Três Princípios do Povo
San Min Chu I

Sun Yat Sen

Março/Agosto de 1924


Primeira Edição: editorial Min Bao

Fonte: Editorial Calvino Ltda., Rio de Janeiro, 1944

Tradução: H. G. Lee

HTML: Fernando Araújo.


Índice

capa

Prefácio do Tradutor

Testamento do Dr. Sun Yat Sen

Prefácio do Autor

Esboço biográfico do Dr. Sun Yat Sen

PARTE I — O PRINCÍPIO DO NACIONALISMO

Primeira Conferência:

— A ausência de nacionalismo na China. — Diferença entre nacionalidade ou raça e o Estado. — Fatores no desenvolvimento de uma raça: sangue, língua comum, subsistência comum, religião comum, hábitos comuns. — A raça chinesa é homogênea, mas não unida. — Perigos para a raça chinesa: incremento mais rápido de outras populações. — Processo no último século de outras nacionalidades: britânica, japonesa, russa, alemã, americana, francesa. — O significado da modernização do Japão e da Revolução Russa para a China. — Os chineses absorveram seus conquistadores no passado, mas não podem continuar a fazê-lo. — Os processos anticoncepcionais são uma doutrina perigosa para a China.

Segunda Conferência:

— O povo chinês está, agora, submetido não somente às forças da seleção natural, mas também à pressão da dominação política e econômica. — As perdas territoriais da China. — O controle econômico intangível, mas perigoso. — A China é uma “hipo-colônia”. — O controle estrangeiro das alfândegas chinesas. — Perda econômica para a China representada pela invasão de mercadorias estrangeiras, papel-moeda estrangeiros, divisas estrangeiras, fretes estrangeiros, lucros e concessões e negócios de especulação.

Terceira Conferência:

— A China perdeu seu espírito nacional durante séculos. — Oposição à propaganda nacionalista e à Revolução. — O velho movimento revolucionário contra os mandchus se extinguiu. — Os literati apoiavam os mandchus, mas o nacionalismo continuou vivo nas sociedades secretas entre as classes baixas.— Os esforços mandchus para destruir o espírito nacional chinês. — O fracasso das sociedades secretas na Rebelião de Taiping. — Porque a China perdeu seu espírito nacional: sujeição às raças alienígenas. — As sementes de decadência no antigo imperialismo e na teoria do cosmopolitismo da China. — O cosmopolitismo, desenvolvendo-se no Ocidente para camuflar o imperialismo, é um perigo para a China. — Origem da raça chinesa no vale do rio Amarelo. — A história de um coolie jogando fora um tesouro oculto na sua vara de bambu para ilustrar o caso da China lançando fora seu nacionalismo. — O desenvolvimento do nacionalismo é essencial para a existência contínua da nação chinesa

Quarta Conferência:

— A expansão das raças brancas. — Dominação dos anglo-saxões. — Causas da Guerra Mundial: rivalidades raciais e luta por territórios. — Os Estados Unidos entraram na guerra devido à sua afinidade racial com a Inglaterra. — Efeitos do princípio da “autodeterminação” para as pequenas nações proposto por Wilson. — Traição desse ideal depois da guerra. — A guerra é, na verdade, um conflito de imperialismos. — Um resultado esperançoso da guerra, a Revolução Russa. — A próxima luta mundial entre oprimidos e opressores. — O antigo e benevolente imperialismo da China comparado com o imperialismo moderno. — O domínio americano das Filipinas. — Uma palestra com o cônsul britânico durante a Grande Guerra, a respeito da entrega da China. — Objetivos hipócritas dos Aliados. — Paralelos na antiga China com as modernas ideias políticas. — A civilização europeia é superior à chinesa apenas no aspecto material. — A ciência ocidental é uma realização recente. — A China deve acalentar seus antigos ideais. — O nacionalismo precede o internacionalismo.

Quinta Conferência:

— Como reviver o nacionalismo da China. — O despertar do povo para uma compreensão da posição da China. — Desastres que ameaçam a China. — O perigo militar, dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha, da França. — A China não pode confiar no “equilíbrio de poder” das nações estrangeiras. — O perigo do aumento de outras populações. — A China deve fazer face aos fatos. — A China deve construir seu novo sentimento nacional sobre a base da família existente e lealdade de raça. — o método dos antigos. — Se a Índia pode unir-se em torno de um programa de não-cooperação, a China deve ser capaz também de se unir. — Resistência positiva e negativa à agressão externa.

Sexta Conferência:

— Como restaurar a posição da nação chinesa, a grandeza da antiga China devido, acima de tudo, aos seus elevados padrões morais. — A China deve recuperar e usar o que há de melhor em seu passado. — A moralidade da antiga China: Lealdade, Devoção Filial, Bondade, Amor, Fidelidade, Justiça, Harmonia e Paz. — Como deveriam ser preservadas. — A antiga cultura e a profunda filosofia política da China. — Má impressão causada pela China ao estrangeiro médio devido à falta de cultura pessoal do chinês. — Refinamento e cultura pessoais, o coração do conhecimento real. — Os antigos poderes e habilidade da China. — Invenções chinesas: o compasso, a máquina de impressão, a porcelana, a pólvora. — A descoberta chinesa do chá, da seda, da ponte pênsil, etc. — A China deve também aprender os pontos substanciais do Ocidente, o conhecimento e o método científico. — Apenas a ciência melhor e mais avançada deveria ser trazida à China, isto c, a força elétrica de preferência à máquina a vapor. — A esperança do futuro da China. — A responsabilidade da China para com as nações fracas quando se tornar poderosa. — “Manifesto o verdadeiro espírito de nossa raça”.

PARTE II — O PRINCÍPIO DA DEMOCRACIA

Primeira Conferência:

— Definição de “povo” e “soberania”. — Funções da soberania: proteção e manutenção. — Períodos na história humana: Primeiro, a idade das selvas, a luta do homem com as feras. — Teoria evolucionista da origem do universo e do homem. — Contribuições geológicas à história antiga. — Segundo período: luta do homem com a natureza.— Surto da civilização em regiões favoráveis. — A primitiva civilização chinesa no valo do rio Amarelo. — Teocracia. — Terceiro período: luta do homem com o homem, surto das autocracias. — Período moderno das lutas dentro dos Estados, surto da democracia. — Está a China preparada para a democracia? — Ideias democráticas na antiga China. — A China deve seguir as modernas tendências mundiais. — A luta pela democracia no Ocidente. — A “ Commonwell. — As revoluções americana e francesa. — Á falsa teoria de Rousseau sobre os “direitos naturais” do homem. — Os fatos devem preceder a teoria. — A luta contínua pelo poder imperial na história chinesa. — A democracia, o único remédio. — O fracasso da Rebelião de Taiping foi devido a rivalidades em busca do poder. — Oposição egoística de Chen Chiung Ming e de outros chefes militares à Revolução Chinesa.

Segunda Conferência:

— O lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. — As diferentes atitudes dos povos do Ocidente e da China para com a liberdade. — A paixão pela liberdade, no Ocidente, comparada com a paixão pela riqueza, na China. — A luta no Ocidente pela liberdade contra as opressões despóticas do feudalismo e da autocracia. — A autocracia da China não afetou seriamente o povo. — A realização da liberdade pessoal no Ocidente. — Excessos anteriores e limitações posteriores. — A liberdade pessoal não é considerada na China um direito inconcusso. — A doutrina ocidental da liberdade fora de lugar na China e geralmente mal aplicada. — Abuso de liberdade nas escolas e no Partido. — O objetivo da Revolução Chinesa deveria ser a unidade e a liberdade para a nação. — Necessidade do sacrifício individual.

Terceira Conferência:

— Igualdade. — A liberdade não é um dom natural. — Desigualdades artificiais, que acentuam as desigualdade naturais. — Classes sociais e políticas na Europa medieval. — O verdadeiro significado da igualdade. — A teoria da “igualdade natural” apresentada na Europa para contrabalançar a teoria dos “direitos divinos”. — A China não necessita de liberdade pessoal e de igualdade como os europeus necessitavam. — As revoluções na Inglaterra, América, França, Rússia. — A luta americana pela independência baseada na teoria da igualdade. — A segunda luta da América contra a escravatura, travada internamente. — Causas da Guerra Civil. — Liberdade conquistada para os escravos negros pelos brancos. — O ressentimento dos negros para com o Norte que os emancipara. — Os Três Princípios darão à China liberdade e igualdade. — A liberdade e a igualdade dependem da democracia. — A luta continua pela igualdade no Ocidente. — A história da organização do trabalho. — Necessária a liderança intelectual. — Má compreensão da igualdade entre os trabalhadores chineses. — O bom governo essencial ao progresso trabalhista. — Filosofias egoísticas e altruísticas da vida em contraste. — Cooperação entre feitores, promotores e diretores. — O objeto do serviço.

Quarta Conferência:

— A democracia do Ocidente não trouxe para seus povos uma contribuição plena de direitos políticos. — Dificuldades na administração de um governo democrático. — Luta entre Jefferson e Hamilton nos primeiros dias da República Americana. — A vitória dos federalistas e a política de centralização. — A Constituição dos Estados Unidos. — Porque a China não necessita de uma união federal como os Estados Unidos. — A China já foi um país unificado sob um só governo.— Os falsos argumentos pela federação apresentados por chineses ambiciosos. — Equilíbrio entre os direitos federais e estaduais nos Estados Unidos. — Desenvolvimento do sufrágio nas democracias ocidentais. — O sufrágio feminino é uma conquista moderna. — O domínio das multidões durante a Revolução Francesa e os resultantes contratempos à democracia. — O movimento democrático na Grã-Bretanha, as concessões britânicas, à democracia. — A poderosa ação de Bismarck na unificação e construção do Estado alemão. — Sua hábil oposição aos movimentos democráticos e socialistas na Alemanha. — Avanço da democracia apesar de contratempos. — Os novos direitos políticos e a democracia direta na Suíça. — Governo representativo no Ocidente; seu fracasso na China.

Quinta Conferência:

— A oposição intemerata dos boxers aos ocidentais e sua confiança nas antigas armas de guerra chinesas. — A derrota dos boxers mostrou à China a superioridade da civilização material do Ocidente e foi seguida de uma fé extrema e imitação do Ocidente. — As ciências materiais ocidentais progrediram muito mais do que a ciência ocidental de governo. — O rápido progresso da ciência militar do Ocidente; couraçados e canhões. — O avanço lento nos métodos de aplicação da democracia política. — Os sistemas políticos do Ocidente não podem ser aplicados “in totum” na China. — Necessidade para um estudo e formulação de pensamentos cuidadosos na adaptação da democracia à China. — O temor dos ocidentais de um governo demasiado poderoso e de sua influência sobre o espírito chinês. — Reverência decrescente pelos antigos e sábios imperadores da China. — Uma nova teoria é proposta: distinção entre soberania e habilidade. — Os três tipos, descobridores, promotores e operadores, comparados com os engenheiros, capatazes e trabalhadores. — A democracia não pode esperar pela inteligência e previsão de todo o povo. — Necessidade de uma nova atitude para com. o governo. — A ilustração dos “Três Reinados”, Ah Tou e Chu Ko Liang. — Os hábeis imperadores dos velhos dias. — O povo, como acionista, devia escolher hábeis gerentes. — O emprego de especialistas aplicado ao governo. — O governo como “chauffeur” ou mecânico perito. — Lição extraída de um passeio de automóvel em Xangai.

Sexta Conferência:

— A maquinaria do governo. — Rápido desenvolvimento da maquinaria manufatureira no Ocidente comparado com o lento desenvolvimento da maquinaria política. — Dificuldade de experimentação no governo. — A máquina a vapor. — A evolução do pistão de ação simples para o pistão de ação dupla. — A moderna maquinaria política é principalmente de “ação simples”. — Métodos para o perfeito controle sobre a maquinaria política. — Temor de um governo de grande potência. — Soberania e habilidade na máquina. — Desvantagens na cópia da velha maquinaria política do Ocidente. — Uma nova maquinaria deve ser criada. — A superioridade do Ocidente nas ciências materiais não importa necessariamente, na superioridade das ciências políticas. — Uma anedota sobre Newton. — O plano para a nova maquinaria de governo da China. — Governo de grande potencial e de controle efetivo. — Métodos fáceis e seguros de controle sobre a maquinaria material, e. g., luz elétrica, aviões, devem ser aplicados à maquinaria política. — Os quatro poderes de controle do povo: sufrágio, cassação de mandato, iniciativa e “referendum”. — Os cinco poderes administrativos do governo: legislativo, judiciário, executivo, exames ao funcionalismo público, censura. — Precedentes na história política chinesa nos dois últimos poderes. — Uma constituição de cinco poderes. — Equilíbrio de poder no novo sistema.

PARTE III — O PRINCÍPIO DA SUBSISTÊNCIA

Primeira Conferência:

— Significado de “Min-Sheng” ou a Subsistência do Povo. — Novos problemas de subsistência decorrentes da substituição do trabalho humano pela força motriz. — Como as estradas de ferro estão suplantando, na China, o trabalho dos “coolies”. — Relação entre o Princípio “Min-Sheng”, e o socialismo e o comunismo. — Facções dentro dos partidos socialistas do Ocidente e fracasso do socialismo para resolver os problemas de após guerra. — A contribuição de Marx para o socialismo. — O socialismo utópico e o socialismo científico. — A concepção materialista marxista da história. — Recentes desenvolvimentos sociais e econômicos, que estão desmentindo a teoria de Marx sobre a luta de classes. — A reforma social e econômica, a propriedade pública dos transportes e comunicações, taxação direta e distribuição socializada discutidas e apreciadas. — A evolução social através do ajustamento de interesses econômicos. — A “mais valia”, criada pela comunidade, e não somente pelo trabalho. — Marx era um patologista social. — As previsões de Marx sobre o colapso do capitalismo não se concretizaram. — Melhoramento gradual das condições de trabalho. — O dia de trabalho mais curto e os benefícios concedidos aos trabalhadores aumentaram a produção. — As condições de Marx para o aumento da mais-valia contraditadas pelas história das fábricas de Ford. — As sociedades cooperativas de consumo na Inglaterra. — Importância do consumidor. — Razões do fracasso da Usina de Aço e Ferro de Hanyang. — A subsistência deve ser o centro do sistema solar econômico.

Segunda Conferência:

— Métodos de aplicação do Princípio “Min-Sheng” na China. — Equalização da propriedade das terras e regulamentação do capital. — Métodos revolucionários “versus” métodos evolucionistas de reforma social e econômica. — A luta de classes é possível somente em Estados altamente industrializados. — Diferença entre o Princípio “Min-Sheng” e o comunismo quanto aos métodos e não quanto aos princípios. — Ausência de uma classe extremamente rica na China; graus de pobreza. — Efeitos da influência ocidental sobre os valores da terra na China: Xangai, Cantão. — O problema do “incremento não ganho” no Ocidente, na China. — A presente oposição ao comunismo no Kuomintang comparada com a antiga oposição à democracia.— O Princípio “Min-Sheng” e sua relação com o comunismo não foram ainda compreendidos no partido. — Igualização da propriedade. — Valores da terra a serem declarados pelos proprietários e conformemente tributados; se avaliados a preços baixos, devem ser adquiridos pelo governo. — Os futuros incrementos deverão reverter à comunidade. — O Princípio “Min-Sheng” não é um comunismo do presente, mas do futuro. — A tributação da terra como fonte de receita do governo. — Os métodos de Marx não são aplicáveis à atual situação na China. — Capital do Estado, indústrias do Estado devem ser desenvolvidos. — O capital estrangeiro necessário no início.

Terceira Conferência:

— O problema da alimentação na China. — A importância vital de alimentos disponíveis, como foi demonstrado na Guerra Europeia. — As disponibilidades de gêneros alimentícios. — A perda de gêneros necessários pela China através das exportações. — Elementos necessários da nutrição: ar, água, carne e vegetais. — Abundância dos dois primeiros elementos. — A China é uma nação agrícola, mesmo assim seus camponeses sofrem. — Libertação dos camponeses. — Métodos para incrementar a produção agrícola. — Emprego da maquinaria. — O uso dos adubos. — Adubos nativos e importados. — Como a China poderia fabricar adubos a preços baixos mediante o emprego da energia hidráulica de seus rios. — Rotação das plantações. — Combate às pragas. — Conserva e fabricação de gêneros. — Transporte de gêneros e troca de produtos. — Perda de gêneros devido à falta de facilidade de transporte. — Canais, estradas de ferro, rodovias e o carregador “coolie” como meio de transporte. — Prevenção dos desastres naturais, enchentes e secas. — Medidas reguladoras: dragagem, irrigação, etc. — Medidas preventivas e radicais: reflorestamento em escala nacional. — Desenvolvimento da agricultura nos Estados Unidos: interesse do Estado em problemas rurais. — A agricultura ainda está sob o regime capitalista, visando lucros. — O Princípio “Min-Sheng” torna a manutenção da existência do povo o objetivo da agricultura. — Distribuição de gêneros. — Quatro necessidades da vida: alimentação, vestuário, habitação, meio de transporte. — Deveres do Estado e do povo.

Quarta Conferência:

— O “problema do vestuário”. — Um problema que surge com a civilização. — Desenvolvimento dos padrões de vida: necessidade, conforto, luxo. — O vestuário necessário à população da China é um de nossos problemas. — Fontes do material do vestuário: seda, cânhamo, algodão e lã. — A antiga indústria da China foi sobrepujada pela de outros países. — Métodos científicos modernos de sericicultura. — Contribuição de Pasteur. — Melhoramentos sericícolas necessários na China. — A seda da China destina-se principalmente à exportação. — O cultivo do cânhamo e o desenvolvimento da indústria do linho na China. — A maior parte do algodão da China é exportado e volta ao país como tecido. — Efeito da dominação econômica e política estrangeira sobre a indústria do algodão na China. — Razões do fracasso das fiações de tecidos de algodão chinesas depois da Guerra Europeia.


Inclusão 17/07/2019