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O capital comercial é o que faz circular as mercadorias.
Sabemos que o trabalho gasto em fazer circular as mercadorias não cria valor (nem, portanto, mais-valia).
O lucro comercial não é, pois, mais do que a parte de mais-valia cedida pelo capitalista industrial ao capitalista comerciante, para que este coloque a mercadoria e por ter o comerciante adiantado ao industrial o dinheiro da venda: paga a mercadoria antes de vendê-la ao consumidor.
É explorado o empregado de comércio?
No sentido estrito da palavra não o é, porque não produz com o seu trabalho novos valores, mercadorias.
Um empregado de comércio, entretanto, que vende Cr$ 50,00 por dia — por exemplo — e recebe apenas Cr$ 2,00 diários sempre produz lucros para o comerciante, porque da soma de mais-valia arrancada do operário, cedida pelo industrial ao comerciante, este tira uma parte ridícula para retribuir o trabalho dos seus empregados para realizarem (venderem) a mercadoria.
(Se assim não fosse, não seria empregado, pois não é mistério para ninguém que tampouco os comerciantes trabalham por amor à humanidade ).
Vê-se claramente que o comerciante se beneficia do trabalho do empregado, dele tirando um proveito, explorando-o mais ou menos intensamente.
★★★
Antes de passar a dar algumas noções sobre a teoria dos juros, devemos esclarecer que, para o marxismo, tanto o industrial, como o comerciante ou o banqueiro, realizam algum trabalho, embora excessivamente remunerado, à custa do qual deixam de pagar ao trabalhador assalariado.
O industrial pode ser um organizador eficiente, pode ser um técnico. Nesse caso o industrial desempenharia duas funções: a de técnico, inventor, etc., e a de usufrutuário do trabalho alheio. De qualquer maneira recebe sempre a mais-valia.
O pequeno comerciante é, de fato, um empregado do grande comerciante atacadista, é por ele espoliado, assim como o é algumas vezes pelo Estado, quando este está a serviço dos grandes capitalistas e dos possuidores de terra.
O banqueiro é o diretor da parte mais parasitária das classes dominantes. Seus lucros provêm da "exploração" do industrial, do comerciante, do camponês, do depositante particular, e de seus próprios empregados.
Este é o ponto central da direção da distribuição da mais-valia total criada pela classe operária da cidade e do campo, pelos técnicos, etc..
Se não existissem comerciantes e se o industrial vendesse diretamente os produtos de sua fábrica, ganharia ele mais dinheiro.
Mas o industrial ver-se-ia obrigado a deter a marcha da fábrica até que tivesse vendido os produtos para resgatar o dinheiro empregado em salários, matérias primas, etc. ou, então, deveria dispor de novas somas de dinheiro.
Afim de evitar isso, o industrial vende os seus produtos ao comerciante por um preço menor do que o preço da mercadoria alcançado no mercado, ou de seu valor, deixando assim que o comerciante se aproveite de uma parte da mais-valia produzida pela classe operária.
O industrial também utiliza parte de seus lucros, produzidos pelo trabalho não pago dos operários, com a finalidade de corromper políticos, para que defendam os seus interesses, para pagar diretamente (ou indiretamente por intermédio dos governos reacionários) o serviço de certos "intelectuais", etc.
Os empregados de comércio fornecem ao comerciante um lucro: Em que sentido se pode dizer que o empregado de comércio é explorado?
O pequeno comerciante depende do atacadista ou do grande comerciante: Poder-se-ia considerar o pequeno comerciante como um empregado a soldo do atacadista?
O Estado burguês fascista arranca os impostos do pequeno e do médio comerciante e de todo o povo para pagar os imensos gastos que requerem a compra de armamentos, o exército, as aventuras guerreiras, etc.
Mas a guerra só favorece aos fabricantes de armamentos e aos grandes banqueiros e exportadores de mercadorias: Pode-se dizer que o Estado fascista explora, além da classe operária e camponesa, a do pequeno comerciante?
Inclusão | 07/08/2016 |