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Primeira Edição: ....
Fonte: Ephemera - Biblioteca e Arquivo de José Pacheco Pereira
Transcrição: Graham Seaman
HTML: Fernando Araújo.
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Publicamos aqui um balanço do que foi ate hoje a existência dos CCRML e a luta dentro deles pelo triunfo da linha marxista-leninista. O facto de só agora, passados mais de seis meses sobre a reconstituição da organização, publicarmos uma crítica ao seu passado, é um erro grave que não ocultamos, e que, como é apontado no texto revela transigência face ao oportunismo, falta de responsabilidade perante a corrente ML e o Partido que queremos reconstruir. Lutaremos para que a publicação deste balanço marque o enterro dessa tendência nociva.
No texto não tentamos sequer uma critica às numerosas e ousadas ''teorias", "análises de classes", e "posições revolucionárias" que fizeram a fama dos antigos CCRML. Procuramos ver por detrás da fachada, e pôr a nu o que realmente nos interessa para a luta actual: como é que os CCRML sabotavam a reconstrução do Partido? Que desvios se transmitiram aos actuais CCRML que ainda nos possam afastar do caminho do Partido?
Este balanço e muito sintético e temos perfeita consciência de não conter nenhum avanço em relação a posições justas já defendidas no movimento ML português. Mas e o fruto de um trabalho colectivo, não só de discussão, mas também de prática diária ao serviço da luta de classe do proletariado; foi confrontando as nossas ideias com esta luta que aprendemos a corrigi-las. E pelo que ele representa de esforço autocrítico, de combate ao oportunismo e de correcção do trabalho de uma organização marxista-leninista, que pensamos que a sua publicação e discussão poderão ser um contributo válido para a unificação da corrente ML e para a reconstrução do nosso Partido.
Desde a sua criação, os CCRML foram muitas vezes tratados de "grupo trotskista". Quanto a nós, é uma designação inteiramente justa. A linha dos antigos CCRML era de facto um concentrado de todos os desvios oportunistas que caracterizam o trotskismo actual e a sua acção contra-revolucionaria e anti-partido.
Foi debaixo da bandeira do "combate ao dogmatismo dos dirigentes do CMLP" que os CCRML se formaram em fins de 1969, a partir de uma cisão no CMLP. Mas como tantas vezes aconteceu na história, os ataques indignados a "fossilização dogmática" serviam apenas para encobrir o desejo de prescindir dos princípios, rejeitar o marxismo-leninismo e substituí-lo pelo oportunismo. Na realidade, em toda a luta que os futuros dirigentes dos CCRML travaram ainda dentro do CMLP, e que os levou à cisão, não encontramos o mínimo ataque aos autênticos desvios dogmáticos que praticamente tinham reduzido o CMLP a uma seita intelectual na emigração, totalmente alheada dos problemas do movimento operário e revolucionário — a linha para a reconstrução do Partido fora da luta do proletariado, a partir da pesca aos "comunistas já feitos" e da formação de quadros de gabinete, a degradação do centralismo democrático e das normas leninistas de vida interna da organização. Pelo contrário, levaram todos esses desvios para dentro dos CCRML, enriqueceram-nos com toda uma nova teorização para os fazer passar por uma linha justa, e juntaram-lhes, nos campos teórico, político e organizativo, a "liberdade" tão querida ao intelectual burguês, que iria ser a verdadeira base social da organização — o ecletismo de princípios, as "inovações teóricas" totalmente estranhas ao marxismo-leninismo, o individualismo e a indisciplina, o espírito anti-partido.
A cisão que deu origem aos CCRML nada teve de positivo nem de revolucionário; foi sim um exemplo do cisionismo e fraccionismo próprios do trotskismo. Ao gritarem a sua fidelidade ao marxismo-leninismo, a intenção dos dirigentes dos CCRML não era fortalecerem a linha marxista-leninista depurando o oportunismo, mas desagregar as organizações existentes, dividir as forças marxistas-leninistas para melhor as vencer.
A linha dos CCRML também nada tinha dos desvios e vacilações inevitáveis num movimento ainda jovem e inexperiente, quando para atacar um desvio se torce demasiado a vara no outro sentido; olhando para o que foram os CCRML o que ressalta é muito mais do que isso, é um todo bem elaborado de tendências já desmascaradas e combatidas em toda a história do movimento comunista internacional como hostis ao Partido do proletariado.
Quais os traços essenciais dessa linha?
Era isto que se escondia por detrás da grande fachada "teórica": uma seita fechada em si própria, cultivando no seu seio o individualismo pequeno-burguês contra a disciplina proletária, o ecletismo de princípios, o despreso pelas massas e o ataque à tudo o que fosse revolucionário — tudo o que caracteriza um grupo trotskista.
Hoje é claro para nós que os antigos CCRML eram um grupo que tinha como única finalidade a sabotagem da reconstrução do Partido, pelo fraccionamento das forças marxistas-leninistas e pela destruição de quadros revolucionários. É importante afirmar isto, porque ainda hoje dentro dos CCRML há camaradas que não têm uma consciência clara do papel contra-revolucionário desempenhado pela organização, e que tendem a subestimar a gravidade dos erros passados. Estes camaradas desarmam-se assim para o combate que ainda ternos que travar contra a influência do trotskismo nas nossas fileiras.
Os acontecimentos posteriores confirmaram que os principais responsáveis dos CCRML, com "Tiago" à cabeça, estavam perfeitamente conscientes de que a sua linha nada tinha a ver com o marxismo-leninismo e que o que os unia era mesmo o ódio ao marxismo-leninismo. Mas também não temos dúvidas nenhumas de que dentro dos CCRML, ao lado de intelectuais degenerados, havia camaradas intelectuais é operários que acreditavam sinceramente servir a revolução. Os CCRML, como a maioria dos grupos trotskistas, andaram pescar em águas turvas: aproveitaram-se da confusão criada pela traição revisionista e da fraqueza das forças marxistas leninistas para atrair com o chamariz da defesa da pureza do marxismo-leninismo e das grandes "inovações teóricas", o maior número de militantes revolucionários e para estragar os que caíam na armadilha; é esta a obra desagregadora dos grupos trotskistas. Os dirigentes dos CCRML aproveitaram-se do estado de fraccionamento de todas forças marxistas-leninistas, provocado pelos erros do grupo que tomou de assalto o CMLP depois de 1965, e fomentaram-no ainda mais.
Porque lembramos isto? Não para nos desculparmos, mas porque hoje há pessoas que costumam usar a crítica ao trotskismo dos antigos CCRML como um escudo para fugirem à autocrítica e esconderem o seu oportunismo: referimo-nos ao grupo Mendes que parece decidido a continuar a usar abusivamente o título de "PCPML". Quanto a nós, a principal responsabilidade do fraccionamento das forças marxistas-leninistas, que deu alimento a grupos como os CCRML, cabe à linha oportunista que triunfou no CMLP, em particular depois de 68, principalmente ao total afastamento das massas proletárias e das suas lutas. Quando se dá este afastamento, desaparece o critério decisivo para separar o certo do errado e a revolução da contra-revolução, a teoria marxista-leninista é despojada do seu conteúdo revolucionário e transforma-se num saco onde cabe tudo, revolucionários sinceros podem cair nas armadilhas de aventureiros sem escrúpulos, e o aparecimento de grupos trotskistas e cisionistas é fácil.
Os antigos CCRML e os falsos "PCPML" são filhos da mesma mãe — a acção anti-partido dos intelectuais infiltrados no movimento para o destruir, que ascenderam graças à ausência de direcção proletária. Um grupo de aventureiros conseguiu arrastar alguns revolucionários para os CCRML; outro grupo de aventureiros arrastou-os para a aventura criminosa da criação de um partido fantoche.
Nós reconhecemos a armadilha em que caímos, e hoje lutamos seriamente para varrer o oportunismo nas nossas fileiras, aplicando todos os esforços na unificação da corrente marxista-leninista, na reconstrução do Partido, autocriticando-nos assim da nossa acção sabotadora anterior. Pelo contrário o grupo Mendes, persistindo em apelidar-se Partido Comunista, iniciou nos últimos tempos uma nova escalada provocatória contra o movimento ML, ambicionando claramente tornar-se um concorrente do grupo Vilar e do MRPP, e revelando a sua verdadeira face de seita anti-partido.
Apesar dos seus esforços, os dirigentes dos CCRML não conseguiram estragar completamente o espírito revolucionário de alguns camaradas. Esses camaradas voltaram se decididamente para o meio operário e para as suas lutas, começaram a receber as primeiras verdadeiras lições de luta de classes. Esta aprendizagem, conjuntamente com o recrutamento de camaradas operários, foi um vento fresco que fez vir a verdade ao de cima: a linha e as teorias dos CCRML nada tinham a ver com o movimento operário, não serviam de guia à verdadeira actividade revolucionária. Foi esta a semente que deu origem a luta que começou a abrir um fosso entre a revolução e a contra-revolução, no interior da organização.
Isto ensina-nos que o desejo de servir a classe, o ponto de vista de classe, é a partida para qualquer posição revolucionária séria. A luta de classe do proletariado e a única escola em que os revolucionários podem aprender a pôr à prova as suas ideias e separar o certo do errado: fora dela não há revolução nem marxismo-leninismo. Nenhuma posição oportunista pode resistir sem mostrar a sua cara ao embate com essa luta, e foi o que aconteceu nos CCRML: começaram a sentir ruir os pilares em que se assentavam e para quebrar a vontade revolucionaria dos militantes empenhados na luta, os dirigentes oportunistas começaram a ressuscitar todo o arsenal de teorias anarquistas e mencheviques com o único objectivo de justificar o seu desinteresse pela luta operária, ao mesmo tempo que resvalavam cada vez mais para o anti-comunismo declarado.
Isto agravou as contradições no interior da organização. Mas para vencer o oportunismo só o espírito revolucionário e o desejo de unidade em torno do marxismo-leninismo não eram suficientes. A verdade é que o nível ideológico da quase totalidade dos militantes era miserável. Havia muita lábia, o culto pelas grandes frases, muito cuspo teórico, mas era só isso: cuspo. As questões fundamentais a que nesse momento teria sido necessário dar resposta para o combate ao oportunismo — como fazer para nos ligarmos às massas? O que é o centralismo democrático? Como caminhar para o Partido? Quais as principais tendências erradas na corrente ML? — tudo isso não se punha sequer aos militantes. Era este o fruto da falta de confiança nos princípios firmes, e do estudo livresco sem ter a guiá-lo a aplicação e confrontação com a prática da luta de classes.
Esta situação permitiu que a parte da direcção da organização no interior se tentasse colocar à cabeça da tendência revolucionária, mas apenas para "salvar o barco" e impedir o choque frontal com o oportunismo. O resultado desta tentativa foi um documento bastante extenso, intitulado "Pela luta política comunista", em que se atacava a direcção do exterior por se recusar a fazer mais intervenção política e um jornal político, mas em que se tornava a reafirmar, com outras palavras, todos os pontos essenciais da linha da organização. Isto era o trotskismo infiltrado na luta contra o trotskismo para o salvar. No entanto, devido a prisões e ao completo caos organizativo em que se caiu, também esta tentativa falhou.
Atingiu-se assim em Fevereiro-Março de 74 uma situação de completa confusão, de dispersão ideológica e anarquia organizativa, em que se tornou evidente que a organização ia estoirar. Nestas condições, gerou-se um clima de fuga às responsabilidades, e em vez de se decidirem a tomar a seu cargo a luta, a depuração do oportunismo e a correcção dos erros, a maioria dos militantes do interior decidiu abandonar a organização de qualquer modo. O mesmo decidiram pelo seu lado os dirigentes oportunistas do exterior, e assim em Abril os CCRML deixaram de existir.
A conclusão que tiramos é que em todo o processo de cisão não houve nunca uma luta contra o oportunismo em bases correctas. Ao mesmo tempo, acabou por triunfar a capitulação perante o oportunismo, a fuga à responsabilidade de o atacar de frente, cortou-se a luta de ideias. Deste modo, não houve um processo de luta que chegasse para afirmar verdadeiramente a linha marxista-leninista, através da concentração das ideias justas e depuração das erradas, da maior ligação às lutas proletárias, do confronto com a prática, do estudo. Havia o sentimento da necessidade de uma linha para o trabalho de massas, para além do desejo sincero de servir a classe e aumentar a coesão em torno do marxismo-leninismo. Mas tudo isto se encontrava diluído numa enorme confusão ideológica: é o que ressalta do documento de cisão então divulgado. Inevitavelmente, ao sairmos da organização da maneira como saímos trouxemos dentro de nós muito dela.
Após a cisão, surgiram duas tendências no nosso seio. Por um lado, uma forte tendência para a dissolução e para a entrada imediata para uma das organizações ML. Mas os camaradas que defendiam esta posição não a assentavam em posições de princípio, deixavam-se resvalar para o unitarismo sem princípios, para a simpatia pela organização que lhes "parecia" mais atraente, para a tendência a passar uma esponja pelo passado e fugir de novo a responsabilidade da luta ideológica e correcção dos erros. Por outro lado, a tendência que defendia que não estando ainda as questões de princípio suficientemente claras, não se devia entrar de imediato e sem mais para outra organização, e que portanto os CCRML deviam ser reconstituídos e procurarem autocríticarem-se dos seus erros passados. Foi esta tendência que venceu em Julho.
Hoje podemos ver que nenhuma destas posições era correcta. A desconfiança face às fusões precipitadas poderia parecer legítima, mas no fundo serviu para encobrir outra forma de fuga à luta e às responsabilidades. A atitude justa teria sido aproveitar as boas possibilidades de contactos com outras organizações para discutir aprofundadamente todas as dúvidas e divergências, clarificar posições e decidir a integração na organização que melhor nos parecesse defender a linha justa. A decisão de reconstituir os CCRML revela que nessa altura não estava viva dentro de nós a vigilância contra um dos maiores perigos que ameaçava a afirmação e fortalecimento de uma linha autenticamente ML: o fraccionamento da corrente ML. Dentro de nós não tinha triunfado a consciência da necessidade absoluta de acabar com esse fraccionamento; ainda estava mais forte o espírito de grupo, a desconfiança dos outros grupos, e a defesa da nossa independência mesmo em detrimento do fortalecimento da corrente ML. Não foi a linha de Partido que venceu; não temos medo de afirmar que a decisão de reconstituição dos CCRML foi uma vitória da linha burguesa, fraccionista, na nossa organização, foi o primeiro sinal de que ainda se mantinha viva dentro de nós a influência dos antigos CCRML.
Isto indica-nos a necessidade, de estarmos bem despertos para impedir que este desvio vista outra máscara e ressuscite para sabotar o actual processo de unificação ML.
Toda a vida dos CCRML depois da reconstituição se resume na dura luta da linha marxista-leninista para se consolidar e esmagar as tendências trotskizantes que ficaram dentro de nos. Temos consciência de que se conseguimos, especialmente nos últimos meses, dar passos que podem ser decisivos nesse sentido, muito devemos à discussão, à crítica e à troca de experiências com outras organizações ML. Isto mostrou-nos a importância de todos os comunistas se apoiarem mutuamente, a justeza da luta ideológica cerrada combinada com a colaboração política camarada para conseguir a unificação.
Após a reconstituição, a nossa vigilância contra o perigo do trotskismo infiltrado estava embotada principalmente porque nos iludíamos com o facto de todos os camaradas serem unânimes em rejeitar as teorias aberrantes e contra-revolucionárias dos antigos CCRML, e ninguém aparecer a defender as teorias trotskizantes. No entanto, a verdade é que as tendências trotskistas, na maior parte dos casos, não surgem às claras dentro de uma organização agrupadas em torno de uma teoria que as justifique: o normal é que se comecem por manifestar em desvios no estilo e nos métodos de trabalho. Esses desvios são o cancro que corrói pouco a pouco uma organização por dentro, e que, se não é detectado e combatido a tempo, prepara o terreno para que o oportunismo surja às claras,com uma fisionomia própria e bem demarcada, tome conta de uma organização revolucionária e a atire para o campo burguês.
A experiência do movimento ML português já nos mostrou como organizações pequenas, com uma deficiente ligação às lutas operárias, sem um forte peso proletário nos escalões superiores, são o terreno fértil para que surjam desvios trotskisantes. A luta entre as duas linhas não se pode pois resumir à luta teórica e as proclamações; tem de ser traduzida numa atenção permanente aos métodos de trabalho, numa vigilância de todos os dias para que em todos os aspectos da actividade da organização triunfe um verdadeiro estilo leninista. O estudo, a discussão em torno do trotskismo não pode ser feito de um modo académico, mas utilizado exclusivamente para nos armarmos para esta vigilância.
Se a infiltração de tendências trotskizantes é um perigo em todas as organizações ML, nos CCRML ele e particular mente forte, pois meses e anos de um incorrecto estilo de direcção, de anarquia organizativa, de uma vida colectiva praticamente nula, de ausência de um esforço sistemático de ligação as lutas operárias, em resumo, de um estilo de trabalho anti- leninista, deixaram raízes muito fundas, que não foram minimamente atacadas no processo de cisão e que só conseguiremos arrancar com uma vigilância aguda e uma luta cerrada. Em alguns camaradas manifestou se a tendência para desculpar os erros que se começaram a detectar com a inexperiência da maioria dos militantes. !sto não deixa de ser verdade; mas se que remos atacar de frente o oportunismo teremos de ir mais fundo, e buscar a raiz dos nossos erros presentes nos erros passados.
Na luta que temos travado nos últimos meses para corrigir o trabalho já conseguimos vitórias importantes. Mas ainda estamos longe de conseguir por de pé um estilo e métodos de trabalho totalmente correctos; temos de intensificar a luta.
Sobre que tendências devemos concentrar o fogo?
1) A fuga a um verdadeiro trabalho de massas. Esta fuga tem-se traduzido num certo desprezo pelas formas inferiores de luta e de organização. Muitos camaradas deixaram-se atrair por uma actividade frenética de agitação, discursos, papéis e cartazes. Gostam que as massas os oiçam, mas preocupam-se pouco em ouvir as massas, Criam o hábito das grandes frases sobre a revolução, e prestam pouca atenção à maneira de mobilizar os trabalhadores em torno da resolução dos seus problemas concretos, educá-los e organiza-los nessa luta, saber subtraí-los à influencia revisa. Desta forma a actividade não é desenvolvida de uma forma paciente e sistemática, obedecendo a um plano, mas sim ao sabor dos acontecimentos; a agitação e a propaganda não penetram em profundidade nas massas; os revisas podem manobrar a vontade; e quando os camaradas voltam à terra estão isolados das massas!
A fuga ao trabalho de massas, revela se particularmente no trabalho de fábrica, o que é bastante grave porque as fábricas devem ser precisamente os pontos de mais solida implantação e influência de um verdadeiro Partido Comunista. E lá que se encontra o grosso da classe operaria, e precisamente a parte mais consciente e decidida da classe, a parte que nos interessa mais atingir para termos verdadeira existência como organização comunista. Mas nas fábricas a repressão é maior, há menos possibilidades de discursos e assembleias e, principalmente os revisas, através do controle das comissões e do aparelho sindical, têm mais força para conter as massas e para detectar e reprimir o trabalho revolucionário. O trabalho de fabrica exige uma planificação cuidada, uma grande paciência, um grande trabalho de base antes das grandes lutas; é precisamente por isso que os melhores militantes comunistas se formam na escola da luta na fábrica. Mas é perante estas dificuldades que muitos camaradas recuam. Em vez de porem no posto; de comando a formação de dezenas de novas células de fábrica e o trabalho de fábrica, viram-se a pouco e pouco para a agitação local, mais fácil. Quanto aos camaradas dentro das fábricas, têm-se notado duas tendências incorrectas: uns ficam paralizados, não criam organismos de massas à sua volta, não se atiram à actividade sindical, fecham-se em si próprios; outros perdem a paciência e lançam-se isolados e sem organização para uma grande agitação, que faz muito barulho e morre sem ter construído nada.
O pequeno número de organismos de massas criados (VAFs, comités operários), e principalmente a sua instabilidade e fluidez, é outro sintoma de falta de firmeza e continuidade do trabalho de massas.
2) O desprezo pelos problemas de organização. Muitos camaradas aliam a atracção pelo "barulho" à total despreocupação com as questões de organização. As células exigem analises políticas para poderem enriquecer a agitação, e descuram por completo a assimilação da experiência do movimento comunista internacional no campo da organização, o estudo e a discussão da sua própria experiência neste campo. Em particular os camaradas dos organismos intermédios, a quem cabe a maior responsabilidade neste campo, prestam uma atenção muito deficiente à necessidade de desenvolver a organização. Há um certo culto das formas de organização que nascem expontaneamente (grupos anti-fascistas, etc.). Em geral nota-se na nossa organização uma fraca consciência de dois princípios fundamentais: sem organização não há linha de massas; onde está um comunista está um organizador.
Aqui aparece claramente a forte influência de uma ideia muito espalhada pelos trotskistas para negar a necessidade do Partido, bastante arreigada nos antigos CCRML: a ideia de que uma pequena vanguarda, flutuando acima das massas mas dominando bem uma "'analise política", e capaz de conduzir a classe operária à revolução unicamente pela força da sua "influência ideológica" e dos seus discursos.
Quando se começou a combater este erro, alguns camaradas tentavam justificar a lentidão no trabalho organizativo e a timidez nos recrutamentos com o ‘atraso’ dos camaradas que deviam recrutar. Mas revelou-se que também aqui se escondia a influência dos antigos CCRML: o elitismo. Os camaradas continuavam a ver o militante comunista não como um lutador proletário de vanguarda, com forte consciência de classe, dedicado no cumprimento das tarefas, mas como um "militante integral", com uma sólida formação comunista, apto para todas as tarefas; é a velha teoria da "organização de quadros". Os camaradas exigiam dos elementos a recrutar a mesma firmeza de camaradas já com longos meses de vida colectiva e de trabalho organizado; no fim de contas desprezavam a importância do trabalho organizado, dos vínculos organizativos, do Partido, para a formação dos militantes; não compreendiam o que dizia o camarada Staline: fora do Partido (ou no nosso caso da organização comunista) não há comunistas.
3 - A resistência ao centralismo e à vida colectiva. E esta uma tendência em que se nota mais o peso dos hábitos de trabalho dos antigos CCRML. Na nossa organização têm sido raros os casos de indisciplina declarada. Mas inconscientemente há uma resistência surda ao centralismo em alguns casos um pronunciado espírito localista que se revela na fuga ao controle da actividade, na filtragem de informações, nas "adaptações" das directivas "às condições concretas." Um deficiente estilo de controle impediu que esta tendência fosse combatida eficazmente. Ao mesmo tempo o estilo de trabalho em muitas células ainda é deficiente: cai-se muito no tarefísmo em detrimento da vida política colectiva, são feitas poucas sínteses e balanços da experiência recolhida do trabalho, poucas discussões em torno dos problemas de toda a organização e da corrente ML. Em muitos casos as células ainda não se tomaram o verdadeiro motor do trabalho dos militantes, que contam muito com a sua iniciativa individual.
A influência destas tendências erradas tem dado origem em muitos camaradas a um estilo de trabalho feito de muita agitação e pouco trabalho persistente e profundo; muitos contactos e pouca organização; muitas lutas e pouca síntese de experiências. E um estilo de trabalho que cria o hábito de saltitar de tarefa em tarefa, que gera uma tendência para o afrouxamento dos laços organizativos, que corrói o centralismo democrático. E também um estilo de trabalho que tende a apagar o papel dirigente da organização comunista e a dissolvê-la na actividade das organizações de frente.
O fogo contra estes erros tem pois que ser levado até ao fim como única forma de os CCRML se elevarem ao nível do verdadeiro trabalho de reconstrução do Partido.
Como fazer para continuar a consolidar a linha marxista-leninista? A nossa experiência indica-nos que devemos lutar em três sentidos:
— Manter bem acesa a lula de ideias. A fraca vida política colectiva dos organismos, o desinteresse pela luta ideológica e as atitudes irresponsáveis ou ecléticas perante as questões de princípio, as constantes oscilações à direita e à esquerda, destroem a unidade de pensamento e acção e a vitalidade da organização comunista, matam o espírito de Partido, deixam instalar-se o oportunismo no lugar do marxismo-leninismo.
Para conseguir unidade, tem de haver primeiro luta, e será dessa luta que surgirá a unidade. Devemos empregar constantemente o método da crítica e da autocrítica, saber aprender com os erros e desenvolver uma luta ideológica positiva, apoiar e tornar claro tudo o que está de acordo com o trabalho de reconstrução do Partido e combater tudo o que o contraria, nunca dissimular as contradições e não adoptar uma atitude irresponsável, ambígua ou conciliatória: é deste modo que se reforçará continuamente a capacidade de combate político de todas as células e do conjunto da organização.
— Atenção permanente às questões de organização. A luta entre as duas linhas não é só a luta de ideias. A linha marxista-leninista não pode triunfar sem uma organização a funcionar em moldes leninistas; uma organização cujo funcionamento se ataste em algum aspecto do centralismo democrático e o terreno onde começam a florescer espontaneamente as tendências trotskistas. Velar pelo estilo de trabalho e pela vida colectiva de todos os organismos, aperfeiçoar o controle de modo a conseguir a unidade da organização e eliminar os desvios ao centralismo, cuidar permanentemente da constituição e melhoramento de organismos intermédios à altura e da formação de’ células onde quer que se desenvolva trabalho, lutar pelo aumento contínuo da proletarização da organização em todos os escalões - estas são preocupações que deverão iluminar toda a actividade do dia a dia.
— Lutar pelas massas. Fora da luta para subtrair as massas, e em primeiro lugar as massas operárias, à influência revisa, não ganham sentido a luta de ideias e o reforço da organização. É na luta para unir a classe e as massas em torno do programa, das palavras de ordem e da direcção marxista-leninista que estaremos a lançar os alicerces do futuro Partido. É na luta de todos os dias pelas massas que forjaremos uma linha política clara e firme, que aprenderemos a combater o revisionismo e a opôr-lhe o marxismo-leninismo. É na luta pelas massas que conseguiremos que a classe operária tome conta da organização comunista e que vença a direcção proletária.
Inclusão | 03/04/2019 |