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A crise econômica, que se havia iniciado nos países capitalistas na segunda metade do ano de 1929, prosseguiu até fins de 1933. A partir desta data, o descenso da indústria se conteve, a crise parou, e, algum tempo depois, a indústria começou a reanimar-se em alguma coisa, experimentou um certo apogeu. Mas não era o apogeu que precede a um processo de florescimento industrial numa base nova e mais alta. A indústria capitalista mundial não conseguiu sequer recobrar o nível do ano de 1929; até meados de 1937 só havia conseguido atingir 95 ou 96 por cento daquele nível. E na segunda metade de 1937 se iniciava já uma nova crise econômica, que afetava, antes de tudo, os Estados Unidos. Em fins de 1937, a cifra de operários parados nos Estados Unidos tornava a elevar-se a 10 milhões de homens. Na Inglaterra principiava também a crescer rapidamente o número de operários parados.
Portanto, ainda não haviam tido tempo de se refazer dos golpes da recente crise econômica, e já os países capitalistas se viam obrigados a enfrentar nova crise.
Esta circunstância acentuou ainda mais as contradições entre a burguesia e o proletariado. Correlatamente, recrudesceram cada vez mais as tentativas dos Estados agressores de se ressarcirem das perdas ocasionadas pela crise econômica dentro do país à custa de outros países mal defendidos. Nestas tentativas uniu-se aos dois conhecidos Estados agressores, Alemanha e Japão, um terceiro Estado — a Itália.
Em 1935, a Itália fascista se lançou sobre a Abissínia e a escravizou. Agrediu-a, sem o menor fundamento, nem o menor pretexto, do ponto de vista do "Direito Internacional", sem declaração de guerra, furtivamente, como agora é moda entre os fascistas. Este golpe não era dirigido somente contra a Abissínia, mas também contra a Inglaterra, contra suas comunicações marítimas entre a Europa e a Índia, com a Ásia. As tentativas da Inglaterra, de impedir que a Itália se apossasse da Abissínia não deram resultado. Para ter as mãos livres, a Itália saiu mais tarde da Sociedade das Nações e começou a armar-se intensivamente.
Formou-se, deste modo, um novo foco de guerra nas rotas marítimas mais curtas entre a Europa e a Ásia.
A Alemanha fascista violou com um ato unilateral, o Tratado de Paz de Versalhes e se propôs executar o plano de revisão pela força das fronteiras dos Estados europeus. Os fascistas alemães não escondiam que seu objetivo era submeter ao seu império os Estados vizinhos ou, pelo menos, se apoderar dos territórios destes Estados habitados por alemães. Segundo tal plano, se procederia primeiro à ocupação da Áustria, e logo depois se descarregaria o golpe contra a Tcheeoslováquia, em seguida talvez contra a Polônia, onde também existe um território povoado por alemães e fronteiriço à Alemanha; mais adiante... mais adiante, "dentro em pouco se veria".
No verão de 1936 começou a intervenção armada da Alemanha e da Itália contra a República Espanhola. Sob o pretexto de ajudar os fascistas espanhóis, a Itália e a Alemanha conseguiram ir localizando por debaixo de pano suas unidades militares no território da Espanha, à retaguarda da França, e suas esquadras nas águas espanholas, na zona das ilhas Baleares e de Gibraltar, no Sul: na zona do Oceano Atlântico, no Oeste; e na do golfo de Biscaia, ao Norte. Em começos de 1938, os fascistas alemães ocuparam a Áustria, cravando suas garras na região central do Danúbio e estendendo-se pelo Sul da Europa até as proximidades do Mar Adriático.
Ao levar a cabo sua intervenção contra a Espanha, os fascistas ítalo-germanos asseguravam a todo o mundo que eles só lutavam contra os "vermelhos" espanhóis e que não tinham em vista nenhum outro objetivo. Isto, porém, não era mais que um grosseiro e torpe subterfúgio, bom para enganar os tolos. Na realidade o golpe era dirigido contra a Inglaterra e a França, pois os fascistas interceptavam às comunicações marítimas destes países com suas formidáveis possessões coloniais da África e da Ásia.
No que se refere à ocupação da Áustria, não havia o menor pretexto para enquadrá-la no âmbito da luta contra o Tratado de Versalhes no âmbito da defesa dos interesses "nacionais" da Alemanha e de sua aspiração de recuperar os territórios perdidos em virtude da primeira guerra imperialista. A Áustria não fazia parte da Alemanha, nem antes da guerra, nem depois dela. A anexação pela força da Áustria pela Alemanha não é mais que um ato descaradamente imperialista de ocupação de um território estrangeiro. Este ato revela, indubitavelmente, a aspiração da Alemanha fascista de conseguir uma posição dominante no continente da Europa.
Era um golpe assestado, em primeiro lugar, nos interesses da França e da Inglaterra.
Formaram-se, assim, novos focos de guerra no Sul da Europa, na zona da Áustria e do Adriático, e na extremidade do Ocidente europeu, na zona da Espanha e dos mares que baniram a península ibérica.
Em 1937 os militaristas fascistas japoneses se apoderaram de Pequim, invadiram a China Central e ocuparam Shangai. A invasão da China Central pelas tropas japonesas foi levada a cabo, da mesma sorte que a da Mandchúria há uns anos atrás, segundo o método japonês, isto é, sub-repticiamente, por meio de trapaças de ladrão, pretextando diversos "incidentes locais" provocados pelos mesmos japoneses, violando de fato toda e cada uma das "normas internacionais", tratados, convênios, etc.
A ocupação deTientsiu e de Shangai punha nas mãos dos japoneses a chave do comércio com a China, com seu imenso mercado. Quer isto dizer que, enquanto tiver em suas mãos Shangai e Tientsin, o Japão poderá em qualquer momento desalojar da China Central a Inglaterra e os Estados Unidos, que têm inversões gigantescas naquele território.
Claro está que a heróica luta do povo chinês e de seu Exército contra os invasores japoneses, o formidável movimento nacional da China, as gigantescas reservas de homens e de território deste país, e, finalmente, a decisão do governo nacional chinês de manter a luta de libertação da China até o fim, até expulsar o ultimo invasor para o outro lado das fronteiras do país, são outros tantos testemunhos incontestáveis de que os imperialistas japoneses não puderam nem poderão haver-se com a China.
Mas tampouco se pode desconhecer, de outra parte, que o Japão continua tendo em suas mãos as chaves do comércio com a China e que a guerra contra este país é, no fundo, um golpe muito sério assestado contra os interesses da Inglaterra e dos Estados Unidos.
Deste modo formou-se no Oceano Pacífico, na zona da China, mais um foco de guerra.
Todos estes fatos provam que a segunda guerra imperialista já começou, na realidade. Começou furtivamente, sem declaração de guerra. Os Estados e os povos foram quase insensivelmente deslizando para dentro da órbita da segunda guerra imperialista. A guerra foi desencadeada nos diversos confins do mundo pelos três Estados agressores — os círculos governantes fascistas da Alemanha, Itália e Japão. A guerra se estendeu ao longo de um imenso território, desde Gibraltar até Shangai. Conseguiu já arrastar para seu campo de ação mais de 500 milhões de seres. Esta guerra é dirigida, em última análise, contra os interesses capitalistas da Inglaterra, da França e dos Estados Unidos, já que tem finalidade a partilha do mundo e das zonas de influência, em proveito dos países agressores e à custa dos chamados Estados democráticos.
O traço característico da segunda guerra imperialista consiste, por enquanto, em que, à medida que as potências agressoras mantêm e desenvolvem as guerras, as outras potências "democráticas", contra as quais esta guerra é expressamente dirigida, fazem como se não fosse com elas a guerra, lavam as mãos, recuam, fazem protesto de seu amor pela paz, invectivam os agressores fascistas e... lhes vão cedendo pouco a pouco suas posições, embora afirmando a cada nova concessão que estão dispostos a resistir.
Como se vê, esta guerra apresenta um caráter bastante estranho e unilateral. Mas isto não impede que seja uma guerra furiosa, uma guerra de descaradas anexações, que descarrega seus golpes sobre as costas dos povos da Abissínia, Espanha e China, fracamente defendidos.
Seria falso pretender explicar este caráter unilateral da guerra pela debilidade militar ou econômica dos Estados "democráticos". É evidente que estes Estados são mais fortes que os Estados fascistas. O caráter singular da guerra mundial desencadeada tem sua explicação na ausência de uma frente única dos Estados "democráticos" contra as potências fascistas. É certo que os chamados Estados "democráticos" não aprovam os "excessos" dos Estados fascistas e temem que estes se fortaleçam. Temem, porém, ainda mais o movimento operário da Europa e o movimento de libertação nacional da Ásia, e entendem que o fascismo é um "bom antídoto" contra todos estes movimentos "perigosos". Por isso, os círculos governantes dos Estados "democráticos" e, principalmente, os círculos conservadores governantes da Inglaterra se limitam à política de exortar os caudilhos fascistas desenfreados para que "não vão muito longe", dando-lhes ao mesmo tempo a entender que "compreendem perfeitamente" sua política reacionária e policial contra o movimento operário e de libertação nacional e que, no fundo, simpatizam com ela. Os círculos governantes da Inglaterra mantêm aqui, pouco mais ou menos, a mesma política que, sob o czarismo, a burguesia monarquista liberal russa mantinha, de modo que, embora temendo os "excessos" da política czarista, temia ainda mais o povo, razão pela qual adotou a política de persuadir o czar, e, portanto, a política de confabulações com o czar contra o povo. Como é sabido, a burguesia monarquista liberal russa pagou muito caro esta política de falsidade. É de esperar que os círculos governantes da Inglaterra e seus amigos da França e dos Estados Unidos venham a ter também o seu merecido castigo histórico.
É evidente que, perante a mudança operada nos assuntos internacionais, a U.R.S.S. não podia passar ao largo por acontecimentos tão graves. Toda guerra, por pequena que seja, iniciada pelos agressores, representa um perigo para os países amantes da paz; e a segunda guerra imperialista, que tão "insensivelmente" foi se abatendo sobre os povos e que já abarca mais de 500 milhões de seres, não pode deixar de representar um gravíssimo perigo para todos os povos, e, em primeiro lugar, para a U.R.S.S. Testemunho eloqüente disto é o "bloco anticomunista" estabelecido entre a Alemanha, a Itália e o Japão. Por isso, a União Soviética, embora persistindo em sua política de paz, continuou reforçando a capacidade defensiva de suas fronteiras e a combatividade do Exército Vermelho e da Marinha Vermelha. Em fins de 1934 a U.R.S.S. entrou para a Sociedade das Nações, sabendo que, apesar de sua debilidade, este organismo podia servir de tribuna para desmascarar os agressores e de instrumento de paz, ainda que débil, para freiar o desencadeamento da guerra. A U.R.S.S. entendia que, nos tempos que corriam, não se devia desdenhar sequer uma organização internacional tão fraca como a Sociedade das Nações. Em maio de 1935 consertou-se entre a França e a U.R.S.S. um pacto de assistência mútua, contra um possível ataque dos agressores. Simultaneamente se concertou um tratado análogo com a Tchecoslováquia. Em março de 1936 a U.R.S.S. assinou um pacto de ajuda mútua com a República Popular da Mongólia. Em agosto de 1937 foi assinado um pacto de não agressão entre a U.R.S.S. e a República da China.
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Inclusão | 26/03/2011 |
Última alteração | 14/04/2014 |