pôr todos os Soldados, seja qual for o seu quartel, de joelhos perante a disciplina militarista e os senhores de canos altos e pinglin.
É tempo de dizer basta a todas estas manobras que os Comandantes fazem nas nossas costas.
NÃO ADMITIMOS SER DESARMADOS. NÓS QUE JÁ DEMONSTRAMOS AO POVO DO PORTO DE QUE LADO ESTAMOS!
JAMAIS PERMITIREMOS QUE OS NOSSOS CAMARADAS SEJAM EXPULSOS DO CICAI NEM MAIS UM SÓ SOLDADO EXPULSO DO SEU QUARTEL!
S.U.V. / NORTE
SOLDADOS UNIDOS VENCERÃO
3/10/1975
★★★
AOS SOLDADOS, MARINHEIROS, OPERÁRIOS E CAMPONESES:
O C.I.C.A. foi encerrado.
O brigadeiro Pires Veloso, usando da rádio e dos jornais, deu a sua razão.
Nós vamos contar a verdade.
A História de uma luta
— Desde Julho deste ano que os oficiais reaccionários tentam dominar o C.I.CA. Assim logo nesse mês três militares progressistas viram-se expulsos do quartel. A causa? Terem afirmado num plenário que os soldados não são neutros, que estão do mesmo lado da barreira — sempre, sempre unidos ao lado do povo!
— Com uma recruta em princípio do Setembro, novo sangue entrou no C.I.C.A. Sangue de Jovens trabalhadores cada vez mais conscientes e experientes na luta organizada contra a exploração capitalista.
— Cedo foram alvo de controlo por parte dos oficiais reaccionários. Novamente a disciplina militarista lhes foi incutida, idêntica à praticada no regime fascista, isto é, a disciplina que obriga à obediência cega dos soldados, seja qual for a ordem que recebam e permite a insubordinação dos comandantes quando recusam obedecer ao Brigadeiro Corvacho.
— Em 10 do Setembro, pela primeira vez, os soldados do C.I.C.A. têm oportunidade de se pronunciar. Fizeram-no em massa, lado a lado com as «minorias», isto é, com 1500 soldados e dezenas de milhar de trabalhadores na manifestação do SUV-Porto. Os Soldados do C.I.C.A. estiveram lá apesar de ter havido tentativas de os impedir de comparecer.
— Em 11 de Setembro, aniversário da tragédia chilena, mais de trezentos soldados do C.I.C.A. formam na parada, arma em punho e guardam um minuto de silêncio pelos milhares de trabalhadores assassinados no Chile.
— Em 14 de Setembro fazem um levantamento do rancho, recusando a comida para porcos que lhes era dada. Nesse mesmo dia, opõem-se, fechando os portões, à expulsão dum oficial miliciano, falsamente acusado de ser o instigador, dum acto que não foi senão a vontade colectiva de trabalhadores fardados conscientes.
Por tudo isto os soldados do C.I.C.A., começaram a ser o farol que iluminava o caminho que deviam seguir todos os soldados do Norte: por tudo isto, constituíram, a exemplo dos soldados do RAIIS e da P.M. um verdadeiro perigo para a burguesia. Esta procura desacreditar e aniquilar as unidades revolucionárias, criando paralelamente uma força reaccionária — A.M.I. — destinada a reprimir as lutas operárias e populares.
É integrada neste plano que surge a actuação do brigadeiro Veloso.
Depois de ter quebrado os dentes quando quis destruir o RAIIS, o brigadeiro Veloso, homem experiente (mas frustrado) nestas lides, atira-se ao CICA.
Sabendo-se impotente perante a força da unidade dos soldados, quer dividir para reinar: tenta afastar dois oficiais milicianos progressistas e envia 5 soldados para longe da sua terra e da sua família! A manobra é clara: — se a consegue, o medo de ser enviado para centenas de quilómetros da sua casa, poderia fazer calar a voz, a coragem e dignidade dos soldados, poderia quebrar a sua unidade.
Mas o «brilhante estratega» enganou-se. Não sabia, e nunca saberá (como todos os da sua classe) o que pensa e como age um trabalhador fardado.
Ficou, pois, surpreendido com a recusa unânime dos soldados em aceitarem essa manobra reaccionária. Tão surpreendido que deixou cair a máscara de «revolucionário». Servindo-se de ex-legionários (sarg. Diegues), ex-candidatos a Pide (sarg. Bernabé), actuais spinolistas (cap. Morais) e reaccionários (cap. Malheiro, etc.), armas em riste e ameaças de morte, mandou atacar os soldados desarmados e expulsou-os todos do seu quartel!
CAMARADAS!
Este foi o mais grave atentado feito até hoje contra a luta pelos direitos dos trabalhadores fardados!
Nós já o dissemos e não nos cansaremos de o repetir: ceder hoje na luta do CICA, porá todos os soldados de todos os quartéis, na possibilidade de amanhã estarem de joelhos perante a disciplina militarista.
POR ISSO A LUTA DOS SOLDADOS DO CICA É DE TODOS OS SOLDADOS!
E, camaradas, se a reacção vencer, se ela puser os soldados cegamente obedientes à disciplina dos senhores dos quartéis, então TODOS os trabalhadores, TODAS as suas lutas, TODAS as suas organizações, TODAS as suas conquistas estão em perigo!
POR ISSO A LUTA DOS SOLDADOS DO C.I.C.A. É DE TODOS OS TRABALHADORES!
— É necessário trazer os nossos irmãos soldados do RAAF, enganados por aqueles que a nós e a eles oprimem, trazê-los para o nosso lado, para juntos combatermos o inimigo comum: os oficiais reaccionários.
— É necessário dizer não à expulsão colectiva dos soldados do CICA!
— É necessário expulsar os reaccionários dos quartéis!
É NECESSÁRIO E FA-LO-EMOS!
Todos à manifestação, 2.ª Feira às 19 horas!
Praça Humberto Delgado!
SECRETARIADO SUV-NORTE
SUV-CICA
5/10/1975
★★★
reunidos de emergência no dia 5 de Outubro de 1975, pelas 10 horas, face aos últimos acontecimentos verificados no Porto no CICAP, e,
apelam para todas as Comissões de Moradores, Comissões de Trabalhadores, outras organizações de base e População em Geral para participarem na MANIFESTAÇÃO de repúdio à tentativa de saneamento colectivo dos soldados do CICA, a realizar amanhã, segunda-feira, dia 6 de Outubro de 1975, pelas 19 horas na Praça General Humberto Delgado.
O CICA É DO POVO NÃO É DO VELOSO!
ABAIXO O PRÉ DE MISÉRIA!
TRANSPORTES GRATUITOS, JÁ!
SOLDADOS, SEMPRE, SEMPRE AO LADO DO POVO!
REACCIONÁRIOS FORA DOS QUARTÉIS, JÁ!
TRABALHADORES, SOLDADOS, MORADORES, ASSEMBLEIAS POPULARES!
PORTUGAL NÃO SERÁ O CHILE DA EUROPA!
OPERÁRIOS, CAMPONESES, SOLDADOS E MARINHEIROS, UNIDOS VENCEREMOS!
5/10/1375
★★★
Utilizando ex-legionários como o sargento Diegues, dando ordens com G3 apontadas e de bala na câmara, cometendo o crime de pôr soldados a atacar soldados, o brig. Pires Veloso ordenou o assalto pela força, do CICAP e pretende assim fazer desaparecer uma unidade progressista.
O ataque de que o CICAP foi alvo não é um acto isolado mas uma parte de uma mais vasta manobra que passa pelo acusar falsamente o RALIS de estar a preparar golpes, que passa pelos ataques ao RPM e que só serve para facilitar o avanço da reacção que conduzirá ao regresso do fascismo.
CAMARADAS.
Desta vez foi o CICAP, da próxima seremos nós. Só assim não acontecerá se esta manobra contra o CICAP não for avante, se opusermos desde já a esta manobra reaccionária a nossa unidade e a nossa luta firme sempre ao lado do Povo.
Realizemos imediatamente plenários nas nossas unidades!
Discutir e tomar posição sobre o assalto ao CICAP é a primeira tarefa de hoje.
CAMARADAS.
Manifestemos o nosso protesto contra o ataque de que o CICAP foi vitima e a nossa solidariedade de luta. Fazê-lo é não deixar perder a Revolução iniciada em 25 de Abril de 1974.
Temos de impedir o avanço da reacção!
Temos de impedir a liquidação das Unidades Revolucionárias!
TODOS À MANIFESTAÇÃO
COIMBRA
Dia 9 — Quinta-feira — 19.30 h. — Praça 8 de Maio
SOLDADOS UNIDOS VENCERÃO
SUV/RMC
5/10/1975
★★★
A ofensiva reaccionária não para. Ainda esta semana o comandante da Região Militar do Norte atacou o CICAP traiçoeiramente, na altura em que a maioria dos camaradas estava fora da unidade. O reaccionário Pires Veloso obrigou os nossos camaradas do BAAF a virarem as suas armas contra os camaradas do CICAP, obrigando-os a irem para a parada sob à ameaça das armas, como cães. Esse fascista utilizou os nossos camaradas dos «comandos» como os fascistas utilizavam a PIDE e a Polícia de Choque contra os nossos irmãos de classe, os trabalhadores.
Camaradas, temos de nos reunir nas nossos unidades, apoiar a justa luta do CICAP, ir à manifestação de hoje, no Porto, às 19 horas, na Praça Humberto Delgado.
Denunciemos energicamente as manobras que a burguesia e o seu braço armado (os militares reaccionários) nos estão a impor, as tentativas de extinção das unidades progressistas.
REACCIONÁRIOS FORA DOS QUARTÉIS, JÁ!
SOLDADOS SEMPRE, SEMPRE AO LADO DO POVO!
OPERÁRIOS E CAMPONESES, SOLDADOS E MARINHEIROS, UNIDOS VENCEREMOS!
S.U.V. / R.M.L.
SOLDADOS UNIDOS VENCERÃO
6/10/1975
★★★
SOLDADOS, MARINHEIROS, OPERÁRIOS E CAMPONESES
Grande número de camaradas garante neste momento no interior do RASP a continuação da luta pela restituição do CICAP aos seus soldados. A isso nos obrigou a historia do comandante da RMN, Pires Veloso, e dos seus oficiais e sargentos que fazem o papel da sua polícia.
Não tínhamos outra solução perante os ataques contra os civis desarmados e as ameaças de disparo contra a grandiosa manifestação convocada pelos SUV-CICAP e SUV-NORTE.
Esta jornada do luta, destinada a libertar o CICAP das mãos reaccionárias do comandante Pires Veloso, põe em pânico, todos os reaccionários dentro e fora do CICAP.
Os sargentos e oficiais reaccionários que durante os dias anteriores bateram em crianças e mulheres, e atingiram com um tiro um trabalhador, ficaram calados e quietos perante a demonstração de força de soldados e trabalhadores do Porto reunidos na manifestação às portas do CICAP.
Os soldados e trabalhadores presentes na manifestação chamaram os soldados que se encontravam dentro do CICAP para o seu lado, para o lado do povo trabalhador. Mas sabíamos pela nossa experiência como é difícil resistir às ordens reaccionárias de oficiais enfurecidos. Desconhecíamos as pressões a que estavam a ser sujeitos os nossos camaradas no interior do CICAP. Não queríamos nem queremos virar soldados contra soldados.
Por isso, às duas da manhã arrancámos para a Serra do Pilar. Aí, os milhares e milhares de trabalhadores com os seus irmãos fardados à frente, foram recebidos de punho erguido pelos soldados do RASP que acolheram os soldados nessa unidade.
Desta maneira, provámos que ao encerramento de uma unidade onde os soldados se organizam e lutam pelos seus interesses de trabalhadores fardados responderemos sempre com a maior firmeza. Provámos que estamos decididos a seguir na luta até ao fim pelo verdadeiro poder dos trabalhadores.
O mesmo não acontece com o Pires Veloso!
Depois de nos ameaçar e ao comandante do RASP com prisão, com ataques em massa, e com ameaças de arrasar o quartel, pretende hoje negociar connosco.
Não podemos negociar os interesses fundamentais dos soldados e trabalhadores, camaradas, não podemos permitir que um comandante reaccionário vá tomando quartel após quartel para depois ameaçar os trabalhadores e o povo com o seu «poder militar».
CAMARADAS SOLDADOS E TRABALHADORES:
Apoiemos firmemente a decisão tomada pelos camaradas em luta no RASP às seis da manhã do dia 7 de Outubro a de não abandonarem o quartel enquanto o CICAP não for restituído aos seus soldados.
Apoiemos firmemente a corajosa decisão dos camaradas do RASP que, por esmagadora maioria na manhã de terça-feira em Assembleia de Unidade, apoiaram a permanência no RASP de todos os soldados em luta pela libertação do CICAP.
Só as posições de força dos soldados e trabalhadores organizados fazem recuar os reaccionários e nunca, nunca, a nossa indecisão e desorganização.
Assim, camaradas, temos de avançar desde já na tarefa do momento:
Nós, soldados ao lado do Povo, saudamos o Povo que tem estado ao nosso lado.
Nós, soldados sempre ao lado dos trabalhadores apelamos a todos os trabalhadores para que se mantenham vigilantes, junto do RASP, para que se mantenham prontos para todas as acções necessárias à defesa do RASP.
— OPERÁRIOS, CAMPONESES, SOLDADOS E MARINHEIROS, UNIDOS, VENCEREMOS!
— SOLDADOS SEMPRE, SEMPRE AO LADO DO POVO!
— REACCIONÁRIOS FORA DOS QUARTÉIS, JÁ!
— O CICA É DO POVO, NÃO É DO VELOSO!
S.U.V. / NORTE
SOLDADOS UNIDOS VENCERÃO
7/10/1975
★★★
A ofensiva reaccionária continua, o brigadeiro Pires Veloso, depois de ter ocupado o CICAP por intermédio dos nossos camaradas do BAAF em cujo grupo introduziu traiçoeiramente graduados sem divisas, ameaçou bombardear o RASP, ocupado pelos nossos camaradas do SUV/RMN, provenientes de outros quartéis e camaradas de outras unidades do país, incluindo marinheiros que aderiram à luta do CICAP, trabalhadores, moradores, e desde esta tarde milhares de metalúrgicos da zona do Porto. A ofensiva reaccionária teve a justa resposta.
Apoiemos a justa luta do CICAP! Apoiemos os camaradas e os nossos irmãos de classe em luta no RASP, apoiemos a sua justa moção!
Apelamos para as comissões de trabalhadores e de moradores que se juntem a nós.
Apelamos a todas as comissões que possam colocar meios de transporte à disposição que se concentrem no CAMPO DAS CEBOLAS às 15 horas de quinta-feira, dia 9.
TRANSPORTES GRATUITOS, JÁ!
TODOS A COIMBRA DIA 9, À PRAÇA 8 DE MAIO!
NÃO AOS COMANDOS REACCIONÁRIOS!
REACCIONÁRIOS FORA DOS QUARTÉIS JÁ!
MORTE AO AMI!
FORA COM O PIRES VELOSO, CHARAIS E ESPÍRITO SANTO!
OPERÁRIOS, CAMPONESES, SOLDADOS E MARINHEIROS UNIDOS VENCEREMOS!
SOLDADOS SEMPRE, SEMPRE AO LADO DO POVO!
O SUV VENCEU. O SUV VENCERÁ!
S.U.V. / R.M.L.
SOLDADOS UNIDOS VENCERÃO
8/10/1975
★★★
— Uma vez vivida a fase mais espectacular da luta dos nossos camaradas ocupantes do RASP, não podemos considerar já que a sua luta terminou. A sua luta é a luta de todos os explorados e oprimidos contra a exploração e opressão. é a luta dos soldados contra o pré de miséria, o RDM fascista e os comandos e oficiais reaccionários, por transportes gratuitos, melhores condições de vida dentro das unidades, pela organização autónoma dos soldados e marinheiros, rumo ao socialismo contra as forças reaccionárias do capitalismo.
— A luta dos nossos camaradas ocupantes do RASP não foi em vão. Muitas vitórias se conseguiram durante os treze dias de ocupação do RASP. Em primeiro lugar, a organização nova e revolucionária que conseguiram criar, baseada num estilo de relações entre os militares nas quais não havia diferença entre as três classes da hierarquia do exército burguês: oficiais, sargentos e praças. Havia problemas para resolver, mobilizaram-se os meios e os homens para o fazer e organizaram-se em comissões com objectivos bem definidos.»
— Foi uma vitória a participação consciente e responsável de um número sempre crescente de camaradas nas discussões, nos plenários e em todas as acções que era necessário desenvolver.
A participação permanente dos soldados nos plenários mostra bem como é na luta que se vai forjando a consciência revolucionária. Até os camaradas mais hesitantes acabaram por nos dar a sua contribuição. Foi uma vitória o imenso apoio que as massas populares levaram ao quartel. Não só o apoio material (por exemplo, a camioneta de géneros agrícolas dos agricultores de Ovar e outros) mas fundamentalmente o seu apoio militante, a manutenção intransigente e sem fraquejar durante todo o tempo da concentração junto ao quartel.
— A capacidade de transmitirem aos militares ocupantes a disposição para a luta que foi especialmente importante nas ocasiões criticas como a da manifestação reaccionária do PPD. é bem claro que sem esse apoio permanente os camaradas ocupantes do RASP corriam o risco de desistir. Mas se é verdade que os soldados estão sempre, sempre ao lado do Povo, o Povo mostrou bem que está sempre, sempre ao lado dos soldados!
— É uma vitória a íntima ligação e colaboração que se conseguiu cimentar entre militares e os órgãos de Poder Popular (CT e CM). Deste modo se abriu o caminho para novas formas de colaboração cada vez mais avançadas e que levam, realmente, à criação e expressão do verdadeiro poder dos trabalhadores, através dos seus órgãos de poder que põem em causa toda a estrutura do velho poder burguês e apontam o caminho de construção do Exército Popular Revolucionário!
— Mas a burguesia reaccionária não desiste às primeiras. Vai tentar diminuir estas vitórias duramente conseguidas. Se o apoio popular fraquejar, mesmo com a promessa do general Fabião de que não vai haver repressão, o certo é que já há alguns camaradas de licença registada. Temos que estar atentos aos licenciamentos, às transferências de unidades, às licenças registadas e a quaisquer formas mais ou menos subtis de desarticular a luta. Temos que estar atentos e preparados para dar a devida resposta ao inquérito aberto e que os reaccionários podem vir a tentar utilizar como instrumento de repressão. Podem, além disso, por medidas administrativas (ou outras) de adiamento de reintegração, tentar desmobilizar os nossos camaradas. Nós não permitiremos qualquer espécie de repressão sobre os nossos camaradas! Que isto fique bem claro para todos!
★★★
O Secretariado dos SUV saúda todos os soldados, sargentos e oficiais e todos os trabalhadores que durante nove dias se mantiveram firmes e unidos na luta pela reabertura do CICAP, infringindo uma derrota ao comandante da RMN.
Pires Veloso, depois de expulsar dezenas de militares progressistas das suas unidades, preparava-se para liquidar uma unidade progressista. Mas enganaram-se os reaccionários. Os soldados não são a «massa bruta». Respondendo ao apelo dos SUV, muitos milhares de militares e trabalhadores revolucionários mostraram na rua que o tempo dos comandantes prepotentes e reaccionários está a acabar.
Tentando abafar a luta dos soldados e trabalhadores, o comando da RMN recorreu a repressão violenta. Cargas de granadas, tiros e bastonadas foram lançadas contra os trabalhadores que apoiavam os soldados do CICAP. Mais de 1000 soldados recrutas eram mandados para casa.
Dia 8, quarta-feira, Pires Veloso, em conjunto com o PPD, preparava uma acção criminosa contra os soldados e os trabalhadores do Porto. Tentou provocar o confronto entre soldados e criar um clima de violência civil para decretar o estado de sítio.
Os manifestantes do PPD, bem armados, incluindo uma pistola-metralhadora FBP, feriram soldados desarmados para assaltar o quartel.
Pires Veloso, mandou soldados comandados pelo capitão reaccionário da PM, Coutinho e pelo capitão Rocha (responsável por massacres em Moçambique). Militares e trabalhadores que defendiam o RASP duvidaram justamente das intenções destes dois reaccionários. O capitão Rocha diz mesmo aos manifestantes do PPD: «A vossa luta é Justa!»
É neste ambiente de tensão que surgem os incidentes. Culpar depois os soldados do RASP de terem disparado primeiro, é uma calúnia miserável que os oficiais reaccionários lançaram para dividir soldados do RASP dos da PM, os do CICAP dos de cavalaria, etc.
Eles sabem que, para nos porem uns contra os outros têm que nos dividir primeiro!
Camarada soldado: não te deixes enganar! O teu lugar é ao lado dos soldados do RASP e do CICAP, que como tu, são vitimas dos oficiais reaccionários. Que como tu ganham um pré de miséria e são oprimidos nos quartéis.
Camaradas: a reacção sofreu uma derrota. Falhou o seu plano para liquidar unidades progressistas. Mas os objectivos da luta não estão realizados. As decisões do general Fabião não estão a ser respeitadas. Quinze camaradas já foram enviados para casa, de licença registada. Com isto tentam os reaccionários afastar os camaradas que melhor têm defendido os nossos interesses. Desta maneira, o comando da RMN está já a insubordinar-se contra o general Fabião.
Preparemo-nos, desde já, para participar, em massa, no plenário do dia 24. Todos ao RASP para obrigar Pires Veloso a cumprir as decisões do general Fabião!
Secretariado S.U.V./NORTE
SOLDADOS UNIDOS VENCERÃO
19/10/1975
★★★
Para os dias 7, 8 e 9 de Novembro estão programadas manobras militares a nível nacional com a participação dos três ramos das Forças Armadas.
De acordo com o plano, as tropas serão concentradas no Norte do país enquanto o «inimigo» é localizado no Sul (!).
Este facto é só por si uma grave provocação às forças progressistas e revolucionárias.
No momento em que o imperialismo tenta por todos os meios impedir a independência de Angola; e no momento em que aumenta a actividade e organização fascistas com a cumplicidade de sectores militares (em Braga os fascistas do ELP e DLP reunidos com os 2 ex-oficiais não foram presos!!!) no momento em que aumenta a tensão nos quartéis; fruto da repressão e dos saneamentos à esquerda; no momento em que aumenta o domínio da direita e da reacção sobre os aparelhos militares e de estado, que interesses podem servir as manobras militares?
Então realizam manobras militares depois de passarem à disponibilidade forçada, milhares e milhares de soldados e milicianos que fizeram o 25 de Abril, e coincidindo com o regresso de Angola de milhares de soldados comandados, em geral por oficiais reaccionários?
Não serão suspeitas manobras militares no momento em que apressam a formação do AMI, reforçam o armamento da G.N.R. e da P.S.P. e intensificam o treino de choque a estas forças?
Que objectivos podem ter estas manobras militares se são preparadas por reaccionários como o major Aranha encarregado de as organizar na Região Militar do Centro, e que foi saneado de Chefe de Estado Maior desta Região Militar após o 8 de Setembro?
Então dizem-nos que não há dinheiro para aumentar o NOSSO PRÉ e que a nossa economia está no caos e gastam milhares de contos em manobras militares para atacar o «inimigo» no Sul?
CAMARADAS :
Que pretendem com isto os reaccionários? Esmagar a força revolucionária das massas trabalhadoras do Sul?
ALERTA CAMARADAS!
Os militares reaccionários já compreenderam que não podem servir-se de nós para os seus planos golpistas!
Por isso eles podem deitar mão de manobras militares como capa para um golpe fascista!
Exijamos a sua discussão imediata em todas as Unidades Militares!
Recusemos a participar em manobras contra-revolucionárias!
PORTUGAL NÃO SERÁ O CHILE DA EUROPA!
SOLDADOS SEMPRE, SEMPRE AO LADO DO POVO!
Secretariado do S.U.V. Norte
Secretariado do S.U.V. Centro
Secretariado do S.U.V. Lisboa
2/11/75
★★★
Assistimos a mais uma manobra repressiva da burguesia contra as conquistas dos trabalhadores.
Hoje, 29 de Setembro de 1975, pelas 8 horas, a Presidência da República e o Conselho da Revolução, mandaram ocupar militarmente as emissoras de Rádio e a Televisão, para, segundo dizem eles, defender as liberdades, evitar a manipulação e restabelecer a ordem e a paz.
ONDE É QUE JÁ OUVIMOS ISTO, CAMARADAS?
Quem é que há um ano dizia que a ordem e a paz social estavam ameaçadas?
Quem é que há um ano deu o seu apoio à manifestação da «maioria silenciosa» à capa da ordem, da paz e da liberdade?
QUEM FOI, CAMARADAS?
Quem é que agora prende os militares progressistas, reprime violentamente os deficientes das Forças Armadas, cria a nova polícia de choque — o AMI, tenta calar a voz do trabalhadores?
Mas a resposta não se fez esperar. Os trabalhadores do Rádio Clube Português, reunidos em plenário e apoiados pelos nossos Camaradas encarregados de ocupar aquela emissora, não aceitaram as medidas impostas pelo C. R. e pela P. R. e continuam a manter as suas emissões sem censura.
CAMARADAS, mais uma vez a burguesia e os militares tentam utilizar-nos a NÓS soldados e marinheiros como instrumentos que sirvam os seus interesses reaccionários. Mas nós já mostrámos de que lado da barricada estamos.
Assim como já mostrámos a nossa vontade de UNIDADE e de LUTA, no dia 10 no Porto e no dia 25 em Lisboa, assim como já mostrámos a nossa firme determinação de NÃO permitirmos a disciplina e a repressão militarista ao libertarmos os nossos dois camaradas presos na Trafaria, mostraremos agora que não estamos dispostos a virar as nossas armas contra os nossos irmãos trabalhadores, recusando-nos a reprimir os trabalhadores da informação.
Um ano depois do 28 de Setembro os reaccionários não podem continuar à solta.
Reforcemos a nossa vigilância revolucionária.
Hoje mais do que nunca, cada um de nós tem de estar atento.
Cada um de nós deve denunciar os militares reaccionários que hoje conspiram nas unidades.
SOLDADOS SEMPRE, SEMPRE AO LADO DO POVO!
OPERÁRIOS, CAMPONESES, SOLDADOS E MARINHEIROS, AUTODEFESA POPULAR!
OPERÁRIOS, CAMPONESES, SOLDADOS E MARINHEIROS, UNIDOS, VENCEREMOS!
O SUV, VENCEU! O SUV, VENCERÁ!
S.U.V. /R.M.L.
SOLDADOS UNIDOS VENCERÃO
29/9/1975
★★★
Quando o VI Governo mandou ocupar as estações emissoras de Rádio e Televisão, a sua intenção era não só estabelecer uma censura sobre as notícias difundidas nestas estações como ainda pôr a Rádio Renascença ao serviço do Patriarcado e da burguesia reaccionária. Esta emissora desde há muito que vinha dando total apoio às lutas dos trabalhadores e soldados e por isso o VI Governo, declarado defensor dos interesses da burguesia, não podia permitir a sua actividade.
Estas foram as primeiras de uma série de medidos que o Governo da burguesia se propõe levar a cabo sobre os órgãos de informação que mais se têm destacado na defesa das lutas dos trabalhadores e soldados. Agora foi a R.R.. amanhã será a República....
Esta política de amordaçar os meios de informação ao serviço das classes trabalhadoras é o começo de uma política de repressão sobre os próprios trabalhadores cujos instrumentos necessários o Governo já está a preparar: o AMI e a Polícia de choque do Sr. Melo Antunes.
Esta repressão já se vai sentindo entre nós, soldados, com o afastamento de camaradas que mais se têm distinguido na defesa intransigente dos interesses dos trabalhadores fardados e não fardados: como é o caso do CICAP, com as tentativas de impor a disciplinai militarista da burguesia fardada procurando impedir por todos os meios o avanço da nossa luta e da nossa organização.
Até há poucos dias o emissor da R.R. encontrava-se ocupado por soldados do RCA. Para estes camaradas não era claro que dessa maneira impediam a continuação da divulgação dos problemas, das lutas e da organização dos trabalhadores e dos soldados, já o mesmo não se passou com os nossos camaradas do RIOQ que na mesma altura decidiram colectivamente pôr-se ao lado dos trabalhadores do RCP e assim asseguraram o seu funcionamento sem qualquer tipo de censura.
Ao longo da ocupação da R.R. os trabalhadores e os soldados responderam a essa ocupação com manifestações de repúdio a essa medida e de apoio incondicional aos trabalhadores da Renascença.
Assim, quando se deu a retirada das forças militares que ocupavam o emissor da Buraca, as comissões de Trabalhadores e de Soldados de várias unidades acorreram a essas instalações procurando garantir o regresso da R. R. às mãos do povo trabalhador.
Em plenários realizados nessa altura milhares de trabalhadores e soldados decidiram permanecer junto ao emissor a fim de impedir qualquer provocação sobre aquelas instalações e realizar uma manifestação hoje, dia 21.
CAMARADAS:
Temos de impedir que o Governo e a burguesia isolem os trabalhadores da Renascença, o que só se conseguirá se nós, soldados, por intermédio das nossas Comissões, ligadas aos Trabalhadores por intermédio das suas Comissões, participarmos directamente com os trabalhadores daquela Rádio, para por em funcionamento aquela emissora.
A reabertura da Renascença é pois um problema que diz respeito a todos os trabalhadores, fardados ou não, a todos os oprimidos, a todos os explorados de Portugal!
A SUV, perante esta situação, convoca todos os camaradas, soldados e militares revolucionários a aderirem à manifestação que se realiza hoje, às 19 h. 30 minutos.
RADIO RENASCENÇA A FUNCIONAR JÁ!
INFORMAÇÃO REVOLUCIONARIA AO SERVIÇO DA CLASSE OPERARIA!
SOLDADOS, SEMPRE, SEMPRE AO LADO DO POVO!
OPERÁRIOS, CAMPONESES, SOLDADOS E MARINHEIROS, UNIDOS VENCEREMOS!
S.U.V./R.M.L.
SOLDADOS UNIDOS VENCERÃO
21/10/1975
Inclusão | 21/04/2019 |